sexta-feira, junho 09, 2006

Comoro, o bairro "da GNR", um grande palco de conflitos

António Sampaio (Texto) e Manuel de Almeida (Fotos), da Agência Lusa Díli, 09 Jun (Lusa) - A zona de actuação exclusiva da GNR em Timor-Leste, o bairro de Comoro, na parte ocidental de Díli, é uma das mais populosas da cidade e mais problemáticas em termos de segurança.
à semelhança do que aconteceu noutras ocasiões de conflito, nas últimas semanas, o bairro de Comoro tem sido referenciado como um dos locais da capital timorense onde ocorrem mais actos de violência, o que se nota nas dezenas de casas queimadas, no mercado em ruínas e nas muitas barreiras instaladas por populares.

Nenhum exemplo é tão forte como o caso do Bazar de Comoro, o mercado, cujo funcionamento foi consolidado em 2001, quando as autoridades de Díli transferiram para aquele espaço os vendedores do antigo Mercado Municipal e os que exerciam a sua actividade ao longo da estrada principal.

Desde então, o mercado já foi totalmente destruído em duas ocasiões, primeiro a 04 de Dezembro de 2002, quando ocorreram confrontos em Díli de que resultaram dois mortos, e durante a onda de saques e destruição que marcou as últimas duas semanas na capital de Timor-Leste.

Os sinais da violência vêem-se nos ferros retorcidos, nos plásticos azuis e cinzentos queimados, no amontoado de paus de bambu parcialmente carbonizados e até num monte de malaguetas, o único sinal de que ali se vendia, há menos de um mês, aquela especiaria, bem como frutas e legumes.
No grande largo do mercado, vários timorenses, que garantem ser vendedores, sentam-se à conversa com a reportagem da Agência Lusa, recordando os sucessivos confrontos na zona, a destruição de casas e as mortes que garantem ter ocorrido no bairro, sem quantificarem.
Caetano, 25 anos, que diz falar português "devagar", mas que prefere a segurança do tétum, explica que os confrontos foram entre "bandos organizados" e que "isso" da divisão regional, entre os ditos "lorosae" (do leste) e "loromonu" (do ocidente), é "mentira".
"O povo de Timor-Leste é todo igual. Só há um", afirma, explicando que está à espera que a situação estabilize para recomeçar a vender.

A conversa rapidamente salta para a chegada iminente da GNR, que no âmbito de um acordo estabelecido esta semana, após mal- entendidos com a força militar australiana presente em Díli, actuará exclusivamente no bairro de Comoro numa primeira fase, depois da chegada hoje, a Díli, do seu equipamento.
"Diak, GNR, diak", afirmam, em coro, os cinco ou seis timorenses à conversa com a Lusa em Comoro, usando a palavra tétum "bom" para exprimir o seu contentamento com a presença dos efectivos portugueses no bairro.
"A Austrália esteve aqui e não fez nada. Deixavam queimar as casas à frente deles, matar pessoas (Ó) e não faziam nada. Um jovem a levar uma catanada e eles ali. Parece que estão a brincar com as armas", garante.
A mesma opinião é partilhada pelo mais velho do grupo, Manuel Alves, 47 anos.
"Não confiamos nos australianos. A Austrália só quer a nossa riqueza, o nosso petróleo", afirma, gesticulando.

"Deviam mandar mais GNR. Cento e vinte é pouco", acrescenta José Feles, 25 anos.
"E têm de entregar a segurança de todo o Díli à GNR, porque os australianos brincam", acrescenta.
Quando se pergunta que tipo de acção esperam da GNR e como reagem aos que criticam a forma de actuação dos portugueses, os timorenses quase se atropelam para responder.
"Têm que ser duros. A mentalidade da juventude timorense é complicada. Têm que ser fortes", garante Caetano.

Ruben Carvalho, administrador do distrito de Díli, estima que antes dos confrontos viviam no bairro cerca de 25 mil pessoas, a maioria dedicada ao comércio, à agricultura de subsistência ou à recolha de pedra para a construção civil no leito quase seco da Ribeira de Comoro.
Hoje, segundo estimativa de Ruben Carvalho, permanecem na zona menos de 7.500 (30 por cento dos habitantes), tendo a maioria fugido para fora de Díli ou para a relativa segurança dos campos de deslocados.
"Estamos ainda a contabilizar os danos, a avaliar o número de casas queimadas. Esperemos que a GNR ajude as pessoas a voltar para casa. Estamos esperançados que sim", afirmou.
O grande marco arquitectónico do bairro é a ponte de Comoro - a antiga, construída pelos portugueses, foi substituída durante a dministração indonésia por uma de ferro, por onde passa a principal via de saída para ocidente e, em particular, para o aeroporto Presidente Nicolau Lobato.

A metade ocidental do que é hoje a confusa zona do bairro de Comoro - com os limites por precisar e a mudarem constantemente - era, no tempo da colonização portuguesa, dominada pela floresta e por uma plantação de tabaco do empresário Manuel Carrascalão.
Os maços de Tata, a marca do tabaco sem filtro ali produzido, custavam na altura cerca de três escudos.
Durante a ocupação indonésia, a componente residencial e comercial da zona cresceu significativamente, e ali moram sobretudo funcionários da administração, militares e polícias.
Hoje, na zona do bairro de Comoro há um pouco de tudo, desde as principais estruturas logísticas da cidade - supermercados, armazéns e empresas de construção - às residências de algumas das mais conhecidas figuras timorenses, como por exemplo membros das famílias Alkatiri e Carrascalão.

É também em Comoro que estão a Academia de Polícia - onde hoje se perfilavam recrutas -, a Igreja Pentecostes, o Colégio D. Bosco (onde estão milhares de deslocados) e a sede do Comité Central da FRETILIN, o partido no poder.
Na "fronteira" de Comoro, em Campo Alor, ergue-se a Mesquita de Díli.
Logo à entrada do mercado de Comoro, está a sede de uma empresa recém-criada, com os vidros partidos e sinais de fumo nas paredes.
A "olhar" para as bancas destruídas, na parede lateral do edifício e quase a desafiar quem passa, destaca-se um cartaz gigante com o nome da firma: "Oportunidade Timor Lorosae".
Lusa/Fim

21 comentários:

Anónimo disse...

master and lord Mari Bin Laden Alkatiri as the your master butchery have been orchestred genocide plan to kill the whole East Timor People by distribuited the all weaponary and ammunitions from ETNP commanded by irrational so called inland ministry the famous skandalous Rogerio Tiago Lobato.
Where are now the almost three thousands rifles imported from Malasia, China and Cuba for defending the puppet government interests in East Timor Soil??? The above mentioned weaponary not now are in the hands of the supporters of the infame leader Alkatiri with aim to kill people that not accept their system of the brutality and savagery towards the East Timor People governation by immoral leader named Alkatiri till today???

All of you, those pro-Alkatiri should be quite now dogs and do not appear in this forum in very hysterik way to blame for australian forces are wrong doing with concerning the security task forces to be done for East Timor People.

We, the real genuine Maubere People, have to thanksgiven to the Australian Authority and Army Forces that are now accomplish their task force to give good assistance to the poor and weakness people of East Timor, but not defending the butchery leadership of Alkatiri and Luolo.

You gays the atheist, herejes, materialist followers of the your political father "Darwin" gonna to the hell, because our people would like prevail their culture and identity as the real People in their real nation East Timor.

Long Life to Heros Commanders Alfredo and other Comrades, real defenders of the Maubere People interest in east Timor Land, but not defending the psychopata and paranoid leadership dominated by irrational ones namely butcheries Alkatiri and Luolo. No longer Maubere People will destroy all infames clikes of the Alkatiri and Luolo. Their days in fact are counted now by the People Power and they will removed in very ashammed way from leadership of East Timor's People and Nation.

Anónimo disse...

O plano neo-colonial da Austrália para Timor: http://www.theaustralian.news.com.au/story/0,20867,19269754-601,00.html

Anónimo disse...

Espero que nesta hora sombria, enquanto os patriotas lutam pela independência e soberania nacionais, o povo sofre e passa fome e os traidores gozam férias na pousada de Maubisse, que estes últimos se lembrem das palavras do Cônsul Servilius Cipianus: "ROMA NÃO PAGA A TRAIDORES".

Anónimo disse...

To the Anonymnous comentator at 5:07:

Please try to seek psychiatric help for being 'psychopata and paranoid' - with so much hatred and anger in your heart, not only you can not be credible in making your point but you also convey an image of total madness!

Please try to be calmer, or seek medical assistance!

We will wait until you grow up and be mature enough to use a respectful rationale.

Anónimo disse...

ROMA PAGOU A BRUTUS...

Anónimo disse...

No início desta crise lembro-me de ver no telejornal da RTP uma professora portuguesa da cooperação, em Dili, a explicar a indisciplina que reinava no quartel do Reigado e de dizer que ele arrogantemente nunca pôs os pés em qualquer aula de português. Pela amostra aí em cima parece que também pouco frequentou as aulas de inglês na Austrália.

Anónimo disse...

Eu lembro-me dessa reportagem. A professora disse também que quando ele era comandante da estação naval, o ambiente era de total indisciplina e bandalheira. Cada um fardava-se como queria, estavam sempre todos a dormir, não parecia haver um serviço de sentinela, etc. E depois, este Reinado tem o descaramento de dizer à televisão que o Brig. Taur Matan Ruak "não tem categoria para comandar as Forças Armadas"!

Em qualquer Estado de Direito, esse Alfredo Reinado estaria agora em detenção a aguardar julgamento militar por deserção e roubo de material de guerra -NO MÍNIMO.

Mas enquanto tiver as tropas australianas a guardar-lhe as costas, vai continuar calmamente a ir à praia e a sorrir para as câmaras enquanto o povo continua a passar fome e deslocado das suas casas, enquanto estas ardem sob o olhar complacente das tropas australianas.

Anónimo disse...

Eu lembro-me dessa reportagem. A professora disse também que quando ele era comandante da estação naval, o ambiente era de total indisciplina e bandalheira. Cada um fardava-se como queria, estavam sempre todos a dormir, não parecia haver um serviço de sentinela, etc. E depois, este Reinado tem o descaramento de dizer à televisão que o Brig. Taur Matan Ruak "não tem categoria para comandar as Forças Armadas"!

Em qualquer Estado de Direito, esse Alfredo Reinado estaria agora em detenção a aguardar julgamento militar por deserção e roubo de material de guerra -NO MÍNIMO.

Mas enquanto tiver as tropas australianas a guardar-lhe as costas, vai continuar calmamente a ir à praia e a sorrir para as câmaras enquanto o povo continua a passar fome e deslocado das suas casas, enquanto estas ardem sob o olhar complacente das tropas australianas.

Anónimo disse...

Eu lembro-me dessa reportagem. A professora disse também que quando ele era comandante da estação naval, o ambiente era de total indisciplina e bandalheira. Cada um fardava-se como queria, estavam sempre todos a dormir, não parecia haver um serviço de sentinela, etc. E depois, este Reinado tem o descaramento de dizer à televisão que o Brig. Taur Matan Ruak "não tem categoria para comandar as Forças Armadas"!

Em qualquer Estado de Direito, esse Alfredo Reinado estaria agora em detenção a aguardar julgamento militar por deserção e roubo de material de guerra -NO MÍNIMO.

Mas enquanto tiver as tropas australianas a guardar-lhe as costas, vai continuar calmamente a ir à praia e a sorrir para as câmaras enquanto o povo continua a passar fome e deslocado das suas casas, enquanto estas ardem sob o olhar complacente das tropas australianas.

Anónimo disse...

Concordo consigo Jaska. Mas aguardemos com calma as conclusões da Comissão de Inquérito.

Anónimo disse...

Atenção: aconselho a todos a leitura desta excelente entrevista com o PM de TL:

Mari Alkatiri, primeiro-ministro de Timor-Leste
«A população civil foi empurrada para a morte»

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24761186

Anónimo disse...

Para quando a ligação desta crise ao programa nuclear iraniano? Estará alguém a tentar obter uma entrevista em exclusivo com a Al-Qaeda, com o próprio Osama, a propósito deste assunto?

Desculpem o desabafo, mas não haverá limites?

Anónimo disse...

Mas quem é que os australianos pensam que são para andar a mandar bitates como se fossem Deus Pai na terra, e etc. e tal. A reacção do Nobel Horta é a demosntração prática do péssimo serviço que as elites timorense (sim Ramos, tu tens estado sempre no poleiro) tem prestado à causa nacional, dando ouvidos e publicidade a rumores, ainda por cima de uma credibilidade no mínimo duvidosa. Ou então realmente está tudo maluco, e o Alkatiri bem pode fazer as malas, porque quem amigos daqueles... Acontece que aquilo (a reportagem da heroína australiana, já alguém verificou se ela é mesmo jornalista, ou não pertencerá à secreta australiana) faz lembrar aquelas jogadas dos nazis para terem desculpas para queimar os judeus e afins, só que aqui ainda mais inconsistente!Quanto esses cabrões de esses manos que andam para aí a gritar, mata, esfola o alkatiri, muito excitados, desçam à real, ou será que o vosso ideal de vida é andar a servir de capacho a fantoches, com a correspondente série de debilidades morais (para já não falar do resto) que isso comporta? Eu sei que Timor tem muita banana, mas será que já aí ouviram a expressão «República das bananas»? (neste cado dos bananas)

Anónimo disse...

Imi het imi nia aman seus ladrões alakatiri nia bando imi sira ne duni mak moris iha povo nia sofrimento!! corruptos!!! arrogantes!! la hatene koalia ho povo!! se não fosse mr. horta timor n seria 1 pais independente, foi ele quem convenceu os americanos que timor nao 1 pais de comunistas!! mas pelos vistos pessoas como voces é que estrgam tudo depois quem paga é o ze povinho!!! VIVA ALFREDO e os seus soldados!!! Abaixo ALkatiri!!
Viva Xanana!! Viva Ramos Horta!!

Anónimo disse...

Finalmente alguém deu voz ao povo!
Obrigado António Sampaio!

Anónimo disse...

António lembro-me do sorriso no teu olhar para os timorenses...

Como contrasta com a atitude dos outros "lusas" ou "lusos" fria e distante que quem nunca olha os timorenses para além de si próprio.
Obrigado António Sampaio por saber olhar para Timor!
Obrigado Lusa!

Anónimo disse...

Kalma irmao anonimo (100606; 11:23:50am) mai ita hare hosi aspecto hotu no hare ba ita nian rasik hodi hadia ita rain, sira ne'e koalia tamba lahatene saida maka acontese daudaun ne'e. Ou que sira mak matenek liu ou que ita maka beik liu ou pelo contrario. Viva timor oan hotu

Anónimo disse...

"Força Timor-Leste, força povo de Timor" posted by cacaubranco...

Cacaubranco fala de Timor Leste e do povo de Timor... Nao se sabe de que povo de Timor esta a referir-se. Porque se esta falar do povo de Timor sofredor, entao tem de falar baseando na realidade concreta-actual e dizer a verdade... Nao sera que este povo de Timor esta sofrendo e alguns ja se tinham morto inocentemente por causa dos interesses e caprichos destas pessoas louvados por Cacaubranco, como se eles fossem anjos sem terem feito algum mal...

Compreendo muito bem de que cacaubranco fala assim porque ele ainda é CACAU, ainda é BEBé, e nao sabe ainda usar o seu raciocinio-analitico conciencializado para ver a realidade concreta... Fala tod a baralhada sobre o povo de Timor, mas nao toca nada sobre a amargura que este povo esta atravessar...Nao toca nada o que é que estas pessoas louvadoas, por cacaubranco,estao a fazer para este povo sofredor....

Oh Cacaubranco!!! Caucau é sempre Cacau... Bebé é sempre BEBé... nao sabe usar ainda o seu raciocinio crito-analitico...

Anónimo disse...

"(...)Permitam-me que gentilmente vos mace com alguns números. A percentagem de jovens que frequentam a escola primária é agora de 86,2 por cento. Dos 246 mil estudantes do ensino não superior público, 19 mil (serão 75 mil em breve) recebem desde este ano lectivo uma refeição quente todos os dias, como resultado de um programa-piloto assistido pelo Programa Alimentar Mundial. O número de escolas primárias cresceu de 835, no ano fiscal de 2003/04, para 862, em 2004/05; as pré-secundárias de 120 para 129, e as secundárias de 55 para 76. O número total de professores é agora de 7792 (eram 6667 no ano fiscal anterior).
Ao nível da saúde, temos conseguido melhorar fortemente os cuidados prestados à população, facto que começa a ser notório nos indicadores mais recentes: a taxa de mortalidade à nascença foi reduzida de 88 por cada mil (em 2002) para 60 em cada mil nascimentos; e a mortalidade infantil (crianças até cinco anos de idade) decresceu exponencialmente de 125 em cada mil, em 2002, para 83, no ano passado. Neste momento, temos, em média, um médico para cada 3400 pessoas; e uma cama hospitalar por cerca de cada 2400 cidadãos. Para a melhoria destes valores em muito contribuiu a cooperação cubana, que nos fez chegar já 250 médicos (de um número acordado de mais de 300) que se encontram a trabalhar nos 13 distritos do país e que constituem parte substancial do corpo docente da recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade Nacional.
A percentagem da população que tem acesso a água canalizada cresceu de 32,5 por cento, em 2003/04, para 37,1 por cento, no ano seguinte (em 2002 apenas 17 por cento tinha acesso a água potável!). Trinta vírgula cinco por cento das pessoas usufruem já de saneamento básico.
Em termos gerais, o crescimento económico do país foi de 2,3 por cento, em 2005, contra 0,4 por cento, em 2004. (Referimo-nos aqui, simplesmente à economia não petrolífera). Para este valor muito contribuiu a melhoria do desempenho do sector agrícola de Timor-Leste. Depois da seca pronunciada de 2002/03, o último ano fiscal revelou que a agricultura cresceu de forma considerável: o peso do sector agrícola e das pescas no PIB subiu de 81,5 milhões de dólares norte-americanos (USD), em 2000, para 105,2 milhões de USD, em 2005 - sendo que destes 7,6 milhões de USD são o saldo da exportação de café.
O salto ostentado pela produção de alimentos contribuiu para melhorar as condições de vida dos timorenses mas também para ajudar os indicadores da economia. A inflação doméstica manteve-se baixa, e as importações, devido ao aumento da produção agrícola, foram menores. Atente-se só nestes números mais: em 2005 produzimos cerca de 40 mil toneladas de arroz e 100 mil toneladas de milho - um aumento de 19 e de 22 por cento, respectivamente, em relação ao ano fiscal anterior.
É este o cenário da economia timorense. São estes os factos. Mas a realidade é que podemos sempre fazer a leitura ao contrário, coisa que alguns, com responsabilidades, gostam sempre de nos lembrar para prolongarem um "status quo" por vezes não desejado: temos ainda um indicador de mortalidade infantil muito elevado, de 83 por cada mil crianças; cerca de dois terços da população não tem acesso a água potável; estimativas informais indicam que cerca de 41 por cento da população viverá abaixo da linha da pobreza.
Em suma, os progressos são indiscutivelmente assinaláveis mas ninguém de boa fé poderia esperar milagres e ajuizar honestamente que nos poderíamos encontrar melhor. Logo a seguir à Restauração da Independência, Timor-Leste "sofreu" com a "debandada", natural, de alguns milhares de estrangeiros que nos vieram ajudar a garantir a institucionalização do novo Estado. Esses expatriados, que com a sua inestimável experiência contribuíram para erguer as estruturas que constituem os pilares da soberania timorense, auxiliaram e muito a economia. E fizeram-no um pouco por todo o país - basta lembrar a presença dos contingentes militares espalhados pelos vários distritos, que, através da frequência do restaurante local ou da compra aos miúdos na rua de DVD's, contribuíam de uma forma decisiva para a artificialidade da nossa economia.
Coube, pois, ao Governo que chefio fazer erguer a economia do país de um nível bem abaixo do zero. Reparem bem, não digo, fazer "renascer" ou "ressuscitar" a economia de Timor-Leste, e não o digo por convicção e formação; não o digo porque na gestão de um Estado os milagres não acontecem, tudo se alcança através da indução. E de uma forma lenta. Seguramente mais lenta do que aquilo que imaginaram os que de entre nós julgaram que a soma da Independência à Democracia teria como resultado imediato o Desenvolvimento. Não teve. E nunca poderia ter tido. Como as senhoras e os senhores bem sabem, em Timor-Leste primeiro foi preciso erguer o Estado, profundamente desarticulado pelos acontecimentos de 1999 - da Administração anterior a 1999 herdámos cinzas. Da UNTAET, uma amálgama de serviços. Mas, justiça seja feita, herdámos a paz e o sentido de respeito pela lei. Foi preciso pois lançar as bases da Administração Pública. Da Administração da UNTAET, erguida de uma forma fragmentada, sem uma visão integrada e sistémica, com 90 por cento da sua direcção dependente de expatriados, lançámos, com o apoio da própria ONU e da comunidade internacional, em geral, os alicerces de uma Administração moderna garantida cada vez mais por timorenses.
Não se julgue que foi pouco. Em três anos atingimos o que muitos outros Estados demoraram décadas a alcançar, e, por vezes, apenas de forma tímida: temos a estrutura do Estado a funcionar e a consciência do respeito pela lei está disseminada. Em duas palavras: temos Estado! E temos Governo que se assume como escola de governação. Um Estado que já fez aprovar muitas das leis essenciais para a existência saudável da vida de todos em sociedade; um Estado que dá garantias aos cidadãos para reclamarem contra eventuais arbitrariedades cometidas pelos vários poderes; um Estado que se renova na sua legitimidade através de eleições democráticas e na capacidade de fazer participar as populações nas decisões fundamentais; um Estado que procura garantir a universalidade do acesso à saúde e à educação e está apostado em generalizar a distribuição de luz eléctrica e de água canalizada; um Estado que procura proteger os seus mais desfavorecidos e honrar os que fizeram a luta da libertação nacional; um Estado que quer acautelar o futuro das gerações vindouras, permitindo que os nossos filhos e os nossos netos tenham também a possibilidade de usufruir de uma vida estável, promovendo uma política de poupança no que diz respeito aos recursos oriundos da exploração do petróleo e do gás natural timorenses. Apresentado muitas vezes como a "coqueluche" deste Governo, devido aos vários elogios internacionais que tem recebido, o Fundo Petrolífero de Timor-Leste, que começou a entrar em funcionamento a 1 de Julho, já soma mais de 510 milhões de USD (dados de 31 de Março), e permitirá, sem se prejudicar o seu contínuo aumento de receitas, que possamos vir a aprovar este ano um Orçamento do Estado com um valor total superior a 230 milhões de USD. Sim, de facto orgulho-me de ter estado na base do sucesso das difíceis negociações sobre os recursos do Mar de Timor e de ter realizado o sonho pessoal que foi a criação do Fundo Petrolífero. Estou convencido que graças a este resultado Timor-Leste poderá atingir mais facilmente o objectivo de melhorar o nível de vida dos seus nacionais. E isto tudo num país de características únicas que ostenta imaculada a sua folha de averbamento de dívidas ao estrangeiro… (...)" - Mari Alkatiri, em 04/04/06, na reunião com os parceiros de desenvolvimento.

PS: desenvolva pois s.f.f., ó anónimo das 2:54 PM, o seu raciocínio crito-analítico na resposta a esta explicação do PM, sobre a realidade concreta dos resultados da governação do governo da Fretilin.

Anónimo disse...

Dizem que o Maj Alfredo era tao mau soldado na unidade naval e o governo foi entao mete-lo encarregue dos Policias Militares? Porque? Santa estupidez e incompetencia

Anónimo disse...

Oh! Sra. Margarida de 4:50:47 PM, aprecio muito das suas apresentaçoes numericas do desemvolvimento que estao fazendo para com as crianças, os adolecentes e os jovens, e, mais outras coisas aì. Mas, pergunto: "Para que servem estas coisas todas, se por tras distribuimos as armas para que os timorenses se matam uns aos outros??? E assim que educamos as nossas crianças, os nossos adolecentes e os nossos jovens???"

E qual é o significado do lema da educaçao de UNICEF: "A EDUCAçAO PARA A PAZ"???

Ou na frente das crianças, dos adolecentes e dos jovens, dizemos:"Vos deveis fazer assim, assado para que possais construir esta Naçao na Unidade, Democracia, etc...baseando sempre na nossa constituiçao. Mas por tras clandestinamente distribuimos as armas para que eles se matem uns aos outros... Oh! Sra. Margarida, experimente fazer uma breve pausa...e entre na sua consciencia (acredito que a sua consciencia esta sempre alimentada com as normas de ética e moral) e procura refletir bem nisso...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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