segunda-feira, junho 26, 2006

Dos leitores

Passei um tempo muito curto em Timor e tenho seguido as notícias sobre a crise timorense que em tão curto espaço de tempo já foi intitulada de, primeiro etnica, depois de má governação, depois económica, depois politica.
Até na designação a atribuir à CRISE não há consenso.
Na altura da minha curta passagem por Timor fiquei com a sensação que o Estado era artificial e as relações institucionais não eram mais do que relações pessoais de favores, de dívidas e de ódios adiados do tempo da resistência.
A minha sensação da altura torna-se hoje numa realidade dura e com graves custos para o desenvolvimento e soberania de Timor Leste senão vejamos:
O normal é que quem ocupa altos cargos de Estado mantenha uma relação institucional e cuidada com a imprensa.
Em Timor são de carácter permanente e quase diárias as intervenções de elementos dos vários orgãos de soberania na imprensa.
Este exagero leva a que se tenha estabelecido uma cultura de não diálogo institucional, como é normal, transportando para fora do Estado os conflitos e desacordos o que leva à pessoalização das Instituições.
Então deixam de existir a Presidência da República, o Governo e o Parlamento Nacional como orgãos de soberania e passam a ser o Xanana Gusmão, o Mari Alkatiri e o Lu-Olo.
É esta cultura que levou o Estado Timorense à situação actual e por isso o mundo assiste a um discurso não do Presidente da República mas sim do guerrilheiro Xanana Gusmão em pleno braço de ferro não com o Primeiro Ministro mas sim com Alkatiri.
Uma oposição que diz que vai entregar as "chaves" de orgãos de soberania a Xanana Gusmão, não o Presidente da República mas o lider em quem confiam.
Um Procurador-Geral que afirma publicamente que matou pessoas, violadores da lei, desertores do exército a serem tratados como figuras de destaque nacional.
É o caos institucional e o funcionamento à margem de uma lei que não conhecem e por isso é artificial.
Timor vive o clima de um povo que é gerido não por orgãos de soberania mas sim por uma espécie de guerrilheiros em tempo de ajuste de contas.
E o povo, o povo timorense em nome de quem todos dizem actuar está esquecido nos campos de refugiados.

7 comentários:

Anónimo disse...

Esquecido nos campos de desalojados não está porque o governo está a ampará-los com alimentação e cuidados de saúde. Felizmente que o perigo de epedemias parece afastado. Mas que é lamentável terem que viver em condições tão improvisadas, é.

Anónimo disse...

isto convém é denegrir o xanana,pois como é inconveniente para os jogos pacianos do governo...não tarda até o bode expiatório do caos actual é o xanana.
foi o xanana que convidou um excriminoso de seu nome lobato para ministro?
o xanana até nem queria ser presidente...mas estes especialistas da treta que por aqui andam...que hoje são tão bons treinadores de bancada...deviam dar o corpinho ao manifesto e deixar os ganinetes c\ ar condicionado das embaixadas tomrenses na australia e em portugal de onde vomitam atoardas sem fim sobre a "situação".

È óbvio que vos convém defender o "tacho" e nada melhor que garanti-lo até a teta já não não leite!

Xanana pode não ter as vossas licenciaturas em SACANICE,mas pode vislumbrar que muitos pseudo lideres no interior e no exterior nada fazem para colocar este pais nos eixos.

Anónimo disse...

Excelente comentário.
AC
Br.

Anónimo disse...

Excelente e realista!

Anónimo disse...

Bom comentário.

Anónimo disse...

Isso mesmo, é preciso não ter medo de "pegar o toiro pelos cornos", de dizer desassombradamente quem é responsável por esta hecatombe em que Timor se encontra mergulhado.

Porque será que o Governo se agarra obstinadamente ao poder, dissimulado numa postura de legalidade, não cedendo um milímetro na sua irredutível posição? Tem certamente muito mais a perder do que parece.

Esperemos que o R. Lobato comece rapidamente a "desbobinar" porque, lá diz o povo - 'zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades'!

E é de VERDADES que Timor precisa para que se saiba distinguir os lobos dos cordeiros!...

Anónimo disse...

A história fala-nos de vários guerrilheiros, heróis libertadores, que mais tarde como Chefes de Estado são exemplos de ditaduras sem limites.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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