quinta-feira, junho 08, 2006

GNR e militares australianos vão fazer "ensaios" conjuntos - Horta

Díli, 08 Jun (Lusa) - A GNR e elementos das restantes forças internacio nais em Timor-Leste vão realizar "ensaios de coordenação" nos próximos dias, par a consolidar os métodos e formas de actuação no terreno, disse hoje à Lusa o min istro José Ramos-Horta.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa timorense referiu que esse foi um dos acordos conseguidos hoje, em Díli, num encontro que manteve com embaixadores e responsáveis das forças internacionais em Timor-Leste.

"Nos próximos dias, talvez já amanhã, [a GNR e as restantes forças, da Austrália, Nova Zelândia e Malásia] vão fazer alguns ensaios de coordenação, de forma a assegurar que as quatro forças sabem exactamente o que cada uma vai faze r", explicou à Lusa.

Além disso, segundo Ramos-Horta, a GNR e a força australiana nomearam o ficiais de ligação.
O governante disse que a GNR começará a actuar "de imediato", a pedido da Presidência da República e do Governo timorenses, na "zona exclusiva de opera ções de Comoro", na parte ocidental de Díli.

As alterações foram definidas no encontro de hoje, que José Ramos-Horta disse ter decorrido "sob uma nova modalidade de trabalho".

"Convidei diplomatas e políticos a abandonar a sala para deixar que os militares e operacionais conversem. Eles apresentaram a solução operacional que foi depois transmitida aos respectivos países", contou.

"Falei com [o ministro dos Negócios Estrangeiros português] Freitas do Amaral que não indicou qualquer desacordo com a opção escolhida, explicando que ia falar com o primeiro-ministro, José Sócrates, e com o ministro da Administraç ão Interna", António Costa", acrescentou.

Os "ensaios" acordados hoje representam uma mudança significativa na fo rma como as forças têm actuado no terreno, com os últimos dias marcados por inci dentes entre efectivos de Portugal, Malásia e Austrália, causados pela falta de coordenação.

O governante timorense reiterou declarações feitas à Lusa na segunda-fe ira de que a GNR actuará "com dureza, com firmeza, de forma autónoma e sem restr ições em toda a cidade de Díli", admitindo porém que isso "não acontecerá de ime diato, por razões práticas".

Entre essas razões práticas, destacou o facto de a GNR não ter ainda to do o seu equipamento em Timor-Leste e a necessidade de garantir "uma cuidadosa p reparação" para que as forças no terreno "estejam absolutamente coordenadas".

"Como uns são exército e eles [GNR] são polícia especializada e nunca t rabalharam em conjunto, é útil realizar alguns exercícios de prática. Quando tud o estiver bem coordenado, a pouco e pouco a GNR assume o controlo da cidade [de Díli], sempre em sintonia com as restantes forças", afirmou.

O chefe da diplomacia timorense garantiu nunca "ter ouvido da parte dos australianos uma única palavra negativa, menos positiva em relação a Portugal o u à GNR".

Ramos-Horta frisou que a GNR tem uma especialidade única, sendo essenci al "saber maximizar a operacionalidade" da força portuguesa de 120 homens com "a máxima coordenação entre todos".

"Não está em questão a autonomia operacional de cada força. Os malaios não cederam a sua autonomia operacional, nem a Nova Zelândia, aceitando a coorde nação", comentou.

Noutro âmbito, Ramos-Horta explicou que os militares australianos que s e encontram em Maubisse, próximo do grupo liderado pelo major Reinado, e em Glen o, Ermera, próximo do grupo de "militares dissidentes", estão no local "a conter esses elementos".

"Esses elementos não são equiparáveis aos bandoleiros que estão aqui em Díli e que devem ser desarmados. Estamos a falar [no caso dos contestatários] e m elementos que estão contidos nas suas áreas", afirmou.

"A presença australiana em Maubisse e Gleno visa conter esses elementos nas suas áreas, observar o seu movimento, até chegar o momento em que o Preside nte da República decida que é altura de também o senhor Alfredo [Reinado] e os o utros deporem as armas", disse.
"Isto não e tão urgente porque não estão a causar problemas a ninguém", justificou.

O governante timorense afirmou ainda que o "calendário ou quadro políti co, não está solucionado", com a liderança do país a apostar em "passos pequenos para promover o diálogo".

Como objectivo final, para as próximas semanas, está a realização de um "diálogo inclusivo abrangente que envolva desde a chefia da FDTL [forças armada s], o governo, elementos do parlamento e os militares dissidentes, sob o alto pa trocínio do PR e da Igreja", disse.

"Ate lá, continuamos com diálogos entre dois ou três elementos para cri ar um clima de confiança entre esses elementos antes do diálogo final", concluiu .

Forças militares e policiais da Austrália, Portugal, Nova Zelândia e Ma lásia encontram-se em Timor-Leste a pedido das autoridades timorenses para pôr t ermo à onda de violência que afecta o país desde há mais de um mês.
ASP.
Lusa/Fim

3 comentários:

Anónimo disse...

Este Sr Ministro, Nobel da Paz, é tão pacifista..ta..ta..ta, que desarmar os revoltosos não é urgente! Se calhar está preocupado com a segurança deles, pois até coloca as tropas australianas a "vigiá-los". Esta de mandar lobos esfomeados tomar conta duma alcateia...
Enfim..estão bem entregues os Timorenses que lutaram para viver num país livre!
Viva a FRETILIN! Viva TIMOR!

Ego disse...

Alguém é capaz de me explicar por que razão essa pessoa q dá pelo nome de Major Reinado ainda não foi posto atrás das grades?
Viva Timor! Viva Alkatiri!

Anónimo disse...

E se os australianos tinham ordens para desarmar toda a gente, inclusive a GNR, porque é que não desarmaram o Reinado e Cia.?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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