sábado, junho 24, 2006

Obrigado, Margarida.

Tradução:

Caros Amigos de Timor-Leste
Recebemos de Timor-Leste, nos dois últimos dias, relatos muito perturbadores relacionados com o destacamento das nossas forças de defesa através de Timor-Leste pelo Governo Australiano.

Parece que o nosso governo decidiu sem dar explicação a nós nem aos Timorenses que as nossas tropas vão agora assumir papéis não contemplados no papel original de manutenção da paz.

É importante para todas as partes do conflito e para a reputação da ADF, como força de manutenção da paz que eles se mantenham neutrais e não sejam usados para propósitos políticos.

Parece que é preciso lembrar ao Ministro Nelson e ao Ministro Downer que nos opomos fortemente à politização da nossa ADF e pedimos respostas honestas a questões sobre o seu papel em Timor-Leste, por exemplo:

* Quantos membros da ADF estão correntemente em Timor-Lestee para que propósitos?

* Requereu o governo de Timor-Leste ao Governo Australiano para construir uma base em Timor para aquartelar 3000 das nossas forças para os próximos dois anos?

* Porque é que está a demorar tanto a desarmar os vários grupos rebeldes e qual é o relacionamento do ADF com esses rebeldes armados?

* Porque é que a coligação das tropas internacionais sob comando da ADF tem sido incapaz para parar a queima de casas e de edifícios governamentais em Dili?

* É verdade que a ADF está agora aquartelada no distrito de Los Palos? Se sim, porquê e quem é que autorizou? E porque é que os nossos soldados estão correntemente a patrulhar aldeias em Los Palos?

* É verdade que a ADF está a tentar influenciar politicos locais, por exemplo, questionando cidadãos Timorenses sobre o seu apoio à FRETILIN incluindo referências ao PM Alkatiri como o "ex-PM" e tratando cidadãos com modos duros e intimidatórios?

* Porque é que a bandeira Timorense foi substituída pela bandeira Australiana no complexo do Ministério da Educação em Vila Verde?

* É verdade que o governo Australiano não apoia o destacamento em Timor-Leste duma força multinacional de capacetes azuis da ONU que não esteja debaixo do comando da ADF?

Para sua informação junto uma carta enviada a políticos ontem sobre o papel da Austrália em Timor- Leste. Se quiser juntar a sua voz à crescente comunidade com preocupações, por favor contacte o seu deputado Federal e os Ministros:

Ministro Nelson: B.Nelson.MP@aph.gov.au
Ministro Downer: A.Downer.MP@aph.gov.au


Com agradecimentos

em solidariedade por um Timor-Leste independente, democrático e cheio de paz

Deborah Durnan
Email: djdurnan@bigpond.com
22 Junho 2006

Hon Dr Brendan Nelson MP
Ministro da Defesa
Parliament House
Canberra ACT

Caro Dr Nelson

Estou profundamente perturbada com o papel da Austrália na crise corrente em Timor-Leste.

A minha preocupação começou por surgir com a afirmação do Primeiro-Ministro que Timor-Leste estava a ser ‘pobremente governado’. Apesar dos muitos aplausos para o desempenho do Governo de Timor-Leste vindos do grupo de dadores e mesmo do Banco Mundial, entre outros.

A minha compreensão do seu desempenho inclue o estabelecimento do Fundo Petrolífero dum modo que minimiza o risco de desvios (coisa que eu pensava o Governo Australiano apoiaria), a negociação de acordos para assegurar a formação de um número significativo de médicos em Cuba às custas de Cuba, a prevenção da armadilha da dívida económica do terceiro mundo, etc. Onde está a pobre governação é um mistério para mim. Talvez me possa providenciar detalhes específicos que suportem o comentário do Primeiro-Ministro?

A minha segunda onda de preocupações foi ver pessoal militar Australiano observar pilhadores a roubar mercadorias dos armazéns governamentais – foi somente quando apareceu a polícia Portuguesa que a pilhagem foi parada – mas na maioria dos casos tarde demais.

Em terceiro lugar, tem sido o modo como os soldados rebeldes têm sido tratados pelos media Australianos, e algumas fontes bem informadas têm acusado que isto está a vir das informações que lhes chegam da Embaixada Australiana.

Agora foi alegado (por um observador em Dili) que os militares Australianos estão a jogar um papel activo encorajando as pessoas a oporem-se ao Primeiro-Ministro, Dr Mari Alkatiri, e mesmo a referirem-se a ele como ‘ex-Primeiro-Ministro’. Estes relatos são actuais, de ontem.

O que é que estavam dois helicópteros Australianos a fazer visitando Lospalos no dia 9 de Junho deste ano? Relatos dos locais dizem que eles tentaram dizer às pessoas lá para se oporem ao Primeiro-Ministro.

Que outros lugares visitaram o pessoal Australiano?

Porque é que fizeram as visitas?

É verdade que têm estado a tentar influenciar a política local de Timor-Leste?

Mais ainda, porque é que a Austrália (ao lado dos USA) se opôs ao prolongamento do papel da ONU em Timor Leste como foi requerido pelo Governo de Alkatiri poucos dias antes de ter enviado as tropas para Darwin no caso de serem necessárias em Dili?

Porque é que o Governo Australiano não disse aos soldados rebeldes para desarmarem e regressarem aos quartéis, e a todos os partidos para apoiarem o processo constitucional e democrático nesta democracia nascente? Se o Governo Australiano apoiar qualquer outra posição arrisca-se a criar um país que rebenta em violência sempre que alguém não gostar duma decisão política ou do Governo.

Será um dia muito triste para a Austrália e para a nossa região se acabarmos por nos comportar como o horrível rapaz briguento Australiano à imagem dos USA na América Central e do Sul ao longo dos anos.

Espero antecipadamente a sua resposta.

Sinceramente

Ben Bartlett

Cc
Hon Alexander Downer, Ministro dos Negócios Estrangeiros
Hon Kim Beazley, Líder da Oposição
Kevin Rudd, Shadow Ministro-sombra dos Negócios Estrangeiros
Robert McClelland, Ministro-sombra da Defesa
Warren Snowden MP Secretário-Parlamentar-sombra para Northern Territory & Indigenous Affairs
Senador Bob Brown, Líder dos Verdes Australianos
Senador Kerry Nettle, Verdes Australianos

2 comentários:

Anónimo disse...

Vejam também a notícia da ABC que tomei a iniciativa de traduzir, mas podem ler o original. (link abaixo).
Nao se preocupe margarida não quero a sua posição de tradutora oficial do timor-online. Estou somente a dar-lhe uma pequena ajuda.


Tradução:

Lobato implica Alkatiri nas alegações do “esquadrão da morte”

By Anne Barker in Dili and Reuters

O antigo ministro do interior de Timor-Leste, Rogerio Lobato, implicou diretamente o Primeiro Ministro Mari Alkatiri nas alegações de que eles tinha recrutado um grupo de milicias civis.

Lobato encara quatro acusações sobre alegações de ter fornecido armas à um esquadrão de morte civil para eliminar os oponentes do Dr Alkatiri.

O líder do grupo, Coronel Railos, alegou que Lobato estivera a agir sob ordens do Primeiro Ministro e que ele e o seus homens tinham-se encontrado com o Dr. Alkatiri a 7 de Maio, altura em que foi discutido essa questão.

A ABC confirmou já que o testemunho de Lobato em tribunal confirma a história de Coronel Railos.

Ele disse aos investigadores que o Dr Alkatiri tinha total conhecimento do plano, algo que o Primeiro Ministro tem consistentemente vindo a negar.

Esta noite, o Dr Alkatiri resiste a pedidos de sua resignação apesar de uma ameaça do Presidente Xanana Gusmão de que iria demitir-se caso o Primeiro Ministro se recuse a o fazer.

O Ministro de Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, disse não ser claro o alcance dos poderes políticos do Presidente Gusmão na constituição de Timor-Leste.

"Nesta Constituição, nenhum tem o poder especial ou esmagador," retorquiu.

"Portanto é uma Constituição de Balanço do Poder, o que faz com que uma situação destas, toda a questão, seja difícil de resolver legal e constitucionalmente."

Ele diz que a Australia não tem algum controle sobre a possibilidade de o Dr Alkatiri se resignar ou não durante as investigações sobre as alegações contra a sua pessoa.

"Quais ligações existem entre o que ele alegadamente fez e o Primeiro Ministro e quão verdadeiras são algumas dessas alegações feitas contra o Primeiro Ministro, são questões que os Timorenses irão ter que investigar,” disse.

http://www.abc.net.au/news/newsitems/200606/s1670626.htm

Anónimo disse...

Mais uma desercao.

Desta vez no seio da equipa liderada pelo PM. Maria Alves Domingas Fernandes, Assesora para a Promocao e Igualdade resignou-se dizendo que nao pode fazer o trabalho quando o governo nao esta a trabalhar efectivamente.

Inseriu-se nas demonstracoes frente ao Palacio do Governo para demonstrar contra a resignacao do Presidente Xanana.
Disse que a situacao nao estaria assim se o governo tivesse governado bem.

Ja comecou o exodo.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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