quarta-feira, junho 07, 2006

ONU estima 130 mil deslocados, "situação crítica" nos campos

Por António Sampaio, da Agência Lusa Díli, 07 Jun (Lusa) - A situação nos campos de deslocados dentro e fora de Díli está a tornar-se "crítica", quer do ponto de vista sanitário quer a nível de segurança, com a estimativa de que mais de 130 mil timorenses estão deslocados.

Responsáveis do governo timorense e de agências internacionais no terreno admitem que é urgente garantir a segurança nos campos - com relatos de confrontos, infiltração de armas e tensão - procurando melhorar as condições "paupérrimas e terríveis" em que os deslocados se encontram.

Dados divulgados hoje pelo governo timorense apontam para que entre 70 e 80 mil pessoas estejam nos campos de deslocados em Díli, com cerca de 62 mil em campos nos restantes distritos de Timor-Leste, números que continuam a aumentar.

Os deslocados fora de Díli são na sua maioria, residentes da capital que fugiram para distritos de onde eram naturais.

Responsáveis humanitários no Colégio Salesiano de D. Bosco, em Díli, confirmaram que só nos últimos três dias entraram mais duas mil pessoas, "esticando ainda mais os recursos já limitados no local".

"E os números vão continuar a aumentar porque as estruturas locais não funcionam", disse à Lusa um voluntário que está no local a trabalhar.

O ministro da Saúde timorense, Rui Araújo, alertou também hoje para as más condições nos 55 campos de deslocados que acolhem cerca de 80 mil pessoas, em Díli, constituindo factores de risco para uma epidemia de cólera.

Num intuito de colmatar a crise, chegou já a Díli um primeiro voo com coberturas plásticas, tendas e outro material de primeira necessidade, como explicou à Lusa Gregory Garras, do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

Garras explicou que dada a "pressão sanitária", as "péssimas condições de vida" e o "clima de tensão" que se vive nos campos, as agências internacionais estão já a estudar ampliar os locais existentes ou criar novos espaços para acolher deslocados.

"Há que procurar desanuviar a situação nos campos existentes e procurar criar melhores condições para os deslocados", disse.

No entanto, explica Garras, é vital que a situação de segurança melhore, renovando apelos às forças internacionais no terreno para que ajudem a garantir a segurança nos campos, perante relatos de "confrontos" e "o aparecimento de divisões".

"Garantir a segurança nos campos é vital não apenas para as condições de vida das pessoas mas para o próprio clima político e de segurança em termos gerais", afirmou.

"Já pedimos auxilio às forças internacionais no terreno, mas percebemos as limitações de uma força militar quando este é um trabalho maioritariamente para a polícia", sublinhou.

O tema da segurança foi já considerada Sprioritário" pelo Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, que segundo Garras "tem acompanhado a situação com grande interesse e a destacar o tema da segurança".

O responsável do ACNUR admite ser para já difícil determinar um calendário para a resolução da crise, afirmando que a tensão política e a insegurança em muitas zonas de Díli não ajudam ao regresso das populações às suas casas.

"Nota-se mais movimento nas ruas, durante o dia, mas alguns campos estão a receber mais pessoas diariamente.

Esperamos o melhor mas continuamos a planear para o pior", disse.

Lusa/Fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Eh caso para dizer "NAIMAROMAK!" estou em Timor-Leste? Este senhor esta a descrever a manifestacao de ontem? Estava ele na lau ou que?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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