sexta-feira, junho 23, 2006

Substituição Alkatiri é uma das soluções, reunião sábado - FRETILIN

Lisboa, 23 Jun (Lusa) - A renúncia de Mari Alkatiri à chefia do governo e a sua substituição por outro dirigente da FRETILIN é "uma das soluções" que está a ser equacionada pelo partido e deverá ser decidida sábado, indicaram fontes partidárias.

Segundo várias fontes da Comissão Política Nacional (CPN) e do Comité Central da FRETILIN contactadas telefonicamente pela Lusa, a possível substituição de Mari Alkatiri "está a ser estudada" como uma saída para a crise, devendo a decisão ser tomada na reunião de sábado do Comité Central do maior partido timorense.

Entre as outras opções estão a demissão em bloco de todo o governo e a proposta já confirmada quinta-feira pelo próprio Mari Alkatiri, da sua permanência no governo e a nomeação de dois vice- primeiro-ministros, disseram as fontes.

"São soluções para a crise. A reunião do Comité Central vai decidir. O PR tornou a sua posição muito clara e o CC amanhã (sábado), vai decidir", afirmou um responsável da Comissão Política Nacional do partido, que pediu o anonimato.

O cenário da renúncia de Mari Alkatiri parece, no entanto, ser o que "tem mais pernas para andar", segundo a mesma fonte.

Dois dos responsáveis máximos da FRETILIN, o presidente Francisco Guterres (Lu'Olo) (também presidente do Parlamento Nacional) e o membro do Comité Central Estanislau da Silva (ministro da Agricultura) estiveram hoje reunidos com Xanana Gusmão para analisar a situação.

Segundo uma fonte do partido, nesta reunião "não foi apresentada nenhuma solução como certa", mas os dois responsáveis apelaram "à compreensão de Xanana Gusmão" para que este deixe que "o Comité Central analise a situação e decida o que fazer".

"O encontro foi muito bom, sem hostilidades. O PR quer uma decisão clara da FRETILIN e essa foi a mensagem que foi transmitida", explicou a fonte.

"Ficamos muito satisfeitos pelo facto de ele ter recebido muito bem o presidente do partido, da conversa ter decorrido muito bem", sublinhou a mesma fonte.

A agência Lusa não conseguiu contactar Lu'Olo e Estanislau da Silva recusou qualquer comentário sobre o encontro ou sobre a posição do seu partido "até à reunião do Comité Central".

Depois da reunião com Xanana Gusmão, Lu'Olo esteve reunido com o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, na sua residência no bairro do Farol em Díli.

O cenário da renúncia de Alkatiri e da sua substituição por um outro dirigente do partido foi hoje dada como certo pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos-Horta, numa reunião com o corpo diplomático acreditado em Díli, segundo uma fonte diplomática.

Em declarações à Lusa, a fonte afirmou que José Ramos-Horta, comunicou que há um entendimento político sobre a demissão do primeiro- ministro, Mari Alkatiri.

"O ministro Ramos-Horta comunicou ao corpo diplomático que há um entendimento para a renúncia do primeiro-ministro", disse a fonte, que solicitou o anonimato.

Uma segunda fonte diplomática contactada pela Lusa reiterou a informação, afirmando que o cenário da renúncia de Mari Alkatiri "não foi apresentado como alternativa, mas como a única solução".

O secretário-geral dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Nelson Santos, afirma, no entanto, que o cenário da demissão de Mari Alkatiri não foi apresentado como certo pelo chefe da diplomacia timorense.

Segundo Nelson Santos, que participou na reunião de hoje de José Ramos-Horta com o corpo diplomático, "falou-se da situação em geral e de todos os cenários possíveis para resolver a crise".

"Esse cenário foi um dos apresentados como possível para resolver a crise", disse à Lusa.

ASP.

69 comentários:

Anónimo disse...

Cuidado com o Ramos Horta...

Anónimo disse...

É pá copia o que a Ana Gomes tem no seu blog acerca de ti...e das tuas opiniões venenosas..

Anónimo disse...

Nutria grande admiração por Xanana Gusmão.
Pouco ou nada sei sobre a crise, sobre Alkatiri mas a postura de Xanana revelou um desconhecido...
Triste, muito triste...

Anónimo disse...

Se Alkatiri apresentar a demissão e o PM indicado pela FRETILIN não agradar quantas mais pessoas terão que morrer, terão que se refugiar, terão que passar fome para que Xanana ganhe outra guerra???

Anónimo disse...

This blog is a peace of sheat

Anónimo disse...

"Esse cenário foi um dos apresentados como possível para resolver a crise"

Um dos? Como é possível se Xanana já afirmou que "ganhámos esta guerra".
Não vale a pena continuarem a tentar dar um ar de seriedade a esse País.
Xanana já mostrou ao mundo como funciona o mais novo pais do mundo e o caso de sucesso das Nações Unidas.

Anónimo disse...

"Falando num palco improvisado, montado em cima de uma carrinha de caixa aberta, Xanana Gusmão tinha ao seu lado a mulher, Kirsty, e ainda Vicente da Conceição "Railos", veterano da luta de resistência e comandante do alegado "esqua drão da morte" supostamente criado pelo ex-ministro do Interior Rogério Lobato, e major Alves Tara, um dos oficiais das forças armadas timorenses que abandonou em Maio a cadeia de comando."

Que vergonha!

Anónimo disse...

"Este choque entre Xanana e Alkatiri seria evitável se a Constituição timorense previsse, à semelhança da portuguesa, na esfera do Presidente, o poder de dissolução da assembleia ou de demissão do governo. Mas Xanana não possui essa 'bomba atómica', apesar de ter sido eleito em sufrágio directo e universal. Um erro na arquitectura constitucional como agora se vê. Assim, em caso de choque institucional entre duas figuras legitimadas, aos timorenses pouco mais resta do que imitar aquela genial história de Astérix - 'O Combate dos Chefes'. Aí os gauleses primeiro votavam, depois deitavam fora as urnas de voto e decidiam à pancada qual o chefe dos chefes."
Octavio Ribeiro in Correio da Manhã

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A FRETILIN, partido maioritário e vanguarda incontornável em Timor Leste, não pode mais tolerar este impasse: deve parar de acenar com compromissos que sabe insustentáveis e que só aumentarão os tremendos custos já impostos ao povo e mais fazem perigar a soberania e independência por que tantos timorenses pagaram com a vida. Os militantes de base da FRETILIN sabem, melhor que ninguém, que só o Presidente Xanana Gusmao, democraticamente eleito, mantem ainda autoridade e a confiança do povo. Só ele pode ser garante da salvação e unidade nacionais.

.../...
Eu estou convencida de que Mari Alkatiri é sério. E de que em muitos e fundamentais aspectos foi um bom governante de Timor Leste (desenganem-se os que pensam que ele ainda governa ou poderá voltar a governar...). Mas noutros e também fundamentais aspectos Mari Alkatiri errou clamorosamente. Esses seus erros geraram a actual crise.
.../...

É isto que Mari Alkatiri, como verdadeiro patriota e homem de Estado, não pode deixar de reconhecer, demitindo-se sem tardar mais. Para viabilizar uma solução pacífica e política da crise, que a sua obstinação tem prolongado, pondo o país à beira do abismo. Para não ficar com a responsabilidade histórica de enterrar a independência de Timor Leste ou de, no mínimo expôr o seu sofredor povo a mais um doloroso e prolongado conflito.

Ana Gomes, in BLOG Causa Nossa

Anónimo disse...

Este blog realmente está a ficar muito chunga, como se pode ver por alguns comentários aqui inseridos...

Anónimo disse...

Ó malai COPIA TUDO!

Anónimo disse...

eu posso copiar tudo, não há problema, mas melhor mesmo é irem ao Blog causa-nossa, tá lá tudo. E pode ser que aqui neste blog aprendam alguma coisa....

Anónimo disse...

ACABO DE CRIAR A SOLUCAO PARA TIMOR.
NO MEU LABORATORIO ACABO DE CRIAR O NOVO "HUMANOS TIMORUCOS ESPECIALIS"
AGARREI NA RESPEITABILIDADE DE XANANA, NA ARROGANCIA DE ALKATIRI,NA NOBEL PRIZIS DO HORTA,NO PRESIDENTIALIS DO LU-OLO,NO CABELO DO ALAUS SILVARIS E CRIEI O"HUMANUS TIMORUCOS ESPECIALIS"

Anónimo disse...

ao pessoal do causa-nossa,
vcs tão com medo do k os leitores possam dizer do vosso blog?? ou é por outra razão k vcs ñ tem espaço pra ppl todo comentar no k vcs dizem ou opinam??

Anónimo disse...

Xanana: "Como vosso presidente, como vosso irmão, honrarei a Constituição. (...)"

Cagandalata!... :-)

Anónimo disse...

lusitânea, a Ana Gomes é tão democratica que nem permite no blog dela espaço a opinião.
Mas porque carga de agua a msg da Ana Gomes é mais "correcta" do que qualquer outra opinião? Viva o Povo de Timor Leste! Abaixo todos os oportunistas sem caracter que têm sede do poder.
O culto da personalidade é muito mau caminho para um qualquer país. Xanana anda com tiques de caudilho.É bom que não esqueça todos os guerrelheiros anonimos que sofreram e lutaram para conseguir um País livre.

Anónimo disse...

Perante os acontecimentos é altura de se começar a perceber quem à custa do povo timorense usa todos os meios tendo em vista só os seus interesses.....particulares

Anónimo disse...

Malai Azul ou cor de bicho peçonhento ?
"Xanana Gusmão... o que dirá a história sobre ele?
Xanana Gusmão deu o pontapé de saída para toda esta crise, cabia-lhe a ele resolver os problemas militares e nunca o fez.Quando os outros o fizeram veio dizer que estava mal feito. Morreram pessoas, muitas pessoas.Agora, Xanana vem com base num programa de televisão da ABC exigir a demissão do primeiro-ministro. É ridículo, é o desespero de quem até deixou a sua mulher - australiana - tecer comentários e acusações graves ao Governo de Timor-Leste. (...)"
Posted no blog Malai Azul, que escreve de Timor Leste.

O que dirá a história sobre Xanana Gusmão, pergunta o/a Malai Azul.
A História de Timor Leste já diz muito. É o Presidente eleito democraticamente pelos timorenses. É um heroi da resistência timorense. É o líder que resistiu nas montanhas e que conduziu um combate diplomático extraordinário a partir da cadeia indonésia pela independência de Timor Leste.
Foi ajudado ali em Jacarta, crucialmente, pela sua mulher Kirsty, desde meados dos anos 90. E a partir de 1999 também pela extraordinária portuguesa Paula Pinto, mulher de Roque Rodrigues. Ambas fizeram então ali o que nenhum timorense poderia fazer ou saberia fazer. Correram riscos tremendos e a sua devoção e dedicação à causa da independência de Timor Leste é inquestionável. Eu estava lá em Jacarta. Eu vi. Trabalhei de perto, intensamente, com ambas. E o que vivi com elas, e o que vi e sei, especificamente, da Kirsty, merece-me a mais rendida admiração e confiança indestrutível.
Kirsty Sword Gusmão é australiana, sim, so what?
Será que ser-se australiano é sinal de se ser vendido aos interesses mais sinistros de Camberra? O que teria então sido dos timorenses se tantos dedicados amigos australianos não tivessem sido solidários e militassem durante anos contra os seus próprios governos para ajudar Timor Leste na luta pela indepêndencia? Mais do que muitos portugueses, que só em 1999 abriram os olhos para as nossas obrigações relativamente a Timor Leste.
Não é um/a malai qualquer que, sabe-se lá quando descobriu Timor Leste no mapa, vai impunemente continuar a destilar peçonha contra o Presidente Xanana e a sua combatente mulher.
É por causa de leituras parcialíssimas e maniqueístas como as que são veiculadas pelo/a Malai Azul, valendo-se das altas (ou baixas?...) intimidades que tem em Dili, que muitos em Portugal - e alguns com a responsabilidade de perceber ou se informar melhor sobre o que se está a passar em Timor Leste - reduzem a crise em Dili a uma luta entre personalidades ou entre líderes que são a favor de Portugal ou a favor da Austrália. Essas leituras são redutoras, estúpidas e sobretudo profundamente ignorantes da realidade timorense.
Como a do/a Malai Azul - que é, além disso, mesquinha, xenófoba, preconceituada e claramente tendenciosa.
Oh Malai Azul , dá lá a cara para vermos se és mesmo azul, verde, cor de burro quando arrota ou cor de bicho peçonhento!

Anónimo disse...

este ultimo comentário parece a linguagem da grande diplomata ana gomes... estava em jakarta... pois e a linguagem baixa...

Anónimo disse...

Estes malais azuis ou vermelhos, que foram a TL comer á grande, agora têm a mania que já sabem tudo?
quem são voçês ?
será que os amiguinhos da embaixada em portugal, estão muito tristes por a coisa estar a dar para o torto e a mama vai acabar?

Anónimo disse...

Dúvidas... não tenho... Lamentávelmente, Timor-Leste deixou de ser província Indonésia... e passou a Colónia Australiana!...
Ramos Horta, nunca me enganou... isso é verdade e Xanana... coitado... é um joguete dos tais interesses.
António Resende

Anónimo disse...

Kay Rala Xanana Gusmao continua a ser o de ontém, de hoje e o de mnaha... Sabe escutar, quer escutar e esta escutando a voz do povo, e, a sentir a amargura deste povo sofredor timorense... que por outro lado, alguns tomam a palavra "povo timorense" como "slogan" somente a dizer: nos lutamos para defender "o povo timorense", nos trabalhamos para o bem do "povo timorense" e mais outras coisas ai... Mas afinal das contas, dizem isto para somente ganhar a simpatia do povo... as tantas... por tras distribuiram armas para alguns timorenses com a finalidade de se matarem uns aos outros...
a seguinte informaçao da Lusa pode nos dar uma ideia clara sobre isso....
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23-06-2006 12:10:00. Fonte LUSA. Notícia SIR-8109131
Temas: conflitos timor-leste política presidente governo

Timor-Leste: "Ganhámos esta guerra", afirma Xanana... (ACTUALIZADA)


Díli, 23 Jun (Lusa) - O presidente timorense disse hoje a milhares de m anifestantes concentrados em frente ao Palácio do Governo em Díli que a "esperte za" do povo permitiu ganhar "esta guerra", mas sem precisar ou adiantar qualquer solução para a crise.

"Falhámos em garantir a vossa estabilidade, mas com a vossa esperteza g anhámos esta guerra", afirmou Xanana Gusmão, perante o entusiasmo dos manifestan tes, que exigem a demissão do primeiro- ministro, Mari Alkatiri.

No entanto, Xanana Gusmão não avançou qualquer solução para a crise pol ítica em Timor-Leste, nem se referiu à ameaça, feita quinta- feira, de resignar hoje ao cargo se Mari Alkatiri não se demitir.

Garantiu, porém, que cumprirá as suas obrigações com base nas exigência s dos timorenses, no que foi interpretado pelos manifestantes como um sinal de q ue não se demitirá.

"Como vosso presidente, como vosso irmão, honrarei a Constituição. (...

) Cumprirei as minhas obrigações com base nas vossas exigências", afirmou.

Falando num palco improvisado, montado em cima de uma carrinha de caixa aberta, Xanana Gusmão tinha ao seu lado a mulher, Kirsty, e ainda Vicente da Co nceição "Railos", veterano da luta de resistência e comandante do alegado "esqua drão da morte" supostamente criado pelo ex-ministro do Interior Rogério Lobato, e major Alves Tara, um dos oficiais das forças armadas timorenses que abandonou em Maio a cadeia de comando.

Bem disposto e descontraído, substancialmente diferente do homem tenso que anunciou quinta-feira ao país que se demitiria caso o primeiro-ministro não assumisse as suas responsabilidades, demitindo-se da chefia do governo, Xanana G usmão interveio em tétum, iniciando a sua intervenção com vivas ao povo de Timor -Leste e à unidade nacional.

Desdobrando-se em apelos à calma - "manifestem-se à vontade, mas sem vi olência, sem pisar sequer uma formiga", pediu -, Xanana considerou que os timore nses, que definiu como "um povo que sabe mostrar dignidade e coragem, mas também inteligente e sofredor", têm razão para estarem zangados.

"Em Janeiro passado, fui a Nova Iorque levar o relatório da CAVR [Comis são de Acolhimento, Verdade e Reconciliação, criada para investigar as violações dos direitos humanos em Timor-Leste entre 1974 e 1999] e prometi [à ONU] que nã o haveria mais violência", salientou.

"Não passaram cinco meses até que voltou a haver violência", lamentou, referindo-se aos confrontos ocorridos nos últimos dois meses, que provocaram trê s dezenas de mortos e 145 mil deslocados e levaram as autoridades timorenses a p edirem a intervenção de forças militares e policiais de Portugal, Austrália, Nov a Zelândia e Malásia.

Xanana Gusmão considerou que os dirigentes timorenses falharam na prome ssa de estabilidade.

"Podem apontar o dedo a nós, os governantes, porque falhámos. Não vos d emos a estabilidade que prometemos. Mas o povo é que decidiu o seu destino, o se u futuro e, a começar por mim, todos devemos respeitar o povo", frisou.

"Nós [os governantes] temos de ouvir a vossa voz. Eu compreendo o que q uerem e por isso peço aos governantes que abram os olhos e vejam o sofrimento de ste povo", acrescentou.

Xanana garantiu ainda que compreende a voz do povo.

"Podem acreditar: estou a escutar a vossa voz", vincou.

Depois de Xanana e a mulher abandonarem o local, o comandante "Railos" dirigiu-se também aos manifestantes apresentando-se como "aquele a quem deram ar mas para matar".

"Vocês não me conhecem, mas eu sou o 'Railos', aquele a quem deram arma s para matar. Mas eu apelo-vos que digam não à violência", disse.

Os manifestantes mantêm-se no local, mas em menor número, continuando a ouvir músicas e a dançar, sob o olhar atento dos militares australianos e també m de alguns efectivos da GNR.

Não há registo de incidentes relacionados com a manifestação.

EL.

Lusa/Fim

Anónimo disse...

Os politicos que socorrem e escutam o povo...
Foi admiravel aquela foto que correu mundo do M. Alkatiri no congresso...o congressista na cadeira de plastico ...ele refastelado num sofá senhorial...á grande marxista....
estou lembrado do jovem Rogerio LObato e das suas ligações com os libios, o trafico de armas e diamantes em angola, os campos de guerrilha , o $ que foi metendo aos bolsos á custa dos guerrilheiros do mato, a boa vida em portugal...há grandes marxistas...ainda estou lembrado de outros camaradas companheiros , chamados Abilio Araujo que de tão comunistas e lutadores por TL , viviam com motorista e mansões em Alenquer em Portugal, a gerir $ nas propriedades privadas que sabe Deus de onde veio...entretanto Ray Kala e muitos guerrilheiros , não tinham sequer medicamentos para o paludismo no mato, porque o $ que alguns que hoje estão no poder na Fretilin , mentiam dizendo que enviavam para o Mato...

Mandem O rogerio Lobato para Angola ou a Libia, para acabar lá os seus negocios de diamantes

Mandem o Mari Alkatiri para Cuba, ou China , para viver como um lord como viveu em Mocambique quando os do mato , viviam á mingua de tudo.

O maior erro ,foi alguns pensarem que "artistas" destes como RL queriam mesmo o melhor?

Pátria ou Morte....
Te Leke

Anónimo disse...

Nem este cão de ar desconfiado se deve sentir tão acossado na montanha inóspita que se lhe afigura adversa como os timorenses se sentiram hoje quando Kay Rala Xanana Gusmão, o seu Presidente, lhes falou.
Tocou-lhes fundo a mensagem. Finalmente, falou-se abertamente. Sem meias palavras. Duro, directo, implacável.
E, estupefacto, decepcionado, o povo reage. Com dor e raiva. Porque não devia haver espaço para o medo e a insegurança. Porque não é fácil aceitar que o perigo existe e não faz parte apenas de fértil imaginação popular.
Desta vez, Timor não rimou com rumor!
O Presidente falou.
Depois de tanto sofrimento, da independência tão esforçadamente conseguida e sustentada em fundamental unidade nacional, não devia ser verdade que, no país das nossas esperanças, do nosso futuro, houvesse espaço para o ruir do sonho que animou o nascimento da Nação Timor.
Aqui, não deveríamos sentir-nos acossados por outros tantos de nós. Porque todos nós somos Povo; só que é povo contra povo! Ou quem erradamente manda em nome do povo! Em nome de coisa nenhuma, porque a ambição do poder e de dinheiro de tão vulgar e mesquinha vale zero na tabela da dignidade da alma de Timor-Leste.
Por isso, não deveria ser verdade.
Mas o Presidente falou…

Anónimo disse...

É destas acusações que se vai fazendo a cama da desgraça.

Anónimo disse...

Timor Leste: à beira do abismo
A crise em Timor-Leste é grave, muito grave. Timor Leste pode estar à beira de ver a sua independência comprometida, e desta vez irreversivelmente, se o Presidente da República cumpre a ameaça de se demitir por o Primeiro Ministro teimar em agarrar-se ao cargo e não assumir pessoalmente as pesadas responsabilidades que lhe cabem nesta crise.
A FRETILIN, partido maioritário e vanguarda incontornável em Timor Leste, não pode mais tolerar este impasse: deve parar de acenar com compromissos que sabe insustentáveis e que só aumentarão os tremendos custos já impostos ao povo e mais fazem perigar a soberania e independência por que tantos timorenses pagaram com a vida. Os militantes de base da FRETILIN sabem, melhor que ninguém, que só o Presidente Xanana Gusmao, democraticamente eleito, mantem ainda autoridade e a confiança do povo. Só ele pode ser garante da salvação e unidade nacionais.
Não, não se trata de Timor Leste ser um Estado falhado, como sustentam certos sectores australianos, americanos e outros que sempre tentaram controlar Timor, por considerações estratégicas e outras relativas ao domínio dos seus importantes recursos de gás e petróleo. Sem dúvida, o acordo petrolífero que o Primeiro Ministro Mari Alkatiri negociou com a Austrália, com êxito, instigou esses sectores a retaliar, recorrendo a todos os expedientes e pretextos para fazer Timor Leste aparecer como condenado à falência. Assim como já tinham incentivado a Indonésia a invadir em 1975, estes sectores nunca deixaram de contar com as dissensões entre os timorenses e nunca deixaram, portanto, de as alimentar. Mas a triste verdade é que esta crise, decerto estimulada e aproveitada por actores externos, é sobretudo da responsabilidades dos governantes timorenses que cometeram sérios erros - e ao cometê-los fizeram o jogo de quem sempre souberam querer inviabilizar a independência do seu país.
Eu estou convencida de que Mari Alkatiri é sério. E de que em muitos e fundamentais aspectos foi um bom governante de Timor Leste (desenganem-se os que pensam que ele ainda governa ou poderá voltar a governar...). Mas noutros e também fundamentais aspectos Mari Alkatiri errou clamorosamente. Esses seus erros geraram a actual crise.
O maior dos erros do Primeiro Ministro Alkatiri foi ter incluído no seu governo Rogério Lobato, um homem perigoso, com conhecido passado criminal, que acirrou fricções, desconfianças e clivagens e tornou as relações com o Presidente e a Igreja ainda mais difíceis, sobretudo desde que em 2005 ordenou à Polícia que carregasse a tiro sobre homens, mulheres e crianças que aos milhares se concentravam junto à residência episcopal em Dili, em triste enfrentamento a pretexto das aulas de religião e moral (felizmente que o Comandante Paulo Martins se recusou a cumprir a ordem que teria resultado num banho de sangue). Há muito que se sabia que Rogério Lobato estava a aproveitar-se da supervisão da Polícia e dos contratos de equipamento da Polícia para armar milícias privadas e fomentar a divisão "lorosae -loromunu" (ele poderia tornar-se o braço armado dos loromunus, explicaram-me membros do Governo em Dili recentemente). Todos os Ministros o sabiam. E o Primeiro-Ministro também: conversamos várias vezes sobre aquele inquietante personagem, a última ainda há semanas, já a crise estava instalada.. Mari Alkatiri julgaria porventura que, tendo-o por perto, melhor o controlaria. Como eu repetidamente avisei, acabaria antes refém dele.
É isto que Mari Alkatiri, como verdadeiro patriota e homem de Estado, não pode deixar de reconhecer, demitindo-se sem tardar mais. Para viabilizar uma solução pacífica e política da crise, que a sua obstinação tem prolongado, pondo o país à beira do abismo. Para não ficar com a responsabilidade histórica de enterrar a independência de Timor Leste ou de, no mínimo expôr o seu sofredor povo a mais um doloroso e prolongado conflito.

Ana Gomes
Amiga do povo de Timor Leste

Anónimo disse...

Timor-Leste no Plenário do PE
Intervenção de Ana Gomes, em nome do PSE (Estrasburgo, 15.6.2006)

"Estive recentemente em Díli. Assisti ao início do último período de violência entre timorenses, que incluiu trágicos enfrentamentos entre polícias e militares e entre segmentos de ambas forças. Assisti também, com pesar, a um momento dramático de unidade institucional, quando Presidente, Primeiro Ministro e Presidente do Parlamento se viram forçados a pedir o auxílio de forças estrangeiras para repor a ordem e estabilizar politicamente o país.

Quero aqui destacar o entusiástico acolhimento que foi dado pelo povo timorense à chegada da GNR, uma força policial portuguesa e, portanto, também europeia.

Unidade e convergência também demonstraram as autoridades timorenses quanto aos pedidos que há dois dias formularam diante do Conselho de Segurança da ONU, designadamente de reforço e prolongamento da UNOTIL, de uma missão policial sob a supervisão da ONU e eventualmente, se necessário, de uma missão de imposição da paz sob mandato e liderança da ONU.

Esta resolução do PE apoia esses pedidos e demonstra a preocupação deste Parlamento e da União Europeia, com a situação, mas também a confiança de que, com ajuda de amigos, Timor-Leste conseguirá ultrapassar esta grave crise.

Nós, socialistas europeus, continuamos convictos de que o povo timorense vai vencer esta crise de crescimento democrático, como já antes ultrapassou outras, muito mais graves e até existenciais. Mas também sabemos que muito depende de nós, europeus, e da comunidade internacional no seu conjunto.

De facto, a comunidade internacional tem uma responsabilidade particular em garantir que o Estado de Timor-Leste tenha o futuro que merece o povo timorense, que tanto se bateu contra a opressão e pela independência e soberania do seu país. Como disse o Kofi Annan esta semana, o que se passa em Timor- Leste é particularmente doloroso, porque o país é "um filho da comunidade internacional". As fundações frágeis da jovem democracia timorense foram expostas nesta crise. Kofi Annan sublinhou: "não só os timorenses, mas toda a comunidade internacional deve tirar importantes lições deste caso".

Certos Membros Permanentes do Conselho de Segurança terão de pôr a mão na consciência: não se constroem nações com instituições democráticas sólidas em poucos anos e à pressa. Declarar "missão cumprida" precocemente para poupar dinheiro, acaba por se pagar com altos custos. E quem mais paga é o povo.

A situação, porém, é corrigível. E ninguém deve pôr em causa a viabilidade do Estado de Timor-Leste, independente e soberano, designadamente sobre os importantes recursos naturais do país. Ian Martin, Chefe da UNAMET que ajudou ao parto referendário em 1999, recentemente Enviado Especial do Secretário Geral das Nações Unidas a Díli, explicitou anteontem diante do CSNU que não se tratava de "debater se Timor Leste era um Estado Falhado, mas sim sobre como um país com quatro anos de existência está a aprender a lidar com o peso das responsabilidades que advêm da independência e dos desafios que impõe o sistema democrático".

É aqui que nós, União Europeia, podemos fazer toda a diferença. E nesse sentido vão as recomendações desta Resolução à Comissão e ao Conselho para reforço da assistência europeia à consolidação das instituições democráticas, ao respeito pelos direitos humanos, e à reconciliação em Timor-Leste. Nesse sentido o PE louva a decisão unânime das autoridades timorenses em pedir uma Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre os recentes incidentes que resultaram num número disputado de fatalidades e ainda mantêm milhares de timorenses deslocados das suas casas.

O PE vai continuar a acompanhar de perto a evolução da situação e prevê mesmo enviar lá uma missão ad hoc já no próximo Outono. Esperamos que os esforços do Presidente da República Xanana Gusmão e o Governo, designadamente através do Ministro Ramos Horta, Prémio Nobel da Paz, permitam rapidamente a resolução da crise política interna, no respeito pela ordem constitucional. E esperamos assim, que essa missão do PE possa concentrar-se na avaliação e extensão do apoio da UE a Timor-Leste.

Anónimo disse...

TIMOR (DO)LOROSAE
por Ana Gomes

Cheguei a Dili a 20 de Maio, ultimo dia do Congresso da FRETILIN (para que o meu partido, o PS, foi convidado, sem - como me foi doloridamente sublinhado - se fazer representar ou sequer enviar cortês mensagem de saudação). Queria estar lá nesse dia para as celebrações dos 4 anos da independência. Mas a cidade parecia abandonada, as ruas desertas. Ainda assim, à luz magnífica do pôr-do-sol, em frente ao Palácio do Governo, de janelas tapadas com plásticos e madeira a esconder parte dos vidros estilhaçados nos distúrbios de 28 de Abril, pude assistir a um concerto com vários grupos musicais timorenses juntando cerca de um milhar de jovens. Organizado pelo MNE Ramos Horta, que entusiasmou a assistência. Era para mostrar que havia governo, disse. Foi um dos dois sinais de governação que vi durante os dias que estive em Timor.

O outro foi na véspera de partir. A 24 de Maio, sentada na última fila de uma sala acanhada e soturna no Palácio das Cinzas, partilhei com timorenses e portugueses presentes a humilhação de ver as mais altas autoridades (PR, PM, Presidente do Parlamento e MNE), pela primeira vez desde há muito aparecendo unidas, transmitir ao corpo diplomático o pedido de envio urgente de forças estrangeiras para repor a lei e ordem em Timor Leste. Regressei no voo marcado, mas já tive de chegar ao aeroporto escoltada por GOES - ainda a insegurança não tinha atingido o descalabro anárquico que depois se viu. Que já se podia prever. E que podia ter sido evitado se uma solução constitucional para a crise política subjacente à quebra da segurança tivesse sido facilitada e rapidamente encontrada.

À hora a que escrevo, dia 31, ela continua a tardar e agrava-se até, num desesperante braço-de-ferro entre Presidente e Primeiro-Ministro. E assim tarda também o restabelecimento da lei e da segurança (Reinados, Salsinhas e deliquentes armados continuam à solta), por mais soldados estrangeiros que cheguem. E sobretudo continua a não haver governação em Timor-Leste, por muito que o Primeiro Ministro proclame ter tudo sob controlo. Não vale a pena tapar o sol com a peneira. E o pior é que, quanto mais demorar o desfecho político que permitirá ultrapassar esta trágica crise, mais se desgastam aos olhos do povo os líderes que ainda têm autoridade.

É preciso compreender e tirar consequências do se passou. Demitir dois ministros não chegará. A verdade é que a crise de segurança não veio só: evidenciou divergências profundas sobre a governação do país entre Presidente e Primeiro-Ministro, divergências que não beneficiaram o prestígio e autoridade de ambos e que abalaram a confiança da população nas instituições políticas. A legitimidade histórica e política do Presidente Xanana Gusmão é incontornável e as suas autoridade e capacidade de influência continuam inultrapassadas e, por isso, nunca deviam ter sido desaproveitadas. O sistema constitucional que Portugal imprudentemente exportou para Timor-Leste não facilita a resolução de conflitos de competências. O horizonte de eleições em 2007 também não favorece a acalmia de tensões. E o Congresso da FRETILIN só as agravou, evidenciando uma atitude de "estado de sítio": a votação de braço no ar só podia resultar nos perturbantes 97% de endosso ao líder. Que é o Primeiro Ministro que vinha alertando para tentativas de «golpe constitucional».

Contra a sua vontade e independentemente da qualidade da acção do seu Governo em vários domínios, o Primeiro Ministro tornou-se alvo da animosidade de demasiados sectores na sociedade timorense. Reconhecido como sério e competente pelos países doadores e tendo claramente o apoio do seu partido, o PM Alkatiri não foi, porém, capaz de cultivar uma boa relação com uma instituição fundamental na sociedade timorense - a Igreja Católica. O facto de ele ser muçulmano só tornava mais crucial esse relacionamento. O enfrentamento com a Igreja em 2005, que esteve à beira de um banho de sangue (e em que o Ministro do Interior, Rogério Lobato, já teve um alarmante papel) devia ter feito arrepiar caminho.

Acresce que, por temperamento, Mari Alkatiri tem dificuldades de comunicação que ajudam a propagar uma imagem de distanciamento e insensibilidade aos olhos do povo. Que naturalmente desconsidera progressos logrados na edificação do Estado, face à brutalidade da pobreza e desemprego com que continua confrontado. Diante dos delegados ao Congresso da FRETILIN, o PM destacou que em 2007 o país partiria sem dívidas para o desenvolvimento propiciado pelos rendimentos do petróleo. Mas a verdade é que as dívidas estão contabilizadas pela penúria e expectativas desapontadas da maioria dos timorenses. O que aliás, se vê amplificado pela inexistência de um sistema de comunicação social cobrindo todo o território que contrarie boatos e rumores maledicentes.

A animosidade contra o PM Alkatiri também ecoa na Austrália, o incontornável vizinho, onde certos interesses nunca desistiram de apresentar o Estado de Timor Leste como inevitavelmente condenado à falência. Era de esperar que o acordo sobre os recursos do petróleo, que o PM timorense duramente arrancou a Camberra, alimentasse ressentimentos. Em Dili muitos ? e não apenas no campo do PM ? atribuem a interesses australianos um plano para desestabilizar Timor Leste. Mas a verdade é que, a existir tal plano, os principais actores timorenses prestaram-se a cumprir na perfeição o papel que nele lhes estaria destinado...

O pedido de ajuda a tropas australianas (com portugueses, malásios e neo-zelandeses a compor o ramalhete, para dar o que seja possível de carácter multilateral à operação) tornou-se imperativo face ao repentino e total descalabro da segurança e da lei em Dili, na semana passada. Mas também resultou da consciência clara dos líderes timorenses de que os autralianos entrariam sempre, com ou sem pedido, em última análise em socorro dos seus nacionais em perigo. Hoje em Timor Leste admite-se que as forças de segurança australianas estão para ficar...

Os timorenses são sem dúvida principais responsáveis pela degradação da situação política e de segurança interna, independentemente de quaisquer eventuais intromissões. Mas as insuficiências da classe política timorense perante os desafios tremendos da construição do Estado a partir do zero não deviam ter surpreendido ninguém na comunidade internacional. O optimismo exuberante e apressado das Nações Unidas, da União Europeia e também de Portugal em relação à aparente 'história de sucesso' timorense levou a uma desmobilização prematura. Faltou consistência e persistência aos esforços multilaterais e bilaterais para ajudar a consolidar estruturas, métodos e cultura democráticas. Em particular, o investimento nas forças armadas e policiais, no aconselhamento técnico-político dos órgãos de soberania e também no sector judicial revelou-se insuficiente e, possivelmente, mal direccionado. Quando esta crise estiver ultrapassada, é fundamental que a comunidade internacional, e Portugal também, reflictam e reanalisem o seu envolvimento na cooperação com Timor-Leste. Não porque Timor Leste independente esteja condenado ao falhanço. Continua a ser um país viável. Os sucessos da "história de sucesso" timorense não podem ser apagados, são reais. Mas é indispensável ajudar a controlar as inevitáveis derivas de insucesso. Em Timor Leste, como noutros países onde a democracia emerge.


publicado no EXPRESSO, 3.6.06

Anónimo disse...

AI TIMOR !
por Ana Gomes


Voltei triste e preocupada de Dili na semana passada. Conversei com o Presidente, o Primeiro Ministro, vários Ministros, o General Taur Matan Ruak, com os Bispos de Díli e Baucau e outros amigos timorenses. Estive com funcionários internacionais, diplomatas, jornalistas, cooperantes. Visitei as Madres Canossianas de Balide, que acolhiam já cerca de 8.000 pessoas. Subi às montanhas e vi as gentes que desertaram as ruas de Díli. Ouvi tiros. E vi os líderes timorenses, pela primeira vez em sintonia desde há muito, anunciando o humilhante pedido de forças estrangeiras para restabelecer a lei e ordem. Ficou-me o sentimento que este súbito descalabro podia ter sido evitado se uma solução para a crise política subjacente à de segurança tivesse sido facilitada e encontrada mais cedo.

Tudo começou com acusações de discriminação no seio das Forças Armadas, que uma comissão chefiada pelo Presidente Xanana investigou e confirmou em 2004. Comandantes, maioritariamente «lorosae» (oriundos do Leste da ilha), tendiam a promover conterrâneos em detrimento de novos recrutas «loromuno» (do oeste, as zonas mais populosas de Timor). Apesar dos avisos do Presidente, a solução foi tardando. Em Março, 600 «peticionários» foram desmobilizados por desobediência. Em 28 de Abril os protestantes foram infiltrados por bandos delinquentes e a Polícia, apesar de sobre-armada e treinada, falhou clamorosamente (e mais se acentuaram suspeitas de manipulação da rivalidade leste-oeste, sendo o Ministro do Interior um ?loromuno?). As forças armadas foram chamadas pelo PM, sem consulta ao PR, para intervir contra os rebeldes, resultando num disputado número de mortos. Mais grupos se rebelaram.

A crise de segurança evidenciou divergências profundas sobre a governação do país entre Presidente e Primeiro-Ministro, nada lhes beneficiando a autoridade. O sistema constitucional não facilita a derimição de conflitos de competências. O horizonte de eleições legislativas e presidenciais em 2007 não favorece a acalmia de tensões. E o Congresso da FRETILIN também nada ajudou, antes pelo contrário.

Face ao falhanço na defesa da lei e ordem, o Presidente quis assumir poderes excepcionais na segurança, como Comandante Supremo das Forças Armadas. O PM inicialmente recusou. Depois de horas de reunião em Conselho de Estado, acabou por ceder. Todos se esforçam por aparentar unidade. Mas a crise política pode continuar por resolver. E só será resolvida quando a confiança e diálogo institucionais entre Governo e Presidente possam ser realmente restabelecidos.

Independentemente da acção do seu Governo, o PM Mari Alkatiri tornou-se alvo da animosidade de sectores importantes da sociedade timorense. Reconhecido como competente pelos países doadores e tendo o apoio do seu partido, o PM não foi capaz de cultivar uma boa relação com outras instituições relevantes da sociedade timorense, designadamente a Igreja Católica (tanto mais crucial por ele ser muçulmano). A sua capacidade de comunicação é fraca, criando uma imagem de insensibilidade aos olhos de povo, que valoriza menos os progressos na estruturação do Estado do que o desemprego e pobreza de que continua a penar.

A animosidade contra o PM também se sente na Austrália, o incontornável vizinho de Timor Leste, onde sectores com interesses (petrolíferos) instalados nunca deixaram de apresentar o Estado de Timor Leste como condenado à falência.

Há quem se obstine em acusar mão estrangeira. Mas os líderes timorenses são, sem dúvida, os principais responsáveis pela crise profunda hoje vivida no país. Eles tinham a obrigação de ter aprendido com o passado ...

Por outro lado, o excessivo optimismo das Nações Unidas, da União Europeia e de Portugal resultou num distanciamento prematuro do esforço que exige o apoio a qualquer jovem democracia, ainda para mais num país que precisava de construir quase tudo a partir do zero. Qualquer que seja o desenlace desta crise, a comunidade internacional e Portugal, devem reflectir sobre erros e omissões. Para evitar outras no futuro. Em Timor Leste e não só.


publicado no COURRIER INTERNACIONAL, 2/06/2006)

Anónimo disse...

ana gomes é amiga do que lhe pagam ao fim do mês, servidora de interesses, debaixo da hipocrisia da defesa de um povo que ela tanto ajudou a manter sobre ditadura e que tenta inflamar, metendo-se na política de um país que não é o seu e que tão pouco conhece.

ana gomes não tem credibilidade em Portugal. ana gomes não tem credibilidade em lugar algum.

Poprque não deixa fazer comentários no seu blog e vem comentar para outros blogs?

tem medo de ser desmascarada?

Anónimo disse...

Seja lá qual for a saída política para esta crise o preceito legal deverá ser obsevado. Caso contrário TL será sempre sacudido por Golpes de Estado, comprometendo sua credibilidade interna e externa. Os passos que darão hoje certamente reflitirá na qualidade de vida dos timorenses nos próximos 50 anos.
Bom senso e compromisso popular é o que desejo para a elite política timorense.
Obs: A História está repleta de péssimos exemplos na África e na América Latina. Por favor, não repitam estas tragédias.
Saudações,
Alfredo
Brasil

Anónimo disse...

Não perfilho da diabolização da Ana Gomes, acho que tem um peculiar modo de intervir. No entanto, gostaria de saber a opinião da Ana Gomes sobre a resolução do conflito (conforme disse o Malai Azul, no blog dela não é possivel questionar). Pelo que li, nutre grande simpatia por Xanana Gusmão e sua mulher e, embora não nutra simpatia por Mari Alkatiri tem-o como homem honesto e bom governante em muitos aspectos (negociação da partilha dos recursos naturais com a Austrália, governação reconhecida pelo Banco Mundial). Estando perante duas personalidades incompatibilizadas mas reconhecidamente honestas (e acredito, com amor pelo seu povo, apesar dos erros grosseiros), qual seria a melhor solução para a crise:
- forçar a demissão de Mari Alkatiri; Vantagens/Desvantagens;
- Tentar uma solução que respeite a constituição, sabendo que as próximas eleições estão próximas (maio de 2007), que clarificavam (e legitimavam); Vantagens/Desvantagens;

Fui cooperante da FUP por 2 vezes. Não entendo o problema Timor a fundo. Aprendi a respeitar Xanana e Mari. Doi ver esta situação. Tento ver as opiniões de ambas as partes mas continuo confuso.


Timor, sempre.

Anónimo disse...

Já pensaram que o Orçamento de Estado de Timor ultimamente proposto pelo Governo iria praticamente triplicar os gastos do presente ano fiscal?
E isso teria, certamente, consequências sobre a forma como a população iria votar.
Era, portanto, necessário impedir a todo o custo que a FRETILIN fosse a votos em 2007 "na mó de cima"... Aí está uma boa parte da explicação para a necessidade de fazer cair este PM e, se possível, este Governo.
"Capice"?!...

PS - com esta agitação toda já me esqueci de uma coisa: do que é que o Mari é acusado mesmo? Acusação demonstrada, claro. Alguém se lembra? :-)

Anónimo disse...

Nem mais, José Luís, nem mais!

Anónimo disse...

Para o " This blog is a peace of sheat" (Sexta-feira, Junho 23, 2006 8:21:38 PM) :
PEACE=PAZ
SHEAT:
The word you've entered isn't in the dictionary. Click on a spelling suggestion below or try again using the search box to the right.
Suggestions for sheat:
1. sheet
2. shat
3. cheat
4. chat
5. Shatt
6. chayote
7. Shet
8. shear
9. sheath
10. Shebat
11. chaeta
12. chaetae
13. chateau
14. sheaf

Deve ser por isto que queriam o inglês para língua oficial de Timor-Leste...

Anónimo disse...

Viva Xanana!!

Anónimo disse...

anonimo das 12:13:46.

(desculpa pela falta dos acentos)

Confuso? e muito simples. Xanana Gusmao e amante desta patria e deste povo. Nao tem alguma ambicao pelo poder. so quer ver o povo gozar mesmo daquilo pelo qual ele proprio tambem lutou. Nao digam que ele e ambicioso porque se o fosse, e diz ele com razao, nao teria saido da fretilin e hoje era sem duvida ou PM ou o Presidente do Parlamento. Sendo a figura mais popular desde esntao tao teria qualquer dificuldade relativamente a um personagem completamente desconhecido aos timorenses ou mesmo em relacao ao Luolo de quem era Comandante durante a luta.

Por outro lado tem o Mari alkatiri que apesar de alguns sucessos, principalmente na area petrolifera, mas que falhou redondamente o povo de timor em outras areas de governacao fundamentais, sendo uma delas a seguranca e estabilidade do pais.
A sua intrangisencia actual e uma clara diferenca entre um PR que sabe assumir as culpas e um PM que recusa-se terminantemente em aceitar as responsabilidades desta crise ao mesmo tempo que reclamando a ele mesmo como chefe do governo toda a autoridade. Isto e reclama a autoridade mas rejeita a responsabilidade.
Ja para nao falar de outras qualidades tipicas de um regime totalitario onde os seus familiares e aliados politicos proximos beneficiam de tudo e do melhor enquanto o povo continua na miseria.
Protagoniza o "derramamento de sangue caso o seu partido perca" e preve o "reinado" da fretilin por 50 a 100 anos num pais onde diz defender a democracia.
Promove a desobediencia as decisoes dos tribunais quando convem e persegue os orgaos de comunicacao social que nao lhe sejam amenos. Manda calar todos porque nao sabem do que falam mas diz que e tolerante.
Suspende funcionarios publicos que participam em comicios dos partidos da oposicao durante dias de folga e diz que timor e um pais democratico.
Diz que e defensor de um sistema multi-partidario mas aconselha os partidos da oposicao a terem mais cuidado quando militantes do seu partido derrubam por terra a bandeira de um outro partido.
Exige o respeito da constituicao quando nela outros procuram a sua demissao mas e o primeiro a mobilizar o exercito contra civis sem procurar a concordancia do PR como manda a lei.
Enfim a lista continua por ai a fora mas ha que deixar espaco para outros bloguistas.

Ainda esta confuso?

Anónimo disse...

Os politicos que socorrem e escutam o povo...
Foi admiravel aquela foto que correu mundo do M. Alkatiri no congresso...o congressista na cadeira de plastico ...ele refastelado num sofá senhorial...á grande marxista....
estou lembrado do jovem Rogerio LObato e das suas ligações com os libios, o trafico de armas e diamantes em angola, os campos de guerrilha , o $ que foi metendo aos bolsos á custa dos guerrilheiros do mato, a boa vida em portugal...há grandes marxistas...ainda estou lembrado de outros camaradas companheiros , chamados Abilio Araujo que de tão comunistas e lutadores por TL , viviam com motorista e mansões em Alenquer em Portugal, a gerir $ nas propriedades privadas que sabe Deus de onde veio...entretanto Ray Kala e muitos guerrilheiros , não tinham sequer medicamentos para o paludismo no mato, porque o $ que alguns que hoje estão no poder na Fretilin , mentiam dizendo que enviavam para o Mato...

Mandem O rogerio Lobato para Angola ou a Libia, para acabar lá os seus negocios de diamantes

Mandem o Mari Alkatiri para Cuba, ou China , para viver como um lord como viveu em Mocambique quando os do mato , viviam á mingua de tudo.

O maior erro ,foi alguns pensarem que "artistas" destes como RL queriam mesmo o melhor?

Pátria ou Morte....
Te Leke

Anónimo disse...

Mensagem de S.E. o Presidente da República
Povo Amado e Sofredor aos
Líderes e Membros da FRETILIN

Eu peço licença aos companheiros para tecer algumas palavras acerca da FRETILIN, porque conheço a FRETILIN melhor do que alguns delegados ou todos aqueles que estiveram no congresso há pouco realizado, sabendo apenas levantar a mão porque receiam perder o emprego, para alimentar a mulher e os filhos, porque recebem dinheiro por trás (eu sei de uma pessoa que recebeu cem mil dólares para comprar todos os Delegados, não se sabe se distribuiu bem ou … deu cinco mil, cinco mil para os delegados, e meteu esse dinheiro no seu bolso). Porém não importa, não se sabe até onde pode enriquecer, isto é um assunto privado, por isso não é um problema do povo, porque esse dinheiro é do partido.
Queridos
Antigamente eu era membro do Comité Central da FRETILIN, até à minha saída em 1986. Se não fosse a crise e a violência que surgiram depois do Congresso da FRETILIN, na qualidade de Presidente da República, eu tenho que velar para a vida das instituições democráticas, eu tenho que criticar duramente o Congresso que decorreu nos dias 17 a 19 de Maio passado. Este Congresso viola a alínea c), do artigo 18º, Lei nº 3/2004, acerca dos Partidos Políticos, que diz o seguinte: os titulares (aqueles que desempenham funções), dos órgãos directivos (dos partidos), todos, têm de ser eleitos, por voto directo e secreto pelos militantes para que sejam representativos dos militantes. O artigo 46º da Constituição da RDTL, no seu nº 3, afirma o seguinte: “a constituição e a organização dos partidos políticos são reguladas por lei”. Essa lei é a Lei nº 3/2004.
Nenhuma lei que surja no nosso País, pode violar a constituição. Todas as organizações são reguladas pela lei, não podem violar esta lei. Isto é um princípio elementar do Direito, e o Governo que tem muitos doutores e doutoras que fizeram a lei, depois violam a lei de acordo com os seus interesses.
Como eles é que sabem tudo, neste cantinho da terra toda a gente é ‘supermi’, o Congresso da FRETLIN, realizado há pouco tempo, pode violar a lei que eles próprios fizeram, com a maioria no Parlamento e com os intelectuais todos no Governo que escreveram esta lei, para anular o sistema de voto secreto, para o voto de braço no ar, levando todo o povo a rir e a ficar triste, para a comédia que o grande e histórico partido fez para registar na nossa história futura. (Porque se é para ficar registada na história, eu também baptizo GMT- Gedung Matahari Terbit [Casa do nascer do Sol] para GAT- Geddung Angkat Tangan [Edifício do Braço no Ar], para que não exista mais nenhum partido na nossa terra, para brincar com o povo, para violar aquelas leis que os políticos escreveram e aprovaram).
Queridos
A FRETILIN, é um partido histórico como todos nós sabemos. No dia 20 de Maio de 1974, surgiu a ASDT (Associação Social-Democrática de Timor), com a influência de alguns estudantes universitários timorenses que estavam a estudar em Portugal nessa altura, onde se inclui Abílio Araújo, e criaram no dia 11 de Setembro daquele ano a ASDT/FRETILIN, mais tarde transformado em FRETILIN. Esses jovens universitários introduziram uma orientação revolucionária, que aprenderam no tempo colonial fascista de Salazar e Marcelo Caetano.
E todos nós podemos constatar: FRETILIN, significa Frente Revolucionária. Em Maio de 1977, em Laline, na reunião do Comité Central de FRETILIN, foi adoptada a ideologia marxista-leninista. Eu também participei como membro do Comité Central. Alguns companheiros que ainda estão vivos também participaram como membros do Comité Central, como Abel Ximenes Larisina, Filomeno Paixão, Feliciano de Fátima e Ma Huno.
Porém eu quero dizer-vos que em 1975, Timor era muito atrasado mas a tecnologia sofreu grandes avanços nos últimos tempos, tornando o mundo mais pequeno. Eu acredito plenamente que se Nicolau Lobato, Sahe, Carvarino, Hamis Bassarewa, César Mau-Laka, Hélio Pina e Inácio Fonseca e outros, tivessem sobrevivido até 2006, até à era pós-guerra fria, era da globalização, era da tecnologia, todos eles concluiriam que para o Timor que tanto amavam, dando as suas vidas, a antiga ideologia não serve.
Hoje, um pequeno grupo, vindo do exterior, quer repetir os comportamentos que nós tivemos de 1975 até 1978.
De acordo com o que todos nós sabemos, em Agosto de 1975, a UDT fez o golpe para expulsar os comunistas da nossa terra, iniciando a guerra entre os timorenses. Em 2006, a FRETILIN quer fazer um golpe para matar a democracia que eles próprios escreveram na Constituição. O problema da distribuição das armas não tem a ver com a situação que estamos a viver, já estava nos seus planos, distribuíram para as eleições de 2007. Por isso é que estamos sempre a ouvir eles dizerem: só a FRETILIN pode criar a estabilidade ou a instabilidade.
Quando as bases de apoio se desintegraram em 1978, os companheiros da Ponta Leste e com este servo, tentaram organizar-se para procurar os companheiros dos outros sectores para encontrarem-se com os companheiros de Bazartete e Liquiça, Same e Ainaro. Se não acreditarem, perguntem aos companheiros veteranos que estão na F-FDTL, para não dizerem que eu inventei, para minha vaidade pessoal como algumas pessoas que eu conheço que entraram na FRETILIN, que nos olham de lado, como se fossem eles os únicos a fazerem a guerra.
Queridos companheiros
Membros da FRETILIN
Em Março de 1981, na Conferência de Laline, reorganizou-se a resistência, e conforme nós costumamos dizer, passou-se para a fase da guerrilha. Tal como a crise que estamos agora a viver, no Conselho de Estado ficou decidido definir os problemas prioritários, uma vez que não temos força para resolver todas as coisas de uma só vez; assim, em 1981, a nossa primeira prioridade foi a reorganização.
Por isso, nós também, em 1981, agarrámos novamente na orientação “ideológica” que recebemos dos nossos intelectuais e chefes. Em 1983, durante o período de cessar-fogo com o “TNI”, de Março até Agosto, começámos a falar sobre democracia. Por isso, em 1984, para corrigir os erros do EMG-FALINTIL, na região central, apareceu o “CC Hudi Laran” que não quis aceitar a mudança política que nós vimos ser a melhor para o nosso processo de resistência. Acerca disso, muitos companheiros que ainda estão vivos podem contar melhor com floreados, senão podem pensar que eu é que quero mostrar-me como se eu fosse o único a escrever a nossa história.
Eu comecei a enviar cartas para o exterior para a DFSE (Delegação da FRETILIN em Serviço no Exterior) – podem perguntar ao Sr. Abílio Araújo que nós escolhemos em Março de 1981 como Presidente da FRETILIN e, de acordo com os estatutos do partido, Presidente da RDTL.
Eu também disse para o exterior que no interior do território a Unidade Nacional já estava segura desde Tutuala até à fronteira passando por Oecussi e Jaco, que a igreja também se juntou, que as pessoas dos outros partidos também participavam na resistência. Por isso, eu escrevi aos companheiros no exterior para se sentarem com a UDT para se reconciliarem.
No exterior, em Portugal, em Moçambique e também na Austrália, talvez a “INTEL” também vigiava os timorenses lá fora, não se mexiam como se os espias os seguissem, como se fossem as suas sombras e por causa disso demoraram tanto tempo para erguerem a “Convergência Nacionalista” onde surgiram vários problemas – podem perguntar aos elementos da FRETILIN no exterior, ao Sr. João Carrascalão e ao Sr. Vicente Guterres. Eu cito o nome deles só para dizer que, se pensam que eu minto, peçam-lhes para vos informar.
Porém que o vento leve estas palavras até aos irmãos que estão lá fora, que os Gadapaski [Jovens Guardas em Defesa da Integração] estão no nosso território, castigam os jovens até ficarem bem moídos. Assim, em Moçambique, Rogério tentou adquirir pengalaman [experiência] para se matarem uns aos outros e Ramos-Horta ficou preso. Naquele tempo, o Presidente Chissano, ainda como Ministro dos Negócios Estrangeiros, é que foi libertá-lo. Se acharem que estou a mentir, perguntem-lhes porque eles é que estavam em paz para estudarem, para serem doutores, durante 24 anos em Moçambique.
Feita a Convergência Nacionalista em Lisboa, no mato eu estava muito feliz, pelos passos dados em frente. Em Dezembro de 1986, eu criei o Conselho Nacional da Resistência Maubere, deixei a FRETILIN, porque sendo comandante das FALINTI ASWAIN eu tinha que pôr as FALINTIL fora do Partido.
Assim as FALINTIL como força de libertação de todo o povo, de todos os partidos, de toda a população, Loromuno, Lorosae, Tacifeto, Tacimane, prolongando Ramelau até Matebian.
Eu disse para os que estavam no exterior, que como comandante das FALINTIL, eu é que comandava a luta. Também continuava a ter o meu respeito pela FRETILIN, com os membros do Comité Central, que estavam comigo no mato integrados no CNRM.
Lu-Olo, disse que durante os 24 anos, transportava a bandeira da FRETILIN no seu saco; talvez fosse verdade, porém eu nunca vi. Quando eu andava como membro do Comité Central da FRETILIN, fui até o centro do país para organizar de novo a resistência, eu lembro-me que ele, Lu-Olo, estava escondido em Builó. Talvez estivesse a tecer o saco para guardar a bandeira da FRETILIN. Lu-Olo diz também que quem abandonou a FRETILIN é traidor e não tem história. Palavras ocas sem sentido, porque se é traidor, eu sou o primeiro traidor, eu sou o maior traidor deste povo e desta terra. Deixei a FRETILIN para libertar a nossa terra e todo o nosso povo. Porque eu não matei a FRETILIN e continuo a respeitar a FRETILIN, assim Lu-Olo pode ser Presidente para ser o sábio que levanta primeiro o cartão no Parlamento Nacional, para a maioria seguir, votando contra ou a favor. Se eu me sentisse como traidor sem história, para regressar à FRETILIN, Lu-Olo nunca chegaria a ser Presidente da FRETILIN alguma vez.

Companheiros
Membros da FRETILIN
Como eu disse atrás houve um grande protesto vindo do exterior, dizendo que eu estava a matar a FRETILIN. Abílio Araújo escreveu aos companheiros da FRETILIN para se reorganizarem. Nós reunimo-nos. Ma Huno, Mau Hodu, Konis Santana, como membros do Comité Central da FRETILIN e eu, decidimos despromover o Abílio Araújo, porque durante a guerra, nós não podíamos receber ordens do exterior, porque no exterior eles é que tinham que seguir orientações do interior.
Porque no mato, recebíamos jornais de Portugal, diversas informações, também ouvíamos rádio e sabíamos que eles no exterior, no seio da própria FRETILIN, não se davam bem, não estavam unidos. Perguntem ao José Luís Guterres, Ramos-Horta e Abílio Araújo, se estas coisas que eu digo são verdadeiras.
Nós vemos que em vez de colocar os seus pensamentos no sofrimento do povo, eles comiam-se uns aos outros para se apoderar da cadeira do Presidente da FRETILIN e depois tentar comandar a luta do exterior. Porque no mato não havia ninguém em busca de cadeiras, apenas procuravam servir para levar a luta para frente, eles os três disseram-me que nenhum deles queria ser Presidente da FRETILIN. Assim, nós decidimos criar a CDF (Comissão Directiva da FRETILIN) para evitar que os intelectuais, no exterior, entrassem em conflito para serem Presidente da FRETILIN. Se os companheiros não acreditarem, perguntem ao Lu-Olo, naquele momento, onde estava ele? Se ele estava naquela reunião ele pode confirmar se eu estou a mentir, que estas coisas estão a ser inventadas por mim, porque não estão correctas.
Perguntem ao Lu-Olo, porque é que mais tarde, tomou ele sozinho a Comissão Directiva da FRETILIN no mato. Não é porque Ma Huno e Mau Hodu foram capturados e Konis morreu? Neste mundo, algumas pessoas esquecem rapidamente os mortos que lutaram pela independência, pior do que isso, cospem para cima das suas campas.
No mato nós também lemos as acusações vindas da Amnistia Internacional e de organizações de direitos humanos, de que a FRETILIN também cometeu crimes. Eu mandei uma mensagem para o exterior, reconhecendo que FRETILIN matou pessoas, devido a problemas ideológicos, estava arrependida por isso. No exterior, todos ficaram zangados comigo, Abílio Araújo declarou de imediato que não, e que as coisas que eu disse eram mentira.
A partir daí, eu também cortei as relações com eles porque era através desses relatórios e informações que eu lhes enviava, que eles falavam para o mundo. Até 1989, eu enviei as informações e relatórios para a CDPM (Comissão para os Direitos do Povo Maubere) para utilização dos amigos portugueses.
Companheiros
Companheiros membros da FRETILIN
Em 1989, eu estava em Ainaro, recebi uma carta do Rogério Lobato acusando os outros no exterior, de que não faziam nada, dizendo que a luta estava acabada, e que todos tinham de se submeter à justiça popular. Rogério informou-me nessa carta, que Mari Alkatiri criava coelhos e galos em Maputo.
Eu recebi, em 1990, uma carta de José Ramos-Horta oferecendo-se para ser meu Representante Especial lá fora. Eu estava escondido em Becora e escrevi-lhe dizendo que concordava, mas tinha de seguir os princípios e as orientações políticas do CNRM, também seguindo as minhas palavras. Ele respondeu-me, dizendo que também saiu da FRETILIN para servir a luta. Se os companheiros não acreditarem, perguntem ao Ramos-Horta.
Em 1991, em Novembro, em Santa Cruz, alguns companheiros puxavam mais pela FRETILIN. Eu respeito o vosso sofrimento mas não podem atirar o pensamento e as acções dos outros para a lama. Assim, nós não temos honestidade política. Não podemos nomear apenas a bandeira da FRETILIN, porque eu também dei orientações para levarem as bandeiras da UDT e de Portugal, seguindo a resolução da ONU, Portugal continuava a ser a “potência administrante”.
A manifestação era para pedir a solução pacífica, sob a égide das Nações Unidas e a participação de Portugal e dos partidos políticos. Pedi com veemência que não podiam dizer que era uma iniciativa da FRETILIN, que não era, porque havia um comando da luta, do CNRM.
Em finais 1998, dei poderes ao Manuel Tilman, Padre Francisco Fernandes, Padre Domingos Maubere e o Padre Filomeno Jacob para irem a Portugal e ajudarem Ramos-Horta, a FRETILIN e a UDT, a organizar a conferência para alterar CNRM para CNRT, para reunir todos os timorenses no seu seio. Porque a UDT não aceitava a palavra Maubere e queria ‘T’ de timorense. Se não acreditarem, perguntem ao Sr. João Carrascalão e aos outros que estavam no exterior.
Queridos
Companheiros membros da FRETILIN
Em 1998, se eu não me engano, no período da Reformasi na Indonésia, eu mandei Mau Hodu a Sydney e escrevi à FRETILIN para se organizar como partido, para mostrarem a sua orientação político-ideológica. Foi sob o chapéu do CNRM e do CNRT que o Povo ganhou em Agosto de 1999. Isto é história, história da resistência, história do sofrimento, história de sangue. Hoje em dia, nós ouvimos que só a FRETILIN é que fez a luta. Não importa, vocês é que são os donos da luta, aceitamos, não deitem areia para os olhos do povo porque é todo o povo que vota e não apenas a FRETILIN.
Em Maio de 2000, a FRETILIN convidou-me a falar na sua Conferência, no GMT [Ginásio], neste momento rebaptizado GAT. Pedi três coisas à FRETILIN:
- primeiro, rever, reavaliar o caso de Xavier do Amaral, porque ele não é um traidor na nossa terra, apenas porque não aceitou a ideologia adoptada pelo Comité Central, em Laline, em Maio de 1977.
- segundo, para limparem o nome de todos os que a FRETILIN assassinou porque os considerava traidores, mas que não eram traidores, apenas não aceitavam a ideologia marxista-leninista, e para que as suas famílias possam estar descansadas.
- terceiro, que a FRETILIN pedisse desculpa ao Povo, sobretudo aos familiares das vítimas.
Naquela Conferência eu disse isto: “Como membro do Comité Central da FRETILIN, desde o início até meados da guerra, todas as coisas boas que a FRETILIN fez, eu também fiz parte, as coisas más que a FRETILIN, porventura, tenha feito, eu também tenho a minha responsabilidade. Não é por eu ter deixado a FRETILIN que lavo as minhas mãos.
Eu também pedi, caso a FRETILIN tomasse uma decisão política acerca destes pedidos, que eu próprio iria ter com o povo e pedir desculpa e explicar as razões e pedir às famílias para compreenderem os erros cometidos no passado.
Passados estes dias, convidaram-me para ir à festa da FRETILIN, dia 20 de Maio de 2000, no Estádio e, depois do discurso de Lu-Olo, eu perguntei-lhe e ao Mari acerca dos pedidos que fiz na Conferência. Eles responderam que tinham constituído uma comissão para tratar desses assuntos.
Em Agosto de 2000, no Congresso do CNRT, a FRETILIN isolou-se, saindo do CNRT. Nós permanecemos calmos, continuámos a trabalhar seguindo o processo político que a UNTAET delineava, até Junho de 2001, data em que foi dissolvido o CNRT, porque terminara a sua missão.
Em Janeiro de 2000, Ramos-Horta fez-me saber que era melhor falar com o Mari. Eu respondi que foi a FRETILIN que abriu a porta do CNRT para sair e que ninguém a fechou, pelo que se quiserem voltar que o fizessem. Mari veio falar comigo à sede do CNRT em Balide.
Ele disse-me que saíram porque estavam zangados comigo, porque eu deixei algumas pessoas falarem no Congresso rebaixando o nome da FRETILIN. Estas pessoas eram vítimas da violência política da FRETILIN no mato.
Eu respondi-lhe um pouco zangado: “Você esqueceu-se das três coisas que pedi na vossa Conferência em Maio. Limpar o nome das vítimas ou pedir desculpa ao Povo, não é rebaixar a FRETILIN mas concertar ou limpar o nome da FRETILIN”.
Eu disse-lhe também: “Você não tem razão para temer, porque o Sr. pode dizer ao Povo o seguinte: Eu, Mari, não tenho nenhuma razão para estar contente por causa das razões erradas que aconteceram dentro de Timor. Eu, Mari, em Maputo, sofrendo durante 14 anos, lavo as minhas mãos todos os dias com sabão. Eu, Mari, tenho as mãos limpas, se quiserem pedir, vão pedir a Xanana, as mãos dele é que estão sujas, as mãos dele é que estão ensanguentadas.”
Eu continuei a dizer: “Se o Sr. continuar a falar assim, eu aceito, e eu irei pedir desculpa ao Povo quando a FRETILIN tomar a decisão política acerca disso”.
No “Lapangan Pramuka”, agora designado “Campo da Democracia” todos os partidos políticos assinaram que iriam constituir um Governo de Unidade Nacional. Quando a FRETILIN ganhou afastou-se do compromisso político que aceitara. Se não queria aceitar, não necessitava de lá ir assinar, em vez de ir assinar e, no fim, virar as costas às palavras que tinham assumido.
Isto é tal e qual como na Constituição que eles fizeram, as leis que eles fizeram. Eles fizeram, viraram as costas, não cumpriram.

Povo que eu respeito
Membros da FRETILIN
Todos sabemos e reconhecemos que a Fretilin saiu vitoriosa em Agosto de 2001. Se falarmos como deve ser, com o devido respeito pelos Partidos da oposição, a maioria FRETILIN foi quem fez a Constituição da RDTL, definindo o Estado de Direito Democrático.
Num Estado de Direito Democrático, de acordo com a Constituição, as Forças Armadas e a Polícia devem ser apartidárias, não devem defender nenhum partido. Mas, o que testemunhámos até hoje, é que a Policia está sob o controlo do Governo, e para dar de comer a mulher e filhos, não tem coragem para dizer ‘não’, quando recebe ordens do Ministro do Interior, e algumas vezes do próprio Primeiro-Ministro.
No passado dia 2 de Junho, antes da reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança, o Brigadeiro Taur falou comigo e disse: “Presidente, eu disse ao Dr. Roque Rodrigues, o vosso maior erro foi tentarem submeter as F-FDTL à FRETILIN.” Naquele momento fiquei muito contente porque reencontrei-me com o meu Irmão que eu tinha perdido.
Os Serviços de Informação ou Inteligência, que se tornou na Inteligência do Partido, para escutarem a conversa do Presidente em Lospalos, e enviar ‘sms’ imediatamente ao Primeiro-Ministro, monitorarem as actividades dos Partidos da oposição e também enviarem ‘sms’ para o Primeiro-Ministro. Alguns jovens no Farol também viram algumas coisas. Enviaram ‘sms’ para o Primeiro- Ministro. Hoje em dia, porque não há trabalho, todos nós procuramos sobreviver. Se tivermos dinheiro, aproximamo-nos deles.
Toda a gente vê que isso está a acontecer no nosso país.
Há pouco tempo, numa reunião em Baucau, algumas pessoas diziam assim: “Xanana, ‘assim mesmo’, na guerra dividiu-nos. Finda a guerra continua a dividir-nos”. Compreendo o sentido da palavra “fahe” [dividir]. O seu sentido, para os políticos e os intelectuais, correctamente, todo o Povo tem de entrar para a FRETILIN, Polícia, FDTL, funcionários, ‘bisnis’ [negócio], suco, aldeia, búfalos, formigas, árvores, ervas, todas as coisas têm de entrar para a FRETILIN. Timor-Leste é a FRETILIN, FRETILIN é Timor-Leste. Não pode existir outra coisa, não podem existir outras pessoas. É isso que explica ‘Xanana divide Timor’, por isso, ‘Xanana tem que sair’. Como se dissesse que eu quero governar nos próximos 50 anos.
Encontrei-me com alguns, em 1991, em Díli, que me deram os parabéns porque defini uma estratégia política correcta em 1986, com a criação do CNRM. Hoje, encontraram uma cadeira no Governo, esperando ser amanhã, ou depois, ministro, e dizendo novamente que eu divido o Povo.

Querido Povo martirizado
Por isso mesmo, depois do Congresso da Fretilin, no passado mês de Maio, muitos ou alguns delegados receberam armas. Os Administradores de Distrito e subdistrito também ouviram dizer que alguns receberam armas. Por isso mesmo, vemos na televisão, ouvimos na rádio, lemos nos jornais, os políticos e os sábios que detêm o controlo desde a ponta do ‘kuda talin’ [as rédeas do cavalo], dizerem repetidamente que: ‘Se Mari sair, haverá derramamento de sangue!’, ‘Se Mari sair, Timor explode’, ‘Se Mari sair, haverá guerra!’.
Talvez o Comandante seja Rogério. Os Membros do Comité Central viram-se Conselheiros Políticos, para a ideologia de ‘Ran Nakfakar’ [derramamento de sangue] e para a ideologia de ‘Timor rahun’ [Timor vai explodir]. O Vice-Presidente do Parlamento também já gosta de falar de ‘guerra’. Já tem muito dinheiro então tem de falar de ‘guerra’.
A História continua a evoluir, continua em movimento, e são os actos de todos nós que escrevem a história. Eurico Guterres, que todo o mundo conhece, acusado de ser assassino e outras acusações, ficou preso, nós todos pronunciamos o nome dele e todos nós o acusamos porque em Timor-Leste somos todos santos, somos todos heróis da Libertação, somos todos políticos governantes. Com efeito, é muito interessante !!!
Enquanto Eurico Guterres, no dia 26 de Maio passado, enviou um ‘sms’ pedindo aos nossos governantes para não fazer este povo sofrer tanto, os nossos governantes, alegremente, falam de ‘ran sei nakfakar’ [haverá derramamento de sangue], ‘Timor sei rahun’ [Timor há-de explodir], ‘ita sei funu’ [nós vamos à guerra].
A História avança, silenciosamente, continua em movimento, registando os nossos actos, os bons e os maus, os limpos e os sujos.
Ninguém poderá inventar a história, somos nós mesmos que estamos a fazer a nossa história, uma história triste que nos envergonha, e faz com que o povo sofra.
Eles talvez continuem a contar com as Falintil-FDTL. Mas com a prática deles, sujaram também o bom nome das F-FDTL. E eu acredito que as Falintil-FDTL, hoje, aguardam por mim, para nós podermos conversar. As Falintil-FDTL também erraram, mas erraram porque deram ouvidos a pessoas mal intencionadas, deram ouvidos a pessoas que não amam o povo, deram ouvidos a pessoas que tentam comprar a alma do povo. Durante os tempos da guerra de resistência nós dizíamos sempre: se as balas não matarem, o arroz e o supermi podem matar, as balas só podem matar o corpo, mas as rupias, o arroz e o supermi matam até a própria alma.
Hei-de vestir a farda de novo para de novo erguer o bom nome das Falintil-FDTL. Hei-de caminhar de novo com as Falintil, porque é Aswain do Povo [é o brio do Povo], mas que hoje chora, estão arrependidos, por não quererem escutar o seu Irmão mais velho, e escutaram só os que têm sede de sangue. Em 2000 eu saí das FALINTIL porque reconheci que as FALINTIL já haviam cumprido a sua missão sagrada de libertar a Pátria, e todos os seus membros já são crescidos, o que me permite deixá-los sozinhos para continuar a sua própria caminhada. Tal como no CNRT, em 2001, decidimos dissolver, para que cada um procure o seu lugar nesta nova caminhada de nação independente.
Mas eu estou pronto para caminhar de novo com todos eles e pedir desculpa ao Povo. Depois disso, todas as F-FDTL, desde o Brigadeiro General até aos novos soldados, farão Juramento ao Povo, dizendo que, enquanto militares, curvam-se perante a Constituição, respeitam as Leis, e nunca dependerão de um Partido, e darão garantias de liberdade e segurança à população, e respeitarão a Ordem Constitucional.
Os que têm sede de sangue e tentaram dividir a PNTL e atiçá-los uns contra outros, também farão Juramento ao Povo, que só se submeterão à Constituição, que defenderão a legalidade democrática e darão garantias de segurança interna para todo o povo e não se submeterão a um partido.
No dia 11 de Maio, Mari disse-me que desconfiava que o Rogério estivesse por detrás do 28 de Abril, porque não cumpriu a ordem do Mari para enviar a UIR de imediato para impedir os manifestantes.
Duas semanas depois, Rogério foi a Caicoli falar comigo. Eu disse-lhe: “Rogério, para citar o nome de Nicolau Lobato, devo dizer-te que eu estive juntamente com Nicolau nalguns dos momentos mais difíceis da guerra. As pessoas acusam-te de distribuir armas. Acredita ao menos em mim. Pensa bem, porque na guerra eu não perdi nenhum membro da minha família, tu perdeste a tua família toda. Nicolau com todos os teus irmãos, estão a olhar para nós, estão a chorar por causa das coisas que estão a acontecer. Eu sei que eles não querem isto”.

Companheiros
A grande História dos que têm sede de sangue ainda é uma longa história. Porque, em todos os lugares, aparecerem pequenos comandantes espalhados por todo o Timor, fazendo barulho, para aterrorizar as pessoas. Algumas pessoas, talvez do Departamento de Comunicação do Comité Central, enviaram ‘sms’ para os delegados, para os administradores.
Mas, com a ânsia, marcaram mal o número e todos receberam o ‘sms’ pedindo para levar “10.000 pessoas desse distrito, 5.000 de outro distrito, para apoiar o camarada Lu-Olo e camarada Mari”.
Hoje, se queres ser funcionário, ou ministro, tens de te preparar para matar a tua própria alma, porque o dólar despiu os princípios que, porventura, ainda pudesse ter, nós não sabemos.
Vemos muito bem, estas pessoas brincam com o sofrimento do povo, usam o povo para defender a sua cadeira, o seu nome e o seu bolso.
No Relatório da CAVR pede-se o FIM DA VIOLÊNCIA POLÍTICA, para que o povo não sofra uma vez mais. Ainda recentemente, em Janeiro passado, fui entregar este Relatório ao Secretário-Geral da ONU. Ainda mal se completaram seis meses, disparos de armas, incêndios, pessoas mortas em Dili.
Um jovem em Lospalos, chamou-me traidor, porque não defendo um tribunal internacional. Hoje, ele não está sossegado, está todo envaidecido em Lospalos acreditando que a FRETILIN tem armas para fazer a guerra.
Eu fui a Lospalos no ano passado e falei com eles, e disse que a FRETILIN tem de pedir desculpa. Enviaram de imediato um ‘sms’ ao Mari. No meio de uma reunião, Mari mostrou-me esse ‘sms’ e parecia contente porque a sua rede de informações do partido está espalhada por todo o Timor para informar sobre as conversas do Presidente ou as actividades da oposição.
Pude dizer a este jovem, que eu, agora, não quero ser mais um traidor do Povo. Porquê? Quando o Tribunal iniciou os julgamentos de crimes que estão a ser cometidos pedi aos Tribunais para considerarem se podiam esvaziar as Prisões de Becora, Baucau e Ermera para receber os novos hóspedes. Neste momento, todos aqueles apenas cometeram crimes menores comparando com o que está a acontecer agora. Crime contra o estado de Direito Democrático, crime contra o Povo que já sofreu durante a guerra, durante 24 anos. Becora, Baucau e Ermera hão-de receber diversos hóspedes, muitos corruptos que hão-de lá ir e têm de ir para lá.
A Comissão Internacional de Investigação irá chegar, para nos ajudar a todos, para avaliar esta violência política que assolou o nosso país. Tudo quanto a CAVR fez e transmitiu, para escutar o choro do povo, o que o povo pede, as exigências do povo, para os políticos não fazerem sofrer mais o povo, para evitar a violência política, tudo isso, a liderança da FRETILIN não quis ouvir, ignorou. A liderança da FRETILIN demonstrou que, este choro, não lhes diz respeito, este chorar, não é problema deles, mesmo que o povo sofra não é problema deles, nem que o povo morra, não é problema deles. O grande problema para eles é como manter-se no Governo. A liderança da FRETILIN, por causa da sua arrogância, só sabe é acusar outras pessoas e não são capazes de reconhecer que também erram. Para eles, não há erros, porque o que fazem tem um objectivo: governar.
Só devem pensar em guerra para governar, porque governar dá-lhes tudo, dinheiro, boa casa noutro país, negócios que lhes dão dinheiro e ao partido também, mas o partido para eles é o pequeno grupo que está a governar. O Povo está a sofrer em Dili, não foram ainda ver o Povo, nem foram ainda falar com o Povo. Só se preocupam é em mobilizar pessoas do interior, para demonstrar que toda a FRETILIN curva-se perante eles, para lhes beijar as mãos e os pés. O Povo que se mobiliza para os apoiar, coitado, talvez andem de carro sem pagar, para gritar ‘Viva este, Viva aquele’, e depois de serem alimentados regressam às suas casas, continuam a cavar a terra, querem mandar os filhos para a escola mas não têm meios, sem dinheiro, em casa continuam com fome.
Na mensagem de Fim do Ano de 2005, eu apelei aos jovens e a todo o povo, para não darem ouvidos aos políticos que clamam pela ‘violência’, que os empurram para a violência. Nós não queremos ouvir-nos uns aos outros, todos confiamos que todos os sábios desta terra que, com as suas atitudes, podem dar-lhes dinheiro, para sujar a imagem da Fretilin, e para matar o nome e a história da FRETILIN.
Eu sei, que Nicolau Lobato está triste. Nicolau Lobato não pede que o seu nome seja colocado em todos os lugares. Ele não precisa. O que ele pede é apenas isto: que respeitem a sua luta para libertar esta Terra e este Povo, que respeitem apenas o seu sangue.
Espíritos e Antepassados, levantem-se para olhar por este povo! Ossos que estão espalhados por todos os cantos, ponham-se de pé, Sangue que foi vertido por todos os cantos, juntem-se de novo para ver aqueles que querem estragar o povo, que querem ver o povo sempre a sofrer, que querem ver o povo sempre a morrer.
Mostrem-se, mostrem a vossa força! O vosso filho está aqui, que vos implora, para olharem por este Povo, para libertar este Povo do jugo dos sedentos de sangue.

Povo sofredor
Membros da FRETILIN
Em política, quando nós erramos, mesmo sendo um pequeno erro, mas se não reconhecermos que é um erro, voltaremos a cometer muitos e maiores erros. Porque não se reconhece que entre 1975 e 1978, a FRETILIN matou membros da própria FRETILIN e outros que não aceitavam a sua ideologia, hoje em dia, para a liderança da FRETILIN, matar não é problema. Matar, para eles, uma pessoas ou duas, ou dez, ou centenas, ou milhares, é matar. O importante para eles é que o partido seja forte, para que governem sempre.
Um Partido assim, é um Partido que não quer a democracia, um partido que quer impor a sua vontade a todos nós.
Eu respeito a FRETILIN porque a FRETILIN me ensinou a amar a Terra e a servir o Povo.
Todo o Povo respeita a FRETILIN, porque a FRETILIN faz parte da História de Timor-Leste. Mas, o Povo tem de desprezar as pessoas que querem acabar com este Partido, para fazer todo o Povo sofrer.
Estas pessoas não merecem estar na FRETILIN. Penso que outros Partidos não os hão-de receber, porque estas pessoas querem sugar o sangue do Povo, querem ver o sofrimento do Povo, para poderem governar sempre, para estarem bem. O Partido que os acolher, o Povo tem de ter cuidado, porque este Partido talvez mais tarde tenha sede e peça o sangue do Povo.
Rogério deixou de ser ministro, Mari promoveu-o a Vice-Presidente da FRETILIN. Faz-nos sentir vergonha por esta política suja. Rogério foi ao Quartel da Polícia pedir combustível para o carro que ainda tem. O Responsável pela Logística da PNTL disse-lhe: o Sr. já não é Ministro do Interior, não pode receber combustível da PNTL. Rogério respondeu insultando-o: Macaco, eu agora sou mais do que Ministro, tu sabes ou não?
No dia 28 de Novembro de 2002, pedi para que ele fosse demitido, porque todas as informações diziam que, em vez de fazer o seu trabalho, organizava o povo, para cortar a lenha, para ele vender, plantar mandioca, para ele vender, fazer o vinho, que ele há-de vender, pescar, que ele há-de vender. Eu falei com o Mari, como Primeiro-Ministro e com o Ministro Horta, na minha casa, antes de 28 de Novembro de 2002, sobre o Rogério. Mais tarde, porque pedi para ele ser demitido, eu é que errei e quando aconteceu o 4 de Dezembro, apontaram-me o dedo.
Todos sabem sobre os buracos que foram cavados em Tibar, também noutros locais, porque Rogério andava à procura de ouro/tesouro, que ele ouviu dizer que os japoneses haviam enterrado. Nós não nos devemos admirar com as atitudes que o Rogério toma. Enquanto estávamos em guerra e sofríamos na nossa Terra, Rogério, enquanto ministro da Defesa, viveu em Angola e aproveitou para traficar diamantes até ser detido numa prisão. E a FRETILIN, por causa do seu nome Lobato, ou porque algumas pessoas se sentiram afectadas, elegeram-no como Vice-Presidente da FRETILIN.
Na tomada de posse do Ministro do Interior, apertei-lhe a mão e disse-lhe: “Rogério, não esperes que eu te respeite, só por teres o nome Lobato. Nicolau também era Lobato, mas era Nicolau, tu chamas-te Rogério. Respeitar-te-ei, se a tua atitude me revelar que mereces respeito, mas não é por seres Lobato”. Alguns investidores procuram encontrar-se comigo e disseram: “Presidente, o vosso sistema é muito diferente, para investir no vosso país, há duas vias: uma, temos de contactar a Agência de Investimento sob a tutela do Ministro Rogério, ou, a segunda, através de langsung (taxa indirecta) paga às altas entidades.
Empresários timorenses disseram com tristeza: Presidente, já tenho a licença para a minha empresa mas sofremos pressão para fazer entrar algum dinheiro na FRETILIN. Eu perguntei-lhe “querem que eu fale?”, e eles responderam “Irmão, nós esperamos muitos anos, perdemos muito dinheiro, deixa-nos recuperar o nosso dinheiro”.
Companheiros membros da FRETILIN
Querido Povo sofredor
Por isso, como Presidente da República, que não aceitou o resultado do Congresso realizado de 17 a 19 de Maio passado, exijo à Comissão Política Nacional da FRETILIN, que organize imediatamente um Congresso Extraordinário para, em conformidade com a Lei nº 3/2004, sobre os Partidos Políticos, eleger uma nova Direcção do Partido. Quando digo, em conformidade com a Lei, isso significa alterar a ‘votação de braço no ar’ dos Estatutos da FRETILIN, para que a eleição da nova Direcção, seja por voto directo e secreto. Dou um prazo de uma semana, para que este Congresso Extraordinário seja feito, porque a actual Direcção da FRETILIN é ilegítima.
O Presidente da FRETILIN, Lu-Olo, Vice-Presidente da FRETILIN, Rogério Lobato e o Secretário-Geral da FRETILIN, Dr. Mari Alkatiri, todos eles, de acordo a Lei dos Partidos Políticos, são ilegítimos.
Não se pode dizer que a FRETILIN não tem dinheiro, porque a FRETILIN tem muito dinheiro.
Até o dinheiro que sobrou do Congresso, Rogério comprou dois carros para o Grupo de Rai Lós.
Eu posso discutir a Crise com a Nova Direcção, mas cabe ao Estado decidir. Porque não é a FRETILIN que errou mas sim os que têm olhos grandes para o dinheiro e a enorme ambição para cavalgar sobre as costas do povo.
O que é o Estado de Direito democrático? O artigo 1º da Constituição afirma: “A República Democrática de Timor-Leste é um Estado de direito democrático ... baseado no respeito pela dignidade da pessoa humana”. Hoje em dia, nós falamos de ‘guerra’, de ‘derramamento de sangue’, e esquecemos a tolerância política. Os governantes demonstram que não têm respeito pela dignidade de cada pessoa, consentindo a violência e a destruição, causando mortes e perdas de bens.
O artigo 6º da Constituição afirma: “O Estado tem como objectivo fundamental: b) Garantir e promover os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático; alínea c) defender e garantir a democracia política”. Nesta crise, só ouvimos ameaças de toda a ordem. Os governantes vão contribuindo para a violação destes objectivos do próprio Estado.
No artigo 29º da Constituição, afirma-se que: “nº 1 – A vida humana é inviolável; nº 2 – O Estado reconhece e garante o direito à vida”.
O que é que constatamos? Permite-se que as pessoas disparem umas contra as outras, pessoas são mortas, o povo sofre. Os governantes ajudam a violar a obrigação do Estado, não cumprem o seu dever de garantir a cada cidadão o direito à vida.
É a conjugação de tudo isto que dá sentido ao ‘Estado de direito democrático’.
O Povo agora enfrenta um problema muito sério: há armas nas mãos dos civis, há disparos de armas em muitos lugares. E também quero informar que as Forças de Intervenção apreenderam já muitas armas que não são da PNTL nem das F-FDTL.
O Estado não pode consentir isto, este sofrimento para o Povo. Algumas pessoas reclamam que ‘estamos a perder a nossa soberania’. Não é porque as Forças Internacionais tenham entrado na nossa terra, mas perdemos a nossa soberania porque nós é que fizemos o pedido e sobretudo porque nós é que demonstramos não ter capacidade para resolver os problemas surgidos, criando problemas ainda maiores.
O Estado de direito democrático não é só os órgãos de soberania estarem juntos, rirem-se uns com os outros, aparecerem na TV, dizerem aos jornais que nós estamos juntos. A Unidade Nacional não é encostarmo-nos uns aos outros para mostrar os nossos dentes ao povo. A Unidade Nacional, para ser consistente, tem de passar pelos nossos pensamentos e as nossas acções, tem de passar por ouvir a voz do nosso povo e ouvir os seus lamentos. Nós, os governantes, esquecemos sempre que: o povo pode sofrer, nós estamos bem, temos carros do Estado, temos casa do Estado, o povo sofre, continuamos a receber dinheiro, o povo passa fome, nós convidamo-nos uns aos outros para comer bem, beber vinho, o povo teme os tiros e nós andamos com uma forte segurança.
Por isso, não costumamos ouvir o lamento do povo porque estamos afastados de vós. O Povo está a sofrer, alguns têm a coragem de dizer “Guerra!”. Em vez de nós, os governantes, termos vergonha, mostramos que o sofrimento do povo não toca a nossa pele.
O Estado não pode consentir isto. O Estado não pode consentir que haja armas ilegais no nosso país. Acredito que a FRETILIN também não pode consentir todas estas coisas. Se a FRETILIN consentir, a FRETILIN quer fazer uma nova história neste querido país.
De quem é a responsabilidade? A justiça há-de determinar de quem é a responsabilidade! Todas estas coisas são muito graves! E é isso que hoje preocupa o Povo! E a própria FRETILIN tem de se preocupar com isso.
Por isso, APELO a todos que hoje ainda empunham armas, que as entreguem às Forças Internacionais e informem quem as distribuiu. Vocês não têm culpa, porque foram enganados por outras pessoas para se enterrarem. Se não entregarem essas armas, se as Forças Internacionais as encontrarem, isso significa que vocês querem guardar essas armas para matarem pessoas. Melhor, todos aqueles que receberam armas, vão entregar de imediato às Forças Internacionais. Não se esqueçam, têm de dizer quem as entregou a vós e para quê.
Já foi iniciado o Inquérito sobre a distribuição de armas a civis, assim como para saber que armas ilegais existem, de onde vieram e para quem, quem as pediu, quem as recebeu, quem na Alfândega as deixou sair. Todos os vossos nomes hão-de ser divulgados.
Aqueles que controlam a FRETILIN, ultimamente, gostam de gritar assim: vigilância máxima.
Agora, chegou o momento de eu pedir ao povo para fazer vigilância séria nos Distritos e Subdistritos, sobre aqueles que têm armas e distribuíram armas aos delegados ou a outras pessoas. Se sabem ou vêm pessoas com armas, mas que já as esconderam, informem as Forças Internacionais para eles as apreenderem, se estas pessoas não quiserem entregá-las. Se entregarem imediatamente, podem regressar a casa. Se forem teimosas, se escondem ou enterram as armas, hão-de responder perante o Tribunal, acerca da missão para a qual receberam a arma, e o motivo por que a esconderam, para matar quem.

Companheiros
Querido Povo sofredor
Acredito mesmo que nós todos já percebemos que temos de pensar no sofrimento do povo em primeiro lugar. Enquanto Presidente da República, quando me desloco ao estrangeiro, falo sempre da mesma forma: Timor, é mesmo um caso de sucesso, porém esse sucesso só durou até 20 de Maio de 2002.
O processo de governação do nosso país é que mostra se ainda temos sucesso ou ainda não.
Acredito que esta grande crise, não dá garantias de sobrevivência ao Estado de direito democrático, nós ainda vamos atravessar esta ribeira suja para erguer algo de novo no nosso país, para fazer florescer os direitos humanos, a democracia, o amor e a paz.

Membros da FRETILIN
Querido Povo sofredor
Pergunto ao Primeiro-Ministro se ele tem conhecimento sobre a distribuição de armas a alguns delegados da FRETILIN, e ele responde que não sabe. Mas, mais tarde, ele soube, e mandou o Rogério para desarmar. E o Rogério enviou um ‘sms’ para Rai Lós, para barrar o caminho dos manifestantes que estavam contra o Governo, para queimarem os carros à noite, fazerem as ‘operações comando’ e esconderem-se durante o dia.
Nas reuniões que tive com ele, o Primeiro-Ministro falou sobre os grupos armados, dizendo que têm de ser desarmados e nunca me foi dito que, pelo menos, o grupo de Rai Lós fora armado pelo Rogério.
O Primeiro-Ministro informou-me que, depois do tiroteio em Tasi Tolo, no dia 24 de Maio, no qual a FDTL capturou 4 armas da polícia, Rogério fez-lhe saber que as armas e as pessoas que morreram eram do grupo Rai Lós, lá colocado pelo próprio Rogério.
Na verdade, o Primeiro-Ministro informou o Brigadeiro Taur Matan Ruak acerca disto, que as armas da polícia não foram distribuídas pelo comando da polícia mas sim pelo Rogério. Eu penso que se o Primeiro-Ministro informou o Brigadeiro Taur, o Brigadeiro talvez não tenha chamado os civis para levarem as armas para Díli, com a FDTL, para procurar a polícia e matá-la.
Eu perguntei a ele, Primeiro-Ministro, se tinha conhecimento sobre armas ilegais que tivessem entrado no nosso país e ele respondeu que não sabia.
Todos os problemas que apareceram não são da sua responsabilidade. A conversa deles é a de empurrar sempre para os outros. Antes de ir a Portugal, pedi para resolverem o problema dos peticionários, dentro da própria instituição, isto é, dentro do quartel, para evitar que ‘lorosae loromonu’ explodisse para fora e estragasse a estabilidade e unidade nacionais.
Ele disse mesmo que o problema é um problema político e prometeu que ia fazer todos os possíveis para a sua resolução. Quando cheguei de Portugal, na internet foi divulgado que o Primeiro-Ministro afirmou que ‘não pode resolver, porque a petição não foi dirigida a ele’, para apoiar uma decisão para a saída dos peticionários.
Porém, no dia em que começou a manifestação dos peticionários, Antoninho Bianco leu um comunicado: ‘agora, o Primeiro-Ministro já pode resolver porque, pela primeira vez, oficialmente, recebeu a petição’.
Todos os problemas que apareceram, que outras pessoas provocaram, que outras pessoas queriam, são para estragar a sua imagem, para baixar a [votação da] FRETILIN nas eleições de 2007.
Como os governantes, nos órgãos de soberania sentem e mostram que os problemas que surgiram não são da sua responsabilidade, eu digo a todo Povo e à FRETILIN
Todos temem que, se Mari sair, a guerra regressa e há derramamento de sangue novamente.
Muitos estão preocupados que, se Mari cair, o Governo não funcione, as pessoas não recebam dinheiro e outras coisas. Também, se Mari cair, toda a bancada da maioria demite-se e o Parlamento deixa de funcionar.
Alguns dizem-me que temos de mostrar à Comunidade Internacional que existe uma normalidade institucional ou constitucional, senão é uma grande vergonha, se o trabalho das instituições for interrompido.
O Povo é que me escolheu. Como fui eleito, tenho de prestar contas ao Povo. Antes, de procurar satisfazer a comunidade internacional, eu tenho de curvar-me perante o Povo, sofredor, que me escolheu. O Povo pergunta-me, enquanto Presidente da República, onde está a minha responsabilidade quanto ao ‘garante da Unidade Nacional’ que se fragmentou, ‘garante da estabilidade’ que se desintegrou e ‘garante do funcionamento normal das instituições democráticas’ que paralisaram.
Como Presidente da República eleito pelo Povo, não pelo braço no ar mas por voto directo e secreto, eu tenho mesmo vergonha, porque eu não agarrei bem a minha responsabilidade. Por isso, estou pronto para assumir esta responsabilidade.
O Presidente da República é um órgão de soberania. Uma só pessoa, eu sozinho, sou o Órgão de Soberania.
Em conformidade com a Constituição, se o Presidente da República se demitir, o Presidente do Parlamento, Lu-Olo, assume o cargo de Presidente da República, promulga as leis para melhor as poder violar.
Tudo pode continuar a funcionar. O Governo continua a governar para tapar todos os buracos na cidade de Díli e também o Parlamento pode continuar a levantar o braço, para alimentar a mulher e os filhos. No Parlamento, não existem problemas: Jacob Fernandes não há-de pensar em guerra porque passa a ser o Presidente do Parlamento.
Uma coisa muito importante: este servo nunca há-de dizer que se for destituído, o povo há-de sofrer e que Timor fica arrasado. Por isso, a estabilidade continua forte e eu acredito que se os órgãos de soberania estiverem unidos, Timor avançará.
Assim, a FRETILIN é que escolhe. Não é a Direcção da FRETILIN, que é ilegítima porque viola a Lei e a Constituição.
Ou pedem responsabilidade ao vosso camarada Mari Alkatiri sobre esta grande Crise, sobre a sobrevivência do Estado de direito democrático ou, amanhã, eu próprio envio uma carta ao Parlamento nacional a informar que me demito de presidente da República porque tenho vergonha pelo que o Estado está a fazer ao povo e eu não tenho coragem para enfrentar o povo.
Finalmente, apelo à calma de todos porque neste momento difícil temos de reflectir profundamente para que esta violência e destruição não se repita no nosso país!

Anónimo disse...

Ray Kala: eu lá em baixo abstive-me de fazer qualquer a esta lamentável intervenção do PR, mas parece que você gostou. Muito sofre o povo de Timor por ter quem o trate como retardado. Este é um texto que nunca pensei fosse possível ser feito por um PR no uso de todas as suas faculdades. Mais parece o de um incendiário a deitar fogo à gasolina, perdão, ao petróleo. Mas quem arde são casas e lojas de timorenses e sedes da Fretilin. E também os familiares do antigo ministro, uma mãe e cinco dos seus filhos, algumas crianças.

Anónimo disse...

São gravíssimas as acusações do Sr. Xanana Gusmão.
Esta relação partido com governo parece ser uma praga que ataca do Brasil a Timor-Leste.
Há de se construir um staf profissinalizado onde o servidor público, empossado por mérito (prova), possa desenvolver suas atividades sem que esteja coagido por partido A ou B. É um grande desafio.
Aqui no Brasil algo similar a TL está acontecendo. Um grupo de marxistas do Partido dos Trabalhadores, para se eternizarem no poder, montaram uma rede de corrupção que envolveu empresas públicas e privadas (inclusive banqueiros) para continuar a perpetuar o sofrimento da população brasileira. Este grupo que se rendeu ao FMI, acocorados diante dos grandes meios de comunicação, avidos do dinheiro fácil conta com a desmoralizada (in)justiça brasileira apoiada por juizes que em muitos casos não tem condições de explicar a origem das suas fotunas, sem falar de seus nababescos salários em um país cujo salário mínimo não supera (pra quem tem trabalho) a 100 euros. Poderia dar outros exemplos mais vou entendiá-los.
O desafio está posto: ou os senhores reproduzem esta sociedade perversa que é brasileira ou partem para algo economicamente sustetável, socialmente justo e amplamente transparente aos timorenses.
Saudações
Alfredo
Brasil

Anónimo disse...

«Há uma estratégia por detrás de tudo isto»

Ana Pessoa, ministra de Estado e da Administração Pública de Timor-Leste e membro do Comité Central da FRELIMO, é uma mulher de convicções fortes e sem papas na língua. Jurista de formação, acha «inacreditável» que o Presidente Xanana Gusmão tenha exigido a demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri numa carta apensa a gravação de uma reportagem de televisão australiana, mas acha que a crise institucional ainda pode resolver-se pela negociação e no respeito da legalidade e das normas constitucionais.

Convicta, como Alkatiri e Lu-Olo (presidente do Parlamento) de que há forças empenhadas em fazer de Timor-Leste «um Estado falhado», que deve ser posto sob tutela pelo menos até às eleições de 2007, veio a Lisboa pedir o apoio da CPLP. (…)

Leia a entrevista com a Ana aqui:

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24761319

Anónimo disse...

Vejo o Xanana na TV... o homem não é genuíno!!!!


Aiii Timorrr

Anónimo disse...

http://www.johnpilger.com/page.asp?partid=402

East Timor: the coup the world missed
22 Jun 2006
In his latest column for the New Statesman, John Pilger describes the latest phase of East Timor's struggle for independence, which, in the 1990s, he went undercover to report. One of the world's newest and poorest states now faces the overweening power of its vast neighour, Australia. Once again, the prize is oil and gas.

In my 1994 film Death of a Nation there is a scene on board an aircraft flying between northern Australia and the island of Timor. A party is in progress; two men in suits are toasting each other in champagne. "This is an historically unique moment," effuses Gareth Evans, Australia's foreign affairs minister, "that is truly uniquely historical." He and his Indonesian counterpart, Ali Alatas, were celebrating the signing of the Timor Gap Treaty, which would allow Australia to exploit the oil and gas reserves in the seabed off East Timor. The ultimate prize, as Evans put it, was "zillions" of dollars.

Australia's collusion, wrote Professor Roger Clark, a world authority on the law of the sea, "is like acquiring stuff from a thief . . . the fact is that they have neither historical, nor legal, nor moral claim to East Timor and its resources". Beneath them lay a tiny nation then suffering one of the most brutal occupations of the 20th century. Enforced starvation and murder had extinguished a quarter of the population: 180,000 people. Proportionally, this was a carnage greater than that in Cambodia under Pol Pot. The United Nations Truth Commission, which has examined more than 1,000 official documents, reported in January that western governments shared responsibility for the genocide; for its part, Australia trained Indonesia's Gestapo, known as Kopassus, and its politicians and leading journalists disported themselves before the dictator Su-harto, described by the CIA as a mass murderer.

These days Australia likes to present itself as a helpful, generous neighbour of East Timor, after public opinion forced the government of John Howard to lead a UN peacekeeping force six years ago. East Timor is now an independent state, thanks to the courage of its people and a tenacious resistance led by the liberation movement Fretilin, which in 2001 swept to political power in the first democratic elections. In regional elections last year, 80 per cent of votes went to Fretilin, led by Prime Minister Mari Alkatiri, a convinced "economic nationalist", who opposes privatisation and interference by the World Bank. A secular Muslim in a largely Roman Catholic country, he is, above all, an anti-imperialist who has stood up to the bullying demands of the Howard government for an undue share of the oil and gas spoils of the Timor Gap.

On 28 April last, a section of the East Timorese army mutinied, ostensibly over pay. An eyewitness, Australian radio reporter Maryann Keady, disclosed that American and Australian officials were involved. On 7 May, Alkatiri described the riots as an attempted coup and said that "foreigners and outsiders" were trying to divide the nation. A leaked Australian Defence Force document has since revealed that Australia's "first objective" in East Timor is to "seek access" for the Australian military so that it can exercise "influence over East Timor's decision-making". A Bushite "neo-con" could not have put it better.

The opportunity for "influence" arose on 31 May, when the Howard government accepted an "invitation" by the East Timorese president, Xanana Gusmão, and foreign minister, José Ramos Horta - who oppose Alkatiri's nationalism - to send troops to Dili, the capital. This was accompanied by "our boys to the rescue" reporting in the Australian press, together with a smear campaign against Alkatiri as a "corrupt dictator". Paul Kelly, a former editor-in-chief of Rupert Murdoch's Australian, wrote: "This is a highly political intervention . . . Australia is operating as a regional power or a political hegemon that shapes security and political outcomes." Translation: Australia, like its mentor in Washington, has a divine right to change another country's government. Don Watson, a speechwriter for the former prime minister Paul Keating, the most notorious Suharto apologist, wrote, incredibly: "Life under a murderous occupation might be better than life in a failed state . . ."

Arriving with a force of 2,000, an Australian brigadier flew by helicopter straight to the headquarters of the rebel leader, Major Alfredo Reinado - not to arrest him for attempting to overthrow a democratically elected prime minister but to greet him warmly. Like other rebels, Reinado had been trained in Canberra.
John Howard is said to be pleased with his title of George W Bush's "deputy sheriff" in the South Pacific. He recently sent troops to a rebellion in the Solomon Islands, and imperial opportunities beckon in Papua New Guinea, Vanuatu and other small island nations. The sheriff will approve.

Anónimo disse...

Acabo de receber este email. É pedida a sua divulgação e como subscrevo grande parte do seu conteúdo, aí vai:
>>Pois é meus amigos, ainda "há mais vida" para além do Mundial de
>>futebol, ainda há Timor...
>>
>>
>>As coisas vão-se esclarecendo:
>>
>>
>>
>>1 - Uma linha de força é dizerem mal do Alkatiri. Mesmo entre os
>>jornalistas com mais pruridos, fica bem dizer que no mínimo
>>Alkatiri não teve jeito, não soube lidar com a situação e não tem
>>apoio popular...
>>
>>Pois bem, de uma forma directa: Alkatiri é culpado de ter negociado
>>as questões do petróleo sem corrupção, sem tirar nenhum proveito
>>pessoal, apenas a pensar no seu povo. É culpado de ter defendido o
>>mar de Timor e o governo da Austrália não gostou. É culpado de ter
>>feito um concurso público para a concessão das explorações
>>petrolíferas (que foi elogiado pelo Banco Mundial... pasme-se!) mas
>>esse concurso não atribuiu nenhuma concessão às companhias
>>petrolíferas australianas e estas não gostaram...
>>
>>Em 2005, durante semanas houve manifestações organizadas pelos
>>católicos, com apoio do bispo de Dili, contra o Alkatiri, foram no
>>máximo 5.000 pessoas. Nessa altura também se dissse "Abaixo
>>Alkatiri" e também se perguntou onde estava o apoio ao Governo e à
>>Fretilin e ao Alkatiri. Quando acabaram essas manifestações
>>realizou-se um comício da Fretilin (em 20 de Maio de 2005 - há
>>fotos) de apoio ao Governo e a Alkatiri. QUANTOS ERAM? 40.000.
>>Porque não foi mais cedo? para evitar confrontos...

>>
>>2 - a segunda questão é que a Austrália se assume como força
>>ocupante!
>>
>>Não é novo, já o fez no passado nas Ilhas Fiji e há bem pouco tempo
>>nas Ilhas Salomão, mas está lá tão longe da Europa que nem
>>reparamos e as notícias dão o que dão... por exemplo ainda alguém
>>se lembra da intervenção americana em Granada e alguém ouviu falar
>>em eleições depois disso?
>>
>>A Austrália sempre apoiou a ocupação pela Indonésia ecom a
>>Indonésia discutia a partilha do petróleo até... que tudo mudou...
>>
>>A Austrália quer decidir o futuro de Timor, substituir o Governo e
>>o Parlamento, suspender parte da Constituição, liderar todas as
>>forças militares dos diversos países que aí se encontram...
>>
>>Já se sabe que as tropas Australianas protegem os chamados
>>rebeldes...
>>
>>Já se sabe que as tropas Australianas queriam pôr em respeitinho a
>>GNR de Portugal...
>>
>>Já se sabe que agora as tropas australianas invadiram uma casa onde
>>estavam médicos... cubanos...
>>
>>Já se sabe que querem um outro tipo de leis em Timor... A
>>Austrália, mais a Inglaterra e os Estados Unidos têm um tipo de
>>justiça diferente do resto do mundo (os juristas que expliquem),
>>não têm o direito romano... e Timor seguiu os critérios da justiça
>>internacional, fez a sua constituição, está a fazer os seus
>>códigos, civil, penal, etc...mas não é à moda da Austrália, também
>>por isso (mas não só) o governo australiano quer "substituir o
>>aparelho judicial em Timor", os tribunais em Timor e juristas (que
>>por acaso até estão lá em missão da ONU e são portugueses e
>>brasileiros...e etc.)...

>>
>>O Tribunal de Recurso e os outros Tribunais de Timor foram
>>destruídos e vandalizados, o que não foi furtado foi destruído! E
>>por exemplo foram roubados os PROCESSOS DOS CRIMES DE 1999 que
>>ocorreram após o referendo! e a tropa australiana deixou ocorrrer
>>esse saque e destruição... porquê? adivinhem!

>>Acho que a questão essencial que agora se decide é se as tropas
>>internacionais vão ficar sob a direcção da ONU ou sob a direcção da
>>tropa que já está no terreno, isto é Austrália - há uma grande
>>diferença e uma profunda influência quanto ao futuro...

>>Antes de terminar quero ainda referir duas notas:
>>
>>- o profundo apreço pelos portugueses que estão em Timor e que
>>nehum saiu voluntariamente! Mas queriam que saissem, reparem que
>>logo nos primeiros incidentes os Estados Unidos fizeram deslocar um
>>avião para retirar os americanos e ofereceram lugares à embaixada
>>portuguesa para saírem portugueses...depois eram as imagens dos
>>australianos a sair... e os portugueses aguentaram bem. Parabéns
>>para o pessoal que está por lá!
>>
>>- os jornalistas estão a baralhar muitas notícias, por exemplo
>>dizia o Público que alguns rebeldes tinham ocupado a fazenda
>>Algarve "de Mário Carrascalão", bem a fazenda é do João Carrascalão
>>( a quem foi assassinado um filho em 1999 e está enterrado nessa
>>herdade), o seu irmão Mário foi o último Governador pelos
>>Indonésios, e os dois irmãos nem se falavam por esse motivo. Será
>>por acaso essa confusão entre Mário e João? O João não é Fretilin
>>mas tem cooperado com o Governo, por exemplo foi nomeado Presidente
>>do Comité Olímpico de Timor...

>>O texto vai longo, acho que vale a pena continuar a esclarecer e a
>>denunciar o que se passa em Timor, se acharem que o texto vale
>>alguma coisa, divulguem por favor
>>
>>um abraço

>>Vasco Paiva

Anónimo disse...

VIVA XANANA!!!

Anónimo disse...

Desculpem, mas que se passa neste momento em Timor-Leste... ha´alguém acordado?
obg

Anónimo disse...

Díli, 24 Jun (Lusa) - Centenas de manifestantes concentraram-se hoje frente à sede do Comité Central da FRETILIN, em Díli,(...)

Alguém pode dizer o que se está a passar em Dili? Podem pôr alguma informação aqui sff?
obg

Anónimo disse...

Alguém está aí desse lado, em Díli, que possa dizer alguma coisa sobre o que se está a passar?

Agradecidos e ansiosos

Anónimo disse...

Entraram na clandestinidade? Não façam isso. Há novidades momentâneas? Que raio, mas foi tudo de férias? Passa-se alguma coisa garve meste momento?

A Lusa às 2h59 TMG diz que há manifestantes junto à sede da FRETILIN. Digam-me ao menos que não descambou...

Anónimo disse...

Se calhar já fugiram todos, os que tanto aqui defenderam o Alkatiri e sua pseudo democracia...

Anónimo disse...

Há com toda a certeza gente que está neste momento a olhar para aqui (para o monitor) à espera que digam algo... é o meu caso, e que basta que digam se está tudo bem (claro que não estará tudo bem mas na situação) ou se descambou alguma coisa?
obg

p.s.: a reunião da FRETILIN já acabou? Há alguma decisão? Qual foi ela?

Anónimo disse...

Foram todos para Ataúro!...

Anónimo disse...

Lusa diz que centenas de pessoas continuam concentradas... ordeiramente ou já nem por isso?

Australianos abandoram o local da manif ficando a GNR? E um helicópetero sobrevoa?... isto não quer dizer nada de mal pois não?

Malai Azul, que se passa? Estão todos na reunião?

Está estranho... "... Os manifestantes que se encontram junto à sede do Comité Central da FRETILIN dizem que a reunião já não precisa de se realizar porque "Mari Alkatiri tem de entregar o poder a Xanana Gusmão (presidente da República) incondicionalmente"...

O que é que se está a "montar" neste momento? A grande estupidez de voltarem a descambar? Ou já descambaram. Uns ou outros. Que seca.

Anónimo disse...

Pois obviamente... está entendido.
A FRETILIN nomeia Ana Pessoa e a coisa continua. Que faria Xanana e a Constituição? É uma solução constitucionalissima... obviamente.

E o pessoal não vai aguentar isso, descamba e voilá... Alkatiri é inteligente!

Nunca poderia a FRETILIN perder neste momento o contacto com o Poder que ganhou... até porque eleições só para o ano... o pessoal até já tinha combinado isso tudo... mau. Fosca-se.

Anónimo disse...

Meus amigos
E so lerem o discurso do Xanana para verem onde esta a verdade. Esses comunas sanguinarios nunca mudaram continuam obsoletos como em 1975. A ideologia de partido unico continua nas mentes deturpadas agora, so resta a eles o Hilton de Becora.

Mensagem de S.E. o Presidente da República

Povo Amado e Sofredor aos
Líderes e Membros da FRETILIN

Eu peço licença aos companheiros para tecer algumas palavras acerca da FRETILIN, porque conheço a FRETILIN melhor do que alguns delegados ou todos aqueles que estiveram no congresso há pouco realizado, sabendo apenas levantar a mão porque receiam perder o emprego, para alimentar a mulher e os filhos, porque recebem dinheiro por trás (eu sei de uma pessoa que recebeu cem mil dólares para comprar todos os Delegados, não se sabe se distribuiu bem ou … deu cinco mil, cinco mil para os delegados, e meteu esse dinheiro no seu bolso). Porém não importa, não se sabe até onde pode enriquecer, isto é um assunto privado, por isso não é um problema do povo, porque esse dinheiro é do partido.

Queridos

Antigamente eu era membro do Comité Central da FRETILIN, até à minha saída em 1986. Se não fosse a crise e a violência que surgiram depois do Congresso da FRETILIN, na qualidade de Presidente da República, eu tenho que velar para a vida das instituições democráticas, eu tenho que criticar duramente o Congresso que decorreu nos dias 17 a 19 de Maio passado. Este Congresso viola a alínea c), do artigo 18º, Lei nº 3/2004, acerca dos Partidos Políticos, que diz o seguinte: os titulares (aqueles que desempenham funções), dos órgãos directivos (dos partidos), todos, têm de ser eleitos, por voto directo e secreto pelos militantes para que sejam representativos dos militantes. O artigo 46º da Constituição da RDTL, no seu nº 3, afirma o seguinte: “a constituição e a organização dos partidos políticos são reguladas por lei”. Essa lei é a Lei nº 3/2004.

Nenhuma lei que surja no nosso País, pode violar a constituição. Todas as organizações são reguladas pela lei, não podem violar esta lei. Isto é um princípio elementar do Direito, e o Governo que tem muitos doutores e doutoras que fizeram a lei, depois violam a lei de acordo com os seus interesses.

Como eles é que sabem tudo, neste cantinho da terra toda a gente é ‘supermi’, o Congresso da FRETLIN, realizado há pouco tempo, pode violar a lei que eles próprios fizeram, com a maioria no Parlamento e com os intelectuais todos no Governo que escreveram esta lei, para anular o sistema de voto secreto, para o voto de braço no ar, levando todo o povo a rir e a ficar triste, para a comédia que o grande e histórico partido fez para registar na nossa história futura. (Porque se é para ficar registada na história, eu também baptizo GMT- Gedung Matahari Terbit [Casa do nascer do Sol] para GAT- Geddung Angkat Tangan [Edifício do Braço no Ar], para que não exista mais nenhum partido na nossa terra, para brincar com o povo, para violar aquelas leis que os políticos escreveram e aprovaram).

Queridos

A FRETILIN, é um partido histórico como todos nós sabemos. No dia 20 de Maio de 1974, surgiu a ASDT (Associação Social-Democrática de Timor), com a influência de alguns estudantes universitários timorenses que estavam a estudar em Portugal nessa altura, onde se inclui Abílio Araújo, e criaram no dia 11 de Setembro daquele ano a ASDT/FRETILIN, mais tarde transformado em FRETILIN. Esses jovens universitários introduziram uma orientação revolucionária, que aprenderam no tempo colonial fascista de Salazar e Marcelo Caetano.

E todos nós podemos constatar: FRETILIN, significa Frente Revolucionária. Em Maio de 1977, em Laline, na reunião do Comité Central de FRETILIN, foi adoptada a ideologia marxista-leninista. Eu também participei como membro do Comité Central. Alguns companheiros que ainda estão vivos também participaram como membros do Comité Central, como Abel Ximenes Larisina, Filomeno Paixão, Feliciano de Fátima e Ma Huno.

Porém eu quero dizer-vos que em 1975, Timor era muito atrasado mas a tecnologia sofreu grandes avanços nos últimos tempos, tornando o mundo mais pequeno. Eu acredito plenamente que se Nicolau Lobato, Sahe, Carvarino, Hamis Bassarewa, César Mau-Laka, Hélio Pina e Inácio Fonseca e outros, tivessem sobrevivido até 2006, até à era pós-guerra fria, era da globalização, era da tecnologia, todos eles concluiriam que para o Timor que tanto amavam, dando as suas vidas, a antiga ideologia não serve.

Hoje, um pequeno grupo, vindo do exterior, quer repetir os comportamentos que nós tivemos de 1975 até 1978.

De acordo com o que todos nós sabemos, em Agosto de 1975, a UDT fez o golpe para expulsar os comunistas da nossa terra, iniciando a guerra entre os timorenses. Em 2006, a FRETILIN quer fazer um golpe para matar a democracia que eles próprios escreveram na Constituição. O problema da distribuição das armas não tem a ver com a situação que estamos a viver, já estava nos seus planos, distribuíram para as eleições de 2007. Por isso é que estamos sempre a ouvir eles dizerem: só a FRETILIN pode criar a estabilidade ou a instabilidade.

Quando as bases de apoio se desintegraram em 1978, os companheiros da Ponta Leste e com este servo, tentaram organizar-se para procurar os companheiros dos outros sectores para encontrarem-se com os companheiros de Bazartete e Liquiça, Same e Ainaro. Se não acreditarem, perguntem aos companheiros veteranos que estão na F-FDTL, para não dizerem que eu inventei, para minha vaidade pessoal como algumas pessoas que eu conheço que entraram na FRETILIN, que nos olham de lado, como se fossem eles os únicos a fazerem a guerra.

Queridos companheiros
Membros da FRETILIN

Em Março de 1981, na Conferência de Laline, reorganizou-se a resistência, e conforme nós costumamos dizer, passou-se para a fase da guerrilha. Tal como a crise que estamos agora a viver, no Conselho de Estado ficou decidido definir os problemas prioritários, uma vez que não temos força para resolver todas as coisas de uma só vez; assim, em 1981, a nossa primeira prioridade foi a reorganização.

Por isso, nós também, em 1981, agarrámos novamente na orientação “ideológica” que recebemos dos nossos intelectuais e chefes. Em 1983, durante o período de cessar-fogo com o “TNI”, de Março até Agosto, começámos a falar sobre democracia. Por isso, em 1984, para corrigir os erros do EMG-FALINTIL, na região central, apareceu o “CC Hudi Laran” que não quis aceitar a mudança política que nós vimos ser a melhor para o nosso processo de resistência. Acerca disso, muitos companheiros que ainda estão vivos podem contar melhor com floreados, senão podem pensar que eu é que quero mostrar-me como se eu fosse o único a escrever a nossa história.

Eu comecei a enviar cartas para o exterior para a DFSE (Delegação da FRETILIN em Serviço no Exterior) – podem perguntar ao Sr. Abílio Araújo que nós escolhemos em Março de 1981 como Presidente da FRETILIN e, de acordo com os estatutos do partido, Presidente da RDTL.

Eu também disse para o exterior que no interior do território a Unidade Nacional já estava segura desde Tutuala até à fronteira passando por Oecussi e Jaco, que a igreja também se juntou, que as pessoas dos outros partidos também participavam na resistência. Por isso, eu escrevi aos companheiros no exterior para se sentarem com a UDT para se reconciliarem.

No exterior, em Portugal, em Moçambique e também na Austrália, talvez a “INTEL” também vigiava os timorenses lá fora, não se mexiam como se os espias os seguissem, como se fossem as suas sombras e por causa disso demoraram tanto tempo para erguerem a “Convergência Nacionalista” onde surgiram vários problemas – podem perguntar aos elementos da FRETILIN no exterior, ao Sr. João Carrascalão e ao Sr. Vicente Guterres. Eu cito o nome deles só para dizer que, se pensam que eu minto, peçam-lhes para vos informar.

Porém que o vento leve estas palavras até aos irmãos que estão lá fora, que os Gadapaski [Jovens Guardas em Defesa da Integração] estão no nosso território, castigam os jovens até ficarem bem moídos. Assim, em Moçambique, Rogério tentou adquirir pengalaman [experiência] para se matarem uns aos outros e Ramos-Horta ficou preso. Naquele tempo, o Presidente Chissano, ainda como Ministro dos Negócios Estrangeiros, é que foi libertá-lo. Se acharem que estou a mentir, perguntem-lhes porque eles é que estavam em paz para estudarem, para serem doutores, durante 24 anos em Moçambique.

Feita a Convergência Nacionalista em Lisboa, no mato eu estava muito feliz, pelos passos dados em frente. Em Dezembro de 1986, eu criei o Conselho Nacional da Resistência Maubere, deixei a FRETILIN, porque sendo comandante das FALINTI ASWAIN eu tinha que pôr as FALINTIL fora do Partido.

Assim as FALINTIL como força de libertação de todo o povo, de todos os partidos, de toda a população, Loromuno, Lorosae, Tacifeto, Tacimane, prolongando Ramelau até Matebian.

Eu disse para os que estavam no exterior, que como comandante das FALINTIL, eu é que comandava a luta. Também continuava a ter o meu respeito pela FRETILIN, com os membros do Comité Central, que estavam comigo no mato integrados no CNRM.

Lu-Olo, disse que durante os 24 anos, transportava a bandeira da FRETILIN no seu saco; talvez fosse verdade, porém eu nunca vi. Quando eu andava como membro do Comité Central da FRETILIN, fui até o centro do país para organizar de novo a resistência, eu lembro-me que ele, Lu-Olo, estava escondido em Builó. Talvez estivesse a tecer o saco para guardar a bandeira da FRETILIN. Lu-Olo diz também que quem abandonou a FRETILIN é traidor e não tem história. Palavras ocas sem sentido, porque se é traidor, eu sou o primeiro traidor, eu sou o maior traidor deste povo e desta terra. Deixei a FRETILIN para libertar a nossa terra e todo o nosso povo. Porque eu não matei a FRETILIN e continuo a respeitar a FRETILIN, assim Lu-Olo pode ser Presidente para ser o sábio que levanta primeiro o cartão no Parlamento Nacional, para a maioria seguir, votando contra ou a favor. Se eu me sentisse como traidor sem história, para regressar à FRETILIN, Lu-Olo nunca chegaria a ser Presidente da FRETILIN alguma vez.

Companheiros
Membros da FRETILIN

Como eu disse atrás houve um grande protesto vindo do exterior, dizendo que eu estava a matar a FRETILIN. Abílio Araújo escreveu aos companheiros da FRETILIN para se reorganizarem. Nós reunimo-nos. Ma Huno, Mau Hodu, Konis Santana, como membros do Comité Central da FRETILIN e eu, decidimos despromover o Abílio Araújo, porque durante a guerra, nós não podíamos receber ordens do exterior, porque no exterior eles é que tinham que seguir orientações do interior.

Porque no mato, recebíamos jornais de Portugal, diversas informações, também ouvíamos rádio e sabíamos que eles no exterior, no seio da própria FRETILIN, não se davam bem, não estavam unidos. Perguntem ao José Luís Guterres, Ramos-Horta e Abílio Araújo, se estas coisas que eu digo são verdadeiras.

Nós vemos que em vez de colocar os seus pensamentos no sofrimento do povo, eles comiam-se uns aos outros para se apoderar da cadeira do Presidente da FRETILIN e depois tentar comandar a luta do exterior. Porque no mato não havia ninguém em busca de cadeiras, apenas procuravam servir para levar a luta para frente, eles os três disseram-me que nenhum deles queria ser Presidente da FRETILIN. Assim, nós decidimos criar a CDF (Comissão Directiva da FRETILIN) para evitar que os intelectuais, no exterior, entrassem em conflito para serem Presidente da FRETILIN. Se os companheiros não acreditarem, perguntem ao Lu-Olo, naquele momento, onde estava ele? Se ele estava naquela reunião ele pode confirmar se eu estou a mentir, que estas coisas estão a ser inventadas por mim, porque não estão correctas.

Perguntem ao Lu-Olo, porque é que mais tarde, tomou ele sozinho a Comissão Directiva da FRETILIN no mato. Não é porque Ma Huno e Mau Hodu foram capturados e Konis morreu? Neste mundo, algumas pessoas esquecem rapidamente os mortos que lutaram pela independência, pior do que isso, cospem para cima das suas campas.

No mato nós também lemos as acusações vindas da Amnistia Internacional e de organizações de direitos humanos, de que a FRETILIN também cometeu crimes. Eu mandei uma mensagem para o exterior, reconhecendo que FRETILIN matou pessoas, devido a problemas ideológicos, estava arrependida por isso. No exterior, todos ficaram zangados comigo, Abílio Araújo declarou de imediato que não, e que as coisas que eu disse eram mentira.

A partir daí, eu também cortei as relações com eles porque era através desses relatórios e informações que eu lhes enviava, que eles falavam para o mundo. Até 1989, eu enviei as informações e relatórios para a CDPM (Comissão para os Direitos do Povo Maubere) para utilização dos amigos portugueses.

Companheiros
Companheiros membros da FRETILIN

Em 1989, eu estava em Ainaro, recebi uma carta do Rogério Lobato acusando os outros no exterior, de que não faziam nada, dizendo que a luta estava acabada, e que todos tinham de se submeter à justiça popular. Rogério informou-me nessa carta, que Mari Alkatiri criava coelhos e galos em Maputo.

Eu recebi, em 1990, uma carta de José Ramos-Horta oferecendo-se para ser meu Representante Especial lá fora. Eu estava escondido em Becora e escrevi-lhe dizendo que concordava, mas tinha de seguir os princípios e as orientações políticas do CNRM, também seguindo as minhas palavras. Ele respondeu-me, dizendo que também saiu da FRETILIN para servir a luta. Se os companheiros não acreditarem, perguntem ao Ramos-Horta.

Em 1991, em Novembro, em Santa Cruz, alguns companheiros puxavam mais pela FRETILIN. Eu respeito o vosso sofrimento mas não podem atirar o pensamento e as acções dos outros para a lama. Assim, nós não temos honestidade política. Não podemos nomear apenas a bandeira da FRETILIN, porque eu também dei orientações para levarem as bandeiras da UDT e de Portugal, seguindo a resolução da ONU, Portugal continuava a ser a “potência administrante”.

A manifestação era para pedir a solução pacífica, sob a égide das Nações Unidas e a participação de Portugal e dos partidos políticos. Pedi com veemência que não podiam dizer que era uma iniciativa da FRETILIN, que não era, porque havia um comando da luta, do CNRM.

Em finais 1998, dei poderes ao Manuel Tilman, Padre Francisco Fernandes, Padre Domingos Maubere e o Padre Filomeno Jacob para irem a Portugal e ajudarem Ramos-Horta, a FRETILIN e a UDT, a organizar a conferência para alterar CNRM para CNRT, para reunir todos os timorenses no seu seio. Porque a UDT não aceitava a palavra Maubere e queria ‘T’ de timorense. Se não acreditarem, perguntem ao Sr. João Carrascalão e aos outros que estavam no exterior.

Queridos
Companheiros membros da FRETILIN

Em 1998, se eu não me engano, no período da Reformasi na Indonésia, eu mandei Mau Hodu a Sydney e escrevi à FRETILIN para se organizar como partido, para mostrarem a sua orientação político-ideológica. Foi sob o chapéu do CNRM e do CNRT que o Povo ganhou em Agosto de 1999. Isto é história, história da resistência, história do sofrimento, história de sangue. Hoje em dia, nós ouvimos que só a FRETILIN é que fez a luta. Não importa, vocês é que são os donos da luta, aceitamos, não deitem areia para os olhos do povo porque é todo o povo que vota e não apenas a FRETILIN.

Em Maio de 2000, a FRETILIN convidou-me a falar na sua Conferência, no GMT [Ginásio], neste momento rebaptizado GAT. Pedi três coisas à FRETILIN:

- primeiro, rever, reavaliar o caso de Xavier do Amaral, porque ele não é um traidor na nossa terra, apenas porque não aceitou a ideologia adoptada pelo Comité Central, em Laline, em Maio de 1977.

- segundo, para limparem o nome de todos os que a FRETILIN assassinou porque os considerava traidores, mas que não eram traidores, apenas não aceitavam a ideologia marxista-leninista, e para que as suas famílias possam estar descansadas.

- terceiro, que a FRETILIN pedisse desculpa ao Povo, sobretudo aos familiares das vítimas.

Naquela Conferência eu disse isto: “Como membro do Comité Central da FRETILIN, desde o início até meados da guerra, todas as coisas boas que a FRETILIN fez, eu também fiz parte, as coisas más que a FRETILIN, porventura, tenha feito, eu também tenho a minha responsabilidade. Não é por eu ter deixado a FRETILIN que lavo as minhas mãos.

Eu também pedi, caso a FRETILIN tomasse uma decisão política acerca destes pedidos, que eu próprio iria ter com o povo e pedir desculpa e explicar as razões e pedir às famílias para compreenderem os erros cometidos no passado.

Passados estes dias, convidaram-me para ir à festa da FRETILIN, dia 20 de Maio de 2000, no Estádio e, depois do discurso de Lu-Olo, eu perguntei-lhe e ao Mari acerca dos pedidos que fiz na Conferência. Eles responderam que tinham constituído uma comissão para tratar desses assuntos.

Em Agosto de 2000, no Congresso do CNRT, a FRETILIN isolou-se, saindo do CNRT. Nós permanecemos calmos, continuámos a trabalhar seguindo o processo político que a UNTAET delineava, até Junho de 2001, data em que foi dissolvido o CNRT, porque terminara a sua missão.

Em Janeiro de 2000, Ramos-Horta fez-me saber que era melhor falar com o Mari. Eu respondi que foi a FRETILIN que abriu a porta do CNRT para sair e que ninguém a fechou, pelo que se quiserem voltar que o fizessem. Mari veio falar comigo à sede do CNRT em Balide.

Ele disse-me que saíram porque estavam zangados comigo, porque eu deixei algumas pessoas falarem no Congresso rebaixando o nome da FRETILIN. Estas pessoas eram vítimas da violência política da FRETILIN no mato.

Eu respondi-lhe um pouco zangado: “Você esqueceu-se das três coisas que pedi na vossa Conferência em Maio. Limpar o nome das vítimas ou pedir desculpa ao Povo, não é rebaixar a FRETILIN mas concertar ou limpar o nome da FRETILIN”.

Eu disse-lhe também: “Você não tem razão para temer, porque o Sr. pode dizer ao Povo o seguinte: Eu, Mari, não tenho nenhuma razão para estar contente por causa das razões erradas que aconteceram dentro de Timor. Eu, Mari, em Maputo, sofrendo durante 14 anos, lavo as minhas mãos todos os dias com sabão. Eu, Mari, tenho as mãos limpas, se quiserem pedir, vão pedir a Xanana, as mãos dele é que estão sujas, as mãos dele é que estão ensanguentadas.”

Eu continuei a dizer: “Se o Sr. continuar a falar assim, eu aceito, e eu irei pedir desculpa ao Povo quando a FRETILIN tomar a decisão política acerca disso”.

No “Lapangan Pramuka”, agora designado “Campo da Democracia” todos os partidos políticos assinaram que iriam constituir um Governo de Unidade Nacional. Quando a FRETILIN ganhou afastou-se do compromisso político que aceitara. Se não queria aceitar, não necessitava de lá ir assinar, em vez de ir assinar e, no fim, virar as costas às palavras que tinham assumido.

Isto é tal e qual como na Constituição que eles fizeram, as leis que eles fizeram. Eles fizeram, viraram as costas, não cumpriram.

Povo que eu respeito
Membros da FRETILIN

Todos sabemos e reconhecemos que a Fretilin saiu vitoriosa em Agosto de 2001. Se falarmos como deve ser, com o devido respeito pelos Partidos da oposição, a maioria FRETILIN foi quem fez a Constituição da RDTL, definindo o Estado de Direito Democrático.

Num Estado de Direito Democrático, de acordo com a Constituição, as Forças Armadas e a Polícia devem ser apartidárias, não devem defender nenhum partido. Mas, o que testemunhámos até hoje, é que a Policia está sob o controlo do Governo, e para dar de comer a mulher e filhos, não tem coragem para dizer ‘não’, quando recebe ordens do Ministro do Interior, e algumas vezes do próprio Primeiro-Ministro.

No passado dia 2 de Junho, antes da reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança, o Brigadeiro Taur falou comigo e disse: “Presidente, eu disse ao Dr. Roque Rodrigues, o vosso maior erro foi tentarem submeter as F-FDTL à FRETILIN.” Naquele momento fiquei muito contente porque reencontrei-me com o meu Irmão que eu tinha perdido.

Os Serviços de Informação ou Inteligência, que se tornou na Inteligência do Partido, para escutarem a conversa do Presidente em Lospalos, e enviar ‘sms’ imediatamente ao Primeiro-Ministro, monitorarem as actividades dos Partidos da oposição e também enviarem ‘sms’ para o Primeiro-Ministro. Alguns jovens no Farol também viram algumas coisas. Enviaram ‘sms’ para o Primeiro- Ministro. Hoje em dia, porque não há trabalho, todos nós procuramos sobreviver. Se tivermos dinheiro, aproximamo-nos deles.

Toda a gente vê que isso está a acontecer no nosso país.

Há pouco tempo, numa reunião em Baucau, algumas pessoas diziam assim: “Xanana, ‘assim mesmo’, na guerra dividiu-nos. Finda a guerra continua a dividir-nos”. Compreendo o sentido da palavra “fahe” [dividir]. O seu sentido, para os políticos e os intelectuais, correctamente, todo o Povo tem de entrar para a FRETILIN, Polícia, FDTL, funcionários, ‘bisnis’ [negócio], suco, aldeia, búfalos, formigas, árvores, ervas, todas as coisas têm de entrar para a FRETILIN. Timor-Leste é a FRETILIN, FRETILIN é Timor-Leste. Não pode existir outra coisa, não podem existir outras pessoas. É isso que explica ‘Xanana divide Timor’, por isso, ‘Xanana tem que sair’. Como se dissesse que eu quero governar nos próximos 50 anos.

Encontrei-me com alguns, em 1991, em Díli, que me deram os parabéns porque defini uma estratégia política correcta em 1986, com a criação do CNRM. Hoje, encontraram uma cadeira no Governo, esperando ser amanhã, ou depois, ministro, e dizendo novamente que eu divido o Povo.

Querido Povo martirizado

Por isso mesmo, depois do Congresso da Fretilin, no passado mês de Maio, muitos ou alguns delegados receberam armas. Os Administradores de Distrito e subdistrito também ouviram dizer que alguns receberam armas. Por isso mesmo, vemos na televisão, ouvimos na rádio, lemos nos jornais, os políticos e os sábios que detêm o controlo desde a ponta do ‘kuda talin’ [as rédeas do cavalo], dizerem repetidamente que: ‘Se Mari sair, haverá derramamento de sangue!’, ‘Se Mari sair, Timor explode’, ‘Se Mari sair, haverá guerra!’.

Talvez o Comandante seja Rogério. Os Membros do Comité Central viram-se Conselheiros Políticos, para a ideologia de ‘Ran Nakfakar’ [derramamento de sangue] e para a ideologia de ‘Timor rahun’ [Timor vai explodir]. O Vice-Presidente do Parlamento também já gosta de falar de ‘guerra’. Já tem muito dinheiro então tem de falar de ‘guerra’.

A História continua a evoluir, continua em movimento, e são os actos de todos nós que escrevem a história. Eurico Guterres, que todo o mundo conhece, acusado de ser assassino e outras acusações, ficou preso, nós todos pronunciamos o nome dele e todos nós o acusamos porque em Timor-Leste somos todos santos, somos todos heróis da Libertação, somos todos políticos governantes. Com efeito, é muito interessante !!!

Enquanto Eurico Guterres, no dia 26 de Maio passado, enviou um ‘sms’ pedindo aos nossos governantes para não fazer este povo sofrer tanto, os nossos governantes, alegremente, falam de ‘ran sei nakfakar’ [haverá derramamento de sangue], ‘Timor sei rahun’ [Timor há-de explodir], ‘ita sei funu’ [nós vamos à guerra].

A História avança, silenciosamente, continua em movimento, registando os nossos actos, os bons e os maus, os limpos e os sujos.

Ninguém poderá inventar a história, somos nós mesmos que estamos a fazer a nossa história, uma história triste que nos envergonha, e faz com que o povo sofra.

Eles talvez continuem a contar com as Falintil-FDTL. Mas com a prática deles, sujaram também o bom nome das F-FDTL. E eu acredito que as Falintil-FDTL, hoje, aguardam por mim, para nós podermos conversar. As Falintil-FDTL também erraram, mas erraram porque deram ouvidos a pessoas mal intencionadas, deram ouvidos a pessoas que não amam o povo, deram ouvidos a pessoas que tentam comprar a alma do povo. Durante os tempos da guerra de resistência nós dizíamos sempre: se as balas não matarem, o arroz e o supermi podem matar, as balas só podem matar o corpo, mas as rupias, o arroz e o supermi matam até a própria alma.

Hei-de vestir a farda de novo para de novo erguer o bom nome das Falintil-FDTL. Hei-de caminhar de novo com as Falintil, porque é Aswain do Povo [é o brio do Povo], mas que hoje chora, estão arrependidos, por não quererem escutar o seu Irmão mais velho, e escutaram só os que têm sede de sangue. Em 2000 eu saí das FALINTIL porque reconheci que as FALINTIL já haviam cumprido a sua missão sagrada de libertar a Pátria, e todos os seus membros já são crescidos, o que me permite deixá-los sozinhos para continuar a sua própria caminhada. Tal como no CNRT, em 2001, decidimos dissolver, para que cada um procure o seu lugar nesta nova caminhada de nação independente.

Mas eu estou pronto para caminhar de novo com todos eles e pedir desculpa ao Povo. Depois disso, todas as F-FDTL, desde o Brigadeiro General até aos novos soldados, farão Juramento ao Povo, dizendo que, enquanto militares, curvam-se perante a Constituição, respeitam as Leis, e nunca dependerão de um Partido, e darão garantias de liberdade e segurança à população, e respeitarão a Ordem Constitucional.

Os que têm sede de sangue e tentaram dividir a PNTL e atiçá-los uns contra outros, também farão Juramento ao Povo, que só se submeterão à Constituição, que defenderão a legalidade democrática e darão garantias de segurança interna para todo o povo e não se submeterão a um partido.

No dia 11 de Maio, Mari disse-me que desconfiava que o Rogério estivesse por detrás do 28 de Abril, porque não cumpriu a ordem do Mari para enviar a UIR de imediato para impedir os manifestantes.

Duas semanas depois, Rogério foi a Caicoli falar comigo. Eu disse-lhe: “Rogério, para citar o nome de Nicolau Lobato, devo dizer-te que eu estive juntamente com Nicolau nalguns dos momentos mais difíceis da guerra. As pessoas acusam-te de distribuir armas. Acredita ao menos em mim. Pensa bem, porque na guerra eu não perdi nenhum membro da minha família, tu perdeste a tua família toda. Nicolau com todos os teus irmãos, estão a olhar para nós, estão a chorar por causa das coisas que estão a acontecer. Eu sei que eles não querem isto”.

Companheiros

A grande História dos que têm sede de sangue ainda é uma longa história. Porque, em todos os lugares, aparecerem pequenos comandantes espalhados por todo o Timor, fazendo barulho, para aterrorizar as pessoas. Algumas pessoas, talvez do Departamento de Comunicação do Comité Central, enviaram ‘sms’ para os delegados, para os administradores.

Mas, com a ânsia, marcaram mal o número e todos receberam o ‘sms’ pedindo para levar “10.000 pessoas desse distrito, 5.000 de outro distrito, para apoiar o camarada Lu-Olo e camarada Mari”.

Hoje, se queres ser funcionário, ou ministro, tens de te preparar para matar a tua própria alma, porque o dólar despiu os princípios que, porventura, ainda pudesse ter, nós não sabemos.

Vemos muito bem, estas pessoas brincam com o sofrimento do povo, usam o povo para defender a sua cadeira, o seu nome e o seu bolso.

No Relatório da CAVR pede-se o FIM DA VIOLÊNCIA POLÍTICA, para que o povo não sofra uma vez mais. Ainda recentemente, em Janeiro passado, fui entregar este Relatório ao Secretário-Geral da ONU. Ainda mal se completaram seis meses, disparos de armas, incêndios, pessoas mortas em Dili.

Um jovem em Lospalos, chamou-me traidor, porque não defendo um tribunal internacional. Hoje, ele não está sossegado, está todo envaidecido em Lospalos acreditando que a FRETILIN tem armas para fazer a guerra.

Eu fui a Lospalos no ano passado e falei com eles, e disse que a FRETILIN tem de pedir desculpa. Enviaram de imediato um ‘sms’ ao Mari. No meio de uma reunião, Mari mostrou-me esse ‘sms’ e parecia contente porque a sua rede de informações do partido está espalhada por todo o Timor para informar sobre as conversas do Presidente ou as actividades da oposição.

Pude dizer a este jovem, que eu, agora, não quero ser mais um traidor do Povo. Porquê? Quando o Tribunal iniciou os julgamentos de crimes que estão a ser cometidos pedi aos Tribunais para considerarem se podiam esvaziar as Prisões de Becora, Baucau e Ermera para receber os novos hóspedes. Neste momento, todos aqueles apenas cometeram crimes menores comparando com o que está a acontecer agora. Crime contra o estado de Direito Democrático, crime contra o Povo que já sofreu durante a guerra, durante 24 anos. Becora, Baucau e Ermera hão-de receber diversos hóspedes, muitos corruptos que hão-de lá ir e têm de ir para lá.

A Comissão Internacional de Investigação irá chegar, para nos ajudar a todos, para avaliar esta violência política que assolou o nosso país. Tudo quanto a CAVR fez e transmitiu, para escutar o choro do povo, o que o povo pede, as exigências do povo, para os políticos não fazerem sofrer mais o povo, para evitar a violência política, tudo isso, a liderança da FRETILIN não quis ouvir, ignorou. A liderança da FRETILIN demonstrou que, este choro, não lhes diz respeito, este chorar, não é problema deles, mesmo que o povo sofra não é problema deles, nem que o povo morra, não é problema deles. O grande problema para eles é como manter-se no Governo. A liderança da FRETILIN, por causa da sua arrogância, só sabe é acusar outras pessoas e não são capazes de reconhecer que também erram. Para eles, não há erros, porque o que fazem tem um objectivo: governar.

Só devem pensar em guerra para governar, porque governar dá-lhes tudo, dinheiro, boa casa noutro país, negócios que lhes dão dinheiro e ao partido também, mas o partido para eles é o pequeno grupo que está a governar. O Povo está a sofrer em Dili, não foram ainda ver o Povo, nem foram ainda falar com o Povo. Só se preocupam é em mobilizar pessoas do interior, para demonstrar que toda a FRETILIN curva-se perante eles, para lhes beijar as mãos e os pés. O Povo que se mobiliza para os apoiar, coitado, talvez andem de carro sem pagar, para gritar ‘Viva este, Viva aquele’, e depois de serem alimentados regressam às suas casas, continuam a cavar a terra, querem mandar os filhos para a escola mas não têm meios, sem dinheiro, em casa continuam com fome.

Na mensagem de Fim do Ano de 2005, eu apelei aos jovens e a todo o povo, para não darem ouvidos aos políticos que clamam pela ‘violência’, que os empurram para a violência. Nós não queremos ouvir-nos uns aos outros, todos confiamos que todos os sábios desta terra que, com as suas atitudes, podem dar-lhes dinheiro, para sujar a imagem da Fretilin, e para matar o nome e a história da FRETILIN.

Eu sei, que Nicolau Lobato está triste. Nicolau Lobato não pede que o seu nome seja colocado em todos os lugares. Ele não precisa. O que ele pede é apenas isto: que respeitem a sua luta para libertar esta Terra e este Povo, que respeitem apenas o seu sangue.

Espíritos e Antepassados, levantem-se para olhar por este povo! Ossos que estão espalhados por todos os cantos, ponham-se de pé, Sangue que foi vertido por todos os cantos, juntem-se de novo para ver aqueles que querem estragar o povo, que querem ver o povo sempre a sofrer, que querem ver o povo sempre a morrer.

Mostrem-se, mostrem a vossa força! O vosso filho está aqui, que vos implora, para olharem por este Povo, para libertar este Povo do jugo dos sedentos de sangue.

Povo sofredor
Membros da FRETILIN

Em política, quando nós erramos, mesmo sendo um pequeno erro, mas se não reconhecermos que é um erro, voltaremos a cometer muitos e maiores erros. Porque não se reconhece que entre 1975 e 1978, a FRETILIN matou membros da própria FRETILIN e outros que não aceitavam a sua ideologia, hoje em dia, para a liderança da FRETILIN, matar não é problema. Matar, para eles, uma pessoas ou duas, ou dez, ou centenas, ou milhares, é matar. O importante para eles é que o partido seja forte, para que governem sempre.

Um Partido assim, é um Partido que não quer a democracia, um partido que quer impor a sua vontade a todos nós.

Eu respeito a FRETILIN porque a FRETILIN me ensinou a amar a Terra e a servir o Povo.

Todo o Povo respeita a FRETILIN, porque a FRETILIN faz parte da História de Timor-Leste. Mas, o Povo tem de desprezar as pessoas que querem acabar com este Partido, para fazer todo o Povo sofrer.

Estas pessoas não merecem estar na FRETILIN. Penso que outros Partidos não os hão-de receber, porque estas pessoas querem sugar o sangue do Povo, querem ver o sofrimento do Povo, para poderem governar sempre, para estarem bem. O Partido que os acolher, o Povo tem de ter cuidado, porque este Partido talvez mais tarde tenha sede e peça o sangue do Povo.

Rogério deixou de ser ministro, Mari promoveu-o a Vice-Presidente da FRETILIN. Faz-nos sentir vergonha por esta política suja. Rogério foi ao Quartel da Polícia pedir combustível para o carro que ainda tem. O Responsável pela Logística da PNTL disse-lhe: o Sr. já não é Ministro do Interior, não pode receber combustível da PNTL. Rogério respondeu insultando-o: Macaco, eu agora sou mais do que Ministro, tu sabes ou não?

No dia 28 de Novembro de 2002, pedi para que ele fosse demitido, porque todas as informações diziam que, em vez de fazer o seu trabalho, organizava o povo, para cortar a lenha, para ele vender, plantar mandioca, para ele vender, fazer o vinho, que ele há-de vender, pescar, que ele há-de vender. Eu falei com o Mari, como Primeiro-Ministro e com o Ministro Horta, na minha casa, antes de 28 de Novembro de 2002, sobre o Rogério. Mais tarde, porque pedi para ele ser demitido, eu é que errei e quando aconteceu o 4 de Dezembro, apontaram-me o dedo.

Todos sabem sobre os buracos que foram cavados em Tibar, também noutros locais, porque Rogério andava à procura de ouro/tesouro, que ele ouviu dizer que os japoneses haviam enterrado. Nós não nos devemos admirar com as atitudes que o Rogério toma. Enquanto estávamos em guerra e sofríamos na nossa Terra, Rogério, enquanto ministro da Defesa, viveu em Angola e aproveitou para traficar diamantes até ser detido numa prisão. E a FRETILIN, por causa do seu nome Lobato, ou porque algumas pessoas se sentiram afectadas, elegeram-no como Vice-Presidente da FRETILIN.

Na tomada de posse do Ministro do Interior, apertei-lhe a mão e disse-lhe: “Rogério, não esperes que eu te respeite, só por teres o nome Lobato. Nicolau também era Lobato, mas era Nicolau, tu chamas-te Rogério. Respeitar-te-ei, se a tua atitude me revelar que mereces respeito, mas não é por seres Lobato”. Alguns investidores procuram encontrar-se comigo e disseram: “Presidente, o vosso sistema é muito diferente, para investir no vosso país, há duas vias: uma, temos de contactar a Agência de Investimento sob a tutela do Ministro Rogério, ou, a segunda, através de langsung (taxa indirecta) paga às altas entidades.

Empresários timorenses disseram com tristeza: Presidente, já tenho a licença para a minha empresa mas sofremos pressão para fazer entrar algum dinheiro na FRETILIN. Eu perguntei-lhe “querem que eu fale?”, e eles responderam “Irmão, nós esperamos muitos anos, perdemos muito dinheiro, deixa-nos recuperar o nosso dinheiro”.

Companheiros membros da FRETILIN
Querido Povo sofredor

Por isso, como Presidente da República, que não aceitou o resultado do Congresso realizado de 17 a 19 de Maio passado, exijo à Comissão Política Nacional da FRETILIN, que organize imediatamente um Congresso Extraordinário para, em conformidade com a Lei nº 3/2004, sobre os Partidos Políticos, eleger uma nova Direcção do Partido. Quando digo, em conformidade com a Lei, isso significa alterar a ‘votação de braço no ar’ dos Estatutos da FRETILIN, para que a eleição da nova Direcção, seja por voto directo e secreto. Dou um prazo de uma semana, para que este Congresso Extraordinário seja feito, porque a actual Direcção da FRETILIN é ilegítima.

O Presidente da FRETILIN, Lu-Olo, Vice-Presidente da FRETILIN, Rogério Lobato e o Secretário-Geral da FRETILIN, Dr. Mari Alkatiri, todos eles, de acordo a Lei dos Partidos Políticos, são ilegítimos.

Não se pode dizer que a FRETILIN não tem dinheiro, porque a FRETILIN tem muito dinheiro.

Até o dinheiro que sobrou do Congresso, Rogério comprou dois carros para o Grupo de Rai Lós.

Eu posso discutir a Crise com a Nova Direcção, mas cabe ao Estado decidir. Porque não é a FRETILIN que errou mas sim os que têm olhos grandes para o dinheiro e a enorme ambição para cavalgar sobre as costas do povo.

O que é o Estado de Direito democrático? O artigo 1º da Constituição afirma: “A República Democrática de Timor-Leste é um Estado de direito democrático ... baseado no respeito pela dignidade da pessoa humana”. Hoje em dia, nós falamos de ‘guerra’, de ‘derramamento de sangue’, e esquecemos a tolerância política. Os governantes demonstram que não têm respeito pela dignidade de cada pessoa, consentindo a violência e a destruição, causando mortes e perdas de bens.

O artigo 6º da Constituição afirma: “O Estado tem como objectivo fundamental: b) Garantir e promover os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático; alínea c) defender e garantir a democracia política”. Nesta crise, só ouvimos ameaças de toda a ordem. Os governantes vão contribuindo para a violação destes objectivos do próprio Estado.

No artigo 29º da Constituição, afirma-se que: “nº 1 – A vida humana é inviolável; nº 2 – O Estado reconhece e garante o direito à vida”.

O que é que constatamos? Permite-se que as pessoas disparem umas contra as outras, pessoas são mortas, o povo sofre. Os governantes ajudam a violar a obrigação do Estado, não cumprem o seu dever de garantir a cada cidadão o direito à vida.

É a conjugação de tudo isto que dá sentido ao ‘Estado de direito democrático’.

O Povo agora enfrenta um problema muito sério: há armas nas mãos dos civis, há disparos de armas em muitos lugares. E também quero informar que as Forças de Intervenção apreenderam já muitas armas que não são da PNTL nem das F-FDTL.

O Estado não pode consentir isto, este sofrimento para o Povo. Algumas pessoas reclamam que ‘estamos a perder a nossa soberania’. Não é porque as Forças Internacionais tenham entrado na nossa terra, mas perdemos a nossa soberania porque nós é que fizemos o pedido e sobretudo porque nós é que demonstramos não ter capacidade para resolver os problemas surgidos, criando problemas ainda maiores.

O Estado de direito democrático não é só os órgãos de soberania estarem juntos, rirem-se uns com os outros, aparecerem na TV, dizerem aos jornais que nós estamos juntos. A Unidade Nacional não é encostarmo-nos uns aos outros para mostrar os nossos dentes ao povo. A Unidade Nacional, para ser consistente, tem de passar pelos nossos pensamentos e as nossas acções, tem de passar por ouvir a voz do nosso povo e ouvir os seus lamentos. Nós, os governantes, esquecemos sempre que: o povo pode sofrer, nós estamos bem, temos carros do Estado, temos casa do Estado, o povo sofre, continuamos a receber dinheiro, o povo passa fome, nós convidamo-nos uns aos outros para comer bem, beber vinho, o povo teme os tiros e nós andamos com uma forte segurança.

Por isso, não costumamos ouvir o lamento do povo porque estamos afastados de vós. O Povo está a sofrer, alguns têm a coragem de dizer “Guerra!”. Em vez de nós, os governantes, termos vergonha, mostramos que o sofrimento do povo não toca a nossa pele.

O Estado não pode consentir isto. O Estado não pode consentir que haja armas ilegais no nosso país. Acredito que a FRETILIN também não pode consentir todas estas coisas. Se a FRETILIN consentir, a FRETILIN quer fazer uma nova história neste querido país.

De quem é a responsabilidade? A justiça há-de determinar de quem é a responsabilidade! Todas estas coisas são muito graves! E é isso que hoje preocupa o Povo! E a própria FRETILIN tem de se preocupar com isso.

Por isso, APELO a todos que hoje ainda empunham armas, que as entreguem às Forças Internacionais e informem quem as distribuiu. Vocês não têm culpa, porque foram enganados por outras pessoas para se enterrarem. Se não entregarem essas armas, se as Forças Internacionais as encontrarem, isso significa que vocês querem guardar essas armas para matarem pessoas. Melhor, todos aqueles que receberam armas, vão entregar de imediato às Forças Internacionais. Não se esqueçam, têm de dizer quem as entregou a vós e para quê.

Já foi iniciado o Inquérito sobre a distribuição de armas a civis, assim como para saber que armas ilegais existem, de onde vieram e para quem, quem as pediu, quem as recebeu, quem na Alfândega as deixou sair. Todos os vossos nomes hão-de ser divulgados.

Aqueles que controlam a FRETILIN, ultimamente, gostam de gritar assim: vigilância máxima.

Agora, chegou o momento de eu pedir ao povo para fazer vigilância séria nos Distritos e Subdistritos, sobre aqueles que têm armas e distribuíram armas aos delegados ou a outras pessoas. Se sabem ou vêm pessoas com armas, mas que já as esconderam, informem as Forças Internacionais para eles as apreenderem, se estas pessoas não quiserem entregá-las. Se entregarem imediatamente, podem regressar a casa. Se forem teimosas, se escondem ou enterram as armas, hão-de responder perante o Tribunal, acerca da missão para a qual receberam a arma, e o motivo por que a esconderam, para matar quem.

Companheiros
Querido Povo sofredor

Acredito mesmo que nós todos já percebemos que temos de pensar no sofrimento do povo em primeiro lugar. Enquanto Presidente da República, quando me desloco ao estrangeiro, falo sempre da mesma forma: Timor, é mesmo um caso de sucesso, porém esse sucesso só durou até 20 de Maio de 2002.

O processo de governação do nosso país é que mostra se ainda temos sucesso ou ainda não.

Acredito que esta grande crise, não dá garantias de sobrevivência ao Estado de direito democrático, nós ainda vamos atravessar esta ribeira suja para erguer algo de novo no nosso país, para fazer florescer os direitos humanos, a democracia, o amor e a paz.

Membros da FRETILIN
Querido Povo sofredor

Pergunto ao Primeiro-Ministro se ele tem conhecimento sobre a distribuição de armas a alguns delegados da FRETILIN, e ele responde que não sabe. Mas, mais tarde, ele soube, e mandou o Rogério para desarmar. E o Rogério enviou um ‘sms’ para Rai Lós, para barrar o caminho dos manifestantes que estavam contra o Governo, para queimarem os carros à noite, fazerem as ‘operações comando’ e esconderem-se durante o dia.

Nas reuniões que tive com ele, o Primeiro-Ministro falou sobre os grupos armados, dizendo que têm de ser desarmados e nunca me foi dito que, pelo menos, o grupo de Rai Lós fora armado pelo Rogério.

O Primeiro-Ministro informou-me que, depois do tiroteio em Tasi Tolo, no dia 24 de Maio, no qual a FDTL capturou 4 armas da polícia, Rogério fez-lhe saber que as armas e as pessoas que morreram eram do grupo Rai Lós, lá colocado pelo próprio Rogério.

Na verdade, o Primeiro-Ministro informou o Brigadeiro Taur Matan Ruak acerca disto, que as armas da polícia não foram distribuídas pelo comando da polícia mas sim pelo Rogério. Eu penso que se o Primeiro-Ministro informou o Brigadeiro Taur, o Brigadeiro talvez não tenha chamado os civis para levarem as armas para Díli, com a FDTL, para procurar a polícia e matá-la.

Eu perguntei a ele, Primeiro-Ministro, se tinha conhecimento sobre armas ilegais que tivessem entrado no nosso país e ele respondeu que não sabia.

Todos os problemas que apareceram não são da sua responsabilidade. A conversa deles é a de empurrar sempre para os outros. Antes de ir a Portugal, pedi para resolverem o problema dos peticionários, dentro da própria instituição, isto é, dentro do quartel, para evitar que ‘lorosae loromonu’ explodisse para fora e estragasse a estabilidade e unidade nacionais.

Ele disse mesmo que o problema é um problema político e prometeu que ia fazer todos os possíveis para a sua resolução. Quando cheguei de Portugal, na internet foi divulgado que o Primeiro-Ministro afirmou que ‘não pode resolver, porque a petição não foi dirigida a ele’, para apoiar uma decisão para a saída dos peticionários.

Porém, no dia em que começou a manifestação dos peticionários, Antoninho Bianco leu um comunicado: ‘agora, o Primeiro-Ministro já pode resolver porque, pela primeira vez, oficialmente, recebeu a petição’.

Todos os problemas que apareceram, que outras pessoas provocaram, que outras pessoas queriam, são para estragar a sua imagem, para baixar a [votação da] FRETILIN nas eleições de 2007.

Como os governantes, nos órgãos de soberania sentem e mostram que os problemas que surgiram não são da sua responsabilidade, eu digo a todo Povo e à FRETILIN

Todos temem que, se Mari sair, a guerra regressa e há derramamento de sangue novamente.

Muitos estão preocupados que, se Mari cair, o Governo não funcione, as pessoas não recebam dinheiro e outras coisas. Também, se Mari cair, toda a bancada da maioria demite-se e o Parlamento deixa de funcionar.

Alguns dizem-me que temos de mostrar à Comunidade Internacional que existe uma normalidade institucional ou constitucional, senão é uma grande vergonha, se o trabalho das instituições for interrompido.

O Povo é que me escolheu. Como fui eleito, tenho de prestar contas ao Povo. Antes, de procurar satisfazer a comunidade internacional, eu tenho de curvar-me perante o Povo, sofredor, que me escolheu. O Povo pergunta-me, enquanto Presidente da República, onde está a minha responsabilidade quanto ao ‘garante da Unidade Nacional’ que se fragmentou, ‘garante da estabilidade’ que se desintegrou e ‘garante do funcionamento normal das instituições democráticas’ que paralisaram.

Como Presidente da República eleito pelo Povo, não pelo braço no ar mas por voto directo e secreto, eu tenho mesmo vergonha, porque eu não agarrei bem a minha responsabilidade. Por isso, estou pronto para assumir esta responsabilidade.

O Presidente da República é um órgão de soberania. Uma só pessoa, eu sozinho, sou o Órgão de Soberania.

Em conformidade com a Constituição, se o Presidente da República se demitir, o Presidente do Parlamento, Lu-Olo, assume o cargo de Presidente da República, promulga as leis para melhor as poder violar.

Tudo pode continuar a funcionar. O Governo continua a governar para tapar todos os buracos na cidade de Díli e também o Parlamento pode continuar a levantar o braço, para alimentar a mulher e os filhos. No Parlamento, não existem problemas: Jacob Fernandes não há-de pensar em guerra porque passa a ser o Presidente do Parlamento.

Uma coisa muito importante: este servo nunca há-de dizer que se for destituído, o povo há-de sofrer e que Timor fica arrasado. Por isso, a estabilidade continua forte e eu acredito que se os órgãos de soberania estiverem unidos, Timor avançará.

Assim, a FRETILIN é que escolhe. Não é a Direcção da FRETILIN, que é ilegítima porque viola a Lei e a Constituição.

Ou pedem responsabilidade ao vosso camarada Mari Alkatiri sobre esta grande Crise, sobre a sobrevivência do Estado de direito democrático ou, amanhã, eu próprio envio uma carta ao Parlamento nacional a informar que me demito de presidente da República porque tenho vergonha pelo que o Estado está a fazer ao povo e eu não tenho coragem para enfrentar o povo.

Finalmente, apelo à calma de todos porque neste momento difícil temos de reflectir profundamente para que esta violência e destruição não se repita no nosso país!

Espero que fiquem esclarecidos.

Mata Hari

Anónimo disse...

Obviamente o Governo não pode cair pois assim manterá as coisas até às eleições... se se demitir em bloco tem de haver eleições antecipadas? Qual é o cenário?
Neste momento a FRETILIN está ferida, não vai permitir que a coisa termine sem ganhar vantagem ou sem o acto de decisão agora não lhe trazer essa mesma ventagem. Tem todo o direito a isso apesar de que o que aconteceu até aqui foi "estado de sítio" por isso estão militares estrangeiros e não apenas forças policiais, e aí o Governo deveria era ter sido todo demitido. Não o foi... apronta-se a cabala?

Anónimo disse...

Alguém pode aqui meter as news do DN... ;)

Anónimo disse...

Do DN: Sampaio e Chissano para Dili, já!...

"Mari Alkatiri lançou ontem um apelo à intervenção da comunidade internacional em Timor-Leste, afirmando ao DN estar convencido de que só a dimensão dos ex-presidentes Jorge Sampaio e Joaquim Chissano pode - com o apoio das Nações Unidas - travar uma guerra civil no país. "O tempo está a escassear", frisou, advertindo que "tudo teria de ser muito rápido".

"A minha intenção visa contribuir para a resolução dos problemas de Timor-Leste, evitar um banho de sangue e reforçar o Estado de direito no país", acrescentou Mari Alkatiri, que ontem se desdobrou em diversos contactos a nível internacional. A começar por Kofi Annan, o secretário-geral da ONU, uma organização sem apoio da qual só muito dificilmente Sampaio e Chissano poderão a aceitar o repto que lhes foi lançado. E mesmo assim, ainda faltaria saber o que pensam disso as autoridades portuguesas e moçambicanas, já para não mencionar o próprio Xanana Gusmão, a Austrália, os EUA e até o Vaticano.

Uma tarefa de que Ian Martin se poderá encarregar quando chegar a Díli, admitindo que o enviado especial do secretário-geral da ONU ainda chegue a tempo de evitar aquilo que parece inevitável: um conflito aberto entre partidários do Presidente e do primeiro-ministro. Sobretudo se as próximas horas vierem a confirmar que a Fretilin se prepara para cerrar fileiras atrás de Alkatiri, insistindo na sua continuidade. Contrariando todos os cenários que ontem circulavam em Díli e que davam como certa a sua substituição por Ramos-Horta ou por um outro nome indicado pelo partido: Ana Pessoa ou Estanislau da Silva.

Soluções que não convencem Mari Alkatiri. "A demissão, pura e simples, do Presidente da Repíblica ou do primeiro-ministro não resolvem nada. Não contribuem para a resolução dos problemas, não evitam um banho de sangue, nem reforçam o Estado de Direito", acentuou Mari Alkatiri, para quem "só o respeito pela Constituição timorense poderá permitir um acordo entre as partes".

Interrogado sobre os mediadores desejados, o primeiro-ministro não hesitou, apontando uma "troika": Jorge Sampaio, Joaquim Chissano e Ian Martin. Três personalidades com um profundo conhecimento de Timor-Leste e que dispõem de um bom relacionamento com os principais protagonistas desta crise. Especialmente com Xanana, que nunca escondeu uma relação muito especial com os ex-Presidentes de Portugal e de Moçambique ou a admiração que nutre pelo antigo responsável da ONU em Timor-Leste, durante o período em torno do referendo que levou os timorenses à independência.

"Pelo que conheço do Presidente Xanana Gusmão, não tenho dúvidas que lhes daria ouvidos e de que eles seriam bem recebidos".

Uma avaliação que tanto Jorge Sampaio, como Ian Martin, poderão estar em condições de fazer pessoalmente, atendendo às visitas que têm efectuado nos últimos anos a Díli.

Avaliação idêntica poderá fazer igualmente Joaquim Chissano, que era titular da pasta dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, quando a Indonésia invadiu Timor-Leste em 1975, tendo Maputo sido, nessa altura, uma espécie de porto de abrigo para os exilados timorenses. Entre os quais estava o próprio Alkatari .

Uma solidariedade que se manteve ao longo dos anos e que foi até reforçada no período em que Chissano foi Presidente da República, tendo Moçambique apoiado sempre os esforços diplomáticos desenvolvidos pela resistência timorense. Designadamente os que foram desenvolvidos pelo actual titular da pasta dos Negócios Estrangeiros e da Defesa de Timor-Leste, José Ramos -Horta.

Como se isso não fosse suficiente, o DN sabe também que o ministro na Presidência para os Assuntos Diplomáticos de Moçambique, Francisco Madeira, esteve há dias por Díli.

Sendo que Madeira é particularmente próximo de Joaquim Chissano, habituado que está aos bastidores da diplomacia internacional, razão pela qual este discreto embaixador foi uma personalidade-chave do processo que conduziu aos acordos de paz com a Renamo, em 1993.

É no peso destas pessoas que o primeiro-ministro Mari Alkatiri parece apostar agora, tentando inverter a inevitabilidade de uma guerra civil. Mesmo que isso lhe custe o lugar de primeiro-ministro. Mas, aparentemente, nunca nas condições impostas por Xanana Gusmão. "Se a minha saída ajudar, estou pronto. Mas só nas condições que referi."

O que, em termos práticos, significa que a Fretilin, que dispõe de maioria no Parlamento, se prepara para desafiar o Presidente Xanana, que ainda ontem proclamava aos manifestantes que o apoiavam no centro de Díli: "Ganhámos a guerra!" "

Anónimo disse...

obg pela news que desconhecia
net completamente encravada
vejo apenas por aqui...

bem diziam alguns timorenses que quando o normal funcionamento das instituições democráticas colapsa não há cá meias medidas - demite-se o Governo em peso visto que o mentor do mesmo tem o país neste estado e não soube evitar tal colapso... mas que deveriam estar completamente e em força a ONU, pois assim o povo sentiria que poderia votar em liberdade e segurança...

está entornado o caldo mais uma vez...

Anónimo disse...

www.johnpilger.com
East Timor: the coup the world missed
In his latest column for the New Statesman, John Pilger describes the latest phase of East Timor's struggle for independence, which, in the 1990s, he went undercover to report. One of the world's newest and poorest states now faces the overweening power of its vast neighour, Australia. Once again, the prize is oil and gas.

In my 1994 film Death of a Nation there is a scene on board an aircraft flying between northern Australia and the island of Timor. A party is in progress; two men in suits are toasting each other in champagne. "This is an historically unique moment," effuses Gareth Evans, Australia's foreign affairs minister, "that is truly uniquely historical." He and his Indonesian counterpart, Ali Alatas, were celebrating the signing of the Timor Gap Treaty, which would allow Australia to exploit the oil and gas reserves in the seabed off East Timor. The ultimate prize, as Evans put it, was "zillions" of dollars.

Australia's collusion, wrote Professor Roger Clark, a world authority on the law of the sea, "is like acquiring stuff from a thief . . . the fact is that they have neither historical, nor legal, nor moral claim to East Timor and its resources". Beneath them lay a tiny nation then suffering one of the most brutal occupations of the 20th century. Enforced starvation and murder had extinguished a quarter of the population: 180,000 people. Proportionally, this was a carnage greater than that in Cambodia under Pol Pot. The United Nations Truth Commission, which has examined more than 1,000 official documents, reported in January that western governments shared responsibility for the genocide; for its part, Australia trained Indonesia's Gestapo, known as Kopassus, and its politicians and leading journalists disported themselves before the dictator Su-harto, described by the CIA as a mass murderer.

These days Australia likes to present itself as a helpful, generous neighbour of East Timor, after public opinion forced the government of John Howard to lead a UN peacekeeping force six years ago. East Timor is now an independent state, thanks to the courage of its people and a tenacious resistance led by the liberation movement Fretilin, which in 2001 swept to political power in the first democratic elections. In regional elections last year, 80 per cent of votes went to Fretilin, led by Prime Minister Mari Alkatiri, a convinced "economic nationalist", who opposes privatisation and interference by the World Bank. A secular Muslim in a largely Roman Catholic country, he is, above all, an anti-imperialist who has stood up to the bullying demands of the Howard government for an undue share of the oil and gas spoils of the Timor Gap.

On 28 April last, a section of the East Timorese army mutinied, ostensibly over pay. An eyewitness, Australian radio reporter Maryann Keady, disclosed that American and Australian officials were involved. On 7 May, Alkatiri described the riots as an attempted coup and said that "foreigners and outsiders" were trying to divide the nation. A leaked Australian Defence Force document has since revealed that Australia's "first objective" in East Timor is to "seek access" for the Australian military so that it can exercise "influence over East Timor's decision-making". A Bushite "neo-con" could not have put it better.

The opportunity for "influence" arose on 31 May, when the Howard government accepted an "invitation" by the East Timorese president, Xanana Gusmão, and foreign minister, José Ramos Horta - who oppose Alkatiri's nationalism - to send troops to Dili, the capital. This was accompanied by "our boys to the rescue" reporting in the Australian press, together with a smear campaign against Alkatiri as a "corrupt dictator". Paul Kelly, a former editor-in-chief of Rupert Murdoch's Australian, wrote: "This is a highly political intervention . . . Australia is operating as a regional power or a political hegemon that shapes security and political outcomes." Translation: Australia, like its mentor in Washington, has a divine right to change another country's government. Don Watson, a speechwriter for the former prime minister Paul Keating, the most notorious Suharto apologist, wrote, incredibly: "Life under a murderous occupation might be better than life in a failed state . . ."

Arriving with a force of 2,000, an Australian brigadier flew by helicopter straight to the headquarters of the rebel leader, Major Alfredo Reinado - not to arrest him for attempting to overthrow a democratically elected prime minister but to greet him warmly. Like other rebels, Reinado had been trained in Canberra.
John Howard is said to be pleased with his title of George W Bush's "deputy sheriff" in the South Pacific. He recently sent troops to a rebellion in the Solomon Islands, and imperial opportunities beckon in Papua New Guinea, Vanuatu and other small island nations. The sheriff will approve.

Anónimo disse...

jn.sapo.pt/2006/06/23/

"Austrália é responsável pela crise"

Orlando Castro

A crise política timorense continua ao rubro. O presidente ameça demitir-se se o primeiro-ministro não o fizer. Mas afinal o que se passa neste jovem país, rico em petróleo e gás natural mas, ao mesmo tempo, o mais pobre da região?

Alfredo Assunção, general na reserva, chefiou o Estado Maior das forças da ONU em Timor-Leste entre 2000 e 2001 e não tem dúvidas "A Austrália está na origem desta, como de anteriores, crises no país". E acrescenta: "A diferença é que agora conseguiram quebrar a união entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri".

JN|A crise que Timor-Leste vive actualmente espanta-o?

Alfredo Assunção|Não. De modo nenhum. A minha experiência, em função da actividade que desempenhei no quadro da ONU, com todas as partes envolvidas, permite-me concluir que, mais cedo ou mais tarde, algo deste tipo ia acontecer.

E o que levava a antever essa situação?

A Austrália é, como sempre foi desde que Timor-Leste se tornou independente, o principal inimigo do país. A coberto de um estranho conceito estratégico de segurança regional, sempre quis controlar tudo e todos. Até agora, não o tinha conseguido na totalidade porque Xanana Gusmão e Mari Alkatiri estavam unidos. Ao quebrar essa união, abriu caminho para tomar conta do país.

Timor é um risco para a segurança regional?

É o que eles alegam, como se fosse possível Timor-Leste pôr em perigo, agora como no futuro, a segurança regional. Na verdade, como sabem o Governo português e as Nações Unidas, o que preocupa (ou interessa) aos australianos é o petróleo e o gás. Ora, para controlar essas enormes fontes de riqueza, nada melhor do que estarem fisicamente presentes e controlarem numa atitude colonialista todo o sistema político-governativo do país.

Por outras palavras, afastar o primeiro-ministro?

Afastar este primeiro-ministro ou qualquer outro que, como Mari Alkatiri (apesar dos erros cometidos) ponha os interesses dos timorenses acima da ambição dos vizinhos - neste caso da Austrália.

Então a questão das armas, dos "esquadrões da morte", não tem consistência?

É, pelo menos, suspeita. Parece-me que só por si não justifica tanto alarido e muito menos a exigência da demissão do primeiro-ministro e a ameaça de auto-demissão do presidente. Há algo que não bate certo.

Qual é o elo que falha?

Quando estive em Timor-Leste uma segunda vez, Junho de 2003, estava a ser criada o GDR (Grupo de Desdobramento Rápido) que era uma unidade especial de combate exclusivo a actividades subversivas, sobretudo vocacionada para controlar as milícias pró-indonésias. Essa força tinha a aprovação tanto do presidente da República como do primeiro-ministro e, tanto quanto creio, é a que agora é apresentada como a força que visava eliminar adversários políticos.

Então foi, digamos, mais um facto "fabricado"?

Provavelmente. Mas que resultou, lá isso resultou. A divisão criada no seio dos militares abalou o país mas não quebrou a sintonia entre Xanana e Alkatirir. A suposta segregação entre timorenses de lados diferentes da ilha (de que nunca ouvi falar) também abalou, mas não passou disso. Finalmente conseguiram um motivo para o presidente se afastar do primeiro-ministro...

Quem conseguiu?

Os australianos. Quem mais está interessado em ser dono e senhor das riquezas de Timor-Leste? Os australianos. Apenas eles.

Anónimo disse...

Ó Mari! Essa do Jorge Sampaio ser "despachado" para aí como mediador paga direitos de autor... :-)

Ora veja:
" Devia chegar [António Costa] era na sexta...
E, já agora, levar o Jorge Sampaio com ele para ver se ele consegue pôs os dois "cabeças duras" a falar direito!

Sexta-feira, Junho 23, 2006 4:59:33 AM"

Anónimo disse...

Oh Sampaio, oh Chissano... digam aos meninos que o povo é que deve ser soberano, peçam já forças internacionais e depois eleições já! Este Governo mantém obviamente a mesma posição de sempre, joga com aquilo que Xanana Gusmão melhor sabe fazer e que permite assim a um Governo que disse que estaria no Poder 50/100anos e a não ser assim haveria sangue.

Para não haver mais sangue seja por este género de ameaças seja pelos que se vão revoltar contra esta postura de autoritarismo do Governo defendida na Cnstituição... tropas da ONU JÁ EM TIMOR-LESTE! O estado de sítio já estava instalado à muito. Demita este Governo Xanana pois o recaos vem aí. Reciclar já não dá, nunca deu, 30 anos depois não tendo a própria FRETILIN tomado a atitude de reciclagem necessária, eis que se mostra completamente aberta à confrontação utilizando o instrumento que ela própria violou.

Vamos então ver qual é o próximo passo. Palpites: Xanana Gusmão se Mari Alkatiri não se demitir, demite-se? Se se demitir, esquecendo a confusão a que isso possa levar (por agora), o Presidente do Parlamento sobe a PR... isto no dito quadro Constitucional que tem andado por aqui, certo? Xanana perde e rebenta tudo.

Xanana não se demite e demite o Governo. Pode? Para mim era o que deveria já ter feito à muito pelo estado de sítio claro em que se encontra Timor-Leste e porque claramente o anormal funcionamento das instituições do país é evidente.

Um barril de pólvora completo.

O incrível é toda esta situação política fazer com que se esqueçam daqueles que deslocados estão e em condições que não mesmo nada saudáveis. Não seria isto de elementar tomada de posição da ONU. Estão claramente uns xicos espertos a tudo fazer no joguinho do poder.

Xanana, sabemos que ouves o Povo mas para gente desta o melhor é dares ao Povo a arma para os colocarem no trilho certo. O POVO É SOBERANO! Elegeu a FRETILIN para a Constituinte, que faça a sua escolha através de eleições.

Que irá mais acontecer?

Anónimo disse...

O Margarida traduz esta que e mesmo de abrir os vossos olhos!!


Lobato implicates Alkatiri in hit squad claims
By Anne Barker in Dili and Reuters

East Timor's former interior minister, Rogerio Lobato, has directly implicated Prime Minister Mari Alkatiri in allegations that they recruited a civilian militia group.

Lobato faces four charges over allegations he supplied weapons to a civilian hit squad to eliminate opponents of Dr Alkatiri.

The group's leader, Colonel Railos, has alleged that Lobato was acting on the orders of the Prime Minister and that he and his men met Dr Alkatiri on May 7 when the matter was discussed.

The ABC has confirmed that Lobato's testimony in court corroborates Col Railos's story.

He told investigators that Dr Alkatiri had full knowledge of the plan, something the Prime Minister has consistently denied.

Dr Alkatiri is tonight resisting calls for his resignation, despite a threat from President Xanana Gusmao that he will resign instead, if the Prime Minister refuses.

The Foreign Minister, Alexander Downer, says the extent of President Gusmao's political power is unclear under East Timor's Constitution.

"In this Constitution, no-one has particular, overwhelming power," he said.

"So it's a balance of power Constitution, which does make in a situation like this, the whole matter, hard to resolve legally and constitutionally."

He says Australia has no control over whether or not Dr Alkatiri stands down during investigations into the allegations against him.

"What links there were between what he allegedly did and the Prime Minister and how true some of these claims being made against the Prime Minister are, that's a matter the East Timorese are going to have to investigate," he said.

Anónimo disse...

East Timor's main enemy Aust: General. 24/06/2006. ABC News Online

http://www.abc.net.au/news/newsitems/200606/s1670775.htm]


Last Update: Saturday, June 24, 2006. 6:22am (AEST)

Main enemy: The General has accused Australia of provoking the crisis to improve access to oil resources. [File photo] (Reuters)

East Timor's main enemy Aust: General
A retired Portuguese general who once commanded a United Nations force in East Timor claims Australia has provoked the crisis there in order to take control of the fledgling country.

"What interests the Australians most is oil and gas," Alfredo Assuncao said in an interview with the Portuguese newspaper Jornal de Noticias.

"So what better way to control these enormously rich resources than to be physically present and control the country's political system?"

More than 2,200 troops and police from Australia, New Zealand, Malaysia and Portugal are currently in the former Portuguese colony.

They are struggling to restore order after an explosion of violence triggered by East Timor Prime Minister Mari Alkatiri's decision in March to sack 600 soldiers.

Dr Alkatiri is locked in a power struggle with President Xanana Gusmao.

'Main enemy'

General Assuncao, who was chief of staff of a UN peacekeeping force in East Timor in 2000-01, describes Australia as "the main enemy of the country".

General Assuncao says Australian has always wanted to "control everything and everyone" in East Timor.

He says it has been frustrated in this only because Mr Gusmao and Dr Alkatiri have previously shown a united front.

"But the breakup of this union is opening the way for them to take control of the country," the newspaper quoted him as saying.

He says Australia is trying to get rid of Dr Alkatiri "and anyone else putting East Timor interests above the ambitions of its neighbours".

Separately, Portuguese Secretary of State for European Affairs Fernando Neves said: "Australia should not get involved in the domestic affairs of East Timor. Neither Australia, nor Portugal.

"Institutional questions in East Timor must be settled by the East Timorese."

'Occupation force'

Australia and Portugal have disagreed previously over their presence in East Timor.

Earlier this month Portugal initially refused to put members of its National Republican Guard under the command of Australian forces in the country until an agreement was reached.

The Portuguese Communist Party has accused Australia of being an "occupation force" in East Timor.

After the departure of the Portuguese, East Timor was occupied by Indonesia between 1975 and 1999, then came under direct UN administration until independence in 2002.

Though the poorest country of south-east Asia, it has vast reserves of oil and gas beneath the Timor Sea.

Last January, East Timor and Australia signed a deal to share development of these fields following years of negotiation.

- AFP

Anónimo disse...

Protests stop Alkatiri attending Fretilin meeting. 24/06/2006. ABC News Online

http://www.abc.net.au/news/newsitems/200606/s1670965.htm]


Last Update: Saturday, June 24, 2006. 2:01pm (AEST)

Blocked in ... Dr Mari Alkatiri has not attended a Fretilin meeting because of protests outside his house. (ABC TV)

Protests stop Alkatiri attending Fretilin meeting
By Anne Barker in Dili

Protesters in the East Timorese capital Dili have prevented a meeting of the governing Fretilin Party, which is due to consider the future of the Prime Minister Mari Alkatiri.

A convoy of at least 20 trucks and buses crammed with people is parked on the road blocking the entrance of Fretilin's headquarters in Dili.

A few kilometres away more protesters are camped outside the Prime Minister's house.

Australian troops and Portuguese police are patrolling the streets and Black Hawk helicopters have circled all morning in case the crowd turns violent.

Delegates at the meeting say Mr Alkatiri has been unable or unwilling to chance his luck through the crowd.

One official is angry that Australian forces are not doing more to disperse the masses.

The protesters are demanding the Prime Minister's resignation, saying they no longer trust him as their leader.

Anónimo disse...

ETimor's ruling party gathers as president hopes to put end to crisis

Weekend • June 24, 2006

East Timor's ruling party is gathering for a meeting that would allow them to name a new prime minister, as President Xanana Gusmao expressed hope that a weeks-long crisis could soon end.

Thousands of Gusmao's supporters rallied outside the Fretilin party headquarters, chanting slogans against Prime Minister Mari Alkatiri, who has refused demands to step down to end the crisis triggered by unrest last month.

But a member of Fretilin's central committee said not enough party members were present to open the meeting, which was ordered by Gusmao earlier this week because he said the party leaders -- including Alkatiri -- had lost legitimacy.

"We are trying to convene a meeting, but we don't have enough people," said Jose Lobato. Some members appeared simply not to have turned up while others were blocked by the huge mass of protestors outside.

Gusmao had said he would resign himself on Friday if Alkatiri did not budge, but relented when thousands took to the streets demanding he stay on.

East Timor was gripped by violence in May as rival factions of the country's security forces battled each other and gangs waged warfare on the streets, leading to the deaths of at least 21 people.

More than 2,200 foreign peacekeepers were called in to restore calm and more than 145,000 East Timorese have fled their homes in fear for their lives. The unrest stemmed from Alkatiri sacking some 600 soldiers in March.

Meanwhile, Gusmao was at his home in the hills on Dili's outskirts on Saturday, where he accepted seven rifles handed in from civilians, saying he expected more people to turn in their weapons.

"The priority of this government is to have all the weapons in the hands of civilians returned to government hands... I want to make sure every civilian will hand over their weapons," he said.

Gusmao said he had visited the makeshift camps where refugees are staying and was told the presence of guns was their main fear.

"They are afraid," he said.

The president turned the weapons over to East Timor's prosecutor-general, who was also at Gusmao's home.

Gusmao said he would check to see whether the rifles were among those thought to have been given by sacked interior minister Rogerio Lobato to civilians allegedly tasked with assassinating Alkatiri's political opponents.

A documentary that purported to show Alkatiri's involvement in arming the hit squad with Lobato led to the president demanding the prime minister step down earlier this week.

Lobato faces charges carrying a 15-year jail term.

Asked about the planned Fretilin meeting, Gusmao said: "I believe they are aware of the problem of the people and they will make a decision."

Asked if he believed the crisis was going to end Saturday, he said: "It takes time, but I'm very hopeful we will end it very soon."

The popular president, who received a telephone call from UN Secretary General Kofi Annan asking him to stay and was buoyed by thousands of supporters on the streets, said he had wanted to tender his resignation Friday.

But he said parliament was closed when he arrived, and the crowd had threatened to storm the building.

Gusmao addressed his chanting and cheering supporters outside the government palace late Friday, telling them that their leaders had made mistakes.

"We are elected by all of you and we have made a mistake because all of you have suffered and we have failed to provide stability and security for you," he said as he urged people to remain calm and not stoke any more violence.

"Don't kill even a single ant. Do not destroy anything." — AFP

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Anónimo disse...

Xanana Gusmão está preocupado, não quer a FRETILIN: quer o poder absoluto!

A FRETILIN não tem estado a facilitar as coisas a australianos e aos poucos* timorenses que se manifestam contra Mari Alkatiri.

Há, no entanto, aqui vários problemas.

Primeiro acharam que seria massacrando Mari Alkatiri que conseguiriam alterar as coisas. Agora perceberam que Mari Alkatiri não está agarrado ao Poder, mas sim agarrado à Constituição da República.

E perceberam também que a FRETILIN sabe continuar a respeitar a Constituição da República e que o fará sempre - contrariando a vontade de Xanana Gusmão e seus pares.

Surge o independente ministro José Ramos Horta, não surpreendentemente, a posicionar-se para reentrar na FRETILIN, para tomar o poder por dentro - quiçá para aceder a primeiro-ministro sem ser por iniciativa presidencial -, controlar o partido e mudar o rumo do mesmo mais para os interesses de Camberra e de Washington -, e até já "autorizou" o seu embaixador americano a regressar a Dili.

Xanana Gusmão cometeu outro erro estratégico no processo do assalto ao poder- e aqui não leva aspas pois é mesmo de assalto ao poder que se trata em Timor -, na sua provincial declaração deixou escapar da primeira à última linha que o que se pretende é a decapitação da FRETILIN e a sua anulação política e partidária.

Xanana Gusmão, que esteve e está, desde a primeira hora, numa política de enfraquecimento da FRETILIN - criando** partidos políticos e estímulando a sua acção -, tem agora o maior desafio da sua estratégia comum a José Ramos Horta e aos amigos americanos e australianos, que é o de provocar o declínio do maior partido timorense.

A execução do plano de aniquilação do partido político FRETILIN ainda está em marcha.

O passo seguinte é o que está a acontecer.

A FRETILIN percebeu desde o início a estratégia de Xanana Gusmão. Conduziu as coisas até a ponto em que estamos.

Xanana Gusmão, provinciano que é, mal preparado e mal aconselhado, perdeu as estribeiras e veio a público gritar brejeiramente, em tom e conteúdo bulhento, contra a FRETILIN e pessoas às quais o país deve muito, como é o caso do comandante Lu'olo.

O plano seguinte também já está em marcha.

Xanana Gusmão, ontem de forma burlesca, dirigiu-se aos seus homens - aqueles que ele tem controlado desde a primeira hora e protegido -, em pleno centro da cidade, protegidos pelos militares australianos***, para lhes agradecer a dedicação, usando as suas palavras, a "esta guerra".

Agora a hora é de passar à destruição da FRETILIN.
As tropas pseudo-políticas (a quem Xanana vai ter da pagar as promessas, pois caso contrário ...), de Xanana Gusmão, com Fernando de Araújo, Leandro Isaac, Manuel Tilman, Mário Carrascalão, Ângela Carrascalão, Lúcia Lobato, Joe Gonçalves, entre tantos outros pela primeira vez, nestes últimos anos podem andar a gritar vitória com os manifestantes pelas ruas de Díli.

Provocar a FRETILIN para uma reacção violenta ao circo montado em seu torno é o objectivo dos manifestantes, coordenados com a chefia máxima, de forma a provocar o governo de iniciativa presidencial. De outra forma, na forma actual, será a FRETILIN a decidir quem e como governa. A Constituição está viva e a FRETLIN, ao contrário do Presidente da República continua a ser o único pilar que sustém a Democracia, a Soberania ea Unidade Nacional.

Xanana Gusmão e José Ramos Horta sabem-no e estão a desesperar, estão emparedados.

A ofensiva seguinte está aí, os desertores passaram a Frente Nacional - com o sorriso de Xanana Gusmão - e já tomaram várias medidas, como a do encerrar o Parlamento Nacional e tomar conta dos movimentos na cidade de Dili.

* Poucos manifestantes, duas a três mil pessoas não têm "quórum" para a representação de um Povo Soberano e Democrata;

** sobre a consituição do PD e do PSD todos sabem dentro e fóra destes partidos como se processou o seu nascimento nos bastidores e o contributo que o "fotógrafo" deu ao surgir nos comícios como que por acaso;

***A entrada dos militares australianos era fundamental. De tal forma, que José Ramos Horta, com o "cc" de Xanana Gusmão, assinou o acordo, à revelia do governo ao qual pertence, dotando de poderes totais as tropas australianas - há sempre um preço a pagar nestas coisas.
Sem as tropas inoperantes, mas a comandar internamente, Xanana Gusmão e José Ramos Horta não tinham conseguido levar o processo até ao ponto em que está.

Reparem como os manifestantes foram introduzidos na cidade com o apoio das tropas e a sua segurança é assegurada pelos militares. reparem como Xanana Gusmão não respeita os seus pares e "deixa" promover provocações em caravana automóvel a casa do primeiro-ministro e em frente às instalações da FRETILIN.

Enquanto isso, nas estradas do país, as tropas australianas estão a bloquear os militantes da FRETILIN que organizados por si e em grupos pretendem dirigir-se a Dili.

Conclusão prévia:

Mesmo sem Mari a dirigir o Governo, vitimado por um golpe de Estado presidencial, a FRETILIN continuará a ser o partido que formou o governo em funções, com ou sem Mari Alkatiri.

Sabemos, todos nós ,que as coisas não ficam por aqui.

Xanana Gusmão, os amigos e a Austrália não estão satisfeitos - não esquecendo os USA, que já manifestaram todo o apoio à Austrália nas suas decisões para com Timor-Leste -, daí que se esperem mais ofensivas contra a pacificidade da FRETILIN, hoje, amanhã, mas não para sempre - desde que José Ramos Horta consiga entrar lá para dentro.

Anónimo disse...

Vejam também a notícia da ABC que tomei a iniciativa de traduzir, mas podem ler o original. (link abaixo).
Nao se preocupe margarida não quero a sua posição de tradutora oficial do timor-online. Estou somente a dar-lhe uma pequena ajuda.


Tradução:

Lobato implica Alkatiri nas alegações do “esquadrão da morte”

By Anne Barker in Dili and Reuters

O antigo ministro do interior de Timor-Leste, Rogerio Lobato, implicou diretamente o Primeiro Ministro Mari Alkatiri nas alegações de que eles tinha recrutado um grupo de milicias civis.

Lobato encara quatro acusações sobre alegações de ter fornecido armas à um esquadrão de morte civil para eliminar os oponentes do Dr Alkatiri.

O líder do grupo, Coronel Railos, alegou que Lobato estivera a agir sob ordens do Primeiro Ministro e que ele e o seus homens tinham-se encontrado com o Dr. Alkatiri a 7 de Maio, altura em que foi discutido essa questão.

A ABC confirmou já que o testemunho de Lobato em tribunal confirma a história de Coronel Railos.

Ele disse aos investigadores que o Dr Alkatiri tinha total conhecimento do plano, algo que o Primeiro Ministro tem consistentemente vindo a negar.

Esta noite, o Dr Alkatiri resiste a pedidos de sua resignação apesar de uma ameaça do Presidente Xanana Gusmão de que iria demitir-se caso o Primeiro Ministro se recuse a o fazer.

O Ministro de Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, disse não ser claro o alcance dos poderes políticos do Presidente Gusmão na constituição de Timor-Leste.

"Nesta Constituição, nenhum tem o poder especial ou esmagador," retorquiu.

"Portanto é uma Constituição de Balanço do Poder, o que faz com que uma situação destas, toda a questão, seja difícil de resolver legal e constitucionalmente."

Ele diz que a Australia não tem algum controle sobre a possibilidade de o Dr Alkatiri se resignar ou não durante as investigações sobre as alegações contra a sua pessoa.

"Quais ligações existem entre o que ele alegadamente fez e o Primeiro Ministro e quão verdadeiras são algumas dessas alegações feitas contra o Primeiro Ministro, são questões que os Timorenses irão ter que investigar,” disse.

http://www.abc.net.au/news/newsitems/200606/s1670626.htm

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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