quinta-feira, junho 01, 2006

Xanana Gusmão apela à unidade nacional e restauração da paz

Díli, 01 Jun (Lusa) - O Presidente da República de Timor-Leste, Xanana Gusmão, apelou hoje à polícia, à juventude e às autoridades locais para que cola borem na restauração da paz e ordem em Díli, e pediu o fim das distinções étnica s no país.

"Espero que todos se voltem a unir e ultrapassem todo o mal que já foi feito. Espero que se volte a criar uma unidade nacional", disse Xanana Gusmão, e m discurso perante sete dezenas de efectivos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) que se voltaram a apresentar ao serviço prontos para, dizem, actuar nas o perações de imposição de ordem pública na capital timorense.

Xanana Gusmão apelou assim ao fim das alegadas divisões étnicas entre o s timorenses da região oriental do país (que se auto-denominam "Lorosae") e da r egião ocidental (que se auto-denominam "Loromonu"), que têm servido de justifica ção para os confrontos entre grupos de civis armados na capital timorense que fi zeram mais de duas dezenas de mortos desde 24 de Maio, entre guerras nas ruas e ataques incendiários a casas.

"Vão, tentem perguntar aos jovens que estão e que fazem os ataques e pe rguntem porque é que eles querem queimar esta terra, porque é que querem fomenta r o ódio entre nós", acrescentou o Presidente, perante os polícias, autoridades locais de diversas freguesias da cidade (os "Chefes de Suko"), governadores de s ub-distrito e representantes de grupos de jovens.

"Acabem, acabem com as queimadas, porque se hoje queimam as casas de un s, amanhã são as vossas casas que serão queimadas. Se fossem vocês os jovens a f azer a vigilância nos vossos bairros, tenho a certeza de que não haveria incêndi os", disse Xanana Gusmão perante o grupo reunido no quartel-general da PNTL, ond e havia elementos que choravam.

Xanana Gusmão, que disse esperar a chegada das forças portuguesas da GN R, acrescentou que, entretanto, são os polícias e os jovens timorenses que têm d e "começar primeiro a assegurar a segurança nas zonas onde moram." "Nos sítios onde surgem problemas étnicos e divisões entre Lorosae e Lo romonu, a polícia tem de trabalhar em conjunto com a juventude e todos os membro s da comunidade, a começar pelos Chefes de Suko", disse o Presidente.

"Eu sei que as vocês sofrem. Andei por muitos sítios e vi casas queimad as, sei que vocês à noite não dormem, mas hoje temos de nos esquecer de nós próp rios e tentar salvar as crianças, as famílias, o povo, que hoje estão refugiadas sem água, sem comida, sem leite para as crianças", apelou o Xanana Gusmão.
Segundo dados das Nações Unidas, os confrontos que se estenderam a quas e todas os bairros da cidade fizeram já cerca de 70 mil deslocados, que se agrup am em campos improvisados.

De acordo com Kym Smithies, porta-voz das Nações Unidas, "os maiores de safios que enfrentam os campos de deslocados são a falta de água e comida, bem c omo os cuidados de saúde materna e de saúde infantil, uma vez que há muitas cria nças nos campos, onde se registou mesmo alguns partos." RBV.
Lusa/Fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Timor-Leste: Ministros da Defesa e do Interior demitiram-se

Lisboa, 01 Jun (Lusa) - Os ministros timorenses da Defesa, Roque Rodrig ues, e do Interior, Rogério Lobato, apresentaram hoje a demissão, que foi aceite pelo primeiro-ministro, disse à Lusa fonte do gabinete de Mari Alkatiri.
Os ministros apresentaram a demissão no decorrer de uma reunião extraor dinária do Conselho de Ministros, que começou cerca das 10:00 (02:00 em Lisboa) em Díli.
A reunião foi hoje de manhã interrompida durante alguns minutos mas con tinua a decorrer, não estando previsto qualquer comunicado no final do encontro, disse a mesma fonte.
No final de uma reunião do Conselho de Estado de Timor-Leste, que decor reu segunda e terça-feira, o Presidente da República, Xanana Gusmão, sugeriu a d emissão dos dois responsáveis.
Timor-Leste vive os seus piores momentos de tensão, instabilidade e vio lência desde que se tornou independente, há quatro anos, na sequencia da eclosão , há mais de um mês, de uma crise político-militar que tem sido marcada por divi sões no seio das Forças Armadas e da Polícia Nacional, e pelo mal estar entre o Presidente da República, Xanana Gusmão, e o chefe do governo, Mari Alkatiri.
Nos últimos dias, confrontos, principalmente em Díli e arredores, de mi litares contra militares, e entre estes e elementos do corpo da Polícia Nacional , envolvendo populares, provocaram já vários mortos e feridos e criaram uma situ ação de instabilidade e insegurança generalizadas no país, cujas autoridades tiv eram de apelar à ajuda militar da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal.
Portugal vai enviar sexta-feira uma companhia de 120 efectivos da GNR p ara o país, com a missão de ajudar à manutenção da ordem pública, depois do seu restabelecimento, e de dar formação às forças de segurança de Timor-leste.
EL/FP.
Lusa/fim

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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