quinta-feira, julho 13, 2006

O 'arsenal'...

Ruben de Carvalho, Jornalista, Diário de Notícias, 13/07/06

O noticiário sobre o golpe de Estado verificado em Timor trouxe uma série de elementos habituais neste tipo de operações, inteiramente recorrentes na máscara de desinformação que sempre se pretende montar.

Um dos mais típicos é o aparecimento de alegados "esquadrões da morte" ou entidades semelhantes, invariavelmente vocacionadas para assassínios em massa de opositores políticos. Há três dezenas de anos Portugal foi objecto de um caso que se tornou clássico, a mirífica "matança da Páscoa" que, segundo os golpistas do 11 de Março de 1975, os "comunistas" preparariam e que visava liquidar centenas de pessoas e para a qual jamais foi apresentada, já se vê, a mais pálida sustentação.

Com mais do que suspeita cobertura da imprensa da Austrália, igualmente se "descobriu" que o Governo chefiado por Mari Alkatiri teria constituído vários de tais "esquadrões", além de "distribuir armas a civis", outra atoarda que se pode encontrar na preparação de todos os golpes reaccionários, dos generais brasileiros de 1964 à Indonésia de Suharto ou ao Chile de Pinochet.

Um desses "esquadrões", chefiados por um tal Vicente da Conceição, "Railós", tornou-se peça central de toda esta encenação, ao ponto de passar a contar com guarda de corpo e outras mordomias providenciadas pelos militares australianos.

O último episódio envolvendo o tal mortífero "esquadrão" desenvolveu-se há poucos dias e brada aos céus.

Segundo os jornais, com pompa e circunstância aproveitada para anunciar a possível instauração de um processo ao ex-primeiro-ministro Alkatiri, o tal "Railós" fez entrega das armas que teria recebido do ex-ministro do Interior, Rafael Lobato, com vistas, já se vê, ao desencadear do nefando projecto de assassínio de adversários políticos da Fretilin.

Foram entregues - 11 armas! E talvez para disfarçar o ridículo, a comunicação social informa - sem se rir ” - que são 11 armas” automáticas! Fica assim esclarecido que não se tratava de trabucos de pederneira ou de bacamartes à João Brandão. E são 11. E, possivelmente, terá também sido entregue um canivete suíço.

Parece uma farsa, mas o que se passa em Timor está bem mais perto de parecer uma tragédia.

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1 comentário:

Anónimo disse...

MAIS DO QUE UMA TRAGÉDIA

O que se passa em Timor é mais do que uma tragédia!

Mortos, deslocados, cidadãos despojados de forma violenta dos seus bens, crianças expostas à violência para que os grandes líderes da Nação e a Igreja se regozigem com a vitória ignorando completamente O SOFRIMENTO ALHEIO.

E um Presidente da República que não esconde o desprezo absoluto pela sua primeira obrigação - ASSEGURAR A PAZ, A SEGURANÇA E SOBERANIA DO PAÍS.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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