quarta-feira, outubro 18, 2006

D. Ximenes Belo em Díli com mensagem solidariedade do Papa

Díli, 18 Out (Lusa) - O bispo D. Carlos Ximenes Belo chegou hoje a Díli com uma mensagem de solidariedade do Papa Bento XVI para com os timorenses, os quais exortou a que procurem a reconciliação para ultrapassar a crise em Timor-Leste.

Recebido calorosamente por dezenas de pessoas no aeroporto de Díli, D. Ximenes Belo salientou que não se deslocou a Timor-Leste para "acusar ninguém".

"Não trago uma solução política para Timor. Não vim para acusar ninguém , nem os grandes nem os pequenos", frisou, numa declaração de duas páginas manuscritas que leu em tétum, sem direito a perguntas dos jornalistas.

"Não vim para discutir com os governantes ou com os líderes partidários Não vim para julgar ninguém", acentuou.

"Venho com a bênção do papa Bento XVI para manifestar a todos a solidariedade do Pontífice e o seu pesar pelos que residem em campos de refugiados", disse, numa referência às dezenas de milhares de pessoas deslocadas devido à violência que eclodiu no país em Abril.

"A solidariedade do Santo Padre é também para aqueles que perderem os seus entes queridos durante os distúrbios", acrescentou o antigo administrador apostólico de Díli, que vai participar num seminário internacional na capital timo rense, a 21 de Outubro.

Sem se referir directamente à crise político-militar desencadeada em Abril em Timor-Leste, D. Ximenes Belo lamentou que apesar de ter sido laureado com o Prémio Nobel da Paz, nada pôde fazer para impedir a violência que a partir de então se registou.

"É verdade. Eu sou Prémio Nobel da Paz, mas o meu povo, a minha terra, não tem paz. [Os timorenses] não sabem perdoar. Não têm sentido de respeito. Não há respeito, tolerância e diálogo", destacou, considerando que todos devem fazer o que está ao seu alcance para que Timor-Leste continue unido.

Mais de três dezenas de pessoas foram mortas em Abril e Maio, em confrontos que envolveram efectivos das forças armadas e da polícia e grupos de civis, na sequência da crise político-militar que eclodiu no país.

Num relatório divulgado terça-feira, uma comissão da ONU que investigou a violência ocorrida em Abril e Maio recomendou a abertura de processos judiciais contra dezenas de pessoas, incluindo os ex-ministro Rogério Lobato (Interior) e Roque Rodrigues (Defesa), o comandante das forças armadas, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, e o major Alfredo Reinado.

A comissão liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro recomendou ai nda uma investigação adicional para apurar eventuais responsabilidades criminais do ex-primeiro-ministro e líder da FRETILIN, Mari Alkatiri, na distribuição de armas a civis.

Carlos Filipe Ximenes Belo, que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1996 j untamente com o actual primeiro-ministro, José Ramos-Horta, pela defesa do povo timorense, pediu a demissão do cargo de administrador apostólico de Díli, por ra zões de saúde, a 26 de Novembro de 2002, poucos meses após a independência do pa ís, reconhecida pela comunidade internacional em 20 de Maio desse ano.

Após a resignação, D. Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tr atamento médico. Com a saúde restabelecida, em meados de 2004 Ximenes Belo aceit ou a ordem da Santa Sé para fazer trabalho de missionação na diocese de Maputo, como membro da congregação dos Salesianos em Moçambique.

Ximenes Belo nasceu a 03 de Fevereiro de 1948, em Vialacama, uma aldeia em Vemasse, distrito de Baucau.

Estudou nas escolas missionárias em Baucau e Ossu, completando o seminá rio menor de Dare, em 1973. Em 1968, partiu para Lisboa para frequentar o liceu salesiano do Estoril.

Regressou a Díli em 1974, para ensinar no Colégio Salesiano de Fatumaca e a Lisboa em 1976, para estudar Teologia, durante três anos, na Universidade C atólica.

Ximenes Belo foi depois enviado para Roma, onde prosseguiu os seus estu dos eclesiásticos. De regresso a Portugal, em 1980, foi ordenado padre. Um ano d epois, voltou a Timor-Leste, onde foi nomeado director do Colégio de Fatumaca.

Em 1983, o Papa João Paulo II nomeou-o administrador da Diocese de Díli e em 1988 foi ordenado bispo de Lorium.

Durante a ocupação indonésia, condenou publicamente a crueldade e o abuso das forças armadas, a guerra psicológica e as constantes violações dos direitos humanos, apesar de ter a sua casa vigiada e o telefone sob escuta.

EL/PNG-Lusa/Fim
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2 comentários:

Anónimo disse...

Bem vindo querido amigo, faz por cá muita falta.

Anónimo disse...

La presencia de Carlos Belo en Timor es muy importante justamnete en este momento de crisis para animar y dialogar con todos buscar una mejor solución duradera. Bienvenido querido amigo!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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