terça-feira, novembro 14, 2006

Massacre assinalado sem Xanana Gusmão

Diário de Notícias, 13/11/06

A crise que Timor-Leste atravessa condicionou ontem as comemorações do 15.º aniversário do massacre de Santa Cruz - acção repressiva indonésia que voltou a chamar a atenção do mundo para a situação de ocupação naquela antiga colónia portuguesa.

A ocasião ficou marcada por uma fraca afluência de populares, em relação ao ano passado, mas também de convidados, entre os quais o próprio chefe do Estado timorense, Xanana Gusmão, de acordo com a agência Lusa.

As comemorações iniciaram-se com a celebração da missa, tal como há 15 anos, pelo mesmo padre, actualmente o bispo de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva. E prosseguiram com uma marcha em direcção ao cemitério de Santa Cruz, local onde, em 1991, pelo menos 271 pessoas morreram e 382 ficaram feridas. Até hoje continuam desaparecidas outras 250.

As cerimónias realizaram-se de acordo com o programa estabelecido, mas dos discursos previstos apenas se ouviu o do vice-primeiro-ministro, Estanislau da Silva, em representação do chefe do Governo, José Ramos-Horta (de visita a Baucau/Leste do país). Além de Xanana, também não compareceram outros membros do Executivo timorense e embaixadores, tendo a comissão organizadora justificado a fraca afluência com a crise.

As celebrações foram discretamente acompanhadas por efectivos da polícia das Nações Unidas e por militares australianos - no país após a crise que começou em Abril e levou à substituição de Mari Alkatiri à frente do Governo timorense.

No interior do cemitério, três homens com uma fotografia emoldurada prestavam a sua homenagem às vítimas do massacre, mas igualmente a Sebastião Gomes, cujas cerimónias fúnebres, realizadas a 12 de Novembro de 1991, espoletaram a repressão indonésia.

"Eu recebi a carta [de Xanana Gusmão] a 8 [de Novembro] e a 10 fizemos uma reunião da rede clandestina para preparar a manifestação. Na noite anterior ao massacre confirmei que tudo estava preparado", contou à Lusa Gregório Saldanha, o organizador da marcha em homenagem de Sebastião Gomes.

O jovem timorense tinha sido morto no dia 28 de Outubro, durante um ataque à igreja de Motael levado a cabo pelas milícias timorenses pró-integração, que contavam com a presença de agentes da Intel, os serviços de contra-espionagem da Indonésia.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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