sexta-feira, novembro 17, 2006

Reitor vincou importância língua portuguesa em dia de aniversário da universidade


Díli, 17 Nov (Lusa) - A importância da língua portuguesa como língua de in strução foi hoje destacada em declarações à Lusa pelo Reitor da Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL), no dia em que a instituição completa seis anos de existência.

Benjamim Corte-Real destacou como uma das prioridades da única universidade estatal timorense a "imperativa urgência dos professores começarem a adquirir competências na apresentação das matérias em língua portuguesa".

"Pelo simples facto de não conseguirmos preparar os alunos de forma plena apenas com o tétum, que para nós é importante enquanto auxiliar didáctico mas que não podemos sobrecarregar como veículo didáctico principal", explicou.

Com cerca de 8.000 alunos, distribuídos por sete faculdades e 25 departamentos, na UNTL lecciona-se ainda em "bahasa" indonésio, mas o objectivo é que a partir de 2013 todos os cursos sejam ministrados em língua portuguesa.

Ao tétum, a outra língua oficial em Timor-Leste, está reservado o importante papel de auxiliar didáctico, como prevê a Lei Orgânica do Ministério da Educação timorense, aprovada recentemente em Conselho de Ministros e que aguarda promulgação do Presidente da República.

Benjamim Corte-Real defende que atribuir no imediato responsabilidades acrescidas ao tétum seria um modo de fragilizar essa língua.

"Para nós (a aprovação da Lei Orgânica) traz-nos muito mais benefício e confiança. Porque não podemos vincular um sector, tão importante e tão fundamental para a vida do país, a uma língua que ainda apresenta certos limites visíveis e a imprecisão do seu desempenho numa área que exige rigor e exactidão", salientou.

"Estaríamos talvez a sobrecarregar a língua de uma maneira precoce. E isso não queremos", frisou.

Para Benjamim Corte-Real, o objectivo é desenvolver o tétum, garantindo-lh e um "papel adequado ao seu estágio de desenvolvimento".

As sete faculdades existentes na UNTL são Educação, Agricultura, Engenharia Técnica, Economia, Ciências Sociais e Políticas, Medicina e Direito.

Praticamente a par da criação da UNTL, a Fundação das Universidades Portuguesas (FUP) - que congrega as Universidades públicas e a Universidade Católica -, com o apoio da Cooperação Portuguesa, tem vindo a colaborar de forma intensa c om Timor-Leste.

Vítor Ambrósio, coordenador do projecto da FUP, que tem cerca de cinco anos, disse à Lusa que actualmente se encontram 26 docentes portugueses a leccionar na UNTL.

"O que distingue este projecto, relativamente às outras faculdades, é que o ensino é todo ministrado em língua portuguesa", salientou.

Os professores enviados ao abrigo do projecto da FUP leccionam seis cursos: ciências agrárias, engenharia electrotécnica, engenharia informática, economia e gestão, língua portuguesa e direito.

No total são 1.000 alunos que frequentam os cursos em língua portuguesa.

O apoio da FUP, através da Cooperação Portuguesa, é ainda visível na ida de docentes e alunos timorenses a Portugal.

A competição ditada pelas cerca de 20 universidades privadas que subsistem em Timor-Leste tem sido ganha pelos alunos que frequentam os cursos ministrados ao abrigo do projecto da FUP.

"Grande parte dos alunos finalistas trabalham já em empresas ou na função pública timorense. É para nós um barómetro com sinais positivos", acrescentou Ví tor Ambrósio.

O 6º aniversário da criação da UNTL foi comemorado hoje no Ginásio, no interior do "campus" universitário, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro José Ramos-Horta.

Durante a cerimónia, Benjamim Corte-Real recebeu das mãos do embaixador de Portugal o certificado da condecoração de Grande Oficial da Ordem de Mérito, com que foi agraciado em Fevereiro, por ocasião da visita oficial do então Presidente Jorge Sampaio.

EL-Lusa/Fim

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2 comentários:

Anónimo disse...

Timor-Leste sem o português como expressão línguistica complementar corre o risco de se desalojar da história, perder a sua identidade e ser absorvido por culturas historicamente estranhas e empobrecidas.
A par do tetum, o português pode contribuir para cimentar o seu estatuto personalizado numa região do mundo em que a absorção globalizante descaracteriza os povos, a sua historia e culturas.

Tenho também a opinião de que o tetum deve ser objecto de um estudo aprofundado que creio ainda não ter sido feito com o esforço que merece.

Serei suspeito em opinar deste modo, se assim quiserem considerar, mas não se trata de "puxar a brasa á minha sardinha" mas sim considerar que será um modo de prevenir a perda de identidade de uma nação e povo que considero irmãos e que em Portugal tem um estatuto muito especial e absoluta preferência no "baú" dos sentimentos.

Anónimo disse...

Que não só seja vitoriosa os esforços en prol da língua portuguesa em Timor-Leste, mas da educação como todo.
Alfredo
Brasil

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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