domingo, junho 18, 2006

Sondagem Onde estão as tropas australianas?

Sondagem Timor-Online/Centro de Estudos Estatísticos do Ramelau:


Onde estão eles?


Não sabe/Não faz a miníma ideia: 95%

Em Díli: 0%

Deve ser fora de Díli: 3%

A andar de helicóptero: 1%




FICHA TÉCNICA

A sondagem, foi efectuada durante as duas últimas semanas e teve por objecto uma pergunta. O universo é quase toda a população residente em Díli.

Foram efectuadas 1333 tentativas de entrevistas telefónicas para o comando australiano, sem sucesso.

Foram validadas 10.000 entrevistas na rua. A escolha foi aleatória. Desta forma resultou em termos de sexo: feminino 49%, masculino 50%, não sabe/ainda não decidiu 1%;

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Militares australianos querem saber de que falam Presidente da República e Herdeiro do Trono de Portugal

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Acompanhado pelos GOEs (Bravos!) D. Duarte Pio encontrou-se hoje com o PR Xanana Gusmão em casa deste, em Balibar.

E eis que à vinda para Díli, militares australianos mandam parar o carro em que seguiam para pedir a identificação a D. Duarte e querem saber o que lá foi fazer...

Hei Aussies, o nosso Rei não vai nú!


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Dos leitores

A história é como é, não como gostaríamos que ela fosse.
Por muito que isso custe a muita gente, foi Xanana Gusmão... com o apoio dos guerrilheiros que recomeçaram a luta depois das derrotas estratégicas de 1978/79... que instituiu formalmente o marxismo-leninismo como ideologia da Fretilin e que criou o Partido Marxista-Leninista - Fretilin. Anos mais tarde, percebeu o erro cometido, e decidiu... contra a opinião da maioria dos dirigentes da Delegação no Exterior da Fretilin... despartidarizar a guerrilha. Este processo todo está bem explicado no livro do professor Mattoso e no livro de Manuel Acácio (jornalista da rádio portuguesa TSF que já esteve em Timor por diversas vezes desde 1999) A ÚLTIMA BALA É A MINHA VITÓRIA, A HISTÓRIA SECRETA DA RESISTÊNCIA TIMORENSE em que são referidos documentos secretos da resistência e entrevistas de Xanana e de outros Comandantes das Falintil.

José Ramos Horta pode visitar 2ª feira alegado "esquadrão da morte"

Díli, 18 Jun (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste poderá visitar segunda-feira o grupo de veteranos da resistência que alegam terem sido armados pelo primeiro-ministro Mari Alkatiri para eliminarem adversários políticos, anunciou hoje em Díli o chefe da diplomacia.

Mari Alkatiri já negou as acusações, mas o seu ex-ministro do Interior e vice-presidente da FRETILIN, Rogério Lobato, reconheceu em entrevista publicada sábado pelo semanário Expresso, que o alegado "esquadrão da morte" foi preparado para ajudar a polícia a "actuar numa situação de guerrilha".

Mari Alkatiri rejeitou que a FRETILIN tenha um grupo armado clandestino e que tenha ordenado a distribuição de armas a civis, afirmando que se trata de mais uma tentativa para o desacreditar.

"Estão a tentar diabolizar a minha imagem. É a única coisa que posso dizer", comentou Alkatiri, citado pela estação de televisão australiana ABC, o primeiro órgão de comunicação a revelar a existência do alegado "esquadrão da morte".

José Ramos Horta, que defendeu no passado dia 09 a realização de uma investigação urgente sobre o caso, conduzida por timorenses e peritos internacionais, disse que está a considerar contactar o grupo nesta segunda-feira, numa área montanhosa de Liquiça, a ocidente de Díli.

O objectivo do contacto é persuadir o grupo de veteranos, liderado por Vicente "Railos" da Conceição, a entregar a suas armas e debater as alegações sobre o envolvimento do primeiro-ministro e do ex- ministro do Interior.

"Pode ser que vá. Ainda não tenho a certeza. O importante é tentarmos recolher as armas e depois, o próximo passo, descobrir quem lhes forneceu o armamento", acrescentou Ramos Horta.

As Nações Unidas iniciaram este fim-de-semana uma investigação sobre os actos de violência registados desde finais de Abril em Díli, incluindo a actividade de grupos armados, para descobrir quem procedeu à distribuição de armas.

A investigação está a ser coordenada com o Ministério Público timorense, tendo na passada quinta-feira, em declarações à agência France Press, o procurador António Osório declarado que serão seguidas todas as linhas de investigação, incluindo as alegações do grupo de veteranos liderado por Vicente "Railos" da Conceição.

EL.

Decorre em Lisboa

Reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP com situação em Timor-Leste como único ponto de agenda.

Aguarda-se declaração.

Daqui a duas horas!

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FORÇA BRASIL !


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PR Susilo anuncia reabertura das fronteiras com Timor-Leste

Jacarta, 18 Jun (Lusa) - A Indonésia vai abrir selectivamente as suas fronteiras com Timor-Leste, correspondendo a um pedido nesse sentido feito pelas autoridades timorenses para facilitar as trocas comerciais e os contactos entre as populações, noticiou hoje a agência noticiosa indonésia Antara.

A agência, que cita o Presidente Susilo Bambang Yudhoyono, salienta que a decisão visa normalizar o movimento entre os dois países.

A Indonésia encerrou as suas fronteiras terrestres com Timor- Leste no passado dia 26 de Maio devido à crise político-militar e, conforme disse sábado à Lusa o chefe da diplomacia timorense "para evitar a entrada de desordeiros que pudessem tirar partido da crise político-militar" em Díli.

Segundo Susilo Bambang Yudhoyono, citado pela Antara, a situação de segurança em Timor-Leste permanece instável mas as fronteiras serão reabertas por razões de ordem social e económica.

Os presidentes da Indonésia e Timor-Leste reuniram-se sábado na ilha indonésia de Bali, tendo Xanana Gusmão explicado ao seu homólogo indonésio as medidas que Díli adoptou para ultrapassar a crise.

Na ocasião, Xanana Gusmão e o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos Horta, solicitaram a reabertura das fronteiras terrestres.

A actual crise em Timor-Leste começou com o despedimento de cerca de 600 militares que se queixaram de alegada discriminação étnica por parte da hierarquia das forças armadas e cujo protesto, em finais de Abril, em Díli, terminou com uma intervenção do exército.

Na repressão da manifestação foram mortas cinco pessoas, segundo o governo, mas os ex-militares e outros elementos das forças armadas que entretanto abandonaram a instituição afirmam que morreram cerca de 60 timorenses.

Desde então, segundo a ONU, 37 pessoas morreram e mais de 130 mil pessoas estão deslocadas, distribuídas por campos de acolhimento e instituições ligadas à Igreja Católica.

Para restabelecer a segurança no país, as autoridades timorenses pediram a intervenção de uma força militar e policial a Portugal (que enviou 127 efectivos da GNR), Austrália, Nova Zelândia e Malásia.

Timor-Leste, antiga colónia portuguesa anexada pela Indonésia em 1975, viu a sua independência reconhecida pela comunidade internacional em 2002, depois de uma intervenção armada das Nações Unidas e após cerca de dois anos de administração transitória da ONU.

EL.

Dos leitores

Para que a missão das Nações Unidas seja uma missão de sucesso não pode nunca ser gerida por alguém que viola grosseiramente não só os principios que regem as Nações Unidas mas também a lei nacional.As Nações Unidas gerem os seus funcionários apenas no que diz respeito à área adminstrativa dos mesmos. Funcionalmente os procuradores internacionais dependem do Procurador-Geral. É escandalosa a ignorância e o desrespeito que Hasegawa revela pela lei e instituições nacionais.

Dos colegas do Timor Verdade

Isto é o absurdo total... declarações de loucura absoluta.
Já não há pachorra para estes senhores.

José Ramos Horta:


"Falei hoje ao telefone com o major Alfredo Reinado e felicitei-o pelo seu gesto de maturidade e sentido de responsabilidade em cumprir com o acordado, a entrega de armas ao exército australiano, conforme determinação do nosso presidente", disse.

Ramos Horta acrescentou ter falado igualmente com o major Alves Tara, que lhe reafirmou a sua vontade de também colaborar na entrega de armas."Estes gestos, dos majores Reinado e Tara, impõem uma responsabilidade maior ao Presidente da República, a mim próprio, e à comunidade internacional.

A controversa questão da distribuição de armas por parte de certos elementos ligados ao governo deve ser exaustivamente investigada", vincou.

Ramos Horta defendeu que "a verdade tem que ser respeitada".

Relativamente aos militares rebeldes, acantonados em Maubisse e Gleno, Ramos Horta sustentou ser dever do Estado timorense e da comunidade internacional garantir-lhes total segurança.

"Devemos dar-lhes segurança, porque confiaram no nosso Presidente. Confiaram em mim e estão a colaborar para dar as armas. A segurança deles é agora uma preocupação fundamental do Estado", repetiu.


Comentário:
Era suposto ter os deslocados/refugiados como preocupação maior do Estado de Timor-Leste. São eles os grandes sofredores deste jogo político com intervenientes vários... mas não, o senhor ministro (bi-ministro) acha que a preocupação é a segurança dos rebeldes criminosos que atentaram contra a segurança do Estado e que ao serviço de australianos e americanos e de timorenses cumpriram o seu papel nesta acção.

Já não há cabecinha que aguente tanta imaginação esfarrapada.

Parabéns ao Tara, ao Gastão e ao Reinado - os três metralhas da Nação cujo prémio está quase a chegar.

No final desta brincadeira toda vamos concluír que a culpa morre solteira em Timor-Leste.

Mais uma vez a Constituição da República e todas as leis que regem e fazem reger a democracia são para esquecer.

Sabem... parece-me que temos aqui uma "República de Papelão" e um país do "faz-de-conta".

Xau's, tou a ficar farto desta novela.

Dos leitores

Pensava-se que as funções de Sukehiro Hasegawa eram as de representante especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste.

Oram leiam:"Sukehiro Hasegawa.. esteve reunido com os procuradores encarregues da investigação dos casos de Abril e Maio, para responder ao pedido formulado há 12 dias pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos Horta, para que o Ministério Público investigasse aqueles casos."Surpresa: afinal é o Procurador-Geral de Timor!

Mandato da missão da ONU vai ser prorrogado por mais dois meses

Díli, 18 Jun (Lusa) - O mandato da actual missão das Nações Unidas em Timor-Leste, a UNOTIL, vai ser prorrogado segunda-feira por mais dois meses, anunciou hoje em Díli o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense José Ramos Horta.

O governante timorense, que falava à imprensa no regresso da Indonésia, onde manteve um encontro de trabalho com o seu homólogo indonésio Hassan Wirajuda, disse que a decisão será tomada pelo Conselho de Segurança da ONU.

A UNOTIL, cujo mandato terminou a 19 de Maio passado, teve o mandato prorrogado por 30 dias, devido aos acontecimentos em Timor- Leste, marcados desde finais de Abril por confrontos entre militares, entre militares e polícias e ainda pela actuação de grupos de civis armados, que provocaram pelo menos, segundo a ONU, 37 mortos e mais de 130 mil deslocados distribuídos por campos de acolhimentos e instituições ligadas à Igreja Católica.

A intensidade da crise político-militar, alicerçada na desintegração da Polícia Nacional e nas divisões no seio das forças armadas, levaram as autoridades timorenses a apelarem à Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal o envio de forças militares e policiais para ultrapassar a crise.

O Presidente Xanana Gusmão chamou ainda a si o controlo das áreas de defesa e segurança do país.

Nas declarações que fez hoje à imprensa, à chegada a Díli, José Ramos Horta destacou que a Indonésia não levantou quaisquer objecções à vinda daquelas forças internacionais e também manifestou reservas quanto à eventual futura vinda de "capacetes azuis", medida que segundo o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, apenas deverá ocorrer no último trimestre deste ano.

Entretanto, o ministro da Justiça da Austrália, Chris Ellison, e o comissário da Polícia federal da Austrália, Mick Keelty, efectuaram hoje uma visita de algumas horas a Díli, em que anunciaram que o contingente policial australiano presentemente estacionado em Timor-Leste, de 200 efectivos, deverá passar em breve para o dobro.

No total, o número de polícias internacionais presentes em Timor-Leste, no âmbito do pedido de ajuda formulado pelas autoridades timorenses, é actualmente de cerca de 600, já com os 127 efectivos da GNR enviados por Portugal.

EL.

Não foi o major Reinado que provocou o problema" - PR Xanana


Denpasar, Indonésia, 18 Jun (Lusa) - O Presidente de Timor- Leste disse hoje em Denpasar, Indonésia, que o major Alfredo Reinado não é responsável pela crise político-militar em Timor, considerando que persistem outras questões a que importa dar atenção, segundo a Associated Press.

"Não foi o major Alfredo que provocou o problema, temos muitas outras questões em que pensar", disse Xanana Gusmão, sem pormenorizar.

O chefe de Estado timorense, que efectuou este fim-de-semana uma visita de 24 horas à ilha indonésia de Bali, para um encontro com o seu homólogo Susilo Bambang Yudhoyono, sublinhou que Reinado não é um rebelde, apesar de ter pegado em armas contra forças governamentais.

O major Alfredo Reinado abandonou a cadeia de comando das forças armadas timorenses no passado dia 03 de Maio, e juntamente cm mais 20 homens, entre militares e polícias, esteve envolvido em combates com efectivos militares leais ao governo.

A crise em Timor-Leste iniciou-se em finais de Abril, quando uma manifestação patrocinada por cerca de 600 militares demitidos pelo governo, abriu caminho a um ciclo de violência na capital, que provocou, segundo a ONU, 37 mortos e mais de 130 mil deslocados, distribuídos por campos de acolhimento e instituições ligadas à Igreja Católica.

O major Alfredo Reinado, que responsabilizou o primeiro- ministro Mari Alkatiri pela violência registada na capital, exige a demissão do chefe do governo, mas Alkatiri, que lidera o partido maioritário em Timor-Leste, a Fretilin, já afirmou que não tenciona demitir-se e que pretende manter-se à frente do executivo até às eleições legislativas, previsivelmente a serem realizadas em 2007.

A Fretilin obteve 57,37 por cento dos votos expressos nas anteriores eleições gerais, realizadas em 2001.

Na passada sexta-feira, cumprindo ordens de Xanana Gusmão, o major Reinado, e os seus homens, entregou 15 armas (12 automáticas e três pistolas, e muitas munições) aos militares australianos que o protegem em Maubisse, 70 quilómetros a sul de Dili.

Entre as vítimas dos confrontos em Timor-Leste encontram-se dois polícias que foram abatidos for forças leais ao Governo de Alkatiri e que serão enterrados na segunda-feira.

As forças internacionais que se encontram no país, incluindo um batalhão da GNR - e cuja actuação fez diminuir a violência - temem que os funerais dos polícias, no cemitério de Santa Cruz, em Díli, onde em 1991 as tropas ocupantes indonésias massacraram mais de 250 pessoas.

AS imagens do massacre de Santa Cruz chamaram a atenção da Comunidade Internacional para a questão de Timor-Leste.

EL/IG.

Dos leitores

Sim, à data da Proclamação Unilateral da Independência, em 28 de Novembro de 1975, Xanana Gusmão,era membro da Fretilin, a trabalhar na Secção de Informação e Propaganda. Aliás, segundo a sua própria Autobiografia, assistiu à declaração de Independência, depois de ter estado alguns dias nas regiões de Bobonaro e Maliana (que acabava de ser tomada), a filmar as incursões militares indonésias e onde conheceu Roger East (jornalista assassinado em Dez 75, aquando da invasão.

Para sua informação e a de todos os leitores que possam achar que as suas dúvidas sobre as transformações da Fretilin sejam verdadeiras ou tenham algum fundamento:

Realizou-se em Maubai de 1 a 8 de Março 1981 a Conferência Nacional de Reorganização [da Fretilin].

Após a morte de Nicolau Lobato, sobreviveram apenas três membros do Comité Central da Fretilin: Xanana Gusmão, Mau Huno e Txai Kere. Este último acaba por ser morto pouco antes do início da Conferência.

À data da Conferência, Xanana Gusmão era o Comissário Político Nacional da Fretilin - o cargo político mais elevado da organização. E é nesta mesma Conferência que Xanana Gusmão assume a direcção da Fretilin.

Não creio que seja necessário argumentar contra tantos disparates escritos que tentam apresentar com roupagem de verdade.

Leiam a página nº 58 da Autobiografia de Xanana Gusmão onde assume a responsabilidade pela declaração da Fretilin enquanto Partido Marxista Leninista.

Na altura, os que estavam no exterior, nem tiveram conhecimento imediato da decisão. Essa só veio a ser conhecida no exterior, em 1982!

Não vou tecer comentários em relação à decisão propriamente dita ... Xanana Gusmão tem longas páginas escritas sobre isso (para além de pp. 58 e 59 ver ainda a partir da página 84, o capítulo "Viragem Ideológica"). nomeadamente o reconhecimento do erro que também ele próprio contribuiu para que fosse cometido.

Xanana Gusmão volta a assumir a responsabilidade deste erro (na sua própria opinião), na Audiência Pública da CAVR, em Dezembro de 2003, sobre o Conflito Político Interno 1974-1975. Considerou que, nessa data, perante o facto de só terem sobrevivido dois membros do Comité Central da Fretilin (ele próprio e Mau Huno), deveria assumir a Direcção da Fretilin. Quer ele, quer Mau Huno e mais um punhado de quadros da Fretilin, haviam iniciado uma acção de percorrer todo o território para avaliar o que restara da Resistência (armada e civil) após as grandes ofensivas militares indonésias até Nov de 1979 (queda da Base de Matebian). É durante essa acção que a população, que ia sendo contactada, pediu a ambos que não desistissem da luta, que honrassem os mortos e continuassem a lutar.

Xanana gusmão continua o relato, informando que a Conferência de Maubai visava reorganizar a Fretilin e, consequentemente, assegurar a continuidade da luta pela libertação nacional, que fora a Fretilin que iniciara.

Só mais tarde, na mesma década de 80, é que Xanana Gusmão reconhece a necessidade de alargar a Resistência a sectores sociais e políticos, novos, que entretanto surgiram (nomeadamente os jovens que começaram a ir para a Indonésia com bolsas de estudo), que a Fretilin não abrangia. Também é mais tarde (a partir de 1983/1984 que inicia os contactos com a igreja católica. Na srequência, despartidariza as Falintil, cria o CRRN, posteriormente, CNRM e, mais tarde, CNRT.

Para que haja alguma honestidade de argumentação, por favor, estudem um pouco as fontes documentais existentes, credíveis, nomeadamente o que o próprio Xanana Gusmão afirma e a responsabilidade que assume POR ESCRITO, e as declarações que proferiu na audiência pública da CAVR e nas várias entrevistas que deu à CAVR para efeitos da elaboração do Relatório Final da CAVR. Leiam também José Mattoso.

A Indonésia compreendeu as medidas que tomámos" - PR Xanana

Díli, 18 Jun (Lusa) - A Indonésia "compreendeu" as medidas adoptadas po r Timor-Leste para ultrapassar a crise político-militar, anunciou hoje em Díli o presidente Xanana Gusmão, numa curta declaração à imprensa, no regresso de uma rápida visita de 24 horas à Indonésia.
Sem direito a perguntas, os jornalistas ouviram Xanana Gusmão, primeiro em tétum e depois em português - as duas línguas oficiais do país -, vincar o s ucesso que constituiu a sua deslocação a Denpasar, na ilha indonésia de Bali, pa ra um encontro com o seu homólogo indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono.
"Fomos à Indonésia, numa visita muito rápida, explicar a situação que s e desenrola em Timor. Explicámos também como as Nações Unidas vão ficar e que pa ssos vamos dar brevemente", disse.
"O Presidente Susilo manifestou toda a compreensão sobre a situação", a crescentou.
Xanana Gusmão adiantou que entregou ao seu homólogo indonésio uma carta do primeiro-ministro Mari Alkatiri, em que se solicita a abertura de um "canal de comércio" entre o enclave timorense de Oecussi e Timor Ocidental, "para que a vida se normalize nessa área", possibilitando as trocas comerciais e os contact os entre as populações dos dois lados da fronteira.
O presidente indonésio "prometeu estudar" o pedido e, segundo Xanana Gu smão, "vai dar ordens às autoridades locais" (do lado indonésio) para avaliarem a execução da solicitação.
Xanana Gusmão situou a reunião que manteve em Denpasar com Susilo Bamba ng Yudhoyono no quadro dos habituais encontros "dirigidos para o maior estreitam ento das relações bilaterais".
"Temos tido muitos encontros, como manda a 'lei' de vizinhança, não só em períodos de dificuldade, mas também em períodos normais", justificou.
Depois de fazer a declaração, o presidente timorense, que tinha a seu l ado o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, e o chefe da diplomacia, José Ramos Hort a, dirigiu-se para a saída, escusando-se a responder a perguntas dos jornalistas .
EL.

Alegadas investigações sobre ex-ministro são falsas - fonte da ONU

Díli, 17 Jun (Lusa) - As alegações sobre o envolvimento do ex- ministro do Interior de Timor-Leste, Rogério Lobato, numa tentativa de golpe de Estado "não têm qualquer fundamento, porquanto as investigações apenas começaram este fim-de-semana", disse fonte da ONU à Lusa.

A fonte, que solicitou o anonimato, precisou que "não faz sentido iniciar uma investigação com qualquer tipo de convicção quanto à culpabilidade de quem quer que seja".

"Naturalmente que o Ministério Público vai avaliar todas as linhas de investigação, relacionadas com as mortes registadas em finais de Abril, bem como as dos oito polícias a 25 de Maio, e os actos de violência ocorridos em Díli nas últimas semanas", acrescentou a fonte.

"Mas, porque se está ainda no início das investigações, é um erro considerar-se que existem juízos preconcebidos, com pessoas a serem consideradas culpadas", adiantou.

Fonte da missão da ONU em Timor-Leste, a UNOTIL, disse à agência Lusa que os procuradores internacionais contratados pelas Nações Unidas para reforçar o sistema judicial timorense "não dispõem de qualquer segurança e que além da investigação agora iniciada, mantêm a rotina de trabalho nos tribunais".

De acordo com a Unidade de Direitos Humanos da UNOTIL, pelo menos 37 pessoas morreram em Timor-Leste na sequência dos actos de violência ocorridos em Abril e Maio.

Na passada quarta-feira, em comunicado enviado à Lusa, a UNOTIL informou que Sukehiro Hasegawa, representante especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste, esteve reunido com os procuradores encarregues da investigação dos casos de Abril e Maio, para responder ao pedido formulado há 12 dias pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos Horta, para que o Ministério Público investigasse aqueles casos.

EL.

Obrigado, Margarida.

Tradução:

A demissão do PM Alkatiri não resolveria a crise, dizem peritos

Abdul Khalik, The Jakarta Post, Jakarta

Peritos e activistas concordam que Timor-Leste precisa de se manter no caminho para a democracia em vez de derrubarem o Primeiro Ministro Mari Alkatiri, e que deve primeiro tratar do seu passado antes de se mover para o futuro.

O líder da Associação de Jornalistas de Timor-Leste, Virgilio Guterres, disse que a maioria dos media tinha erradamente acusado Alkatiri de ser a causa dos problemas correntes em Timor-Leste. E apontou que não foi o primeiro ministro quem despediu quase metade das forças armadas do país.

"Foi o ministro da defesa quem os despediu simplesmente porque deixaram de aparecer durante mais de dois meses. E obviamente o primeiro ministro e o presidente concordaram com a decisão. Contudo, todos os media apontaram Alkatiri como o que os despediu," disse na quinta-feira durante um seminário aqui em Timor-Leste.

O país mergulhou no caos depois de cerca de 600 soldados terem sido despedidos em Março. Os soldados queixaram-se de discriminação porque vieram do oeste do país.

Vinte e uma pessoas morreram em Maio quando esporádicas batalhas entre soldados rivais e entre soldados e polícias se transformaram em lutas de gangs. No final do mês passado o governo requereu ajuda estrangeira e agora mais de 2,000 tropas estrangeiras prontas para combate, a maioria da Austrália, estão destacadas em Dili.

Guterres disse que o problema inicial problema não era agudo, pois menos de 200 soldados tinham assinado uma petição queixando-se de discriminação leste-oeste. Os outros 400 soldados tinham abandonado os seus quartéis há meses.

"Os casos eram diferentes. Infelizmente, o ministro da defesa despediu-os a todos na mesma altura, o que criou uma ideia de unidade entre eles. Teria sido muito diferente se eles tivessem sido despedidos separadamente," disse.

Guterres, o activista de direitos Johnson Panjaitan do Centro de Ajuda Legal Indonésio e Haryadi Wiryawan, líder do Departamento de Relações Internacionais da Universidade da Indonésia, todos concordaram que destituir Alkatiri não trará a paz a Timor-Leste.

Muitos media relataram a pressão que se montou contra Alkatiri, cujo partido Fretilin ganhou as últimas eleições, para se demitir antes das próximas eleições gerais. Até agora, o Presidente Xanana Gusmão e o parlamento recusaram ceder à pressão.

"Timor-Leste deve primeiro resolver os seus problemas do passado, incluindo levar à justiça as pessoas responsáveis por grandes abusos de direitos humanos e julgar os criminosos. A não ser que lidem com estes problemas, não serão capazes de se moverem para a frente porque os conflitos e a injustiça re-emergem sempre," disse Johnson.

Johnson propôs que a ONU ajudasse Timor-Leste a aumentar as suas capacidades.

"Deviam ajudar a levar à justiça os grandes violadores de direitos humanos e os criminosas, e ajudar o país a construir capacidades para a democracia e a governação. Se não, então o conflito continuará a re-emergir," disse.

Haryadi disse que apesar de não ter evidências concretas, acreditava que o corrente conflito em Timor-Leste não era um caso isolado.

"Deve ser lembrado que a Austrália tem interesses políticos e económicos em Timor-Leste. Eles querem ter influência no país, e não querem que a Indonésia tenha mais peso. O perfil socialista de Alkatiri é visto como não estando em linha com o que querem que Timor-Leste venha a ser," disse.

Haryadi disse que a Austrália tem o objectivo também de evitar que Timor-Leste se torne demasiado próxima da China, que é muito agressiva a aumentar a sua influência no Pacifico.

Johnson também disse que seria ingénuo pensar-se que o conflito em Timor-Leste se construiu sem uma grande maquinação.

Dos leitores. Segredo de justiça? À portuguesa...

Os funcionários da Nações Unidas estão impedidos pelos regulamentos de prestar quaisquer declarações públicas a não ser que obtenham autorização para o efeito.

Será que a estes procuradores internacionais lhes foi dada autorização?

Se não foram autorizados a UNOTIL deverá abrir um processo disciplinar.
Se forem autorizados é grave uma vez que prestam declarações públicas sobre um processo em fase de investigação.

Veremos o que fará o Sr. Hasegawa...

Dos leitores

Micael Pereira, autor dos textos e fotos das reportagens que o Expresso publicou (pelo menos nesta e na semana passada) e seu enviado a Timor-Leste, explica na edição de hoje, 17/06/06:

“Personalidades ouvidas pelo Expresso

AS INFORMAÇÕES contidas neste artigo resultam de dados cruzados pelo EXPRESSO, obtidos a partir de um relatório escrito e muito detalhado das actividades desenvolvidas por uma alegada equipa de segurança secreta da Fretilin e de uma série de entrevistas, «on» e «off-record», com Lino Saldanha, comandante-adjunto da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) para a área administrativa; Ismael Babo, comandante-adjunto da PNTL para a área operacional; Mari Alkatiri, primeiro-ministro de Timor-Leste; Eusébio Salsinha, chefe de gabinete do ex-ministro do Interior Rogério Lobato; general Matan Ruak, chefe do Estado-Maior-General das Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL); coronel Lere Anan, número dois das FTDL; major Alfredo Reinado, líder militar dos vários grupos rebeldes; major Marcos Tilman, líder de um dos grupos rebeldes; tenente Gastão Salsinha, líder do movimento dos peticionários; comandante Railos, líder da autodenominada equipa de segurança secreta da Fretilin; Ramos-Horta, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa; Leandro Isaac, deputado independente; João Mendes Gonçalves, vice-presidente do PSD, o maior partido da oposição; conselheiros militares, magistrados e elementos da missão das Nações Unidas.


O chefe de gabinete do Presidente da República, Xanana Gusmão, nunca atendeu os pedidos do EXPRESSO para uma entrevista. O EXPRESSO foi a casa do comandante-geral da PNTL, Paulo Martins, 60 quilómetros a sul de Díli, mas este mostrou-se indisponível para falar. M.P.”


PS: sobre isto, só dois reparos:

1 - Lamentável é que o Micael Pereira, o enviado do Expresso em Timor-Leste não tenha tido a coragem de assumir que afinal o "relatório escrito e muito detalhado das actividades desenvolvidas por uma alegada equipa de segurança secreta da Fretilin" de que fala é nem mais nem menos o relatório que o "Comandante" Railos entregou ao PR Gusmão...

Compreende-se. Se o tivesse feito a caixa da primeira página do Expresso "Golpe em Timor-Leste liderado por ex-ministro" perderia impacto.

2 - Lamentável também é que o mesmo Micael Pereira não tenha esclarecido das datas em que recolheu os "on" e "off" records, incluindo os do PM. É que para uma compradora habitual do Expresso como eu, NÃO existe a entrevista ao PM, pois o Expresso nunca a publicou.

Em contrapartida, e só na semana passada, existiram no caderno principal: 1 página inteira com as fotos em pose do "Comandante" Railos&friends, além do editorial ("A 'pax' australiana?") e do artigo de Loro Horta ("Xanana e Alkatiri: os senhores da guerra em Timor") e na revista Única, dois artigos laudatórios (com texto e fotos do Micael Pereira) "Os novos rebeldes da montanha" e "A estrela da revolta", que ocuparam 11 páginas inteiras e eram acompanhadas por outras tantas fotografias! Resta dizer que a "estrela" é o Alfredo e os "rebeldes" são os supostos seguidores do Alfredo, do Salsinha, do Tara e do Tilman.

"Antes de mais os parabéns: viva Portugal" - José Ramos Horta


Denpasar, Inbdonésia, 17 Jun (Lusa) - Os parabéns pela vitória de Portugal foram a primeira declaração do chefe da diplomacia timorense à Lusa, no contacto telefónico para comentar o encontro que os Presidentes de Timor-Leste e da Indonésia realizaram hoje em Bali, Indonésia.

"Antes de mais deixe-me dar-lhe os parabéns pela vitória de Portugal. Abandonei mais cedo o Presidente (Xanana Gusmão) e recusei mais reuniões, para ter oportunidade de ver ainda a segunda parte do jogo", que Portugal disputou hoje em Frankfurt contra o Irão, e que valeu a passagem aos oitavos-de-final do Mundial de futebol Alemanha2006, disse Ramos Horta à Lusa.

"às vezes prefiro não ver do que ver e sofrer, mas desta vez não resisti, e ainda consegui ver a segunda parte. E os golos", salientou Ramos Horta.

O chefe da diplomacia de Timor-Leste acompanhou o Presidente Xanana Gusmão a Bali, Indonésia, para um encontro com o chefe de Estado Susilo Bamban Yudhoyono e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Hassan Wirajuda, com a crise em Timor-Leste como ponto principal da agenda da reunião.

Xanana Gusmão e Ramos Horta regressam domingo a Díli.

EL.

"Rogério Lobato devia ser mais prudente" - MNE José Ramos Horta

Denpasar, Indonésia, 17 Jun (Lusa) - O ex-ministro do Interior de Timor-Leste Rogério Lobato "devia ser mais prudente", defendeu hoje em declarações à Lusa, a partir de Denpasar, Indonésia, o ministro de Estado José Ramos Horta, referindo-se às acusações proferidas pelo antigo colega no governo.

O governante, que acumula as pastas dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, comentava assim as acusações formuladas por Rogério Lobato e publicadas hoje no semanário Expresso, em que implicou o Presidente Xanana Gusmão, o comandante da Polícia Nacional de Timor- Leste, superintendente Paulo de Fátima Martins e sectores da Igreja Católica num alegada tentativa de golpe de Estado para derrubar o governo de Mari Alkatiri.

"Seria preferível que ele mostrasse alguma prudência, porque a verdade é que foi graças ao Presidente da República, e a mais ninguém, que o conflito não se agravou", sustentou Ramos Horta à Lusa, que o contactou telefonicamente a partir de Díli.

"Posso salientar que foi graças à intervenção do nosso Presidente que gradualmente, ainda no auge do conflito, polícias foram sendo afastados para fora do conflito", reforçou.

Quando Xanana Gusmão proclamou a 25 de Maio o controlo das áreas de defesa e segurança de Timor-Leste, que formalizou após a reunião de dois dias do Conselho de Estado (29 e 30 de Maio), "dezenas de polícias começaram a sair de Díli e a pouco e pouco abandonaram a violência e muitos refugiaram-se em Balibar, perto da casa do Presidente".

"Xanana Gusmão também travou dezenas de 'lorosae' (timorenses naturais dos três distritos da parte leste do país) que queriam vir a Díli para combater", destacou.

"O Presidente usou de toda a sua influência", frisou Ramos Horta.

Já hoje, em declarações à Lusa, Francisco Guterres "Lu-Olo", presidente do Parlamento Nacional e também presidente da FRETILIN, partido no poder em Timor-Leste, rejeitou as alegações de Rogério Lobato.

"Não acho (que Xanana esteja envolvido). Não acho, porque a posição do Presidente foi muito clara. Há dias dirigiu uma mensagem ao Parlamento e foi claro na sua posição", disse à Lusa Francisco Guterres "Lu-Olo".

As acusações de Rogério Lobato, ex-ministro do Interior que se demitiu do cargo no passado dia 01 de Junho, depois de uma sugestão do chefe de Estado ao primeiro-ministro Mari Alkatiri, foram feitas quando confrontado com indícios de uma investigação do Expresso que o apontam como responsável de uma tentativa de golpe.

Na mensagem que dirigiu há três dias aos deputados, Xanana Gusmão convidou todos os actores políticos timorenses a fazer um "rigoroso exame de consciência".

"Não temos outra alternativa senão medir os actos políticos que viemos praticando, consciente ou inconscientemente, e que contribuíram para que o povo viesse a sofrer mais uma vez com o resultado da nossa falta de capacidade política para resolver os problemas e que não pudemos, ou não quisemos, decifrar com o nosso conhecimento sobre a realidade de Timor-Leste", sublinhou então.

Francisco Guterres "Lu-Olo" recusa-se, contudo, a falar mais sobre a questão, salientando que a Fretilin está a fazer "todo o possível no sentido de contribuir para a estabilidade deste país e defender a ordem constitucional existente".

"O que se prevê é que virá aqui (a Timor-Leste) uma Comissão da ONU para investigar. Eu não quero tomar partido de nenhuma acusação, mas sim resolver a situação de crise, para que a população afectada regresse aos seus bairros e distritos", acrescentou.

O próprio Ramos Horta disse hoje ao princípio da tarde (hora local) à imprensa, à partida para Denpasar, que a distribuição de armas por parte de elementos ligados ao governo deve ser "exaustivamente investigada".

"A controversa questão da distribuição de armas por parte de certos elementos ligados ao governo deve ser exaustivamente investigada", frisou.

Na entrevista que a edição de hoje do Expresso publicou, Rogério Lobato reconheceu ter constituído um grupo de antigos combatentes.

"Eles eram pisteiros que ensinavam os homens da nossa Unidade de Reserva da Polícia (URP) para poderem actuar numa situação de guerrilha", respondeu Rogério Lobato ao Expresso acerca da alegação de que teria criado esse grupo paramilitar.

EL.

ONU adia seis meses envio de força de paz

Expresso 17.06.2006

ESTÁ fora de questão o envio de uma força de paz das Nações Unidas para Timor-Leste antes de seis meses, se é que se chega a um acordo neste sentido, disse ao EXPRESSO o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, na quinta-feira. Quanto aos efectivos da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal (convidados ao abrigo de acordos bilaterais diferentes), Annan disse: «Suspeito que terão de ficar lá seis meses ou mais, mesmo se enviarmos uma nova força da ONU. Isto vai levar o seu tempo».

Apesar dos esforços da diplomacia portuguesa, o Conselho de Segurança da ONU, na sua reunião de terça-feira, não considerou urgente a transformação da intervenção militar estrangeira em Timor em acção multilateral. A Austrália também não foi mandatada pela ONU para assumir o comando das operações. A questão ficou adiada para uma próxima reunião do CS. Annan recusa-se a tomar partido no diferendo que provocou atritos entre as tropas australianas e os efectivos da GNR enviados para Díli.

«Se o Conselho de Segurança decidir enviar uma nova força de manutenção da paz da ONU, que inclua tropas e polícia, e os australianos decidirem juntar-se a essa força, terão de ficar sob o comando da ONU. Se decidirem actuar de forma independente e o Conselho de Segurança o permitir, verificar-se-á uma coabitação, tal como temos no Kosovo, onde as operações da ONU existem lado-a-lado com as forças da NATO, que reportam e são financiadas por outrem».A maior urgência, segundo Annan, é para uma força policial da ONU. O Governo de Díli está a pedir «um número substancial de polícias - tão depressa quanto possível, porque partem do princípio que os aspectos militares serão assumidos», pelos contingentes estrangeiros já presentes.

Esta opinião é corroborada por Camberra. O ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, Alexander Downer, diz: «Torna-se claro que será necessária uma presença policial estrangeira durante bastante tempo. Seria aconselhável que essa polícia internacional actue sob mandato da ONU».

ONU em avaliação. No quartel-general da ONU os responsáveis ainda estão a tentar determinar o que correu mal com uma missão que foi apresentada como uma história de sucesso. Alguns pensam que o pessoal da ONU no terreno não recolheu nem analisou a informação necessária e não manteve o quartel-general devidamente informado.Um diplomata europeu disse ao EXPRESSO que Annan deve assumir uma parte da culpa: «Apressou-se em demasia a declarar Timor uma história de sucesso, ignorando as lições da história sobre o derrube de regimes democráticos».

Mas Annan recusa essas insinuações. Disse ao EXPRESSO que «tínhamos conhecimento da existência de tensões entre os dirigentes, mas julgo que nenhum de nós esperava que isto explodisse da forma que aconteceu. São pessoas que lutaram, trabalharam juntas, e fizeram frente a uma potência colonial. Conheciam-se bem uns aos outros. Realmente não esperávamos que chegassem ao ponto a que chegaram. A verdade é que tentámos aconselhá-los. Mas é claro que não se podem impor conselhos - só se pode dar um bom conselho e deixar que o governo e outros decidam o que fazer com isso».Annan está mais inclinado para lançar as culpas sobre a «comunidade internacional» - uma indirecta ao Conselho de Segurança ou, mais especificamente, a Washington - por ter querido pôr termo à missão da ONU de forma apressada.

Para ele, Timor é um exemplo clássico do tipo de situação que pode beneficiar das atenções da mais nova instituição da ONU, que foi criada no ano passado em resposta a uma iniciativa de Lisboa: a Comissão de Construção da Paz.

Jacarta sensível a presença forças internacionais - MNE Ramos Horta

Denpasar, Indonésia, 17 Jun (Lusa) - A Indonésia "está sensível e aceita" a presença de forças internacionais em Timor-Leste, designadamente a presença, caso a ONU o decida, de forças de manutenção de paz, disse hoje à Lusa o chefe da diplomacia timorense.

Contactado telefonicamente a partir de Díli, José Ramos Horta acrescentou ter aproveitado o encontro que manteve hoje em Denpasar com o seu homólogo indonésio, Hassan Wirajuda, para que Jacarta sensibilizasse os restantes Estados membros da ASEAN a "participarem numa eventual futura missão da ONU em Timor-leste".

"Ele concordou em falar com os restantes Estados membros da ASEAN", disse.

O encontro de Ramos Horta com Hassan Wirajuda antecedeu o encontro, a sós, entre os presidentes timorense, Xanana Gusmão, e indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, em que o principal ponto da agenda é a situação actual de crise em Timor-Leste.

Ao encontro, que se iniciou às 13:45 horas de Lisboa, seguir- se-á uma conferência de imprensa, precisou Ramos Horta.

Relativamente ao encontro com o seu homólogo, Ramos Horta disse que a Indonésia "está também sensível quanto à possibilidade de relaxar o controlo da fronteira terrestre comum aos dois países".

Jacarta encerrou no passado dia 26 de Maio a fronteira terrestre na sequência dos actos de violência registados em Díli.

"Esta decisão, executada para impedir que desordeiros pudessem entrar em Timor-Leste e tentar tirar partido da situação de violência, afectou, contudo o abastecimento das nossas zonas de fronteira e também as tradicionais relações entre as populações que vivem dos dois lados", frisou Ramos Horta.

"A Indonésia está muito sensível para esta questão, que prejudica grandemente as trocas comerciais e os contactos entre as populações. Vão ver, com prudência, de que forma podem permitir a circulação de produtos e pessoas", acrescentou.

"Até Agosto vamos abrir os mercados de fronteira e também implementar os chamados passes, que são equivalentes a passaportes mas que não necessitam de visto, e que possibilitarão às populações dos dois lados cruzar a fronteira, reatando laços familiares e de boa vizinhança e reactivando o comércio local", explicou.

Relativamente à situação actual em Timor-Leste, Ramos Horta disse ter explicado "as razões e a origem da actual crise, a que Hassan Wirajuda correspondeu com total compreensão".

"Ele respondeu que a Indonésia compreende o que se está a passar pois, salientou, Timor-Leste está a atravessar uma fase semelhante à que eles passaram, e que é a construção da nação", disse.

"Nós, sendo indonésios e tendo tido essa experiência histórica, compreendemos perfeitamente", revelou Ramos Horta à Lusa, citando Hassan Wirajuda.

Nesse sentido, adiantou, Jacarta apoia a presença em Timor- Leste dos contingentes militares e policiais enviados pela Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal e também apoia o eventual envio de uma força de manutenção de paz, caso o Conselho de Segurança das Nações Unidas assim o decida, frisou.

A actual crise em Timor-Leste começou com o despedimento de cerca de 600 militares que se queixaram de alegada discriminação étnica por parte da hierarquia das forças armadas e cujo protesto, em finais de Abril, em Díli, terminou com uma intervenção do exército.

Na repressão da manifestação foram mortas cinco pessoas, segundo o governo, mas os ex-militares e outros elementos das forças armadas que entretanto abandonaram a instituição afirmam que morreram cerca de 60 timorenses.

Desde então, mais de duas dezenas de pessoas foram mortas em confrontos entre grupos rivais, incluindo nove polícias timorenses abatidos por soldados, a 25 de Maio, durante um ataque ao seu Quartel General, em Díli.

Para restabelecer a segurança no país, as autoridades timorenses pediram a intervenção de uma força militar e policial a Portugal (que enviou 127 efectivos da GNR), Austrália, Nova Zelândia e Malásia.

A onda de violência nas últimas semanas provocou cerca de 130 mil deslocados que, segundo o governo timorense e as Nações Unidas, se encontram em diversos campos de acolhimento, sobretudo na zona de Díli.

Xanana Gusmão e Ramos Horta regressam domingo a Díli.

EL.

Líder da Fretilin rejeita acusações de ex-ministro a Xanana Gusmão

Díli, 17 Jun (Lusa) - O presidente da Fretilin, partido no poder em Timor-Leste, rejeitou hoje as alegações feitas pelo seu vice- presidente e ex-ministro Rogério Lobato que envolvem Xanana Gusmão numa alegada tentativa de golpe para derrubar o Governo timorense.

"Não acho (que Xanana esteja envolvido). Não acho, porque a posição do Presidente foi muito claro. Há dias dirigiu uma mensagem ao Parlamento e foi claro na sua posição", disse à Lusa Francisco Guterres "Lu-Olo", que preside ao Parlamento Nacional.

Em entrevista publicada na edição de hoje do semanário Expresso, o vice-presidente da Fretilin e ex-ministro do Interior Rogério Lobato alega que Xanana Gusmão, o comandante da Polícia Nacional e sectores da Igreja Católica estariam envolvidos numa tentativa de golpe de Estado, visando derrubar o primeiro-ministro e secretário-geral o partido, Mari Alkatiri.

As acusações de Rogério Lobato, ex-ministro do Interior que se demitiu do cargo no passado dia 01 de Junho, na sequência de uma sugestão nesse sentido feita pelo chefe de Estado ao primeiro- ministro, foram feitas quando confrontado com indícios de uma investigação do Expresso que o apontam como responsável de uma tentativa de golpe.

Na mensagem que dirigiu há três dias aos deputados, Xanana Gusmão convidou todos os actores políticos timorenses a fazer um "rigoroso exame de consciência".

"Não temos outra alternativa senão medir os actos políticos que viemos praticando, consciente ou inconscientemente, e que contribuíram para que o povo viesse a sofrer mais uma vez com o resultado da nossa falta de capacidade política para resolver os problemas e que não pudemos, ou não quisemos, decifrar com o nosso conhecimento sobre a realidade de Timor-Leste", sublinhou então.

Francisco Guterres "Lu-Olo" recusa-se, contudo, a falar mais sobre a questão, salientando que a Fretilin está a fazer "todo o possível no sentido de contribuir para a estabilidade deste país e defender a ordem constitucional existente".

"O que se prevê é que virá aqui (a Timor-Leste) uma Comissão da ONU para investigar. Eu não quero tomar partido de nenhuma acusação, mas sim resolver a situação de crise, para que a população afectada regresse aos seus bairros e distritos", acrescentou.

Quanto ao alegado envolvimento de sectores da Igreja Católica, também mencionado por Lobato, o presidente da Fretilin também se escusou a falar sobre o assunto, revelando que uma delegação do partido manteve hoje um encontro com o bispo de Díli, D.Alberto Ricardo da Silva.

Questionado se a Fretilin e a hierarquia católica timorense mantêm canais de contacto, Francisco Guterres "Lu-Olo" respondeu afirmativamente.

"Claro. Vamos manter os nossos contactos e criar os mecanismos adequados no sentido de mantermos contactos e cooperar com a Igreja Católica", disse.

EL.

Dos leitores

Em 1975 foi contada uma "estória" em que Xavier do Amaral havia-se esquecido, no avião que o tinha trazido de Moçambique, de uma pasta com documentos "secretos" da Fretilin sobre um golpe que esta preparava para assumir o controle de Timor. Estes documentos, até hoje, nunca foram mostrados - já cansei de esperar...! O que foi descoberto, isso sim, foi um documento da UDT com o nome de "Operação Sakonar", onde era detalhada toda a operação levada a efeito no dia 10 de Agosto de 1975, e que passava pelo extermínio dos dirigentes da Fretilin e o "desaparecimento" deste partido em Timor. Passados 10 dias Rogério Lobato faz o "contra-golpe", rapidamente vitorioso, algo que muitos até hoje, pelos vistos, não lhe perdoam. Quem estiver interessado em cópia da tal operação Sakonar é só pedir para hbraga@mail.telepac.pt.
Ramos Horta, o homem que baptizou a UDT mas depois arrepiou caminho em direcção à ASDT, nunca engoliu a sua transformação em Fretilin. Tudo tentou para a destruir, chegando a planear a célebre operação Sky Light, onde o facínora Alarico Fernandes seria o comandante operacioanl. Tal intento falharia, mas ainda seria Alarico o responsável pela localização de Nicolau Lobato até à sua morte no monte Maubesse (e não Maubisse, como erradamente é dito e redito, são dois locais muito distintos, Maubesse fica em local inóspito perto de Same).
Xanana, entrado de empurrão para a Fretilin mas sempre se sentindo como orfão da UDT, também sempre ajudou a este objectivo "supremo" dos inimigos da Fretilin. Mandou matar Kilik, neutralizou Mauk Moruk, transformou a Fretilin em Partido Marxista-Leninista - sim foi ele, é histórico, por isso ninguém gosta de comentar este período da Fretilin - eliminou o debate ideológico e criou os célebres "caixas postais", tarefeiros acéfalos que hoje estão na base do seu suporte, tão bem figurados na bandeira do PD/Renetil.
Acusar Rogério de traficante de diamantes, é esquecer que os diamantes nessa época eram um monopólio escandaloso de uma tal De Beers, já havia longos anos que em Portugal dava prisão a quem possuisse tais pedrinhas, um negócio que devia ser aberto como qualquer outro, mas "estranhamente" criminalizado como se de droga se trata-se. Eram um esquema de financiamento como qualquer outro, só passível de prisão por força do tal cartel, hoje curiosamente perseguido pela própria justiça americana por práticas monopolistas... Savimbi também foi diabolizado pelo mesmo, só a filha de Eduardo dos Santos e os seus parceiros russos e do BES é que são santinhos nesta estória de camangas...
Quanto a criar "pisteiros", tal ideia remonta a 2001, no seguimento das infiltrações de ex-milícias em Timor, que estiveram na origem da operação Cobra levada a efeito pelas tropas de elite portuguesas destacadas no Sector Central, o mais extenso de Timor, e que na altura viram a sua actuação criticada por Horta por não mostrarem resultados (para chegarem ao Sector Central tinham que primeiramente passar pelo sactor da fronteira, sob responsabilidade australiana, mas para o propagandista da dynonobel.com isso não contava...), lá nisso o homem é coerente...!
Lembro que na altura também as nossas tropas recorreram a "pisteiros" das Falintil, é uma prática habitual em teatros de operação onde estão envolvidas forças não convencionais. A sua utilização num cenário citadino já pode ser objecto de polémica, mas as movimentações dos ditos "peticionários" exigiam a mobilização de forças também elas não convencionais, o problema foi não serem pagas atempadamente e alguém se ter adiantado nesta matéria...
Julgar que se está a puxar o fio à meada é patético, a meada é toda a história de pelo menos os últimos 30 anos, e as pontas são mais que muitas. Até eu por vezes acordo nelas enredado, e já estou nisto há outros 30 anos...!
E com jornalistazecos deste calibre mais caótica fica a meada, para o Expresso é uma vergonha publicar reportagens como esta, em que a vítima do Golpe surge como seu mentor. Vem no seguimento do célebre atentado contra a vida de Xanana, em pleno ginásio de Díli, mostrado pelas televisões e na altura motivo de teorias da conspiração por parte do Expresso e da Lusa. Claro, nessa época era o famigerado CPD-RDTL, sempre apelidado de "Comités" por estes jornalistas que nem uma sigla sabem ler. Hoje já se esqueceram dele, os meus amigos Cristiano, Ologari e Aitan Matak pelo menos nestes dias podem disso dormir descansados. Até L7, o katuas Cornélio Gama já passou a vítima, já não atiçam as tropas contra ele, como em 2000 em Aileu? Nessa altura não fazia mal Xanana pressionar Taur? Ou envolver as tropas portuguesas?
Em Timor há duas vítimas principais, a Verdade e a Memória...! E um Povo que sofre em consequência destas lutas pelo poder. Com a benção da sacrossanta igreja romana e de seus amos e senhores, estes a tresandarem a petróleo...

Dos leitores

...repito-lhe o que está no discurso do dia 13 - isto é de há apenas 4 dias - que o actual Ministro dos Assuntos Estrangeiros, Cooperação e Defesa fez para a reunião do Conselho de Segurança da ONU (e que o Guterres) leu: (...)"Paralelo ao diálogo inclusivo de todos, será a Comissão Especial de Inquérito que Timor-Leste solicitou, como esbocei na minha carta de 9 de Junho de 2006 para o Secretário-Geral. O Presidente, o Primeiro Ministro, o Governo, a F-FDTL, a PNTL, líderes religiosos e sociedade civil todos dão as boas vindas a um inquérito imparcial e independente, como um passo importante para chegar a um acordo suportado na regra da lei.

É nosso desejo ardente que a Comissão Especial de Inquérito comece imediatamente. No intervalo, o lado Australiano através do seu Serviço Federal de Polícia e com o Gabinete do Procurador Geral tomou a seu cargo o trabalho preliminar para segurar alguns cenários de crime e preservar evidência." (...)

E também lhe lembro que nesse discurso que anda pelo timor-online em português e inglês, Mr. Horta gaba toda a gente - e até o PM veja lá! - pelo que me parece que exagera um tanto quando acha todos por aí bastante maus. Já agora, se é assim, porque não juntar-se aos seus amigos e arranjar o seu próprio partido? É o modo democrático de agir.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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