quinta-feira, junho 22, 2006

Xanana threatens to resign amid deepening political crisis

DILI (AP): East Timor's president on Thursday threatened to resign after the ruling party defied his orders to oust the prime minister, deepening a political crisis in the tiny nation following weeks of bloody street battles.

"Tomorrow I will write a letter to Parliament to inform them that I'm resigning as the president of the republic because I'm embarrassed about all the bad things the state has done to the people," President Xanana Gusmao said in a rambling 90-minuteaddress to the nation.

Many East Timorese say Prime Minister Mari Alkatiri decision to fire 600 disgruntled soldiers in March was to blame for clashes and gang warfare in the capital that left at least 30 people dead and sent nearly 150,000 people fleeing from their homes.

The violence was the worst to hit the tiny Asian nation since it voted for independence from Indonesia seven years ago, though tensions have eased in recent weeks with the arrival of a 2,700-strong foreign peacekeeping force.

Xanana wrote a letter to Alkatiri on Wednesday saying he no longer had the trust of the people and demanding he resign or be fired.

That sparked emergency talks between the prime minister and members of his Fretilin party, which control 55 of the 88 seats in the country's Parliament. They emerged hours later vowing tostand by their beleaguered leader.

"Fretilin reaffirms Dr. Mari Alkatiri as prime minister," said party spokesman Jose Reis, adding that the prime minister had only recently been re-elected as head of the party and could not be forced from office.

Xanana immediately accused Fretilin of creating instability and demanded that the party replace Alkatiri as its leader - though it was not clear what authority he had to make such a demand.

"If the situation does not change by early tomorrow morning, I will send an official letter of resignation to Parliament," he said in his address to the nation. "Fretilin's leaders want to kill democracy in East Timor." (**)

Le président timorais Gusmao demande au premier ministre de démissionner

LE MONDE 22.06.06 14h17

Le président du Timor-Oriental, Xanana Gusmao, a demandé à son premier ministre, Mari Alkatiri, de démissionner en vue de sortir le pays de la crise politique après les troubles du mois de mai, qui ont laissé trente morts à Dili, la capitale de l'ancienne colonie portugaise.

Les instances dirigeantes du parti au pouvoir, le Fretilin, ancien mouvement insurgé contre l'occupation indonésienne (1975-1999), puis le gouvernement devaient examiner la situation, jeudi 22 et vendredi 23 juin, au vu de la lettre sans ambiguïté adressée par le très populaire chef de l'Etat à M. Alkatiri. M. Gusmao, qui n'appartient plus au Fretilin, lui donne "le choix de décider (lui-même) : soit vous démissionnez, soit, après avoir entendu le Conseil d'Etat, je vous révoquerai, parce que vous avez cessé de mériter ma confiance".


Le prétexte a été la diffusion, par la chaîne de télévision australienne ABC, d'un documentaire étayant les accusations qui circulaient depuis plusieurs semaines à Dili sur l'implication du premier ministre dans la distribution d'armes à des groupes civils de son obédience, lors de la mutinerie qui a provoqué la crise, fin avril.

M. Gusmao s'est dit "choqué". La position de M. Alkatiri qui, à de multiples reprises, a proclamé son intention de conserver son poste, était devenue plus délicate mardi, quand le procureur général Longuinhos Monteir, soutenu par les Nations unies, avait annoncé, en liaison avec cette affaire, l'émission d'un mandat d'arrêt à l'encontre de l'ancien ministre de l'intérieur Rogiero Lobato, un proche du premier ministre.

Soupçonné de clientélisme dans l'attribution de contrats financés par la communauté internationale, M. Alkatiri, musulman modéré dans un pays presque totalement catholique, est en outre accusé d'autoritarisme et de penchants marxistes, un leg de ses années passées en exil au Mozambique lors de la lutte indépendantiste. "Dehors, le communiste !", proclament des banderoles brandies contre lui.

En théorie, M. Gusmao n'a pas le pouvoir constitutionnel de démettre le premier ministre ni de dissoudre le Parlement, où le Fretilin détient 55 des 88 sièges. Mais lui-même et son ministre de la défense et des affaires étrangères, Ramos Horta, Prix Nobel de la paix, ont le soutien à peine voilé de l'Australie, qui a dépêché un contingent de plus de mille soldats et policiers pour ramener l'ordre dans le pays et désarmer les militaires entrés en rébellion contre M. Alkatiri. M. Horta a offert ses services pour diriger un gouvernement intérimaire.

Francis Deron
Article paru dans l'édition du 23.06.06

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Dos leitores

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Foi nas montanhas de Timor, juntinho do Cutulau, que se encontrava afinal o super-herói que sempre julguei não existir... Um não! 30!!!!!

Não acreditam? É verdade! Senão, vejamos:

Escondidos nas montanhas estava um grupo de 30 homens que, com 17 armas (e provavelmente algumas catanas para limparem as unhas dos pés...) estavam incumbidos de uma missão digna de Golias. Esses 30 homens (que teriam que se revezar nos ataques, pois as armas não chegavam para todos) foram incumbidos de matar APENAS:

- 591 soldados dimissionários

- TODOS os presidentes de partidos políticos da oposição... (o que, milagrosamente, não seria notado por ninguém...)

- TODOS os elementos da FRETILIM que se opusessem ao presidente do partido...

- E provavelmente muitos ETC que pudessem eventualmente chatear o Alkatiri...

Meus Senhores, deixemo-nos de brincadeiras. Por causa de guerrinhas pessoais e birrinhas infantis, o povo está a sofrer e o país regrediu 5 anos... daqui a pouco, por este andar, não vão ter mais país por que lutar.

Mas não se preocupem: a minha mãe já prometeu, e vai colocar hoje mesmo nos correios, uma encomenda especial, com dois exércitos de soldadinhos de chumbo. Pode ser que assim resolvam as vossas frustrações e traumas de infância, e deixem o mundo real em PAZ.

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Xanana acusa FRETILIN de querer fazer golpe e "matar a democracia"

Díli, 22 Jun (Lusa) - O presidente timorense, Xanana Gusmão, afirmou ho je que a alegada distribuição de armas a civis se insere num plano da FRETILIN p ara "fazer o golpe e matar a democracia" em Timor-Leste.

"A FRETILIN quer fazer o golpe e matar a democracia", acusou Xanana Gus mão, numa mensagem ao país, em que anunciou a intenção de se demitir do cargo de Presidente da República se o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, não o fizer.

"O problema da distribuição de armas não é para esta situação que estam os a atravessar. Eles já têm um plano. Fizeram a distribuição por causa das elei ções de 2007 e é por isso que ouvimos eles dizerem: só a FRETILIN pode criar a e stabilidade e a instabilidade", acrescentou.

Uma parte significativa da mensagem, que Xanana Gusmão demorou mais de 90 minutos a ler em tétum, foi dedicada à FRETILIN (Frente Revolucionária do Tim or-Leste Independente), partido maioritário liderado por Mari Alkatiri.

Xanana Gusmão integrou a FRETILIN até 1987, quando decidiu despartidari zar as Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (Falintil), de que f oi comandante.

As Falintil foram criadas em 1975 como braço armado da FRETILIN.

Na mensagem ao país, Xanana Gusmão historiou o processo de criação da F RETILIN e reconheceu que a opção pela ideologia marxista-leninista, numa reunião do comité central do partido, realizada em Maio de 1977, e em que ele próprio p articipou, correspondeu ao espírito da época.

Frisando que os tempos mudaram e as pessoas também, Xanana Gusmão consi derou que se Nicolau Lobato e outros antigos dirigentes do partido ainda hoje es tivessem vivos, "na era pós-guerra fria, nesta era de globalização e tecnológica , eles sentiriam que, para este Timor que eles amaram tanto e por ele entregaram as suas vidas, as ideologias antigas já não servem".

"Hoje, um pequeno grupo, vindo do exterior, quer repetir outra vez os c omportamentos e atitudes anteriores, de 1975 a 1978", acusou, numa referência ao grupo dos exilados em Moçambique durante a ocupação indonésia, cuja figura prin cipal era Maria Alkatiri.

Xanana Gusmão relembrou os acontecimentos de 1975, quando a UDT desenca deou um golpe "para fazer sair os comunistas desta terra e assim ter dado origem à guerra fratricida em Timor", para afirmar que agora, em 2006, "a FRETILIN que r fazer o golpe e matar a democracia".

O presidente timorense acusou também a direcção da FRETILIN de ter comp rado votos no último congresso do partido, realizado em Díli, de 17 a 19 de Maio , afirmando saber que um delegado "recebeu 100 mil dólares para comprar os outro s".

"Não sei se ele dividiu bem o dinheiro... talvez tenha dado apenas 500 dólares para os delegados e guardou o resto no bolso. Mas isto não interessa. É um assunto privado e ele não fica rico só por isso. Isto não é problema do povo, o dinheiro é do partido", afirmou, sem identificar o delegado em causa.

Afirmando conhecer a FRETILIN melhor do que "alguns delegados de todos os que participaram no congresso", Xanana Gusmão criticou o recurso ao voto de b raço no ar, em vez do voto secreto, para eleição da actual direcção do partido.

Os delegados "só falam e levantam as mãos porque têm medo de perder o t rabalho, para dar de comer à mulher e aos filhos, e mais ainda, por receberem di nheiro por trás", acusou.

Xanana Gusmão disse que, "enquanto Presidente da República", rejeita os resultados do II Congresso da FRETILIN por o método de votação por braço no ar não ter respeitado a legislação que regulamenta a eleição dos órgãos de direcção partidários, classificando a direcção liderada por Mari Alkatiri como "ilegítim a".

"Enquanto Presidente da República não aceito o resultado do congresso, exijo à Comissão Política Nacional [da FRETILIN] que organize de imediato um Con gresso Extraordinário para eleger, de acordo com a Lei nº 3/2004, sobre os Parti dos Políticos, uma Direcção nova", afirmou.

"Dou um prazo de uma semana, para que este Congresso Extraordinário sej a feito, porque a actual direcção da FRETILIN é ilegítima", vincou.

A acusação de Xanana Gusmão sobre o congresso da FRETILIN já foi rejeit ada pelo por Mari Alkatiri, que a classificou como "extremamente séria".

"Não houve compra de votos de espécie alguma", garantiu Mari Alkatiri, em declarações à Lusa.

"Lamento que o presidente tenha chegado a este ponto de alegar compra d e votos. É uma acusação extremamente séria. Não considero esta polémica saudável , porque a liderança da FRETILIN tudo tem feito para contribuir para a solução e não para agravar a situação", disse ainda Mari Alkatiri.

EL/PNG.

Dos leitores

Pela minha parte, não posso dizer que apoio o Mari Alkatiri incondicionalmente, embora talvez outros o possam fazer. Não posso porque não estou "por dentro das coisas", por isso só posso avaliar o que me chega pelas várias fontes disponíveis -- umas mais de confiança do que outras.

No entanto, apoio aqueles que querem obedecer à Constituição, e reconheço o enorme perigo que representa o desrespeito a essa Constituição, seja quem for a pessoa que actue dessa forma -- PM, PR ou quem quer que seja.

Dos leitores

Sabemos, face à postura do Presidente da República, que nunca leu a Constituição que jurou solenemente fazer cumprir.Era conveniente que alguém o informasse de que a sua demissão implica o não poder candidatar-se nas eleições imediatas nem nas que se realizarem no quinquénio imediatamente subsequente à renúncia.

A estratégia PR / Governo Australiano estaria bem traçada não fosse a Constituição.O grave erro político foi nem um nem outros terem lido a Constituição.Assim são e serão os principais protagonistas de um Golpe de Estado.

PR diz que se demite se Alkatiri não o fizer, PM irredutível

Lisboa, 22 Jun (Lusa) - O Presidente timorense, Xanana Gusmão, ameaçou demitir-se sexta-feira se o primeiro-ministro não o fizer, mas Mari Alkatiri mostrou-se irredutível na sua decisão de se manter na chefia do Governo.

Numa comunicação hoje ao país, Xanana Gusmão responsabilizou Alkatiri pela crise que o país atravessa, considerando que está em causa a sobrevivência do Estado de direito democrático, e afirmou que sente "vergonha" pelo que o Estado está a fazer ao povo.

Em reacção à posição assumida pelo Presidente, Alkatiri rejeitou peremptoriamente a possibilidade de se demitir, justificando que, perante uma situação "tão complexa", "uma decisão precipitada pode complicar ainda mais as coisas".

A Comissão Política Nacional da FRETILIN reuniu-se hoje e o resultado do encontro foi o reforço do apoio ao chefe do Governo e um apelo ao Presidente da República para fazer o possível para encontrar "uma solução que salvaguarde as instituições democráticas".

Na mensagem de 14 páginas, pronunciada em tetum, Xanana questiona ainda a legitimidade da direcção da FRETILIN, acusando-a de ter comprado votos dos delegados ao último congresso, em Maio último, em que Alkatiri foi eleito secretário-geral com 97,1 por cento dos votos.

Xanana afirmou que rejeita os resultados deste congresso porque o método da votação não respeita a legislação que regulamenta a eleição dos órgãos de direcção partidários, referindo-se à votação por braço no ar, e deu um prazo de uma semana para a realização de um congresso extraordinário do partido no poder.

Alkatiri rejeitou a acusação de compra de votos, considerou-a "extremamente séria", e lamentou que o presidente tenha chegado a este ponto.

"Não considero esta polémica saudável porque a liderança da FRETILIN tudo tem feito para contribuir para a solução e não para agravar a situação", disse Alkatiri.

Na mensagem de Xanana, são várias as referências à FRETILIN e as acusações vão desde a colocação das forças armadas e da polícia ao serviço do Governo até à usurpação dos Serviços de Informação do Estado.

Apesar de recusar abandonar o cargo, Alkatiri anunciou que pretende deixar a pasta dos Recursos Energéticos, de acordo com uma proposta que vai apresentar à direcção da FRETILIN, que prevê também a nomeação de um ou dois vice-primeiros-ministros.

O Governo português, que enviou para Timor-Leste 120 efectivos da GNR para ajudar a pacificar o país, juntamente com forças da Austrália, Malásia e Nova Zelândia, recusou-se a comentar a intenção manifestada por Xanana em demitir-se.

O executivo está a "acompanhar com preocupação a crise política" entre o chefe de Estado timorense, Xanana Gusmão, e o seu primeiro-ministro, Mari Alkatiri, mas "seria uma irresponsabilidade fazer qualquer comentário" sobre essa matéria, afirmou o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira.

"O Governo português não interfere nas questões políticas de um país soberano, mas está a acompanhar a situação a partir de Lisboa e no terreno [em Díli]", acrescentou Silva Pereira no final da reunião do Conselho de Ministros, frisando que Portugal "permanece empenhado na missão da GNR em Timor-Leste, no sentido de colaborar na manutenção da ordem pública no país".

VM.

Governo diz que Portugal vai manter empenhamento na missão da GNR

Lisboa, 22 Jun (Lusa) - O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, afirmou hoje que o Governo português acompanha com "preocupação" a crise política em Timor-Leste, mas assegurou que Portugal mantém o seu empenhamento na missão da GNR.

"A crise política em Timor-Leste é naturalmente uma questão interna deste país e não seria curial um Governo estrangeiro pronunciar-se sobre essa crise", afirmou Pedro Silva Pereira no final da reunião do Conselho de Ministros.

Xanana Gusmão anunciou hoje a intenção de se demitir do cargo de Presidente da República sexta-feira, se Mari Alkatiri não assumir as suas responsabilidades pela actual crise em Timor-Leste.

"Peço responsabilidades ao vosso camarada Mari Alkatiri pela crise que estamos a viver, relativamente à sobrevivência do Estado de direito democrático, ou amanhã [sexta-feira] eu vou mandar uma carta ao Parlamento Nacional, para informar que me demito de Presidente da República", disse Xanana Gusmão numa mensagem ao país.

Segundo o ministro da Presidência, o Governo português está a "acompanhar com preocupação a crise política" entre o chefe de Estado timorense, Xanana Gusmão, e o seu primeiro-ministro, Mari Alkatiri, mas "seria uma irresponsabilidade fazer qualquer comentário" sobre essa matéria.

"O Governo português permanece empenhado na missão da GNR em Timor-Leste, no sentido de colaborar na manutenção da ordem pública no país", afirmou.

Interrogado sobre o facto de o contingente da GNR estar na dependência institucional dos órgãos de soberania timorenses, Pedro Silva Pereira respondeu que "os órgãos legítimos de Timor-Leste permanecem em funções" e que o ponto da situação ao nível da ordem pública "é de normalidade".

Para Pedro Silva Pereira, a actual crise política em Timor- Leste "é uma questão que compete aos timorenses resolver dentro do seu quadro institucional".

O ministro da Presidência recusou depois que Portugal tenha exercido pressões para evitar as demissões do Presidente da República, Xanana Gusmão, ou do primeiro-ministro, Mari Alkatiri.

"O Governo português não interfere nas questões políticas de um país soberano, mas está a acompanhar a situação a partir de Lisboa e no terreno [em Díli]", acrescentou.

Pedro Silva Pereira insistiu que, até ao momento, os órgãos de soberania timorenses permanecem em funções, tendo apenas havido "anúncios e notícias de demissões".

"Não vou especular sobre o que poderá acontecer nas próximas horas ou dias [em Timor-Leste]. Seria uma irresponsabilidade especular sobre cenários", declarou o ministro da Presidência.

PMF.

Os protagonistas da crise, segundo Mari Alkatiri

DN, 21/08/06

Na entrevista de ontem do DN do João Pedro Fonseca com o PM de Timor-Leste Mari Alkatiti constava ainda esta peça que não estava on-line.



Taúr Matan Ruak: “Esteve muito bem. No início não estava no país. Foi um profissional que tentou defender a Constituição.”

Paulo Martins: “Ou perdeu o controlo ou, intencionalmente desistiu do comando. Concentrou em si o comando e depois abandonou-o. A polícia ficou muito afectada. Devia estar em Dili a participar no processo de reorganização da polícia, mas continua na sua terra, em Aileu, com polícias armados. O que não o ajuda em nada.”

Tenente Gastão Salsinha: “Conheço-o mal. Falei com ele em Abril, notei que perdera o controlo dos manifestantes.”

Major Alfredo Reinado: “Apareceu um pouco como um cowboy, a tentar projecção, porque fala bem inglês. Os seus objectivos não são claros, estou convencido de que é instrumentalizado mas não sei por quem.”

Bispos de Dili e Baucau: “Têm sido discretos. Estão preocupados com a situação e acredito que vão continuar a participar na busca de uma solução”.

Rogério Lobato: “Tornou-se figura principal na crise porque o seu ministério tutela a polícia, que ficou descomandada. Naturalmente que o ministro é responsável. Não quero dizer que não tenha culpas, todos nós teremos”.

Roque Rodrigues: “É um caso diferente. É um ministro político. Nunca quis intervir nas forças armadas. Nunca se substituiu ao comando. Pecou por defeito. Por ausência”.

Leandro Isaac: “Figura com altos e baixos. Busca sempre protagonismo nos momentos de crise. Lembro-me que nas manifestações da Igreja foi apoiante do Governo. Mantinha boa ligação comigo até ao dia em que começou o congresso da Fretilin. A partir daí, excluiu-se. Dizem que tem estado envolvido com os polícias. Não tenho provas.”

Mário Carrascalão: “Esteve ausente.”

Fernando Lassama Araújo: “Esteve muito perto, mas escondido.”

Majores Alves Tara e Marcos Tillman: “Não tenho informações sobre eles. Vi-os num programa australiano dizerem que tinham provas de que eu distribuí dez armas a cada delegado da Fretilin no congresso – 600 delegados. Acho que é uma loucura.”

Vicente da Conceição (Railós): “Foi delegado ao congresso da Fetilin, em Maio. Esteve cinco minutos comigo. Falámos da segurança em Liquiçá. Mal o conheço. Soube agora que foi afastado das FDTL, no primeiro grupo de 40 expulsos. Há aqui um bocadinho de vingança.”


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Presidente Parlamento substitui PR em caso de demissão de Xanana

Lisboa, 22 Jun (Lusa) - A eventual demissão de Xanana Gusmão da chefia do Estado implicará a sua substituição pelo presidente do Parlamento, de acordo com a Constituição timorense, o que deixaria temporariamente a FRETILIN à frente da presidência e do governo.

Segundo o artigo 82º da Constituição da República Democrática de Timor- Leste, "em caso de morte, renúncia ou incapacidade permanente do Presidente da R epública, as suas funções são interinamente assumidas pelo Presidente do Parlame nto Nacional".

O presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste é Francisco Guterres "Lu-Olo", que também preside à FRETILIN, o partido no poder e cujo líder, Mari Alkatiri, é primeiro-ministro.

Xanana Gusmão anunciou hoje que comunicará sexta-feira, ao Parlamento N acional a sua demissão do cargo de Presidente da República, se o primeiro-minist ro não assumir as suas responsabilidades pela actual crise em Timor-Leste.

"Peço responsabilidades ao vosso camarada Mari Alkatiri pela crise que estamos a viver, relativamente à sobrevivência do Estado de direito democrático, ou amanhã [sexta-feira] eu vou mandar uma carta ao Parlamento Nacional, para in formar que me demito de Presidente da República", disse Xanana Gusmão numa mensa gem ao país.

A Constituição de Timor-Leste indica que "o Presidente da República pod e renunciar ao mandato em mensagem dirigida ao Parlamento Nacional".

De acordo com o mesmo artigo, o 81º, "a renúncia torna-se efectiva com o conhecimento da mensagem pelo Parlamento Nacional, sem prejuízo da sua ulterio r publicação em jornal oficial".

Determina ainda a Constituição, no ponto 3 do mesmo artigo, que "se o P residente da República renunciar ao cargo, não poderá candidatar-se nas eleições imediatas nem nas que se realizem no quinquénio imediatamente subsequente à ren úncia".

O texto constitucional indica ainda que "a eleição do novo Presidente d a República por morte, renúncia ou incapacidade permanente deve ter lugar nos no ventas dias subsequentes à sua verificação ou declaração", caso em que "o Presid ente da República é eleito para um novo mandato".

No entanto, o artigo seguinte, o 83º, apresenta os "casos excepcionais" , ou seja, "quando a morte, renúncia ou incapacidade permanente ocorrerem na pen dência de situações excepcionais de guerra ou emergência prolongada ou de insupe rável dificuldade de ordem técnica ou material, a definir por lei, que impossibi litem a realização da eleição do Presidente da República por sufrágio universal" .

No caso de não ser possível realizar eleições por sufrágio universal, a Constituição determina que o novo presidente seja "eleito pelo Parlamento Nacio nal de entre os seus membros, nos 90 dias subsequentes", e que o chefe de Estado nesta situação "cumprirá o tempo remanescente do mandato interrompido, podendo candidatar-se nas novas eleições".

Reagindo à posição hoje anunciada por Xanana Gusmão de resignar à chefi a do Estado, o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, reiterou, em declarações à agên cia Lusa, que não se demitirá da chefia do governo.

"Não, de modo algum", respondeu peremptoriamente Mari Alkatiri, adianta ndo que "a situação está tão complexa que uma decisão precipitada pode complicar ainda mais as coisas".

A Constituição determina no seu artigo 112º que "implicam a demissão do Governo: o início de nova legislatura, a aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro-Ministro, a morte ou impossibil idade física permanente do Primeiro-Ministro, a rejeição do programa do Governo pela segunda vez consecutiva, a não aprovação de um voto de confiança, a aprovaç ão de uma moção de censura por uma maioria absoluta dos Deputados em efectividad e de funções".

No ponto 2, este artigo estabelece que "o Presidente da República só po de demitir o Primeiro-Ministro nos casos previstos no número anterior e quando s e mostre necessário para assegurar o normal funcionamento das instituições democ ráticas, ouvido o Conselho de Estado".

Xanana Gusmão enviou terça-feira uma carta ao primeiro-ministro exigind o a demissão de Mari Alkatiri por considerar já não merecer a sua confiança.

"Ou resigna ou, depois de ouvido o Conselho de Estado, o demitirei, por que deixou de merecer a minha confiança, enquanto Presidente da República", escr eveu Xanana Gusmão.

No entanto, o Conselho de Estado reuniu-se quarta-feira, mas Xanana Gus mão não demitiu Mari Alkatiri, tendo mesmo ameaçado resignar ao cargo de Preside nte da República, o que levou o primeiro-ministro a consultar a FRETILIN sobre a possibilidade de deixar a chefia do governo.

O Presidente da República considera Mari Alkatiri responsável pela cris e que se vive em Timor-Leste desde o final de Abril, que provocou mais de três d ezenas de mortos, 145 mil deslocados e pôs em causa o normal funcionamento das i nstituições do país.

PAL.

Comunicado - PM

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE

GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO


22 de Junho de 2006


Comunicação Social enganada por Vicente Maubocy Ximenes

A Comunicação Social internacional caiu no engodo da conferência de imprensa promovida ontem no Hotel Timor, quando Vicente Maubocy Ximenes, membro suspenso da FRETILIN, a levou a acreditar tratar-se de uma Conferência de Imprensa promovida pelos Órgãos da FRETILIN.

Entre outros, o Sydney Morning Herald e a BBC referiram-se à conferência de imprensa como sendo da responsabilidade da FRETILIN.

Vivcente Ximenes foi suspenso da FRETILIN há mais de um ano, em Março de 2005, e viu esta suspensão confirmada por mais 12 meses por uma comissão disciplinar do Partido, em Março deste ano.

A suspensão foi-lhe aplicada por ter proferido ataques à liderança da FRETILIN e baseia-se no não respeito à disciplina interna do Partido.

Vicente Ximenes ofereceu-se para ser Ministro do Turismo no primeiro Governo após a independência, mas nunca foi nomeado para qualquer cargo governativo. Desde então, têm sido muitos os ataques públicos à liderança da FRETILIN.

Na encenada Conferência de Imprensa de ontem, estavam presentes o ex-Embaixador de Timor-Leste em Camberra, Jorge Teme, que não detém também não tem qualquer cargo nos órgãos do Partido, sendo no entanto seu militante.

Naquela ocasião, Jorge Teme referiu que o Comité Central da FRETILIN é composto por 594 membros, quando na verdade são 80 membros efectivos e 9 suplentes, fazendo um total de 89 membros.

“Vicente Ximenes e Jorge Teme disseram na encenada conferência de imprensa que a maioria da FRETILIN e do Comité Central queriam a demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri. A verdade é exactamente oposta. Os Srs. Vicente Ximenes e Jorge Teme não estão, de todo, autorizados a representar a FRETILIN.

A grande maioria dos membros da FRETILIN vêem nos continuados pedidos de demissão do primeiro-ministro uma violação aos mais básicos princípios da FRETILIN, da democracia, da independência nacional e um atentado aos direitos dos mais desfavorecidos cidadãos de Timor-Leste” disse Estalisnau da Silva, membro do Comité Central da FRETILIN e Ministro da Agricultura .

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Dos leitores

Caro Xanana é triste ver o ódio nos seus olhos quando presta declarações públicas. Esperavamos de si a elevada postura de um Chefe de Estado e não a vulgaridade de invocar o nome do povo para satisfazer os seus ódios pessoais!
Quinta-feira, Junho 22, 2006 9:24:36 PM

A ironia de tudo isto é que os filhos de Xanana irão crescer felizes na Austrália e os filhos do POVO terão ainda muitas lágrimas para verter...
Quinta-feira, Junho 22, 2006 9:19:40 PM

...Onde está o Xanana que sempre apelou à paz, ao consenso e à unidade?!Será que o verdadeiro Xanana foi mais uma vez preso, desta vez pelos australianos, e puseram no seu lugar um sósia?!Desculpem-me o desvario mas não consigo aceitar, dói muito admitir a existência deste "Xanana"....
Quinta-feira, Junho 22, 2006 9:12:54 PM

A factura australiana chegou: na forma da carta do PR ao PM.O preço é a destruição da Constituição timorense e das suas instituições.Poderíamos pensar que essa exigência se justificasse dadas as mais variadas acusações lançadas de todas as partes e abrangendo todas as mais importantes figuras políticas do país, o que poderia levar alguns a pensar que só a renovação de todas as estruturas políticas poderá resolver esta crise.Mas -- e esta é apenas uma opinião, talvez errada -- não creio que o governo australiano esteja sinceramente interessado na saúde da Constituição de Timor. Querem substituí-la por outra que lhe seja mais favorável, e que apresente outras caras políticas mais simpáticas.No entanto, se isso vier a acontecer, então poderão ter a certeza que quando essa nova Constituição e esses novos políticos já não lhes agradarem, então a solução é simples: substituí-los -- o que se faz uma vez pode ser feita mais uma, e outra, e outra vez...
Quinta-feira, Junho 22, 2006 9:07:28 PM

Xanana fica na história da libertação de Timor Leste e fica na história da entrega deliberada do seu povo para o caos.
Quinta-feira, Junho 22, 2006 8:58:39 PM

"Peço responsabilidades ao vosso camarada Mari Alkatiri pela crise que estamos a viver, relativamente à sobrevivência do Estado de direito democrático, ou amanhã [sexta-feira] eu vou mandar uma carta ao Parlamento Nacional, para in formar que me demito de Presidente da República", disse Xanana Gusmão numa mensagem ao país."Tenho vergonha pelo que o Estado está a fazer ao povo e eu não tenho coragem para enfrentar o povo", afirmou o presidente timorense, justificando a sua decisão.É uma vergonha o que está a fazer ao povo!!!Após a chegada dos seus amigos australianos irrompem a maior onda de violência no seu país que levou à destruição da cidade de Dili.Agora vai defenitivamente entregar o seu Povo para o abismo.Pergunto ao Alexandre Gusmão onde estão os seus filhos?!Estão em Timor junto dos filhos do seu povo?! Ou já estão na Austrália?!
Quinta-feira, Junho 22, 2006 8:25:37 PM

Cena (imaginária) algures em Bidau-SantanaDiz a mãe para a filha de 6 anos: não te aflijas, filha! Este barulho não é de tiros de canhão nem de trovões. São apenas os indonésios em Jakarta a rirem-se às gargalhadas!...
Quinta-feira, Junho 22, 2006 8:04:39 PM

Não existe alternativa a Mari Alkatiri"

Entrevista de Armando Rafael a Ana Pessoa, DN, 22/06/06

Ana Pessoa esteve em Lisboa para participar na reunião da CPLP, organização que a ministra timorense acredita poder vir a influenciar a composição e o desenho da nova missão da ONU em Timor-Leste. Sobretudo se os Estados lusófonos decidirem concertar posições, como foi anunciado. Esta entrevista foi realizada em dois momentos distintos, tendo em conta os desenvolvimentos da crise timorense, e, actualizada ontem, véspera do regresso da ministra a Dili.

Como é que avalia a carta que o Presidente Xanana Gusmão enviou ao primeiro-ministro Mari Alkatiri?

Devo dizer que essa carta me deixou muito surpreendida e até chocada. Pela forma como tudo se processou mas sobretudo pelo seu conteúdo. Até porque não creio que ela tenha algum elemento novo que altere o discurso que o Presidente Xanana fez há uma semana no Parlamento, quando se assumiu como factor de moderação e como garante da Constituição.

Pode ter mudado de opinião...

Mas um Estado de direito democrático não se compadece com este tipo de comportamento.

Compreende pelo menos as justificações que foram avançadas?

Não. E não percebo também como é possível enviar uma carta desta natureza, que remete para um programa da televisão australiana que, tanto quanto sei, fez acusações falsas ao primeiro-ministro. É por isso que digo que não consigo alcançar o sentido desta atitude do Presidente. Até porque não encontro na sua carta nenhum fundamento legal.

Como é que o primeiro-ministro Mari Alkatiri vai reagir?

O primeiro-ministro, que é também o secretário-geral da Fretilin, vai reunir-se amanhã [hoje] com a Comissão Política Nacional do partido e, no sábado, com o Comité Central para analisar as alternativas que se colocam e que possam, esperamos, contribuir para a resolução desta crise. Mas qualquer solução que vier a ser encontrada não poderá, em caso algum, ofender os preceitos constitucionais vigentes. Sob pena de isso contribuir para o enfraquecimento das instituições do Estado e até para o eventual desaparecimento de Timor-Leste, enquanto Estado soberano e independente.

Admite que Alkatiri se demita?

Pessoalmente, não creio que a solução para a crise passe pela demissão de Mari Alkatiri. Mas, como é óbvio, tudo depende da vontade dele. De qualquer forma, para que isso fosse possível era necessário que o primeiro-ministro tivesse liberdade de decisão, o que, manifestamente, não acontece. Portanto, se ele se demitisse, o seu gesto corresponderia a um simulacro de decisão.

Apesar disso, a Fretilin pode avançar com outros nomes para primeiro-ministro, ou não?

Não creio que, neste momento, exista alternativa ao primeiro-ministro Mari Alkatiri. Salvo se estivéssemos todos a brincar aos governos, o que, francamente, ainda não creio que esteja a acontecer.

Acredita que existam outras saídas para esta crise?

Há sempre soluções intermediárias.

Quais?

Não sei. Neste momento, não estou em Timor-Leste e, por isso, não quero dizer mais nada... Mas admito, por exemplo, que a Fretilin possa aceitar uma equipa governamental mais alargada e que isso possa contribuir para uma solução.

Admitindo esse cenário, o facto é que ainda há muitas questões por resolver. Acredita, por exemplo, que é possível uma reconciliação com os militares que também exigem a demissão do primeiro-ministro?

Mas qual é a saída para um desertor? É a saída legal. Os desertores têm de responder pelos seus actos. Agora, nós estamos habituados a perdoar em Timor-Leste. O que significa que eles terão de assumir primeiro as suas responsabilidades e só depois é que os podemos perdoar. Se perdoámos às milícias, porque não havíamos de poder perdoar aos desertores?

Está a falar de uma amnistia?

O perdão é concedido depois de uma pessoa se apresentar em tribunal e de ser julgada. A amnistia é prévia. Mas o que importa agora é que eles assumam as suas responsabilidades. Sob pena de estarmos a fomentar a impunidade.

É isso que o Presidente tem feito?

Não.

Só admite uma saída legal para esta crise? Não há opções políticas?

Admito que possa existir uma saída política. Só que, do meu ponto de vista, ela deve ter alguns parâmetros. E um deles é o respeito pela lei. Será que esta crise se resolve com a demissão do primeiro-ministro? E se isso acontecer, não estaríamos a abrir um precedente ou a criar condições para que existam novas crises a prazo? É sobretudo nisto que temos de pensar.

Acredita que o primeiro-ministro Mari Alkatiri sobreviverá a esta crise?

O primeiro-ministro Mari Alkatiri tem de sobreviver para que Timor-Leste possa sobreviver. Caso contrário, assistiremos a uma sucessão de governos sempre que umas quantas pessoas se reunirem para protestar.
na Pessoa esteve em Lisboa para participar na reunião da CPLP, organização que a ministra timorense acredita poder vir a influenciar a composição e o desenho da nova missão da ONU em Timor- -Leste. Sobretudo se os Estados lusófonos decidirem concertar posições, como foi anunciado. Esta entrevista foi realizada em dois momentos distintos, tendo em conta os desenvolvimentos da crise timorense, e actualizada ontem, véspera do regresso da ministra a Díli.

“Existem centenas de armas fora de controlo”

Há muitas armas à solta em Timor-Leste. Tem ideia de quantas são?

Não. Para isso era preciso saber quantas armas é que a polícia tinha anteriormente e o levantamento ainda estava a ser feito quando deixei Dili. Mas há muitas armas fora do controlo. E algumas estão, efectivamente, nas mãos de civis. Eram sobretudo armas que estavam com as unidades de Reserva da Polícia (URP) e de Intervenção Rápida (UIR), onde houve deserções.

Estamos a falar de dezenas ou de centenas de armas?

De centenas. A nossa polícia tinha cerca de 3.500 homens…E mesmo que nem todos tivessem armas, estaríamos sempre a falar de centenas.

As forças australianas admitem ter recuperado já cerca de 500 armas…

Pois, mas creio que isso inclui também armas brancas…

Num país como Timor-Leste não deve ser muito difícil perceber onde é que essas armas andam…

Pois não. Mas é preciso terminar o inventário das armas da polícia. A partir daí podemos trabalhar com as estruturas comunitárias e perceber onde é que houve tiros e chegar até às pessoas que detém essas armas.

Como membro do Governo, como é que interpreta as denúncias sobre os “esquadrões da morte”?

Temos assistido, desde o princípio da crise, a uma campanha tremenda contre o primeiro-ministro Mari Alkatiri, em que tudo serve para denegrir a sua imasgem.

Não acredita que o ex-ministro Rogério Lobato tenha distribuído armas por civis?

Não creio. As acusações contra Rogério Lobato são instrumentais. O que a campanha visa é a Fretilin e Mari Alkatiri. Porque a Fretilin não tem, de certeza absoluta, grupos armados. A Fretilin não é, nem nunca foi, uma organização terrorista. Nem mesmo durante a luta armada.

Tem lido a imprensa australiana?

Desta vez, o que é que diz a imprensa australiana? Que somos impopulares? Que não ouvimos o povo? Ou que escolhemos o português como língua oficial?

Há colegas seus de governo, como Ramos-Horta que defendem um inquérito às acusações?

Claro que é preciso investigar. Quanto mais não seja para as desmascarar. Senão é todo o Governo que fica sob suspeita. E, como é óbvio, não estamos disponíveis para ser enxovalhados.

Com ou sem “esquadrões da morte”, admite que existam militantes da Fretilin que tenham sido armados?

Não.

Nem que tenha sido feito à revelia da direcção do partido?

Não creio. Eu também já fui acusada de ter distribuído armas. Isso não tem sentido nenhum.


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Para ler

Decisão da FRETILIN vai ao encontro das preocupações do PR

Díli, 22 Jun (Lusa) - A resposta da FRETILIN, partido governamental em Timor-Leste, à exigência feita pelo Presidente Xanana Gusmão de demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri "vai ao encontro das preocupações" do chefe de Estado, disse hoje fonte partidária à Lusa.

A fonte, que solicitou o anonimato, confirmou que o primeiro- ministro Mari Alkatiri e o presidente do Parlamento Nacional, Francisco Guterres "Lu-Olo", têm uma reunião agendada para "hoje à tarde (hora local) com o chefe de Estado, para lhe comunicarem formalmente a decisão da FRETILIN".

A resposta do partido maioritário, que a fonte se escusou a dizer qual é, "vai ao encontro das preocupações do chefe de Estado, e aponta para a viabilização da governação e a garantia do normal funcionamento das instituições democráticas eleitas, como o Parlamento, com a correspondente aprovação dos diplomas que aguardam agendamento, como o orçamento de Estado e as leis eleitorais".

A decisão foi tomada no decorrer de uma reunião da Comissão Política Nacional (CPN), realizada hoje de manhã em Díli.

Relativamente à reunião do Comité Central da FRETILIN, convocada para sábado de manhã, a fonte disse à Lusa que "o objectivo é informar os militantes da decisão da CPN e tratar da organização interna do partido relativamente às eleições de 2007".

Na quarta-feira, durante uma reunião do Conselho de Estado (CE) para análise da situação no país, Xanana Gusmão ameaçou demitir-se se o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, não aceitasse deixar a chefia do governo.

Na ocasião, Xanana Gusmão alegou que a crise política não se pode prolongar por mais tempo e que teria de dar uma satisfação ao povo timorense.

Já perto do final da reunião, e porque Mari Alkatiri se mantinha "fechado em copas", segundo a expressão usada por fonte que participou na reunião do CE e que solicitou também o anonimato, Xanana Gusmão insistiu que tinha de "enfrentar" a população e que não lhe restava outra hipótese senão demitir-se.

Perante esta reacção, Mari Alkatiri disse então que avaliava a posição e o papel do Presidente da República como "mais importantes" no contexto da actual crise, pelo que comunicou que iria consultar a direcção da FRETILIN sobre a sua possível demissão.

A demissão de Mari Alkatiri foi exigida por Xanana Gusmão terça- feira, numa carta que endereçou ao primeiro-ministro, a propósito de um programa transmitido por uma televisão australiana sobre a alegada distribuição de armas a civis.

Na carta, Xanana Gusmão refere que no programa foram feitas "graves denúncias" sobre o alegado envolvimento de Mari Alkatiri na entrega de armas a civis.

"Tendo visto o programa 'Four Corners', que me chocou imensamente, só me resta dar-lhe oportunidade para decidir: ou resigna ou, depois de ouvido o Conselho de Estado, o demitirei, porque deixou de merecer a minha confiança, enquanto Presidente da República", escreveu Xanana Gusmão.

"Espero uma resposta sua até às 17h00 de hoje, 20 de Junho de 2006", lê-se na missiva assinada por Xanana Gusmão.

A acusação de que Mari Alkatiri ordenou a distribuição de armas a civis para eliminar os seus adversários políticos foi feita por Vicente da Conceição "Railos", um veterano da resistência contra a ocupação indonésia que afirma liderar um grupo de "segurança interna" da FRETILIN, de cerca de 30 homens.

Mari Alkatiri tem repetidamente negado as acusações de "Railos" e, face a sugestões para que se demita, admitiu fazê-lo apenas se fosse esse o desejo da FRETILIN, partido de que é secretário-geral.

A FRETILIN venceu as eleições de 2001 para a Assembleia Constituinte, que redigiu e aprovou a Constituição da República, com 57,37 por cento dos votos, elegendo 55 dos 88 deputados.

Posteriormente, a Assembleia Constituinte votou a sua transformação no actual Parlamento Nacional, do qual saiu o governo liderado por Mari Alkatiri, cuja posse ocorreu a 20 de Maio de 2002, dia em que o país se tornou independente.

EL/PNG/ASP.

FRETILIN anuncia que Alkatiri não se demite de PM

Díli, 22 Jun (Lusa) - A FRETILIN anunciou hoje que o primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, não vai se demitir do cargo conforme exigência do Pres idente da República, Xanana Gusmão.

"O primeiro-ministro não vai apresentar a demissão ao Presidente da Rep ública e apela aos órgãos de soberania que resolvam a crise dentro do quadro con stitucional", afirmou José Reis, secretário-geral adjunto do partido no poder em Timor-Leste, em conferência de imprensa em Díli.

EL/PNG.

Lusa/Fim


FRETILIN anuncia que Alkatiri não se demite de PM (ACTUALIZADA)

Díli, 22 Jun (Lusa) - A FRETILIN anunciou hoje que o primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, não vai se demitir do cargo conforme exigência do Pres idente da República, Xanana Gusmão.

"O primeiro-ministro não vai apresentar a demissão ao Presidente da Rep ública e apela aos órgãos de soberania para que resolvam a crise dentro do quadr o constitucional", afirmou José Reis, secretário-geral adjunto do partido no pod er em Timor-Leste, em conferência de imprensa em Díli.

Questionado pela Lusa sobre se a posição da FRETILIN significa um cerra r de fileiras do partido em torno do primeiro-ministro, não correspondendo à exi gência do chefe de Estado para a sua demissão, José Reis respondeu: "sim, é a no ssa posição".

O dirigente da FRETILIN remeteu outras explicações para um encontro que o primeiro-ministro e o presidente do Parlamento terão sexta-feira com o Presid ente da República.

Este encontro chegou a ser anunciado pela FRETILIN para hoje à tarde (h ora local), mas José Reis revelou que Xanana Gusmão solicitou o seu adiamento po r 24 horas.

Xanana Gusmão exigiu a demissão de Mari Alkatiri, mas depois de uma reu nião do Conselho de Estado, quinta-feira, o primeiro-ministro e secretário-geral da FRETILIN indicou que iria ouvir o seu partido sobre a questão.

Mari Alkatiri tem afirmado que só consideraria demitir-se do cargo de p rimeiro-ministro se fosse esse o desejo da FRETILIN, partido maioritário em Timo r-Leste.

"A FRETILIN apela aos órgãos de soberania para honrarem a Constituição e para estarem firmes na defesa da Constituição e da soberania e dignidade do po vo maubere", disse José Reis.

"A FRETILIN apela ao Presidente da República como comandante supremo [d as forças armadas] e garante da unidade e estabilidade da Nação para fazer o pos sível para encontrar uma solução que salvaguarde as instituições democráticas", afirmou.

Relativamente ao processo judicial contra Rogério Lobato, vice-presiden te da FRETILIN e ex-ministro do Interior, José Reis adiantou que o partido gover namental "apela aos órgãos competentes para diferenciarem um processo político d e um processo criminal".

A FRETILIN, adiantou, considera que Rogério Lobato está a ser sujeito a o mesmo tratamento de que foi alvo Xanana Gusmão quando foi detido em 1992, na a ltura em que liderava a resistência contra a ocupação indonésia.

"Rogério Lobato é exemplo das práticas de perseguição ao partido. Teve a sua família sacrificada durante a ocupação" de Timor-Leste pela Indonésia (197 5-1999), acrescentou José Reis.

Rogério Lobato está a ser alvo de um processo de averiguações por ter s ido acusado de distribuir armas a civis para eliminar adversários políticos de M ari Alkatiri.

Dirigindo-se aos militantes do partido, José Reis apelou para que se ma ntenham vigilantes e não se deixem manipular por "manobras e manipulações".

"A FRETILIN apela aos seus militantes para estarem vigilantes e não ser em levados por informações, manobras e manipulações de divisão do povo de Timor- Leste", afirmou.

"A FRETILIN apela para todos se manterem vigilantes em todos os distrit os, subdistritos, sucos e aldeias", acrescentou José Reis.

EL/PNG.

Lusa/Fim


Xanana vai falar país após FRETILIN anunciar que PM não se demite

Díli, 22 Jun (Lusa) - O presidente timorense, Xanana Gusmão, vai dirigi r hoje uma mensagem ao país, anunciou o seu gabinete.

A mensagem segue-se a uma conferência de imprensa da FRETILIN, em que o partido no poder anunciou que o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, não se demiti rá do cargo, conforme tinha sido exigido pelo Presidente da República.

PNG/EL.

Lusa/Fim


Editorial, DN, 22/06/06

A carta

Eduardo Dâmaso

A situação política em Timor não pára de surpreender. O novo episódio da crise é epistolar - uma carta de Xanana a Alkatiri a exigir-lhe a demissão com base num programa da televisão australiana em que é afirmado que o primeiro-ministro teria promovido a distribuição de armas a militares da Fretilin.

O assunto da entrega das armas é melindroso e está a ser investigado pelas autoridades judiciais timorenses. Não há ainda nenhuma espécie de conclusão, mas o Presidente da República, que tem a especial obrigação de manter a serenidade e ser o garante das instituições, pôs o país em alvoroço dizendo em papel timbrado e com a solenidade das declara- ções de Estado o que a sua mulher diz habitualmente na cozinha lá de casa ou em incursões pelos bairros pobres de Díli.

Xanana escreve a carta num tom idêntico ao das declarações recentes da sua mulher, a australiana Kirsty Sword, sobre Alkatiri, em que esta não só disse que o primeiro-ministro devia demitir-se como anunciava que, caso não o fizesse, seria demitido pelo seu marido.

As relações de Estado em Timor já tinham descido ao mais baixo nível de paroquialidade quando se percebeu que em muito dependiam da vida do- méstica do Presidente. Agora passaram para a fase mais preocupante: o tom simplório com que têm sido comentadas as relações institucionais saiu mesmo da cozinha do Presidente e entrou nas instituições.

A carta de Xanana - que o DN publica nesta edição - representa a triste paródia a que chegou a política timorense. Um país que está à beira de uma guerra civil é atravessado por ódios mortais ao nível das mais altas figuras do Estado, fomentados por guerras antigas ou por interesses económicos e diplomáticos da Austrália.

Com este comportamento Xanana Gusmão volta a incendiar o clima político em termos que podem ser incontroláveis num país onde há centenas de civis armados, polícias e militares amotinados, rivalidades étnicas, invejas pessoais e que se transformou num palco de obscuras manobras diplomáticas. Com uma liderança que gere ódios o povo só pode mesmo é procurar abrigo do seu próprio medo. O braço-de-ferro entre Xanana e Alkatiri chegou a um ponto de não retorno e pode mesmo acabar num banho de sangue. E, até aqui, quem se tem esforçado por evitar tal tragédia tem sido Alkatiri e não o Presidente de Timor- -Leste.


Xanana quer obrigar Alkatiri a demitir-se

João Pedro Fonseca Em Díli, DN, 22/06/06

O Presidente Xanana Gusmão esticou ontem a corda no Conselho de Estado e exigiu ao primeiro- -ministro Mari Alkatiri que se demitisse. Está instalada a crise política em Timor-Leste. Hoje, Alkatiri deverá voltar a reunir-se com Xanana e com o presidente do Parlamento, Francisco Guterres (Lu Olo), que preside também à Fretilin.

A decisão final pode estar para breve. Mas não é seguro que o primeiro-ministro venha a cair. Pelo menos até sábado, dia em que se reúne o Comité Central da Fretilin. Hoje reúne-se ainda a Comissão Política Nacional do partido e amanhã segue-se o Conselho de Ministros.

Certo é que o Presidente parece ter perdido a paciência depois de ter visto, na terça-feira, um documentário da televisão australiana, em que se abordava a entrega de armas ao grupo de Vicente da Conceição (Railós). De imediato, enviou uma cassete do programa ao primeiro-ministro. Alkatiri viu a cassete, como dizia ontem na entrevista ao DN, mas não reparou na carta que a acompanhava. "Estava mesmo juntinha à convocatória do Conselho de Estado." Só à noite é que a viu.

Nessa carta [ver fac-símile], Xanana Gusmão fazia um autêntico ultimato a Mari Alkatiri: "Ou resigna ou, depois de ouvir o Conselho de Estado, terei de o demitir porque deixou de merecer a minha confiança, enquanto Presidente da República." Dava até um prazo: "Espero uma resposta sua até às 17.00 de hoje, 20 de Junho de 2006."

Ontem, o Conselho de Estado começou mal. Quando Alkatiri chegou ao Palácio das Cinzas com o seu staff viu logo vários seguranças de Rogério Lobato e de Paulo Martins (comandante da Polícia), precisamente dois homens que têm algo a dizer sobre a questão das armas e que poderiam envolver o primeiro-ministro.

O staff do primeiro-ministro foi então desviado para outra sala, onde não havia cadeiras. Alkatiri terá ironizado: "Já nos tiraram a cadeira." Depois, houve a tentativa de fazer uma acareação entre Railós e Paulo Martins e Alkatiri. Mas não foi aceite.

O DN confirmou tudo com Paulo Martins, minutos depois de este ter saído: "Fui chamado para vir contar o que sei sobre as armas entregues a Rogério Lobato, mas não foi preciso. Disseram que o Presidente já tinha visto um filme ."

O Conselho de Estado começou, apenas com dez dos 12 conselheiros, de forma cordata. Cada um dos conselheiros deu a sua opinião sobre a crise e apenas quatro terão defendido a demissão do chefe de governo.

Quando Xanana começou a falar foi muito duro, fazendo acusações a Alkatiri, que terá replicado da mesma forma. Foi então que Xanana terá dito que Alkatiri tinha de se demitir. Este insistiu na sua tese habitual: o Presidente não tem poderes constitucionais para o fazer. O Presidente terá respondido então que podia ser o chefe de Governo a demitir-se, já que não tinha confiança nele. Alkatiri manteve-se irredutível.

Xanana Gusmão encostou Alkatiri à parede: "Eu tenho que resolver esta crise, se o senhor não se demite, então demito-me eu." O primeiro-ministro ficou de mãos atadas. A demissão de Xanana colocaria o país no caos. Segundo algumas fontes, Alkatiri terá reconhecido, nessa altura, que estava em perda: "Se, para sairmos da crise, alguém tem de se demitir, então que seja eu, já que sou o mau da fita e o senhor é bem-visto pelo povo."

A luta de poderes continuou com o primeiro-ministro a dizer que o Governo devia então demitir-se em bloco, quando o Presidente Xanana Gusmão só parecia contemplar a hipótese da demissão do próprio Alkatiri.

Discutiram-se depois várias alternativas. No final, Mari Alkatiri prometeu que iria consultar o seu partido sobre a questão da sua demissão.

Portugal aconselhou Xanana a não demitir Mari Alkatiri
Ana Sá Lopes, DN, 22/06/06

O Estado português tem aconselhado Xanana Gusmão a não demitir Mari Alkatiri. A posição, consensual entre o Governo e o Presidente da República, tem sido transmitida nas conversações entre responsáveis portugueses e timorenses.

Tanto o Governo como o Presidente da República têm referido aos responsáveis timorenses as dificuldades que podem resultar de uma tentativa de resolução da crise através da demissão de Alkatiri, uma vez que a constituição timorense é fechada neste domínio.

Ontem, Lisboa respondeu com o silêncio à confusão instalada entre os órgãos de soberania de Timor-Leste. Nem MNE, nem primeiro-ministro, nem Presidente da República fizeram qualquer declaração pública à pressão de Xanana para a demissão de Alkatiri. A ordem é esperar até que a situação se esclareça e tudo evitar para não dar azo a acusações de interferência nos assuntos internos de Timor-Leste.

Mas a preocupação com o evoluir da crise neste sentido é evidente, uma vez que para o Governo português, a concretizar-se a demissão de Alkatiri - que, de resto, Portugal considera não ser constitucionalmente possível - virá ao encontro daquilo que no MNE é designado como o "interesse australiano".

Logo no início da crise, o primeiro-ministro australiano, John Howard, criticou o Governo de Mari Alkatiri, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, acusou a Austrália de "ingerência nos assuntos internos de Timor-Leste".

O hipotético afastamento de Mari Alkatiri é, para as autoridades portuguesas, a confirmação de que esteve em curso um golpe institucional com o patrocínio do Governo australiano - e com o apoio do Presidente da República, Xanana Gusmão, e do ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Ramos-Horta. Recorde-se que a Austrália está contra o modelo institucional timorense, feito sob influência portuguesa. O Governo australiano considera que nem a Constituição nem o sistema de justiça timorenses são os correctos e, em sede da ONU, já propuseram a sua alteração.

Lusa

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As nossas desculpas deste intervalo e aqui vai resumo

A Fretilin anunciou que o Primeiro-Ministro não se demitia e Xanana Gusmão esqueceu-se que era Presidente da República e vai disto.

Adia para amanhã a reunião que tinha com o Primeiro-Ministro e com o Presidente do Parlamento que são também respectivamente, Secretário-Geral e Presidente da Fretilin, e faz uma declaração a dizer que a direcção da Fretilin não é legítima, que compraram votos para serem eleitos no Congresso, e que amanhã, caso Alkatiri não se demita, demite-se ele.


Entretanto, os australianos, distraídos, deixaram entrar uma caravana de carros e camionetas de manifestantes em Díli, que se preparam para dormirem em frente ao Palácio do Governo que está guardado por militares australianos e pelos nossos bravos GNR, que também protegem o Parlamento Nacional que fica por trás.

A nossa opinião, para que não restem dúvidas, é que o Presidente não está na posse de todas as suas faculdades.

Se interessa a alguns que Timor-Leste pareça um circo, uma república das bananas, um estado falhado, o senhor Presidente está a fazer-lhes um grande favor.

Esperemos mais uma vez, que a Fretilin esteja à altura e que resista a estas provocações.

Confiamos no sentido de Estado do Primeiro-Ministro para que, sem ceder a chantagens ou a ultimatos, saiba gerir o seu partido nos próximos dias.


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Boa-sorte, Timor-Leste.


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ALERTA


Primeiro-Ministro Alkatiri faz Presidente Xanana Gusmão pensar duas vezes


Hoje o dia começou mal. A notícia era que na Terça-feira, dia 20 de Junho, o Presidente enviou um envelope ao Primeiro-Ministro que continha uma cassete de vídeo do programa de dia 19, 4 Corners da ABC TV da Australia, e uma carta a exigir que ele se demitisse até às 5 da tarde, caso contrário senão seria demitido. Isto significa uma ameaça de violação da Constituição. O programa 4 Corners alega que a Fretilin criou esquadrões de morte por ordem do Primeiro-Ministro e Secretário-Geral, Mari Alkatiri.

Felizmente, talvez, o Primeiro-Ministro não abriu o envelope até tarde nessa noite, depois das 5 da tarde. De qualquer forma, o Presidente não tomou nenhuma acção no final do prazo

Tinha sido marcada uma reunião do Conselho de Estado para as 10.30 da manhã de dia 21 de Junho – um conselho consultivo do Presidente constituído por 15 conselheiros, que não toma decisões. Na reunião, o Presidente renovou o seu pedido de demissão do Primeiro-Ministro. O Primeiro-Ministro não aceitou o pedido.

Então, o Presidente disse que se o Primeiro-Ministro não se demitisse, demitia-se ele. Mas o Primeiro-Ministro disse-lhe para não fazer isso de forma nenhuma, e que se assim fosse demitia-se ele primeiro. O Ministro dos Negócios Estrangeiros propos que Alkatiri entregasse o seu lugar a dois vice-primeiros-ministros.

O Primeiro-Ministro respondeu que eles tinham de compreender que se ele se demitisse nestas circunstâncias, isso implicaria a demissão de todo o Governo, o antagonismo dos membros da Fretilin, e que o Orçamento de Estado não passaria no Parlamento Nacional e que a Lei eleitoral seria atrasada e que tudo isto não seria bom para o país nem traria benefícios para a situação.

Esta perspectiva surpreendeu, tanto o Presidente como o Ministro dos Negócios Estrangeiros.

O Primeiro-Ministro disse que não lhe cabia a ele sozinho tomar essa decisão e que teria que consultar a FRETILIN e o Conselho de Ministros.

A reunião acabou com o Primeiro-Ministro a transmitir ao Presidente que o informaria da sua decisão após essas consultas. A Comissão Política Nacional da FRETILIN reunir-se-á no dia 22 de Junho de manhã, e à tarde o Primeiro-Ministro e o Presidente do Parlamento informarão o Presidente das conclusões da Comissão Política Nacional. Na sexta-feira de manhã há reunião do Conselho de Ministros. No Sábado reúne-se o Comité Central da FRETILIN. Por isso, talvez, Domingo ou Segunda-feira haverá um anúncio do resultado deste processo.

No entanto, o efeito psicológico do dia foi virou-se contra o Presidente. Ele exigiu a demissão do Primeiro-Ministro em dois dias consecutivos e não a recebeu.
Nem o Presidente, nem o Ministro dos Negócios Estrangeiros, prestaram declarações à Imprensa, nem a Embaixada da Austrália, depois do Conselho de Estado de hoje.

Os militares australianos tem sido cada vez mais agressivos dizendo às pessoas que Alkatiri é o 'ex-Primeiro-Ministro” e a perguntarem às pessoas quem é que elas apoiam. Hoje hastearam a bandeira da Austrália no edifício da Educação Não-Formal em Vila Verde, depois de terem impedido o içar da bandeira de Timor-Leste. Estas instalações são utilizadas pelo Ministério da Educação e também utilizado como dormitório por alguns soldados australianos.

No dia 9 de Junho, dois helicópteros militares australianos foram a Los Palos, na ponta Leste da ilha, dizendo às pessoas para apoiarem o Presidente e oporem-se ao Primeiro-Ministro. Foram surpreendidos por uma reacção agressiva e zangada da população e tiveram que partir apressadamente.

O demissionário Ministro do Interior, Rogério Lobato, foi interrogado pela polícia sobre as alegados esquadrões da morte, mas não foi preso. Está em sua casa e visitou outras casas na sua zona, mas encontram-se militares australianos em sua casa. O Procurador-Geral da República disse nas notícias da noite da Televisão, a 21 de Junho, que havia um mandado de detenção para Rogério Lobato, mas que não tinha sido executado.

Por volta das 6 da tarde de 21 de Junho, algumas pessoas tentaram incendiar a casa do Procurador-Geral, mas os bombeiros dominaram o incêndio. A 20 de Junho tinha havido uma ameaça de lhe pegarem fogo à casa. Estão contra ele por não prender o Primeiro-Ministro e Rogério Lobato. Queimaram casas nessa noite em Díli.

Tanto quanto posso dizer dos membros da FRETILIN, existe um grande apoio a Mari Alkatiri, e existe a determinação de resolver a tensão actual com o Presidente de uma forma que garanta o respeito pela Constituição, a posição da FRETILIN, ajude a acabar com a crise no país e que permita realmente a realização das eleições em 2007.

O perigo é que as forças que querem mudar o Governo não desistam, especialmente agora que empurraram o Presidente à beira de violar a Constituição.

Peter Murphy
Dili, 21 de Junho de 2006


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O que está a acontecer.

Prime Minister Alkatiri makes President Gusmao think twice

Today began looking very bad. The news was that on Tuesday June 20, the President sent an envelope to the Prime Minister containing a video tape of the June 19 4 Corners program from ABC TV in Australia, and a letter reaquiring him to resign by 5pm or he would be sacked. This amounts to a threat to breach of the Constitution. The 4 Corners program alleges that Fretilin created hit squads on the orders of Mari Alkatiri the Prime Minister and party general secretary.

Perhaps fortunately, the Prime Minister did not open the envelope until later that night, well after 5pm. However, the President had taken no action at the deadline.

A meeting of the Council of State was convened at about 10.30 am on June 21 - it is a 15 person adivsory council for the President and makes no decision. At the meeting, the President repeated his request for the Prime Minister to resign. The Prime Minister declined the request.

The President then said that if the Prime Minister would not resign, then he would resign. But the Prime Minister told him not to do that by any means, and that he would resign first. The Foreign Minister proposed that Alkatiri hand over to two Vice Prime Ministers.

The Prime Minister told that they had to realise that if he resigned under these circumstances that his whole government would resign, and the FRETILIN members would be antagonised, the Budget may not pass through the Parliament and the Electoral Law will be dealyed, and all in all this would not be good for the country or make things any better.

That prospect surprised both the President and the Foreign Minister.

The Prime Minister said that it was not up to him alone to decide whether to resign, and he had to consult with FRETILIN and with the Cabinet (Council of Ministers).

The meeting ended with the Prime Minister undertaking to inform the President of the decision after these consultations. The FRETILIN National Political Commission will meet on June 22 in the morning, and in the afternoon the Prime Minister and the President of the Parliament will inform the President of their views of the NPC. On Friday morning the Cabinet will meet. On Saturday the FRETILIN Central Committee will meet. So perhaps on Sunday or Monday there will be an announcement of the outcome of this process.

However, the psychology of the day went against the President. He has demanded the resignation of the Prime Minister two days in a row and he has not received it. Neither the President nor Foreign Minister were talking to the media or the Australian Embassy after the Council of State meeting today.

The Australian military has been more and more aggressive in telling people that Alkatiri is the 'ex-Prime Minister' or demanding that people tell them who they support. They raised the Australian Flag at the Non-Formal Education building at Vilaverde today, after stopping the Timorese flag from being raised. This compound is being used by the Education Ministry, and also used as a dormitory for some Australian soldiers.

On June 9 two Australian helicopters flew to Lospalos at the eastern end of the island to tell people there to support the President and oppose the Prime Minister. They were surprised by a very angry reaction and had to make a hasty departure.

He is at his home and has visited other homes in the area today, but he has Australian soldiers at his house. The Prosecutor-General said on TV on the night news on Juen 21 that there was an arrest warrant for Lobato but it had not been implemented.

At about 6pm on June 21, some people tried to burn down the Prosecutor-General's home, but the fire brigade put out the fire in time. There was a threat to burn his house on June 20. There is anger at him for not arresting the Prime Minister and not arresting Lobato. There were many homes burnt in Dili again this evening.

As far as I can tell from FRETILIN people, there is very strong support for Mari Alkatiri, and there is a determination to resolve the current tension with the President in a way which will uphold the Constitution, respect the position of FRETILIN, help to end the sustained period of crisis in the country, and really enable the 2007 elections to take place.

The danger is that the forces that want to change the government will not give up, especially now that they have pushed the President to the very brink of breaking the Constitution.

Peter Murphy
Dili, June 21, 2006




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Ex-ministro do Interior está a ser ouvido por um juiz

Díli, 22 Jun (Lusa) - O ex-ministro do Interior de Timor-Leste Rogério Lobato está a ser ouvido a seu pedido no Tribunal Distrital de Díli, num processo em que é acusado de distribuição de armas a civis, disse hoje à Lusa fonte judicial.

Rogério Lobato é acusado de ter distribuído armas a grupos de veteranos da resistência e um processo de averiguações a esse respeito foi instaurado terça-feira pelo ministério público.
Desde então Rogério Lobato manteve-se em casa à espera de ser ouvido, beneficiando da protecção dos militares australianos.

As principais acusações foram feitas por Vicente da Conceição "Railos", militante da FRETILIN e veterano da luta da resistência, que acusa o primeiro-ministro Mari Alkatiri de ter dado ordens a Rogério Lobato para constituir grupos civis armados com a missão de eliminar adversários políticos do chefe do governo.

Mari Alkatiri já negou por diversas vezes as acusações de que é alvo, considerando que se trata de uma campanha para fragilizar o governo e a FRETILIN para as eleições de 2007.
Rogério Lobato abandonou o governo timorense um dia depois do presidente da República, Xanana Gusmão, ter sugerido ao primeiro- ministro a demissão dos ministros do Interior e da Defesa.

Os dois ministros em causa demitiram-se sendo substituídos por José Ramos Horta, que passou a acumular a pasta de Negócios Estrangeiros com a do Interior, e por Alcino Baris, que passou de vice- ministro para titular da pasta do Defesa, lugar deixado vago por Roque Rodrigues.
EL.

Dos leitores

Dear friends of Timor-Leste,

Please give the Australians some credit. Although the Australian government is hostile and paternalistic towards the East Timorese, we, the Australian people are not. The Australian government does not reflect the community's sentiments towards the East Timorese or the way that the East Timorese should run their country. To the contrary, the Australian community is rallying behind the East Timorese in order for them to achieve the independence they have dreamed and fought at a great loss to gain.

Dos leitores

Well in that case Timors President is a fool. I am Australian too, what a ridiculous notion to base the resignation of a Prime Minister of democratically elected based on a Australian program. It is a greta way to solve the issues around the Judicial sector in Timor, by not adhering to the institution at all.

Facts speak for themselves.

FOR: FRETILIN has 55 seats in a 88 seat Parliament. FRETILIN obtained 67% of votes during recent local elections while under the leadership of the Prime Minister.

AGAINST: Recent protests requesting the Prime Minister to step down 1000 (3000 Aust media estimates)then 300...yesterday well lets not count too few for the Australian newspaper or other Australian media to count.Like Horta said on the program "is a it's small for the scale of Dili and East Timor but it is true - the depth of dissatisfaction and criticism of the government as a whole and in particular the Prime Minister is much more widespread than the number of people demonstrating the other day - 1,000 or 2,000"

Compromise; let the people decide in upcoming elections.

Dos leitores

Se fizesem em Australia iam ao Tribunal com falsas acusacoes como em Timor Leste fazem como querem aplica-se a lei da selvajaria

Dos leitores

I am Australian. If Four Corners was to be the basis for any justified claim ever to dismiss governments in Australia, in that case many governmments and many people would have been convicted, which they have not been. It is Television, not a court of law and whoever believes otherwise is a fool!!!!

Dos leitores

Renunciar, por causa deste programa? O que aconteceu à dignidade de nosso país. QUE VERGONHA.

A voz de Camberra...

The Australian

It's a shambles and Alkatiri will fight
COMMENT
Mark Dodd
June 22, 2006
THERE is no argument; Mari Alkatiri has to go.
The Prime Minister is deeply unpopular and loathed by the influential Catholic Church, which represents more than 90per cent of East Timor's one million people.

But be warned: Alkatiri is a fighter and he will not go down without a struggle.

And evidence that his lieutenants allegedly armed sympathetic civilians to enforce his Government's writ point to dangers ahead.

Is he corrupt? As revealed in The Australian last year, his brother, Bader Alkatiri, was given a monopoly weapons import licence by the Government. Critics complained that parliament was not consulted and were promptly told by the ruling party to shut up.

Alkatiri's leadership style was worryingly autocratic for an emerging democracy and, in the words of a World Bank report, was growing increasingly out of touch with the people.

In recent years, he was no friend of a free and unencumbered media. East Timorese newspapers and reporters critical of his policies were threatened with closure or defamation proceedings.

But Australian diplomats liked him. A former Australian ambassador to Dili once told me that, faced with a dearth of suitably qualified public administrators, Alkatiri was well briefed and his political antennae finely tuned to deal with the fraught Timor Sea oil and gas negotiations.

And what to make of his mooted replacement - Nobel peace prize laureate and present Foreign Minister Jose Ramos Horta?

Ramos Horta already has a lot on his hands, having just added to his impressive portfolio the title of Defence Minister.

There may be questions on his commitment to the job and his people. Barely a month ago, Ramos Horta was trumpeting his credentials as the next replacement for UN Secretary-General Kofi Annan.

Out of the shambles that is East Timor, only one man has emerged with his credibility intact - President Xanana Gusmao.

O que se segue, Senhor Presidente?

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E se o seu julgamento sumário não resultar e Mari Alkatiri não se demitir, o que se segue, execução sumária?



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Dos leitores

Nao foi o unico a lutar 24 anos. Foi um grande estratega sim, todos reconhecemos mas nao estava a lutar sozinho. E isso de lutar 24 anos nao lhe da o direito de por o pais a venda...

Dos leitores. E nós apoiamos.

Que vergonha. Em que base o Presidente está pedindo a renúncia do Primeiro Ministro ? Um programa Australiana da televisão com allegations dos Rebels e de uma faixa dos criminosos. Há perdeu toda a dignidade. Onde está a investigação formal? O Presidente quer defender o constitution mais esquece-se defender direitas e valores democráticos. O Presidente deve ser renunciar baseado em seu incompetensia.

So far, East Timor PM clean

Herald SUN

AP
22jun06

DILI -- Investigators have no evidence linking East Timor's Prime Minister with a hit squad he allegedly formed to eliminate opponents, the top prosecutor said yesterday, as protesters rallied for a second day to demand the leader be ousted.

Prosecutors issued an arrest warrant on Tuesday for former interior minister Rogerio Lobato, a close political ally of Prime Minister Mari Alkatiri, on charges of supplying weapons to the squad.
The group's self-declared commander has alleged the group was formed on the orders of Mr Alkatiri to eliminate his critics. Mr Alkatiri denies the allegations.

Prosecutor-General Longuinhos Monteir said prosecutors had yet to finish interrogating the purported hit-squad head, Vincente "Railos" da Concecao.

Dos leitores. E nós apoiamos.

"É uma carta surrealista. A carta está feita de uma maneira que não pode deixar de nos surpreender e chocar. Um ofício a remeter uma cassete e que pelo meio convida o primeiro-ministro a demitir-se é no mínimo de um formato absolut amente inqualificável"

É sem dúvida surrealista!

Uma carta a convidar o PM a demitir-se e uma cassete anexa.

Ó Senhor Presidente não seria melhor chamar o PM ao seu gabinete confrontá-lo com os factos e depois fazer entrega da dita cassete ao Procurador Geral para que seja feita uma investigação sobre os factos?!

Não se esqueça que é PR e que Timor é um estado de Direito e não está na área da sua competência fazer "julgamentos sumários"?

Ou não existem Tribunais em Timor?

E senhor Presidente a vontade do Povo exprime-se em eleições livres ou num referendo não é o PR quem decide qual é a vontade do Povo.

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Dos leitores. E nós apoiamos.

"Segundo a fonte contactada telefonicamente em Díli e que solicitou o anonimato, Xanana Gusmão alegou que a crise política não se pode prolongar por mais tempo e que teria de dar uma satisfação ao povo timorense."

A satisfação que deveria dar ao povo era explicar-lhes porque é que os militares dos países "seus amigos" e sob a sua ordem directa nada fazem para impedir que as suas casas e os seus bens não sejam destruídos e poque continua a não haver segurança numa cidade que tem uma presença militar que chega e sobra para todo o pais.

Explique-lhes também porque é que os miliatres rebeldes não foram de imediato desarmados se uns se encontravam luxuosamente instalados na Pousada de Maubissse e os outros todos sabiam onde estavam.

Explique também ao povo que tanto gritou pela GNR Portuguesa porque nada fez para que ela pudesse socorrer o seu povo.

Explique também porque não reuniu de imediato o Conselho de Estado e só o fez sob proposta do PM.

Explique também porque é que não deixa o povo exprimir livremente o seu descontentamento em eleições.


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Dos leitores

O vosso "blogspot" é muito útil para melhor podermos compreender o que se está passando. Essa canalha nunca mais deixa esse povo viver em liberdade e os órgãos de (des)informação continuam a fazer o jogo de todos esses facínoras.

Obrigado, Margarida.

Tradução:

Australian Broadcasting Corporatio
Transcrição FOUR CORNERS

Leia a transcrição completa da reportagem de Liz Jackson "Atiçando os fogos".

Reporter: Liz Jackson
Dat: 19/06/2006

LIZ JACKSON: Ao mesmo tempo que forças internacionais assistem Timor-Leste a emergir da violência e da balbúrdia, o empurrão politico é agora para forçar o Primeiro Ministro do país, Dr Mari Alkatiri, a demitir-se. Alkatiri é um terrorista, um comunista, um Muçulmano, dizem os homens na concentração na montanha ao Ministro dos Estrangeiros Ramos Horta. Os rumores acerca do Dr Alkatiri são muitas e selvagens. Mas a evidência no terreno é magra. É aqui, que nos foi ditto, pela primeira vez, que Alkatiri ordenou ao seu Ministro do Interior para entregar armas para um grupo de segurança secreto.

MAJOR TARA, F-FDTL (TRADUÇÃO): Estas armas foram dadas por Rogério Lobato mas foram autorizadas por Mari para dar aos membros do Congresso da Fretilin.

LIZ JACKSON: É o que acredita?

MAJOR TARA, F-FDTL (TRADUÇÃO): Isto aconteceu. Isto aconteceu muitas vezes.

LIZ JACKSON: Hoje à noite o Comissário da Polícia de Timor-Leste revela ao Four Corners evidência documental que o Primeiro Ministro Mari Alkatiri soube que um dos seus ministros estavam a armar civis. Ele sabe quanto devastador isso pode ser.

LIZ JACKSON: Tem medo das consequências?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÍCIA, PNTL: Consequências, yeah. Talvez tenham que me causar alguns problemas.

LIZ JACKSON: Enquanto a vida está a regressar às estradas de Dili, milhares de refugiados estão ainda demasiado assustados para regressar às suas casas. Não confiam que acabou. As ameaças, as rivalidades, as intrigas políticas que inflamaram a violência, tudo se mantém não resolvido. Hoje à noite no Four Corners procuraremos descobrir como se chegou a isto. São cerca das 8am no quartel da polícia de Dili, capital de Timor-Leste. Todas as manhãs agora, os policies que não abandonaram o seu trabalho, vestem os seus uniformes e pretendem que ainda têm autoridade e uma tarefa que podem desempenhar. A realidade é que não estão autorizados a sair para as ruas por medo de provocarem mais violência e confusão. Mas é importante para a moral manter as paradas. O Inspector Afonso de Jesus é hoje o oficial de topo da PNTL, como é conhecida a Força Policial de Timor. Passaram três semanas desde a morte de sete dos seus colegas que foram baleados a sangue frio depois de um tiroteio com as forces armadas do país - a FDTL.

LIZ JACKSON: Porque é que as forces armadas abriram fogo contra a polícia?

INSPECTOR AFONSO DE JESUS, PNTL: Não conheço a razão porque é que dispararam sobre nós.

LIZ JACKSON: O rasto do sangue ainda estão nas escadas onde os policies foram atingidos. Não é a primeira vez que a rivalidade entre a polícia e os militares irrompeu em violência. As forças armadas ressentiam crescentemente as ajudas de custo, armas e recursos disponibilizados para o estabelecimento de uma força policial quando foram os membros das forças armadas que lutaram pela independência de Timor. Na manhã, quando o tiroteio estava no auge, o Inspector Afonso recebeu uma chamada do Primeiro-Ministro Mari Alkatiri.

INSPECTOR AFONSO DE JESUS, PNTL: Ele chamou-me ao telephone e disse, "Está OK. Afonso, deves parar o tiroteio ". Mas respondi ao Primeiro Ministro, "OK, não estamos a disparar mas a FDTL continuam a atacar-nos no edifício." Depois disso...

LIZ JACKSON: Então o Primeiro Ministro telefonou e disse, "Pode a polícia parar o tiroteio?"

INSPECTOR AFONSO DE JESUS, PNTL: Parem o tiroteio. E pensavam que éramos nós quem disparava. Mas como disse, não estávamos a disparar.

LIZ JACKSON: O tiroteio estava a ser observado com alarme crescente pela polícia das Nações Unidas e por conselheiros militares. Por volta das 11am dois deles fizeram u pedido ao Chefe da Missão da ONU, Sukehiro Hasegawa.

SUKEHIRO HASEGAWA, ESPECIAL REPRESENTANTE DA ONU EM, TIMOR-LESTE: Vieram ter comigo e sentiam com muita força que tinham capacidade para parar o tiroteio. Eles conheciam os oficiais da FDTL e também da PNTL. Dos dois lados.

LIZ JACKSON: Os oficiais da ONU falaram com o líder militar e com o polícia responsável. Foram dadas garantias, foi feito um acordo – se a polícia entregasse as suas armas, as forças armadas permitiriam que os polícias desarmados tivessem uma passagem segura para saírem do seu quartel sob escolta da ONU. Muitos dos polícias estavam relutantes. Foi o inspector Afonso quem os persuadiu. Pediu pessoalmente a três oficiais da polícia para entregar as armas?

INSPECTOR AFONSO DE JESUS, PNTL: Yeah, armas. Todas as nossas armas foram entregues ao Sr Fernando Reis e também a outros amigos da UNPOL.

LIZ JACKSON: Poucos minutes depois de emergirem os oficiais de polícia foram baleados. Foi isto que aconteceu. Quatro pessoas foram mortas na estrada. Três morreram mais tarde no complexo da ONU. 25 ficaram feridos. Testemunhas dizem que dois ou três homens em uniformes de polícia estavam à espera deles na esquina da estrada. Ninguém diz oficialmente quem deu a ordem de atirar mas este evento chocante revelou ao mundo como Timor-Este rstava perto de um colapso sangrento num estado falhado.

SUKEHIRO HASEGAWA, ESPECIAL REPRESENTANTE DA ONU EM, TIMOR-LESTE: Eles dispararam contra oficiais da polícia Timorenses e cuidadosamente evitaram os oficiais de polícia da ONU. Foi uncrível não ter havido oficiais de polícia da ONU mortos por balas.

LIZ JACKSON: Então não foi acidental?

SUKEHIRO HASEGAWA, ESPECIAL REPRESENTANTE DA ONU EM, TIMOR-LESTE: Não. Foi muito bem... De facto, talvez um ataque planeado.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Ficou muito claro ao Sr Hasegawa que como governo estamos abertos à investigação, para investigar todas as situações, incluindo esta.

LIZ JACKSON: Estão a investigar todas as situações que ocorreram?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Sim.

LIZ JACKSON: O Primeiro Ministro Alkatiri chega ao edifício do Parlamento Nacional sob protecção de soldados Australianos. Mesmo com protecção ele não pode mais misturar-se com as pessoas que governa. Nunca foi uma figura popular antes e agora, dado o caos no país, a sua liderança está sob cerco. Primeiro Ministro Alkatiri, Sou da Four Corners. Alkatiri passou os 25 anos da luta pela independência no exílio, a maioria no Marxista Moçambique. Regressou no fim de 1999.

LIZ JACKSON: As pessoas dizem do Primeiro Ministro que tem um estilo arrogante e distanciado e que é um Marxista. Têm razão?

DR JOSE TEIXEIRA, MINISTRO DOS RECURSOS NATURAIS, MINERAIS E ENERGIA: Ele está longe de ser um Marxista. Trabalho de perto com ele. Basta reparar na direcção das políticas que o governo tem adoptado em termos de desenvolvimento do sector privado, políticas dirigidas também largamente pelo Primeiro Ministro. Portanto penso que essa acusação de ele ser marxista é muito tola.

LIZ JACKSON: José Teixeira é o porta-voz do PM. Um antigo advogado em Brisbane, deixou Timor-Leste quando tinha 11 anos, regressando em 2002. Trabalha hoje na organização dos detalhes de último minuto para uma visita do Ministro dos Estrangeiros Alexander Downer. Teixeira acredita que a postura firme do Dr Alkatiri nas negociações sobre os direitos do petróleo e do gás no Timor Gap não lhe conquistou amigos em Canberra. Sente que tem havido pressões do Governo Australiano sobre quem deve estar à frente deste país?

DR JOSE TEIXEIRA, MINISTRO DOS RECURSOS NATURAIS, MINERAIS E ENERGIA: Repare, tenho a certeza que o Primeiro Ministro e este governo não são os favoritos das pessoas em Canberra, e não falo só das personalidades politicas em Canberra, mas doutras que são parte da sociedade de Canberra.

LIZ JACKSON: Alexander Downer chega meia hora atrasado. Ele e a sua comitiva tinham ido primeiro ver um dos rivais políticos do Primeiro Ministro, o Ministro dos Estrangeiros José Ramos Horta. Por isso o Dr Alkatiri fá-los esperar agora.

ALEXANDER DOWNER: Oh, hello, Primeiro Ministro.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Ministro dos Estrangeiros.

LIZ JACKSON: Alkatiri não tem sido tão adepto como Ramos Horta a procurar assistência militar internacional, mas assinou na linha ponteada. Diz que não sofre pressão estrangeira para se demitir antes das eleições marcadas daqui a seis a nove meses.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Não, até agora não recebi nenhuma pressão de nenhum governo. Obviamente, algumas pessoas tiveram... fizeram algumas declarações que a melhor solução do conflito seria se o Primeiro Ministro saísse, mas penso que isto é, não é uma... É injusto, mas não considero isso uma pressão.

LIZ JACKSON: A quem é que se está a referir, então?

DR MARI ALKATIRI, PRIME MINISTER: Sabe muito bem a quem me referi.

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS: O problema é, obviamente, pode o país suportar nos próximos seis meses, nove meses desta pressão contínua no Primeiro Ministro para resignar? Podemos suportar esta crescente perda de credibilidade do governo e pobre imagem do país? Ou deve o Primeiro Ministro dizer, "Bem, eu saio no interesse do meu partido. Parece que sou uma dificuldade para o meu próprio partido, se não para o país."

LIZ JACKSON: A pressão começou há dois meses. Houve uma demonstração durante 5 dias feita por 600 soldados despedidos – conhecidos como os peticionários – e os seus apoiantes. Eles queixam-se que sofrem discriminação porque ao contrário da maioria dos oficiais de topo, eles vêem do oeste do país, perto da fronteira Indonésia. Dizem que são descritos como colaboradores com a Indonésia, enquanto que os do leste recebem todo o crédito da luta pela independência. A meio do dia, hooligans tinham inchado a multidão e as coisas ficaram feias. Atiraram pedras, queimaram carros, a polícia regular perdeu o controlo, e a polícia de choque, em uniforme negro abriu fogo. Pelo fim do dia o caos tinha-se espalhado. O Primeiro Ministro chamou as forças armadas. Pelo cair da noite, 60 pessoas tinham sido baleadas. Cinso pessoas foram mortas.

LIZ JACKSON: Autorizou as tropes a dispararem na demonstração?

DR MARI ALKATIRI, PRIME MINISTER: Não. Uma coisa é chamar as tropes para ajudar a polícia a controlar a situação. Outra coisa é disparar contra a demonstração. Deixei claro, as instruções eram claras, para controlar, para pô-los for a e não para seguir...para irem atrás deles.

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS: A Força da Defesa não devia ter sido trazida para, uh... prevenir ou parar distúrbios civis, porque não são treinadas para fazerem isso. E nunca se tem a certeza das consequências quando entram numa cidade. E sem consultar o chefe do Estado – particularmente alguém como Xanana Gusmão, que tem um instinto político excepcionalmente bom, isso é, sim, um erro grave de julgamento.

LIZ JACKSON: Nos dias seguintes, facções em luta das forças de segurança viraram-se umas contra outras. Gangs de hooligans inundaram as ruas, queimara 45 casas até aos alicerces. Pessoas foram metralhadas e esfaqueadas, algumas foram queimadas vivas. Mais de 14,000 pessoas fugiram das suas casas em horror e acamparam nas terras das igrejas, embaixadas e perto do aeroporto. 70 por cento da polícia desertou dos seus postos e uma facção armada rebelde apanhou os seus carros e as suas armas e levou-os para as montanhas em solidariedade com os peticionários. O seu líder, o Major Alfredo Reinado, ainda lá está, pedindo que Alkatiri resigne.

MAJOR ALFREDO REINADO, POLÍCIA MILITAR POLICE, F-FDTL: Penso que tem de sair da posição e fazer face às investigações, e se se provar que fez algo errado na sua liderança, terá de enfrentar o tribunal então.

LIZ JACKSON: Há duas semanas, o Ministro dos Estrangeiros Ramos Horta chegou ao gabinete presidencial para ser investido como o novo Ministro da Defesa. A seguir à violência, o Ministro do Interior e o Ministro da Defesaforam pressionados para sair. Isso é justo?

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS: Sim, é absolutamente justo, porque ministros noutros países saem por ofensas menores, portanto como um primeiro passo, isso é justo.

LIZ JACKSON: Nessa base, deve o Primeiro Ministro, como chefe do governo, resignar precisamente pela mesma razão?

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS: Sabia que se tivesse respondido a esta primeira questão, que a sua próxima questão seria precisamente...essa. Portanto, Iprefiro abster-me de responder a esta questão.

LIZ JACKSON: Embaixadores estrangeiros e uma pequena multidão das Nações Unidas numa pequena sala para testemunhar a investidura. Todos esperam a chegada do Presidente Xanana Gusmão, incluindo o Primeiro Ministro Mari Alkatiri. Três dias antes, o Presidente anunciou publicamente que estava a assumer as principais responsabilidades das questões de segurança.

LIZ JACKSON: As acções do Presidente minaram qualquer autoridade que o Primeiro Ministro tem em termos da sua capacidade para governar este país?

DR JOSE TEIXEIRA, MINISTRO DOS RECURSOS NATURAIS, MINERAIS E ENERGIA: Não vou comentar.

LIZ JACKSON: Não comenta?

DR JOSE TEIXEIRA, MINISTRO DOS RECURSOS NATURAIS, MINERAIS E ENERGIA: Não comento, não.

LIZ JACKSON: O Presidente colocou-lhe alguma pressão para resignar?

DR MARI ALKATIRI, PRIMERO MINISTRO: Quem?

LIZ JACKSON: O Presidente.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Não, nunca. O Presidente é um dos mais fortes defensores da Constituição aqui neste país.

LIZ JACKSON: O Presidente Xanana Gusmão chega. Enquanto publicamente mantém a aparência que trabalham juntos, é largamente sabido que Xanana Gusmão procurou conselho legal sobre se constitucionalmente tem o poder para despedir Alkatiri. A resposta curta é não – não sem um voto parlamentar de não confidência. E no parlamento o partido Fretilin de Alkatiri tem a maioria. A única provisão que forçaria o Primeiro Ministro a sair é se fosse acusado por uma ofensa criminal grave. O desentendimento entre o Primeiro Ministro e o Presidente vem de há 20 anos, quando Gusmão deixou o partido Fretilin para adoptar uma postura mais centrista, mais inclusiva, menos dura.

XANANA GUSMAO NO PARLAMENTO: Queridos amigos, senhoras e senhores, não era suposto ser uma cerimónia tão solene. Mas temos de reconhecer que, por causa da situação, é uma especial.

LIZ JACKSON: Pode descrever a relação entre o Presidente e o Primeiro Ministro como a de o Presidente ser muito apoiante do Primeiro Ministro?

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS: Bem, não diria que o Presidente é muito apoiante do Primeiro Ministro. Diria que o Presidente leva muito a sério as suas responsabilidades, particularmente em tempos de crise, mas também em tempos normais, para assegurar que as instituições do Estado, as instituições democráticas do Estado, funcionem normalmente.

LIZ JACKSON: Dois dias depois, ouvimos que o novo ministro da defesa, José Ramos Horta, foi para o sudoeste de Dili para se encontrar com os soldados rebeldes e os seus apoiantes, que se concentraram na cidade montanhosa de Gleno. Quando chegámos, Ramos Horta dizia à concentração que tinha pedido um inquérito internacional a quem está detrás da violência e das mortes entre as facções da segurança em guerra.

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS: Em relação à investigação, irá para a frente conforme planeado, mas não posso comentar mais porque seria desrespeitoso para a comissão internacional.

LIZ JACKSON: As pessoas trouxeram para aqui as suas bandeiras e camiões porque planeiam ir demonstrar a Dili amanhã, pedindo a demissão do Primeiro Ministro. Ramos Horta diz-lhes que isso é o seu direito democrático.

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTERO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS: Disse, "É o vosso direito irem à manifestação. E...não necessáriamente...vou dizer se devem ou não devem, isso não é responsabilidade minha."

LIZ JACKSON: Descreveria estas pessoas em Gleno como seus apoiantes?

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DA DEFESA: Bem, parece, parece, como muitas delas disseram, eu devia ser o Primeiro Ministro... ah, sim, em muitos lugares. A guiar, jmesmo agora, vim de Maliana. Em todos os lados onde estive - Baucau, em todos os lados – e tive tremenda simpatia, apoio, calor das pessoas aos milhares, às centenas. E sinto-me ultrapassado, talvez porque eles estão desesperadamente à procura de liderança, à procura de pessoas em que possam ter confiança.

LIZ JACKSON: Major Tara, de bone de baseball, é o líder deste grupo. Ainda está oficialmente nas forces armadas Timorenses mas desertou para os rebeldes depois do 28 de Abril. Perguntámos-lhe porque é que o Primeiro Ministro devia sair agora. Porque não esperar pelas eleições?

MAJOR TARA, F-FDTL (TRADUÇÃO): Há demasiada evidência. Não podemos esperar até às próximas eleições, porque alguns membros da Fretilin já têm armas e estão a ameaçar pessoas para que as pessoas votem por Alkatiri.

LIZ JACKSON: Mais tarde fomos levados mais acima nas montanhas para nos encontrarmos com o tenente Salsinha – cabeça do grupo dos chamados peticionários. É suposto ele ter a evidência – evidência documental – de que o Primeiro Ministro deu armas a ministros do partido Fretilin. Isto é uma alegação séria – talvez, se for verdadeira para forçar Alkatiri a sair.

LT GASTAO SALSINHA, F-FDTL (TRADUÇÃO): Nos documentos estão listados qual districto... quantas armas em cada districto. Quem é o responsável por estas armas e quem anda com estas armas. Tudo no documento. Nome incluido.

LIZ JACKSON: E esses são civis?

LT GASTAO SALSINHA, F-FDTL (TRADUÇÃO): Civis e alguns militantes da Fretilin.

LIZ JACKSON: Mas acontece que os documentos não estão disponíveis.

LT GASTAO SALSINHA, F-FDTL (TRADUÇÃO): No momento não os tenho, mas...

LIZ JACKSON: It is possible for us to see them later?

LT GASTAO SALSINHA, F-FDTL (TRADUÇÃO): Ainda não é possível porque este documento... não estão neste lugar. Noutro sítio qualquer.

LIZ JACKSON: Guarda-os noutro sítio qualquer. Pode apresentar-me três civis que fizeram as declarações? Podemos falar com eles?

LT GASTAO SALSINHA, F-FDTL (TRADUÇÃO): Não. Estão escondidos num lugar.

LIZ JACKSON: No dia seguinte, uma longa caravana de camiões desceram os montes desde as cidade da fronteira do longínquo oeste para a capital Dili. Foram parados nos subúrbios durante uns 30 minutos, mas depois de algumas chamadas para o telemóvel, o Major Tara aceitou o acordo que lhe foi posto por José Ramos Horta. Os manifestantes podem entar na capital, podem entregar os seus pedidos ao próprio Presidente Xanana Gusmão e depois saírem mas manterem-se sob controlo. Houve um pouco de atirar de pedras mas foi tudo enquanto a caravana passava devagar no caminho para o gabinete do Presidente. Cerca de 2,000 pessoas vieram pedir que o Primeiro Ministro Alkatiri saísse.

LIZ JACKSON: Pensa que perdeu o apoio das pessoas?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Este país não é um país de 2,000 pessoas. Este país – um país de um milhão de pessoas. È porque 2,000... 2,000 é o seu número. O meu número é aida muito menos de 2,000. Pus gente a contá-los um a um e é...não mais de 1,000 pessoas.

LIZ JACKSON: Teve pessoas a contá-los um a um?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Yeah.

LIZ JACKSON: E põe-nos em 1,000?

DR MARI ALKATIRI, PRIME MINISTER: Yeah.

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DA DEFESA: O facto de ser 2,000 or 1,000 – é pequeno para a escala de Dili e de Timor-Leste mas é verdade – a profundidade da insatisfação e criticismo do governo como um todo e em particular o Primeiro Ministro está bastante mais espalhado do que o número de pessoas manifestando-se no outro dia - 1,000 ou 2,000. É um sentimento espalhado.

LIZ JACKSON: O Presidente Gusmão agradeceu à multidão por ter vindo e lembrar-lhe das suas responsabilidades mas não menciona o seu pedido central que Alkatiri deve sair. Apela à calma e promete que responderá às muitas crises que o país enfrenta.

XANANA GUSMAO: Prometo. Depois desta crise, as pessoas não mais continuarão a sofrer.

LIZ JACKSON: Chegámos a um ponto onde somente a impopularidade é uma boa razão para um Primeiro Ministro sair?

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DA DEFESA: Bem, deixe-me dizer-lhe uma coisa. Ninguém me pediu pessoalmente para sair. Se eu recebesse somente 10 por cento do criticismo que o Primeiro Ministro tem recebido – todo o tipo de convites para sair - bem, eu teria saído há muito tempo.

LIZ JACKSON: Na noite seguinte recebemos uma mensagem. O grupo de homens que diziam que lhes tinham sido dado armas por ordens de Alkatiri estão prontos para se encontrarem connosco. O local de encontro é Liquica – a uma hora de condução a oeste de Dili. O seu líder, Comandante Rai Los, está lá quando chegamos mas antes de conversarmos temos de esperar pelo resto do grupo.

HOMEM: Ele tem de esperar a chegada dos outros membros para que possamos fazer a reportagem completa com os outros membros.

LIZ JACKSON: Compreendo. Muito obrigada.

LIZ JACKSON: Esperaremos até as outras pessoas chegarem. Viajam em estradas más de várias localidades – pode demorar algum tempo. Esquanto esperamos, foi-nos dado um documento que parece ser um relatório escrito pelo então Ministro do Interior Rogério Lobato - datado 20 Maio 2006. Tem no cabeçalho 'Equipa de Segurança Secreta da Fretilin' e junto está uma lista de 30 nomes a quem nos disseram serem todos os membros da equipa. Há uma outra lista com os números de série de 16 armas perto dos nomes dos homens a quem foram dadas. O relatório diz que ao Comandante Rai Los foi pedido pelo Ministro Lobato há seis semanas atrás para recrutar e armar uma equipa de antigos lutadores da resistência porque "a situação no país tem sido ameaçada por um partido da oposição." Relata uma alegada reunião em 8 de Maio onde Mari Alkatiri fala com o Comandante Rai Los acerca de como arrunar as questões que se têm levantado entre leste e oeste. Mas nada mais específico do que isso. 90 minutos mais tarde fomos para um novo local. A equipa está reunida e trouxeram as suas armas. O Comandante Rai Los também pôs um uniforme. Mas ele e os seus homens não são soldados – são civis.

LIZ JACKSON: Podemos entrar e falar?

COMANDANTE VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', EQUIPA DE SEGURANÇA DA FRETILIN: OK.

LIZ JACKSON: Uma vez no interior, O Comandante Rai Los fez uma série de alegações acerca dos propósitos desta equipa – alguns bem mais sérios e sinistros do que no documento que tínhamos lido. Falou numa reunião de cerca de 30-minutos com Mari Alkatiri.

COMANDANTE VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', EQUIPA DE SEGURANÇA DA FRETILIN (TRADUÇÃO): Nessa reunião ele instruiu o Comarada Rogério para distribuir as armas à Equipa de Segurança Secreta da Fretilin.

LIZ JACKSON: Ele alegou que lhe foram ditas que as missões secretas da equipa nos próximos 12 meses eram asseguintes...

COMANDANTE VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', EQUIPA DE SEGURANÇA DA FRETILIN (TRADUÇÃO): Primeiramente, eiminar peticionários – destruir totalmente peticionários. Em segundo lugar, terminaar os líderes da oposição. Em terceiro lugar, exterminar os líderes militares como Major Alfredo, Major Tara, Major Tilman e os homens deles que levaram armas para as montanhas. E finalmente eliminar qualquer membro da Fretilin que se oponha à política de Mari e da Fretilin.

LIZ JACKSON: Rai Los diz que a sua equipa tinha usado as suas armasnum tiroteio com as forces armadas regulares – no chamado incidente de Tibar incident. Isto é um documento dos seus homens em acção. Diz que foram mortas quarto pessoas, e que foi por causa disso que ele decidiu abandonar a sua lealdade com Mari Alkatiri.

COMANDANTE VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', EQUIPA DE SEGURANÇA DA FRETILIN (TRADUÇÃO): Então eu percebi que talvez devia estar do lado dos peticionários contra a FDTL. Nessa altura, percebi que Mari queria divider as pessoas e manter o controlo do governo.

LIZ JACKSON: Rai Los faz o que parece uma declaração improvável. Mas apesar de agora estar a contar a todo o mundo, ele não informou o Presidente Gusmão.

COMANDANTE VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', EQUIPA DE SEGURANÇA DA FRETILIN (TRADUÇÃO): Não informámos o presidente. Mari ordenou-nos isso.

LIZ JACKSON: Quando perguntámos como podia provar alguma destas coisas, Rai Los armou um show inesperado. Ele alinhou os seus homens com as suas armas – com os botões de segurança off – e então discou o que disse ser o telemóvel do antigo ministro Lobato. Rai Los disse-lhe que os peticionários estavam à volta e agora deu o sinal aos seus homens.

TIROS

COMANDANTE VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', EQUIPA DE SEGURANÇA DA FRETILIN (AO TELEFONE): Há muito tiroteio. Acabaram de atingir um dos nossos homens. Um dos nossos soldados. Estão-se a aproximar.

HOMEM NO TELEFONE: How many are there?

VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', FRETILIN SECURITY TEAM (AO TELEFONE): Há demasiados irmão.

HOMEM NO TELEFONE, resguardem-se e defendam-se

VINCENTE DA CONCEICAO, 'RAI LOS', FRETILIN SECURITY TEAM (AO TELEFONE): OK, mas irmão precisas de contactar com o camarada Mari.

HOMEM NO TELEFONE: I've contacted him already. You have to fire back and defend yourselves.

HOMEM NO TELEFONE: OK, isso é bom.

LIZ JACKSON: Investigámos o número do telemóvel no dia seguinte, e Rogério Lobato tinha de facto respondido o telefone. Rai Los então produziu mais evidência. Ele tinha guardado as messagens de texto do antigo ministro também. Ele mostrou-nos uma enviada do telemóvel de, datada de 4 de Junho. Isso é dois dias antes da manifestação anti-Alkatiri rally ter saído para Dili. "Para Rai Los. A Oposição virá de Emera tentando manifestar-se em Dili para deitar abaixo o governo. Porque não os parar na plantação de café em Rai Lakue queimar todos os 26 camiões?" Rai Los não tinha provas das suas alegações contra o Primeiro Ministro. Somente uma mensagem de texto do telemóvel de Alkatiri, data - Junho 1. Tudo o que dizia era, "Aonde vais?"

LIZ JACKSON: Tem conhecimento de um grupo chamado a Equipa de Segurança Secreta da Fretilin?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Isso é errado, de certeza não há Segurança Secreta da Fretilin. Tem conhecimento desse título?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Sim, um dos rumores, sim.

LIZ JACKSON: Um dos rumores?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Yeah.

LIZ JACKSON: Encontrámo-nos com um grupo de 30 homens armados a noite passada que disseram que eram a Equipa Secreta de Segurança da Fretilin.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Yeah?

LIZ JACKSON: E eles também disseram que foram recrutados e armados pelo seu antigo ministro do interior, Rogério Lobato, debaixo das suas ordens.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Yeah, não, não eles...você, você realmemte identificará outros. 30, oo 50, ou 60, e tentaram... os grupos que tentaram acusar, ah, o antigo ministro ou também correntes ministros ou eu próprio, mas isso não significa que não há uma manipulação de outros. Acredito que não há civil... não há pessoas regulares armadas que foram armadas pelo governo.

LIZ JACKSON: O Primeiro Minstro concorda que teve uma reunião com o Comandante Rai Los - Rai Los é um membro do Partido Fretilin - mas Alkatiri diz que todas as alegações que Rai Los faz são falsas.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: As pessoas estão agora a tentar realmente demonizar a minha imagem. É a única coisa que posso dizer.

LIZ JACKSON: Onde é que calcula que eles arranjaram as armas?

DR MARI ALKATIRI, PRIME MINISTER: Por favor, é melhor perguntar-lhes.

LIZ JACKSON: Bem, eu perguntei-lhes...

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Eu, Eu nunca...Eu nunca...

LIZ JACKSON: ..e eles disseram que foi de si.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Eu nunca tive uma arma na minha mão. Eu não sou polícia, Eu não sou das forças armadas – Eu sou Primeiro Ministro.

LIZ JACKSON: No dia seguinte, nós telefonámos para casa de Rogério Lobato.

LIZ JACKSON: Bom dia.

HOMEM: Bom dia.

LIZ JACKSON: O meu nome é Liz Jackson, da televisão Australiana

HOMEM: Quer o Sr...

LIZ JACKSON: Yeah, o Sr Rogério Lobato.

HOMEM: O Sr para vir à TV?

LIZ JACKSON: Sim, por favor.

HOMEM: OK, espere.

LIZ JACKSON: Obrigada.

LIZ JACKSON: Queríamos perguntar ao antigo ministro algumas questões, e ele não estava mais a responder no seu telemóvel.

HOMEM: Desculpe, o Sr Rogério, chama para telefonar para – ele vir? Não. O Sr Rogério, não.

LIZ JACKSON: Ele não está aqui, ou ele não quer falar connosco?

HOMEM: Não, não. Ele não, não talvez a dormir.

LIZ JACKSON: Ele está a dormir?

HOMEM: Yeah.

LIZ JACKSON: Oh, estamos, estamos felizes de esperar, esperamos então.

HOMEM: Não não, Eu falo Sr Rogério, o Sr Rogério não fala.

LIZ JACKSON: Então, falou com ele?

HOMEM: Yeah.

LIZ JACKSON: Então não está a dormir?

LIZ JACKSON: Não estavamos a chegar a lado algum, então decidimos em vez disso chamar o líder da Polícia de Fronteira, António de Cruz. De acordo com o documento que obtivemos de Rai Los, ele era a pessoa que lhe tinha dado as armas, às 10pm da noite num cemitério em Lauhata. Descobrimo-lo na cidade de fronteira de Maliana.

ANTÓNIO DA CRUZ: Fala António da Cruz.

LIZ JACKSON: È António da Cruz a falar? Bom dia, sir.

ANTÓNIO DA CRUZ: Bom dia, madam!

LIZ JACKSON: Bom dia.

ANTÓNIO DA CRUZ: Como está?

LIZ JACKSON: Estou muito bem. O meu nome é Liz Jackson da ABC TV.

ANTÓNIO DA CRUZ: Oh, ABC TV , sim! Eu sou o Comandante Nacional da Unidade de Patrulha de Fronteira.

LIZ JACKSON: Bom falar consigo, sir. O Comandante Rai Los diz que em 8 de 8t Maio, esteve no cemitério de Lauhata cemetery, perto de Liquica, e que lhe deu 10 AK armas e 6,000 rounds de munições.

ANTÓNIO DA CRUZ: Ah, sim, ah, você, já confirmou esta informação de quem?

LIZ JACKSON: Comandente Rai Los.

ANTONIO DA CRUZ: Sim.

LIZ JACKSON: E é verdade?

ANTONIO DA CRUZ: Sim, é verdade.

LIZ JACKSON: É verdade.

LIZ JACKSON: Quem lhe disse para dar essas armas e essas munições ao Comandante Rai Los?

ANTÓNIO DA CRUZ: Isto é de, de, nossor... Eu recebo uma ordem do nosso Ministro do Interior.

LIZ JACKSON: Rogério Lobato, o Ministro do Interior, disse-lhe para dar, disse-lhe para dar ao Comandante Rai Los as armas e as munições, sim?

ANTONIO DA CRUZ: Sim.

LIZ JACKSON: Sabe para que propósito?

ANTÓNIO DA CRUZ: Não sei, não sei, Não conheço exactamente isso, de que tipo é, o que ele pensa acerca disso, mas eu sou um dos membros da polícia de Timor-Leste, e eu sou a responsabilidade para a Unidade da Patrulha da Fronteira e refiro a ordem para a questão das nossas espingardas longas para o ...esta matéria directamente para o nosso ministro e o nosso ministro diz que tem de dar isto para Comandante Rai Los e eu estou somente a fazer...

LIZ JACKSON: Somente a seguir ordens?

ANTONIO DA CRUZ: Sim.

LIZ JACKSON: Sabe se o Primeiro Ministro Mari Alkatiri deu essas ordens ao Ministro do Interior Minster, sabe se Mari Alkatiri sabia que estava a dar armas para o Comandante Rai Los.

ANTÓNIO DA CRUZ: Ah, Não tenho a certeza e eu nunca escutei juntamente com o nosso Primeiro Ministro, 'por causa eu sou...só membro da polícia nacional.

LIZ JACKSON: Apareceu o guarda de segurança de Rogério Lobato, é tempo de desligar. Mas António da Cruz diz-nos que nos enviará por fax os registos de despacho que ele preparou que lista os números de série de todas as armas, e para quem eles foram enviados. Chegam duas páginas. A primeira página mostra armas 15 HK33 despachadas para Sua Excelência, o Ministro do Interior em 8 de Maio, 2006. A segunda, com mais oito armas despachadas para o ministro no 21 de Maio. Vrificámos os números de série da lista de armas contra os números de série que recebemos de Rai Los. 15 das 16 das armas de Rai Los's estavam listadas aqui. Os dois filmados em Liquica estavam no primeiro despacho. Colocámos isto a José Ramos Horta.

LIZ JACKSON: O que lhe sugere que ao líder da polícia da fronteira é pedido para dar armas ao Minstro do Interior que acabam num grupo armado de civis?

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DA DEFESA: Bem, obviamente, isso é uma... uma muito grave, ah, quebra, uma muito grave ofensa. Será incompreensível se o Ministro do Interior Minister ordena as armas longe de uma área sensível para serem fechadas longe. Mas quando as armas lhe são devolvidas e, ah, as re-envia para, ah, civis, isso é uma matéria absolutamente grave. Não estou a dizer que isto é um facto mas se isto aconteceu, é uma meteria muito grave.

LIZ JACKSON: Armar civis é uma ofensa séria, sim?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Com certeza. Eu próprio sei isso.

LIZ JACKSON: Uma ofensa para despedir?

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: Mmm. Armar um civil é contra a completa política deste governo.

LIZ JACKSON: E srá uma ofensa para despedir?

DR MARI ALKATIRI, PRIME MINISTER: Yeah.

LIZ JACKSON: O Primeiro Ministro já nos disse que acredita que nenhum civil foi armado pelo seu governo mas justamente quando estamos a sair, obtemos informação que sugere que isto não é verdade. Fomos conduzidos ao cimo das montanhas detrás de Dili para casa do Comissário da Polícia Paulo Martins. Depois dos ataques à polícia, não era seguro ficar em Dili, e aqui ele tem protecção armada. Queremos mostrar ao Comissário uma carta manuscrita que acreditamos ele escreveu ao Primeiro Ministro Mari Alkatiri, datada de 19 Maio.

LIZ JACKSON: Sir, viémos vê-lo porque queremos ter a certeza absoluta que esta é a letter... que escreveu ao Primeiro Ministro.

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLICIA, PNTL: Sim.

LIZ JACKSON: A carta informa o Primeiro Ministro de uma matéria urgente, que em 8 Maio, o Comissário da Policia de Suai viu uma pessoa pelo nome de Arakat, e oito dos seus colegas, com armas HK33 que pertenciam à polícia de fronteira. Arakat é um membro senior do grupodo Comandante Rai Los.

LIZ JACKSON: Então na sua carta para o Primeiro Ministro, disse-lhe que as armas tinham ido para um membro do grupo do ComandanteRai Los?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÌCIA, PNTL: Disse esta carta é um...um membro de nome Arakat.

LIZ JACKSON: Arakat?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÌCIA, PNTL: Arakat.

LIZ JACKSON: Um membro do grupo do Comandante Rai Los?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÌCIA, PNTL: Yeah.

LIZ JACKSON: A carta continua a dizer o estado em que estavam as armas de Arakat, "as 17 armas que foram enviadas para o Ministro do Interior". Conclui, "Se isto foi feito com o conhecimento de Vossa Excelência, nada farei em contrário. Mas a população está a entrar em pânico, e se estas medidas continuam, não haverá maneira de pôr um fim aos problemas correntes." Paulo Martins não deu a carta directamente ao Primeiro Ministro em pessoa.

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÌCIA, PNTL: Não, dei-a através do secretário do Primeiro Ministro, Dr Guterres.

LIZ JACKSON: E o que é que disse ao Dr Guterres acerca desta carta?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÍCIA, PNTL: Disse-lhe que a carta é altamente secreta e que teria de entregar a carta quando o Primeiro Ministro estiver só.

LIZ JACKSON: Quando ele esiver com ele próprio?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÌCIA, PNTL: Sim, sim.

LIZ JACKSON: Três dias mais tarde, o Comissário pediu para ver Mari Alkatiri.

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÍCIA, PNTL: Ah, no 21 de Maio, de manhã, telefonei ao Primeiro Ministro que eu tinha uma reunião com o Ministro do Interior. E depois dessa reunião, teria, um... se tivesse possibilidade de ter uma reunião com o Primeiro Ministro. Mas o Primeiro Ministro disse-me que, "Pode vir ver-me, mas não fale das armas."

LIZ JACKSON: Ele pediu-lhe directamente para não falar com ele acerca dessas armas para as quais lhe tinha chamado a atenção?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÍCIA, PNTL: Sim.

LIZ JACKSON: Portanto tanto quanto sabe, nada foi feito depois de ter enviado a carta?

PAULO MARTINS, COMISSÀRIO DA POLÍCIA, PNTL: Sim.

LIZ JACKSON: O Primeiro Ministro sabia definitivamente?

PAULO MARTINS, COMISSÁRIO DA POLÍCIA, PNTL: Sim.

LIZ JACKSON: Se o Primeiro Ministro tinha somente uma ideia que um grupo de pessoas estavam a ser armadas, um grupo de pessoas da Fretilin estavam a ser armadas, para assegurar segurança, isso é sério?

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DA DEFESA: Com certeza, só isso é sério. Sabe, temos polícia suficiente neste país. Porquê ter agora, sabe, milhares de polícias que têm mais armas que as forças armadas e ainda precisamos de armar civis? E, isto é só para confundir. Simplesmente não percebo porquê, ah... se estes fossem os factos, porque é que ele perdoaria isso porquê, sendo quem ele é - Primeiro Ministro mas uma pessoa com uma mente muito legalista – não pararia isso imediatamente.

LIZ JACKSON: Regressámos ao Primeiro Ministro, à procura da sua resposta a mais estas alegações, mas não tivemos resposta. Só podemos assumir que ele daria a mesma resposta anterior, que todas as alegações acerca dele são somente nódoas dos seus rivais políticos tanto do interior como do exterior do seu Gabinete.

DR MARI ALKATIRI, PRIMEIRO MINISTRO: A situação aqui neste país agora é muito complexa...como sabe.

LIZ JACKSON: E investigará o seu anterior ministro do interior?

DR MARI ALKATIRI, PRIME MINISTER: Eles...Estou aberto para... Já disse hoje à comunidade internacional, às Nações Unidas para virem e investigarem...tudo.

LIZ JACKSON: Se fosse verdade, sairia?

DR MARI ALKATIRI, PRIME MINISTER: Este é sempre o seu alvo este como...sair ou descer ou afastar ou não. Ieu fui claro que nunca sairei.

DR JOSE RAMOS HORTA, MINISTRO DA DEFESA: Mesmo se sentir na minha consciência que sou inocente, mesmo se ou... na minha consciência também, sabe, essas alegações não são todas 100 por cento verdadeiras mas são 10 por cento verdadeiras, eu teria saído, sabe? A minha própria honra, a minha própria dignidade, o meu próprio orgulho, não me manteria, sabe, no Gabinete.

LIZ JACKSON: Enquanto os jogos políticos e de poder continuam, os que não têm poder têm somente pedidos modestos. Beatrice de Jesus perdeu o seu marido Santiago no massacre dos desarmados polícias na estrada para o complexo da ONU. Ela quer saber quem foi responsável. Quem deu ordens às tropas, ou se foram os civis que abriram fogo? Ela espera por justiça, mas um sinal de que alguém se preocupava já ajudaria.

BEATRICE DO REGO DE JESUS: (TRADUÇÃO): Ninguém nos veio ver acerca da sua morte. Desde a sua morte ninguém da sua força veio para nos ver. Nem mesmo os seus comandantes vieram. Telefonámos para saber se podíamos ter o seu corpo de volta, mas disseram-nos que não podíamos remover o seu corpo até notícia posterior.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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