terça-feira, janeiro 23, 2007

Coluna humanitária de Ramos-Horta travada fronteira indonésia

Diário Digital / Lusa
22-01-2007 16:29:00

Uma coluna humanitária liderada pelo primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, foi hoje travada na fronteira de Timor-Leste com a Indonésia quando pretendia seguir para o enclave de Oécussi, por alegada falta de autorização de passagem das viaturas da ONU.

«É má vontade» das autoridades indonésias, reagiu o primeiro-ministro timorense ao final da tarde (hora local), quando já era tarde demais para a coluna atravessar território indonésio.
«Um telefonema devia poder resolver isto», acrescentou.

A coluna transportava 25 toneladas de arroz e 100 caixas de massa para o enclave timorense de Oécussi, na parte indonésia da ilha, situado a cerca de 75 quilómetros a oeste da fronteira de Batugadé.

É a primeira vez que um primeiro-ministro timorense procura atingir o enclave de Oécussi por via terrestre.

A coluna de 18 viaturas, em dois grupos, saiu de Díli ao princípio da tarde de hoje.
O segundo grupo, com as viaturas oficiais do chefe de Governo e segurança, atingiu a fronteira de Batugadé pouco depois das 17h00 (08:00 em Lisboa).

A guarda fronteiriça indonésia, no entanto, apenas autorizou a passagem de quatro viaturas da comitiva, onde seguia o primeiro-ministro e dois membros do Governo.

As autoridades indonésias afirmaram que todas as outras viaturas, incluindo os sete camiões de ajuda alimentar, não podiam passar porque não tinham autorização.

A recusa surpreendeu a comitiva, uma vez que desde sexta-feira os documentos de todos os integrantes da coluna e de todas as viaturas foram entregues na embaixada da Indonésia em Díli.

José Ramos-Horta recusou-se a prosseguir viagem sem os camiões da Organização Internacional das Migrações (OIM) e do Governo timorense.

«Não vou, obviamente», afirmou.

Durante mais de duas horas, o primeiro-ministro esperou sentado no exterior do posto fronteiriço, acompanhado pelo ministro do Desenvolvimento, Arcanjo da Silva, e pelo secretário de Estado do Ordenamento do Território, João Alves.

Um outro elemento do executivo, Arsénio Bano, ministro do Trabalho e Solidariedade Social, aguardava pela coluna em Oécussi, de onde é originário.

Enquanto Ramos-Horta aguardava à sombra, o chefe da operação humanitária, Peter Schatzer, procurava desbloquear a situação, contactando o outro lado da terra-de-ninguém que separa os dois países em Batugadé.

Cerca das 18:30 (hora local), chegou a autorização indonésia, mas a essa hora já não era possível «a coluna passar, porque as autoridades indonésias não conseguem garantir a segurança», segundo Peter Schatzer.

Esta autorização era um problema acrescido para a missão: o adiamento da viagem, mesmo por 24 horas, implicava «abandonar esta missão e montar outra operação do zero com todas as autorizações de segurança das Nações Unidas» em Jacarta, referiu.

Este processo, acrescentou Peter Schater, seria impossível antes de quarta-feira, uma vez que ao final da tarde todos os serviços estavam encerrados em Díli e Jacarta.

«Eu conheço algumas dessas regras tolas das Nações Unidas», respondeu Ramos-Horta.
«Ou vou amanhã [terça-feira] a Oécussi ou cancelo a operação e volto a Díli para explicar à imprensa o que aconteceu», disse o primeiro-ministro timorense.

Alguns minutos depois, foi encontrada uma solução de compromisso: Ramos-Horta e comitiva rumaram a Maliana, no distrito timorense de Bobonaro, passando a cordilheira de Balibó.

Quanto aos sete camiões, decidiu-se que ficariam durante a noite na fronteira, sob a protecção da polícia timorense.

«Estão aqui mais de 20 homens», explicou Ramos-Horta tranquilizando os responsáveis pela coluna da ONU.

Questionado por Ramos-Horta se tinham mantimentos, o director da operação da ONU respondeu «arranjamo-nos», ao que o primeiro-ministro mandou abrir a mala da sua viatura para deixar bebidas ao pessoal da OIM.

«Há aí dentro refrigerantes, colas, água. Amanhã devolvam-me a geladeira», disse Ramos-Horta.

Foi entre risos que, por fim, nove viaturas brancas inverteram a marcha e tomaram a sinuosa estrada de Maliana.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=259384

***

22-01-2007 14:47:37
Coluna da ONU com premiê timorense é barrada na Indonésia

Pedro Rosa Mendes, da Agência Lusa

Maliana, Timor Leste, 22 Jan (Lusa) - Um comboio humanitário liderado pelo primeiro-ministro timorense, José Ramos Horta, foi barrado nesta segunda-feira na fronteira do Timor Leste com a Indonésia quando pretendia seguir para a região de Oécussi, por suposta falta de autorização para passagem da coluna das Nações Unidas.

"É má vontade" das autoridades indonésias, reagiu o primeiro-ministro timorense no final da tarde (hora local), quando já não havia tempo hábil para cruzar o território indonésio.

"Um telefonema deveria resolver isso", acrescentou.

Oécussi é uma região pertencente ao Timor Leste e localizada na região oeste da ilha em que se encontra o país - está encravada na metade pertencente à Indonésia.

A coluna transportava 25 toneladas de arroz e 100 caixas com mantimentos para a região timorense. É a primeira vez que um primeiro-ministro do Timor tenta chegar à região de Oécussi por via terrestre.

A coluna de 18 viaturas, em dois grupos, saiu de Díli no início da tarde desta segunda.

O segundo grupo, com as viaturas oficiais do chefe de governo e da segurança oficial, chegou à fronteira pouco depois das 17h locais (6h de Brasília).

A guarda fronteiriça indonésia, no entanto, apenas autorizou a passagem de quatro viaturas da comitiva.

As autoridades indonésias afirmaram que todas as outras viaturas, incluindo os sete caminhões de ajuda alimentar, não podiam passar porque não tinham autorização.

A recusa surpreendeu a comitiva, uma vez que desde sexta-feira os documentos de todos os integrantes da coluna e de todos os veículos haviam sido entregues na embaixada da Indonésia em Díli.

José Ramos Horta se recusou a seguir viagem sem os caminhões da Organização Internacional para as Migrações (OIM, ligada à ONU) e do governo timorense.

"Não vou, obviamente", afirmou.

Espera

Por mais de duas horas o primeiro-ministro esperou sentado do lado de fora do posto fronteiriço, acompanhado pelo ministro do Desenvolvimento, Arcanjo da Silva, e pelo secretário de Estado para o Ordenamento do Território, João Alves.

Um outro membro do Executivo, Arsênio Bano, ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, aguardava pela coluna em Oécussi.

Enquanto Ramos Horta esperava à sombra, o chefe da operação humanitária, Peter Schatzer, tentava acabar com a falta de entendimento entre as partes.

Por volta das 18h30 locais chegou a autorização indonésia, mas a essa hora já não era possível "a coluna passar, porque as autoridades da Indonésia não conseguem garantir a segurança", segundo Schatzer.

Esta autorização era um problema a mais para a missão: o adiamento da viagem, mesmo que por apenas 24 horas, implicava "abandonar esta missão e montar outra operação do zero com todas as autorizações de segurança por parte das Nações Unidas" em Jacarta, ainda de acordo com Schater.

"Eu conheço algumas dessas regras tolas das Nações Unidas", respondeu Ramos Horta.

"Ou vou amanhã [terça-feira] a Oécussi ou cancelo a operação e volto a Díli para explicar à imprensa o que aconteceu", disse o premiê timorense.

Solução momentânea

Alguns minutos depois foi encontrada uma solução momentânea: Ramos Horta e a comitiva seguiram para a região de Maliana, no distrito timorense de Bobonaro (oeste timorense, na fronteira com a Indonésia).

Quanto aos sete caminhões, foi decidido que ficariam durante a noite na fronteira, sob a proteção da polícia timorense.

"Estão aqui mais de 20 homens", explicou Ramos Horta tranqüilizando os responsáveis pela coluna da ONU.

.

4 comentários:

Anónimo disse...

«Eu conheço algumas dessas regras tolas das Nações Unidas», respondeu Ramos-Horta.
«Ou vou amanhã [terça-feira] a Oécussi ou cancelo a operação e volto a Díli para explicar à imprensa o que aconteceu», disse o primeiro-ministro timorense.

Sem qualquer comentário, juro!

Anónimo disse...

Ramos Horta esqueceu-se do documento mais importante de todos...

Anónimo disse...

Falar português em Timor-Leste- Defende o linguista australiano
Geoffrey Hull

Falar português em Timor-Leste

O português faz parte da história da nação timorense. Não a considerar
uma língua oficial seria um exagerado risco para o futuro desta nação,
pois colocaria em risco a sua identidade. Isto mesmo defende o
linguista australiano Geoffrey Hull num livro que o IC acabou de
editar, onde explana as suas ideias relativas a um debate que se
mantém vivo no seio da sociedade timorense: que língua oficial adoptar?

"O papel central da língua portuguesa na civilização timorense é
completamente inquestionável" , afirma o linguista Geoffrey Hull no seu
recente livro Timor-Leste. Identidade, língua e política educacional
editado pelo IC. A língua portuguesa - refere o academista australiano
- "por vários factores de ordem histórico-cultural, tem-se mostrado
capaz de se harmonizar com as línguas indígenas", questão essencial
num território onde existem pelo menos 15 línguas, algumas delas
tendo-se ramificado em dialectos locais.

O livro de Geoffrey Hull assume particular interesse numa altura em
que se debate na sociedade timorense qual a língua (ou línguas) que
terá estatuto oficial. Para Hull a hipótese do português é tanto mais
plausível porque "o contacto com Portugal renovou e consolidou a
cultura timorense". Aliás, reforça o linguista, quando há 25 anos
Timor-Leste emergiu da fase colonial "não foi necessário procurar uma
identidade nacional, o país era único do ponto de vista linguistico" .

Para o investigador esta situação deve-se à peculiar colonização
portuguesa que nunca "interferiu muito com as instituições nativas"
fez "poucas tentativas de mudar a cultura indígena". "Os portugueses
tiveram sempre como objectivo a assimilação das populações por si
conquistadas e acrescentadas ao império". Promoveram em Timor os
casamentos mistos, a conversão ao catolicismo não foi forçada, "a
maioria dos régulos timorenses aceitou o baptismo" tendo recebido
nomes e títulos aristocráticos portugueses. "Em muitos reinos a
bandeira portuguesa tornou-se um lúlic, guardado e adorado em casas
sagradas", escreve Hull.

Defensor que o tétum, língua franca que, na poligossia timorense,
unificou em parte o território, seja também considerado língua
oficial, Hull neste seu livro apresenta propostas ao futuro Governo
timorense para implementar o seu uso. Há também uma ligação entre o
tétum e o português, indo a primeira língua buscar vocábulos à segunda.

A procura de uma língua oficial (ou mais) é fundamental no sentido de
fundamentar um identidade nacional que, todavia, Timor-Leste já
demonstrou ao mundo quando votou maçivamente pela sua independência
(cerca de 80%). Uma "admirável unidade nacional" como enfatiza o autor.

Escrito em tétum e português, o livro de Hull reflecte ainda as
consequências negativas da adesão á língua inglesa para a jovem Nação.
Se por um lado o inglês se mostra "mais prático" a sua adopção,
adverte Hull, traria "graves implicações para o futuro do país". Em
seu entender a língua de Shakespeare promove uma processo de "atrofia
cultural" visível noutros Estados como a Austrália ou os Estados
Unidos onde várias línguas indígenas desapareceram, a que não será
alheia a sua "arrogância, geralmente não intencional" , mas menos capaz
que o português em se harmonizar com as línguas indígenas.

O português é, em si, "um idioma de importante relevo no mundo
moderno". Uma língua internacional, falada por cerca de milhões de
pessoas nos cinco continentes. Há ainda a importância desempenhada
pelas futuras relações de Timor-Leste com o mundo lusófono o que
proporcionará vantagens sociais e culturais e benefícios materiais,
salienta o autor. "Para Timor-Leste, o português tem também a vantagem
de que o tétum (língua franca) não seja formalmente muito afastado do
português na sua pronúncia, gramática e vocabulário. O português não é
um idioma demasiado difícil para os timorenses pois estes já possuem
um relativo conhecimento passivo do português, devido ao facto de que
já falam o tetum-Díli", afirma Hull.

Neste sentido, entende o linguista, que "a juventude deve fazer um
esforço colectivo para aprender ou reaprender" a língua portuguesa. Um
dever que qualifica de "patriótico", até porque a cultura e a língua
portuguesas fazem parte da sua memória, e não falar o português seria
voltar costas a um passado correndo Timor-Leste o risco de se tornar
"uma nação de amnésicos"

Anónimo disse...

Suai, Timor

Monday, January 22, 2007

Uf... que susto!

Depois de um fim de semana de muito muito trabalho, as cores de
cabeça, o cansaço, má disposição, vómitos e alguma coisa mais...
resolvi ir ao hospital....
Todos aqueles sintomas... ui...poderia ser sinal de malária!!!
Bem depois de ter falado com o nosso amigo médico L. ele lá me passou
o papel para ir picar o dedo!!! Fui atendida ao ar livre, no meio do
jardim, onde as pessoas também aguardam a sua vez, sentadas no chão,
normalmente com crianças ao colo...
Lá fui fazer o exame e passado meia hora saiu o resultado!!! !!!!
Nem imaginam o sofrimento e desespero... enquanto se espera!!!
Bem resultado negativo!!!! !!!! :)
Ainda não foi desta graças a Deus!!!!!!

Para quem nao sabe os médicos aqui são quase todos cubanos. O nosso
amigo também. Vivem e trabalham em condições que não lembram a
ninguém, mas fazem um excelente trabalho com a população Timorense.
Obrigada Drº L.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.