sexta-feira, janeiro 26, 2007

Timor: ONU quer «solução cultural» para violência em Díli

Diário Digital / Lusa
25-01-2007 15:57:33

A violência urbana em Díli, que deixou cinco mortos em menos de uma semana e meia, pode ter uma «solução cultural», afirmou esta quinta-feira o responsável pela Segurança da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT).

«Queremos uma solução cultural, digamos psicológica, para o problema da violência em Díli», afirmou Eric Tan, vice-representante do secretário-geral da ONU em Timor-Leste com o pelouro da Segurança na UNMIT, numa conferência de imprensa em Díli dedicada ao problema.

O chefe da UNMIT, Atul Khare, reconheceu na mesma ocasião que «há um aumento preocupante da violência» na capital timorense.

A UNMIT e representantes do Ministério do Trabalho e do gabinete do primeiro-ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta, encontraram-se quarta-feira com os líderes dos quatro principais grupos de artes marciais timorenses.

«A nossa mensagem para eles foi simples: este ciclo de violência com ataques e contra-ataques tem de acabar», referiu Eric Tan.

Para hoje estava previsto um segundo encontro «de negociação» juntando líderes dos «grupos que constituem o maior problema em Díli», o PSHT e o 77-77, acrescentou o mesmo responsável da UNMIT.

Atul Khare, Eric Tan e o comissário da Polícia das Nações Unidas (UNPOL) em Timor-Leste, Rodolfo Tor, passaram em revista os incidentes dos últimos dias e as medidas para resolver a situação.

Conforme ficou patente pela descrição sumária mas explícita lida por Rodolfo Tor, as vítimas sofreram ataques directos com armas de fogo, catanas ou apedrejamento.

Entre os cinco mortos registados nos últimos dias, estão um jovem timorense encontrado numa estrada periférica de Díli, dois elementos da Polícia Nacional de Timor-Leste (que não estavam fardados nem de serviço quando foram atacados) e dois outros indivíduos, um deles relacionado com grupos de artes marciais.

Desde o início do ano, foram detidas 32 pessoas relacionadas com os ataques e confrontos de rua.
Catorze desses indivíduos estão ainda sob custódia das autoridades, 18 foram presentes a tribunal e 13 foram condenados.

«Não houve informações sobre influências políticas na violência dos grupos, mas abordámos a questão da responsabilidade dos líderes pelos indivíduos e pelos grupos e a forma de gerir as diferenças entre as pessoas», adiantou Eric Tan.

Apesar de a responsabilidade dos grupos de artes marciais por vários incidentes estar comprovada, os seus líderes não estão detidos.

«Até ao momento, a acusação está restrita aos responsáveis concretos da violência, baseado no testemunho directo», notou ainda Eric Tan.

Atul Khare salientou que «o importante é ver o aumento da violência no longo prazo».

O chefe da UNMIT e representante especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste colocou as estatísticas dos incidentes em perspectiva e concluiu que «a última semana foi ainda menos perigosa do que o início de Dezembro de 2006».

Entre o final de Outubro e a primeira semana de Dezembro, registaram-se 1.500 incidentes na capital.

«Na primeira semana de Janeiro, e graças à ajuda do povo timorense, o número de incidentes registados desceu para 38», pormenorizou Atul Khare.

A situação do major Alfredo Reinado foi também abordada na conferência de imprensa.

A ONU insiste que o militar foragido deve entregar-se e «enfrentar a Justiça».

Reinado é a figura principal da rebelião no seio das Forças de Defesa de Timor-Leste em Abril e Maio de 2006.

O major foi preso em Julho do ano passado, mas fugiu a 30 de Agosto da prisão de Becora, em Díli.

«A justiça é para todos. Não pode haver impunidade aqui nem em qualquer lado do mundo», frisou Atul Khare.

«Gostaria de ouvir dos líderes de Timor-Leste que neste país não há impunidade», insistiu Atul Khare.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Para a próxima, em vez de policias tragam então psicólogos. Que vergonha insistirem mum tema em que revela toda a incapacidade da policia internacional em resolver o problema.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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