sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Dos leitores

Comentário sobre a sua postagem "Noticias LUSA":

1. Uma manifestação contra um ex-primeiro ministro? Mas o que é que pretendem?!!O abismo?! só pode ser...

É um sinal claro de que as acusações que fizeram ao líder de Fretilin sempre tiveram motivações políticas.E de intolerância política religiosa e cívica.

E a política deve ser feita fora dos Tribunais.

Manifestações contra uma decisão de um Tribunal?!!

Num estado de direito as decisões dos tribunais são para cumprir. Quem não concorda recorre. Mas sem gritos e sem violência. Em ordem (que é uma palavra que parece esquecida em Timor Leste).

2. Têm-se lido algumas vozes contra uma "justiça CPLP" em Timor Leste. Não existe tal coisa. Existem juristas brasileiros,portugueses, angolanos, moçambicanos e timorenses que fazem despachos e sentenças em língua portuguesa. Só isso os une. A língua. E alguns princípios de direito universal/internacional.

O direito brasileiro tem uma forte influência anglo-saxónica. E o direito português uma grande influência francesa, alemã e italiana. Portanto quando se acusa que existe uma justiça CPLP em Dili está-se a fazer demagogia e a ser pouco sério. Faz-se política e defendem-se determinados interesses estratégicos, de forma, aliás, (pouco)camuflada.

Os interesses estratégicos dos australianos, vale a pena chamar a coisa pelo nome.

3. Ramos Horta deve avançar. Ramos Horta vai avançar. Tem competência para ser um grande presidente da república de Timor Leste. O Presidente da República tem funções sobretudo políticas e Ramos Horta é um político experiente, experimentado e muito hábil. Só vejo um problema em votar nele: não acredito que cumpra o mandato. Ramos Horta é uma espécie de Durão Barroso timorense. Na primeira oportunidade, e a presidência da república abrirá ainda mais algumas portas, Ramos Horta sairá habilmente para a tão desejada carreira internacional.

Não tenho dúvidas. E Timor Leste não precisa de um presidente a prazo. Precisa de alguém para cumprir um mandato e um programa para cinco anos (senão 10 anos).

4. O presidente da República não é (como pretendem algumas teses que circulam em Dili),e num sistema de governo como o que está consagrado na Constituição timorense o líder da oposição ao Governo e ao partido maioritário no parlamento.

O presidente da república é presidente de todos os timoreses, também os do partido maioritário.

Deve estar acima da luta partidária. Ser imparcial. Ser neutral no jogo político partidário.

O que não significa não ter um programa politico próprio para cumprir. E se tiver que tomar uma decisão contra o Governo deve invocar e estar centrado no interesse nacional e não nos interesses dos partidos minoritários. O presidente da república como líder da oposição conduz à guerrilha institucional e à tragédia como se viu em Abril/Maio de 2006.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Este comentário é muito esclarecido e esclarecedor. Parabéns.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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