terça-feira, fevereiro 27, 2007

Ex-PM enaltece a sua saída como um 'serviço público'

The Japan Times
Domingo, Fevereiro. 25, 2007

UM HOMEM DO TOPO FALA

Por JEFF KINGSTON
Especial para o The Japan Times

O primeiro-ministro removido recebeu-me no sem amplo complexo onde conheci o seu filho e filha, embos em casa dos seus estudos no estrangeiro e os seus enlameados, esquivos cachorros que rapidamente sujaram o meu melhor algodão.

Antigo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri

A imagem nos media de Mari Alkatiri é de um homem não sorridente, severo e distante; isto é bem melhor do que a maioria das pessoas comuns dizem dele. Em pessoa ele é educado, articulado e informal. De modo tranquilizador abriu a nossa conversa dizendo que devo ter ouvido rumores acerca da corrupção, escorregadiços negócios de petróleo, armação de esquadrões de ataque e outras semelhantes. Mas que não era altura de uma confissão.

Alkatiri vê a sua resignação em Junho de 2006 como um tipo de serviço público, dizendo que a sua contenção face a um "golpe inconstitucional que visava destruir a Fretilin e a mim" evitou mais violência. Falou de uma conspiração orquestrada pelos media Australianos para o desacreditar e espalhar alegações falsas. Sugeriu que a sua posição negociadora potente sobre a divisão dos rendimentos da energia com a Austrália pode ter azedado Canberra com ele.

Alkatiri acusa a Igreja Católica por ter fomentado protestos contra ele, em parte porque é um Muçulmano de origem Yemenita. Diz que a Igreja estava zangada com a sua decisão de 2005 de acabar com o ensino da religião em escolas do Estado.

De acordo com Alkatiri, os seus opositores não têm força suficiente para derrotar a Fretilin nas eleições, assim estão a manipular a Igreja, grupos de veteranos e a pressão estrangeira ao mesmo tempo que estimulam a violência nas ruas. Nega todas as alegações contra ele, mas acusa-se de "não sorrir mais " – e de não conter com mais eficácia a "desinformação."

Por deixar o seu cargo ele sente que expôs a conspiração e (que) ganhou a confiança da população. Diz, "se tivesse decidido actuar teria prevalecido, mas isso teria significado mais sangue derramado e toda a gente me teria acusado. Resignei e assim toda a gente pode ver por si própria quem é quem, e o que é o que é."

Em relação à sua briga pública com o carismático e popular Presidente Xanana Gusmão, Alkatiri diz que se conteve de responder aos numerosos ataques públicos contra e Fretilin e ele próprio, porque não quis desencadear mais violência pública.

Interroga-se, contudo, se Gusmão pensa ainda que fez a escolha certa em forçá-lo a sair do poder ao ameaçar resignar. Na sua opinião, a crise acabou em derrota para o presidente, cuja reputação sofreu. Ao mesmo tempo que admite que pode não ter gerido bem a crise militar, Alkatiri aponta que em qualquer país os amotinados são tratados com dureza. Disz, "Xanana favorece sempre a tolerância e as negociações, mas tal abordagem tem limites."

Reflectindo sobre os eventos de 2006, falou de "falhas colectivas da liderança," e disse que a "crise artificial do leste e oeste" fez o país regredir vários anos no desenvolvimento das instituições democráticas, direitos humanos e a aplicação da lei.

No princípio de Fevereiro, Alkatiri foi inocentado de alegações de que esteve envolvido numa transferência de armas para um esquadrão de ataque. Antes disso, quando lhe perguntei sobre os seus problemas legais, disse, "estou totalmente ciente de que vou ganhar." Ecoando a opinião consensual, observou sem ironia, "O sistema de justiça é a parte mais fraca das instituições do nosso governo."

Na sua opinião, a maior ameaça para os direitos humanos é a pobreza, e responder a isso deve ser a prioridade do governo. O influxo dos rendimentos das exportações de energia e a criação de um Fundo do Mar de Timor para guardar o dinheiro para as gerações futuras, fá-lo optimista sobre as possibilidades em Timor-Leste.

Em relação ao Japão, Alkatiri expressou agradecimentos pela sua assistência generosa mas disse, "Não é fácil trabalhar com eles. Têm as suas ideias e programas próprios e é difícil negociar com eles. Apoiam muito as infra-estruturas, projectos de electricidade e de saúde, mas estes são sempre caros."

Olhando para a frente disse, "Xanana e eu temos de trabalhar juntos para criar as condições para (haver) eleições pacíficas. Ambos precisamos de reconhecer os nossos erros. Tenho mantido um perfil baixo e não tenho criticado Xanana porque quero acalmar as coisas e pedi tolerância à Fretilin."

Confessando que será difícil resistir a pressões de dentro do seu partido, a Fretilin, para se candidatar à re-eleição, assinalou a sua disponibilidade, "pela minha própria dignidade e defesa."

3 comentários:

Anónimo disse...

Havia ja iniciativas onde o PR e PM realizarem encontros regulares todas as semanas. Mas porque e que houve:
-O expulso dos 600 soldados sem consultar ao PR nem pasar no conselho de Ministros?
-Porque e que se decidiu o envolvimento das F-FDTL sem consultar o Presidente?
-Porque e que nunca foi socializado os criterios de uma situacao de crise?
-Porque e que houve a distribuicao de armas de fogo ao grupo de Railos?
Leiam bem o relatorio da Comissao de Inquerito da ONU.

Estao agora a tentar fabricar justificacoes depois de subornar o povo, pois nao? Vao brincando. So quero dizer que em 1979 eu proprio assisti a ruina das bases da nossa resistencia. Ninguem tinha mais ousadia de dizer que havia outras vias de sobrevivencia. Um homem, e so ele conseguiu salvar o Timor-Leste Moribundo. Recompos a luta das cinzas de uma total destruicao. Portanto cuidao e nao brincam porque este povo sabe julgar.

Lehi

Anónimo disse...

Gostaria de parabenizar o Sr. Alkatiri pela grandeza de seus atos e pela visibilidade do futuro.
E viva o povo de Timor-Leste!
Alfredo
Brasil

Anónimo disse...

Não é possível que um ano depois e que o Lehi não tenha entendido que quem lidou com os 600 foi quem tinha legitimidade para o fazer, isto é os seus superiores militares e que é mesmo assim que se faz em qualquer país mais ou menos civilizado!

Também só com uma grande dose de descaramento é que se pode continuar a insistir na desculpa esfarrapada do Xanana de não ter sido consultado quando dos incidentes de 28 de Abril. É que como em qualquer divórcio também aqui a situação é da responsabilidade dos dois, mas parece que o Xanana ficou chateado de em final de Abril o então PM até ter conseguido controlar a situação…

E até parece que afinal o Lehi está exactamente na mesma onda do Xanana que era de logo em Abril querer por força amarrar TL a uma situação de crise por causa de 600 desertores a soldo duns tantos Australianos e Norte-americanos (e não só, também alguns palermas portugueses ajudaram..) para precipitar a invasão Australiana que ocorreu em Maio com o Xanana e o Horta a abrirem as portas.

E quanto a Railos e às armas não percebeu ainda que os juízes ainda não decidiram? Qual a pressa? Aguente mais uns dias, já não falta muito.

E sobre o “salvador” que muito oportunamente foi parar a Cipiang… e saiu de lá direitinho à Austrália, está a gozar, não está? Heróis foi os que durante 24 anos lutaram nas montanhas ou no estrangeiro e felizmente para os Timorenses foram muitos, muitíssimos e por isso o povo votou pela independência primeiro e pela Fretilin depois. É que os Timorenses sabem mesmo julgar e felizmente têm memória. E não é o paleio arrastado e gasto do Xanana e o populismo oco do Horta que os engana.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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