sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Give truth a chance

The Jakarta Post
Editorial
February 23, 2007

The Commission of Truth and Friendship (CTF), set up by Indonesia and Timor Leste, has finally begun to show its face with its inaugural public hearings.

There is apprehension all around as we follow testimonies regarding the violence before and after the 1999 referendum which led to Timor Leste's independence.

There has already been at least one blunt verdict since the first of several planned hearings started Monday: "There will be little transparency and no accountability," wrote blogger James Dunn, a former expert on crimes against humanity for the United Nations.

But there have been other voices, like that of 19-year-old Belinha Alves, who was among the audience listening to the testimony in Sanur, Bali.

Already a witness to much violence despite her young age, she told The Jakarta Post of her high hopes for the CTF process.

"What matters most is a peaceful future. But we also need to know the truth about our past," she said, adding that she trusted the commission would provide the public with this truth. "We will accept the report (of the CTF)," she said.

It is voices from Timor Leste's young generation, like that of Alves, which make us pause and reflect. In simple black-and-white reality, Indonesia was a harsh and often evil colonizer, but with a benevolent face. So much so that many Indonesians were shocked when most Timorese opted for independence. Therefore, those guilty should be punished so we can all start anew.

In the world of Alves and many others, Timorese and Indonesians alike, close relations are shared. This reality, and the obvious need for the young nation to work with Indonesians for its future -- without being blocked by angry, powerful quarters fearing prosecution, led Timor Leste President Xanana Gusmao to make a controversial decision and agree to the joint commission.

Based on the "new and unique approach" to "seek truth and promote friendship", as the CTF's terms of reference state, it was essentially a compromise to the other option of dragging suspected violators of human rights in then East Timor to an international tribunal. Such calls increased in the wake of the acquittal of almost all 18 defendants in Indonesian trials of human rights violations in East Timor.

The formula itself poses a despairing prospect for survivors. Even with the South African Truth and Reconciliation Commission as inspiration, experts from South Africa have cited the deprivation of the right to justice for victims.

Pessimists like Dunn, including many Indonesians, do not even expect that the CTF can come up with a credible report, one which Alves and other Timorese would willingly accept -- let alone come close to the credibility enjoyed by Timor Leste's earlier truth and reconciliation commission.

This then is the most crucial expectation of the CTF, as it is not tasked to prosecute rights abusers. A credible report from the commission is the last chance Indonesia has to show the world it is sincere about revealing the truth about the 1999 violence in East Timor, and not, as cynics would argue, only rushing to achieve friendship, while forgetting the past.

The world has already given us an opportunity to enforce our own laws on human rights, but since the results of the 2002 trials its trust has almost vanished.

Failing to produce a credible report would leave no other option but to bring suspected violators of human rights to an international tribunal.

Achieving justice for all victims will be arduous. But the minimum expectation is that victims will have their stories told.

A credible result of the CTF would thus be at least an account of what happened, according to the nearest possible truth, free from narrow nationalist inclinations and the instinct to protect the esprit de corps of Indonesia and its military.

This is where concerns lie, in whether Indonesians, particularly those in the CTF, have such freedom. Another concern is whether Indonesians themselves are ready for the truth, as they were rarely exposed to other versions of what their supposedly heroic, selfless soldiers were doing in the territory.

As a CTF member and retired Indonesian general has said, a compromise that is part of reconciliation requires sacrifices. On Indonesia's part, as Agus Widjojo has said, this might mean apologizing to the Timorese for mistakes in the past, including apologies from the Indonesian Military.

This is far from a commitment to bring justice to victims, but it is a start.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Dar uma oportunidade à verdade
The Jakarta Post
Editorial
Fevereiro 23, 2007

A Comissão da Verdade e da Amizade (CTF), montada pela Indonésia e Timor-Leste, começou finalmente a mostrar a sua cara na sua audição pública inaugural.

Há preocupações em todo o lado quando seguimos os testemunhos relacionados com a violência antes e depois do referendo de 1999 que levou à independência de Timor-Leste.

Já houve pelo menos um veredito duro desde a primeira das várias audições planeadas que começaram na Segunda-feira: "Haverá pouca transparência e nenhuma responsabilização," escreveu o blogger James Dunn, um antigo perito das Nações Unidas em crimes contra a humanidade.

Mas tem havido outras vozes, como a de Belinha Alves de 19 anos de idade, que estava na audiência ouvindo os testemunhos em Sanur, Bali.

Já uma testemunha de muita violência apesar da sua idade jovem, disse ao The Jakarta Post das suas elevadas esperanças para o processo da CTF.

"O que mais interessa é um futuro pacífico. Mas precisamos também de conhecer a verdade acerca do nosso passado," disse, acrescentando que confiava que a comissão daria a conhecer esta verdade ao pública. "Aceitaremos o relatório (da CTF)," disse.

São vozes vindas da jovem geração de Timor-Leste, como esta de Alves, que nos fazem parar e reflectir. Na realidade simples a branco e preto, a Indonésia foi um colonizador cruel e muitas vezes diabólico, mas com uma cara benevolente. De tal modo que muitos Indonésios ficaram chocados quando a maioria dos Timorenses optou pela independência. Por isso, esses culpados deviam ser punidos para que todos nós pudéssemos começar de novo.

No mundo de Alves e de muitos outros, tanto Timorense como Indonésios, partilhamos relações próximas. Esta realidade, e a necessidade óbvia para a jovem nação de trabalhar com os Indonésios para o seu futuro – sem ser bloqueada por partes zangadas e poderosas que receiam a prossecução, levou o Presidente de Timor-Leste Xanana Gusmão a tomar uma decisão controversa e a concordar com a comissão conjunta.

Com base na "abordagem nova e única " para "procurar a verdade e promover a amizade ", como se afirma nos termos de referência da CTF, esta foi essencialmente um compromisso com a outra opção de arrastar violadores suspeitos de direitos humanos no então Leste de Timor para um tribunal internacional. Tais pedidos aumentaram no princípio da liberação de quase todos os 18 acusados em julgamentos Indonésios por violações de direitos humanos em Timor-Leste.

A própria fórmula coloca uma perspective desesperante para os sobreviventes. Mesmo com a Comissão de Verdade e Reconciliação da África do Sul como inspiração, peritos da África do Sul citaram a privação do direito à justiça para as vítimas.

Pessimistas como Dunn, incluindo muitos Indonésios, nem sequer mesmo esperam que a CTF possa fazer um relatório credível, um que Alves e outros Timorenses possam aceitar voluntariamente – quanto mais chegar perto da credibilidade que teve a anterior comissão de verdade e reconciliação de Timor-Leste.

Esta é pois a expectativa mais crucial da CTF, dado que não tem a tarefa de prossecução de abusadores de direitos. Um relatório credível da comissão é a última oportunidade que a Indonésia tem de mostrar ao mundo que é sincera sobre o revelar da verdade da violência de 1999 em Timor-Leste, e não, como os cínicos poderiam argumentar, somente preocupada em obter amizade enquanto esquece o passado.

O mundo já nos deu uma oportunidade para aplicar as nossas próprias leis de direitos humanos, mas desde os resultados dos julgamentos de 2002 a sua confiança quase que desapareceu.

O falharmos na produção de um relatório credível não nos deixa nenhuma outra opção senão levarmos os violadores suspeitos de direitos humanos a um tribunal internacional.

Alcançar justiça para todas as vítimas será duro. Mas o mínimo a esperar é que as vítimas tenham a sua história registada.

Um resultado credível da CTF serás pois pelo menos um relato do que se passou, de acordo o mais possível com a verdade, liberto de inclinações nacionalistas estreitas e do instinto de proteger o espírito de corpo da Indonésia e dos seus militares.

É aqui que estão as preocupações, em se os Indonésios, em particular os que estão na CTF, têm uma tal liberdade. Uma outra preocupação é se os próprios Indonésios estão prontos para a verdade, dado que eles raramente foram confrontados com outras versões sobre o que o seus supostamente heróicos e sem egoísmo soldados estavam a fazer no território.

Como disse um membro da CTF (e simultaneamente) general retirado Indonésio, um compromisso que é parte de reconciliação requer sacrifícios. Da parte da Indonésia, como disse Agus Widjojo, isto pode significar pedir desculpa aos Timorenses por erros do passado, incluindo desculpas pela Força Militar Indonésia.

Isto está longe de uma comissão levar justiça às vítimas, mas é um começo.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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