segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Notícias - traduzidas pela Margarida

A Indonésia 'não podia ter conhecido' a escala do desassossego de Timor
AAP – Fevereiro 19, 2007
Por Karen Michelmore e Olivia Rondonuwu

Sanur, Bali – A Indonésia não podia ter anticipado a escala de violência que se seguiu ao histórico voto pela independência em Timor-Leste em 1999, insistiu hoje o antigo ministro dos estrangeiros.
Ali Alatas disse numa audição pública de referência que receava desacordo entre facções rivais se fosse dada aos Timorenses uma escolha entre independência completa e a oferta alternativa de serem uma província autónoma no seio da Indonésia.


Alatas disse que receava que os que perderam no referendo patrocinado pela ONU não aceitassem o resultado.

Tinha razão mas hoje disse que a escala do desassossego que se seguiu ao voto pró-independência foi uma "surpresa dolorosa " tanto para a Indonésia como para a ONU.

Alatas enfrentou um interrogatório sobre o papel da Indonésia na destruição em Timor-Leste na abertura duma audição pública da Comissão da Verdade e Amizade Timor-Leste-Indonésia.

A comissão, que está a funcionar na ilha turística Indonésia de Bali, procura estabelecer a verdade por detrás da violência de 1999 que matou mais de 1,500 pessoas em Timor-Leste antes e depois da votação patrocinada pela ONU.

Alatas falou hoje de um fax de Dezembro de 1998 do Primeiro-Ministro Australiano John Howard, sugerindo à Indonésia que concedesse uma autonomia temporária a Timor-Leste por 10 anos.

Mas disse que a sugestão zangou o então Presidente da Indonésia BJ Habibie e desencadeou a decisão de Jacarta para dar aos Timorenses uma votação para a independência.

O fax “cuidadosamente escrito” de Howard dizia que a Austrália apoiava a Indonésia e a sua oferta de autonomia mais alargada para Timor-Leste mas que pesquisas da Austrália sugeriam que isso não funcionaria, disse Alatas.
"Por isso em 25 de Janeiro, depois da carta ter chegado formalmente ... o presidente tomou a decisão, a decisão que todos conhecemos," disse na audição.

"Ele estava um tanto zangado e passou esse sentimento para essa carta. Disse 'para que serve esperar cinco, dez, quinze anos, seremos sempre criticados se alguma coisa acontecer mas ainda teremos de gastar muito dinheiro e depois de 10 anos eles dir-nos-ão adeus'.

"Por isso se eles querem a independência agora, dêem-na a eles, uma segunda opção para eles escolherem."

Alatas disse que se sentiu "desconfortável" com a decisão de dar aos Timorenses uma escolha entre a autonomia mais alargada e a independência porque sentiu que os que perdessem se recusariam a engolir o resultado.
"Os meus piores receios foram confirmados logo que o anúncio foi feito, os que perderam não aceitaram isso," disse.

"Mas não podia anticipar que isso tomaria essa forma, essa forma incrível."

Alatas disse que não tinha conhecimento de qualquer decisão ou política do governo Indonésio que causasse directamente o desassossego em Timor-Leste.

Expressou frustração sobre as críticas que a Indonésia continua a enfrentar por causa de Timor-Leste.
"Na verdade é um facto, especialmente depois de (Massacre de Santa Cruz) 12 de Novembro de 1991, há muitas críticas à Indonésia, nada que a Indonésia possa ou queira fazer é acertado," disse. "São na verdade preconceituosos, anti-Indonésios."

O Massacre de Santa Cruz, também conhecido como o Massacre de Dili, foi um dos eventos mais conhecidos numa guerra de resistência onde vários grupos Timorenses lutaram contra forças da Indonésia pela independência.

Mais de 250 Timorenses foram mortos por tropas Indonésias no Cemitério de Santa Cruz em Dili, com imagens capturadas secretamente em vídeo e emitidas em todo o mundo.

Alatas disse que depois do voto da independência, a Indonésia continuou a considerar-se ela própria responsável pela segurança na província e que não queria tropas estrangeiras em solo Indonésio.

Foi só depois do chefe das forças militares, General Wiranto, ter visto a escala da violência que se seguiu à votação que ele mudou de ideias, e a missão da ONU liderada pelos Australianos entrou em Timor-Leste para restaurar a paz, disse Alatas.

"Penso que até entrar em Dili que ele não tinha nenhuma ideia, ele não tinha nenhuma ideia do que se estava a passar lá, na minha opinião," disse.

"Quando chegou, viu a destruição que tinha acontecido, quantas casas tinham sido incendiadas ... então constatou que não podia lidar com a situação dado que estava sozinho.

"Por isso nessa altura ... pediu à ONU para vir e ajudar."

Alatas disse que a Indonésia e Timor-Leste precisavam de continuar a trabalhar juntos para resolverem as suas diferenças.

"Olhemos para a frente e deixemos de olhar constantemente para trás," disse na audição.

"Penso que é isto que os países devem tentar fazer, é do interesse de ambos estarmos mais próximos.

"Para a Indonésia, um Timor-Leste em turbilhão ... dividido e sem progredir, isso é um perigo para a Indonésia porque, afinal de contas, eles são parte do arquipélago e se algo corre mal terá um impacto sobre nós."

A audição continua esta tarde, com testemunhas de uma das vítimas de um outro ataque à Igreja de Liquica, de que foram acusados milícias pró-Indonésias e soldados e onde morreram mais de 200 pessoas.

A comissão planeia realizar cinco audições públicas de Fevereiro até Junho, e ouvir de 78 pessoas incluindo Wiranto, o antigo presidente Habibie, o antigo líder da milícia Eurico Guterres e o presidente de Timor-Leste Xanana Gusmão.

Gutteres é a única pessoa que cumpre uma pena de prisão pelo seu papel na violência de 1999.

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Antigos deputados dão evidência à Comissão da Verdade e Amizade em Bali

Radio Austrália – 19/02/2007, 13:14:08

Espera-se a comparência de antigos ministros do governo Indonésio, generais da força militar e líderes de milícias numa Comissão conjunta Indonésia-Timor-Leste "Verdade e Amizade " agendada para começar a ouvir evidência em Bali.

O correspondente da Indonésia Geoff Thompson relata que a Comissão Verdade e Amizade é uma iniciativa dos presidentes da Indonésia e de Timor-Leste.

Foi projectada para responder aos críticos que argumentam que as duas nações não responderam à violência que rodeou a votação da independência em 1999 da antiga província da Indonésia.

Mais de 1,000 pessoas foram mortas quando gangs de milícia, muitos ligados aos militares Indonésios, entraram numa fúria de incêndios e mortes.

É esperado que a comissão ouça o antigo Ministro dos Estrangeiros da Indonésia Ali Alatas ao lado de testemunhas de ataques das milícias em Dili e em Liquica.

É esperado que se foque em 14 incidentes de violência de 1999, com a audição de hoje a examinar ataques na diocese de Dili, Maliana e na casa do antigo deputado que virou líder da independência, Manuel Carrascalão.

Audições futuras podem incluir evidência do antigo chefe das forças militares Indonésias, General Wiranto e do antigo líder da milícia (agora) na prisão Eurico Guterres.

A comissão não tem poder para recomendar prossecuções, com Dili e Jacarta a argumentar em favor da reconciliação mais do que da recriminação.

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Deputados de Timor debatem tratado de petróleo e do gás
AAP - Fevereiro 18, 2007

Por Karen Michelmore em Jakarta

Espera-se que amanhã seja levado a debate no Parlamento de Timor-Leste um acordo que modela biliões de dólares de petróleo e gás do Mar de Timor.
Contudo, a ratificação do tratado pode vir a ser atrasada vários meses para possibilitar a consulta pública, disse um porta-voz do Gabinete do Mar de Timor.


É estimado que o campo do Greater Sunrise possa trazer durante 20 anos $US 10 biliões ($A13 biliões) ao empobrecido Timor-Leste.

Foi relatado que o Primeiro-Ministro de Timor-Leste José Ramos Horta ter dito na semana passada que estava optimista que o parlamento apoiaria ambos os arranjos do Greater Sunrise e o acordo relacionado da fronteira do leito do mar com a Austrália.

Em Novembro, o Dr Ramos Horta disse que uma vez ratificado, o tratado "permitirá o desenvolvimento do Greater Sunrise, cujos recursos garantirão a independência económica e a prosperidade nacional''.

Sob o acordo – assinado há um ano – a Austrália e Timor-Leste dividirão as royalties do campo 50:50, e atrasam negociações para uma fronteira marítima permanente por 50 anos.

O porta-voz do Gabinete do Mar de Timor, Manuel Mendonça, disse que se espera que o Ministro dos Recursos Naturais e Energia de Timor-Leste aprove o acordo amanhã, e que depois será levado ao parlamento para debate.

Contudo, era improvável que o tratado seja ratificado até estar completo um processo de consulta pública, disse.

"Temos de consultar o povo de todos os distritos em Timor-Leste,'' disse.

O deputado de Timor-Leste Leandro Isaac disse também que não havia nenhum plano para ratificar o acordo amanhã.

No princípio deste mês, o Governo Australiano mexeu-se para ratificar com urgência, marcando uma análise do tratado no Senado.

O documento diz que o Governo Australiano queria efectivar o tratado tão cedo quanto possível, invocando uma cláusula raramente usada de "interesse nacional'' como justificação para o empurrar súbito da ratificação do acordo.

O operador do Greater Sunrise, Woodside Petroleum congelou o projecto de $A6.6 biliões em 2004 quando se arrastavam as negociações entre a Austrália e Timor-Leste.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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