segunda-feira, junho 25, 2007

“FRETILIN Rejeita Interferências Australianas nas Eleições em Timor-Leste”

Jornal Nacional Semanário – 24 Junho 2007

O Governo Australiano criticou o plano do Governo de Timor-Leste em relação ao desenvolvimento de uma força militar e isto demonstra uma interferência política australiana no processo da campanha das eleições. A FRETILIN não concorda com essa atitude, considerando-a como uma violação à soberania de Timor-Leste.
O comunicado de imprensa do partido FRETILIN, a que a redacção do Jornal Nacional Diário teve acesso, domingo (17/6), afirma que a FRETILIN rejeita as declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, Alexander Downer, e do seu perito de defesa ligado aos Serviços de Inteligência Australianos, que lançaram críticas ao plano 2020 das Forças Armadas, plano que o Governo de Timor-Leste deseja implementar no seu país.
O comunicado declara ainda que o plano 2020 das Forças Armadas tem como objectivo resolver as dificuldades que surgiram na formação das Forças Armadas de Timor-Leste decorrente da Autoridade Transitória da ONU (antes de Maio de 2002 até Maio de 2004) e durante o Primeiro Governo Constitucional.
“Assustámo-nos quando ouvimos as declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros australiano de que as Forças Armadas de Timor-Leste não podem ter armas, helicópteros e navios de guerra, efectivos para patrulhar as nossas zonas e controlar os nossos bens no Mar de Timor, como o petróleo e pescas. As Forças de Defesa australianas não estão a fazer operações em Timor-Leste com estes equipamentos?”, questionou o Presidente do partido FRETILIN, Francisco Guterres ‘Lú-Olo'.
Afirmou ainda que o plano 2020 não se destina a criar uma grande força mas apenas visa dar força aos 3 mil soldados (as Forças Regulares são no total 1.500 soldados e as de reserva 1.500).
“Essa história baseia-se num comentário do jornal australiano “The Australian”, que na semana passada escreveu à toa sobre a implementação da decisão do Governo que deu autoridade ao Ministério de Defesa para promover o aprovisionamento do orçamento com 100 mil dólares”.
De acordo com Lú-Olo, os outros Ministérios sentem-se satisfeitos por implementar a decisão, que dará oportunidade para desenvolver a capacidade de gestão das F-FDTL. A situação não corresponde, pois, ao que foi escrito no citado jornal australiano, uma vez que essa decisão não diminui a autoridade do Parlamento.
“A Força 2020 é o nosso plano nacional para as Forças Armadas e o nosso País tem orçamento para implementar este plano no período de 13 anos”, acrescentou Lú-Olo.
“O plano tem como objectivo modernizar as Forças Armadas de Timor-Leste, transformando-a numa força profissional que possa colaborar com as Forças Armadas de outros países”, esclareceu o Presidente do partido histórico.
O comunicado realça ainda que uma melhor colaboração dará a oportunidade às Forças de Defesa de Timor-Leste de participarem em missões de paz das Forças Internacionais e de exercerem efectivamente funções de Forças Armadas nos países do Sudoeste Asiático, cooperando também com a Austrália, por exemplo, no combate ao terrorismo no mundo.
No comunicado, Lú-Olo destacou ainda que a existência das modernas Forças Armadas não visa apenas defender a soberania nacional e a integridade territorial mas também a defesa dos recursos naturais de Timor-Leste. Aprofundando a questão, refere que Timor-Leste perde anualmente cerca de 35 milhões de dólares na área de pescas devido a actividades piscatórias ilegais, pelo que é nosso dever e nosso direito como País proteger os nossos recursos renováveis e dar benefícios permanentes à Nação.
Lú-Olo acrescenta que as FALINTIL são forças de guerrilha que lutaram pela independência ao longo da ocupação dos militares indonésios até 1999, período em que efectuavam guerrilhas com uma pequena unidade das Forças Armadas, como força de um pelotão.
A transição da pequena unidade para o Batalhão e Companhia deu-se através de um processo bastante artificial. A ONU pediu ao “Queen's College” para efectuar esse estudo e identificou que a opção escolhida por eles é mais barata, porque precisamos apenas de dois quartéis. Mas não há um timorense com experiência suficiente para gerir uma grande divisão como essa.
“A Força 2020 é um processo de reorganização das Forças Armadas (F-FDTL) mas, devido aos acontecimentos de Janeiro-Junho de 2006, alguns membros das Forças Armadas e o Comando da Polícia foram influenciados pela campanha política no nosso País e no fim houve uma campanha militar para derrubar o Governo Constitucional. O Governo Australiano tem conhecimento do processo da Força 2020 porque tem os seus assessores no Ministério da Defesa”, afirmou Lú-Olo nesse comunicado.
A revista australiana “The Bulletim” fez uma reportagem no dia 6 de Junho sobre um militar senior australiano enviado pela Austrália em 2000, como outros em diferentes períodos, para apoiar o estabelecimento das nossas Forças Armadas. Essa revista publicava que os oficiais australianos ficavam zangados e informavam que o Governo Australiano nunca teve a boa intenção de transformar as F-FDTL numa Força segura e bem formada, tendo pelo contrário implementado um programa de formação desfavorável.
O referido artigo do “The Bulletin” acrescentava que as Forças de Defesa Australianas apresentaram uma carta ao seu chefe no dia 10 de Maio de 2001 informando que “o primeiro objectivo é o de alargar os interesses estratégicos da Austrália em Timor-Leste, evitar acessos de terceiros, e agir ao nível das esferas de influência. O interesse principal estratégico é evitar o acesso e garantir que não haja outra força que possa ter acesso a Timor-Leste a não ser a Austrália, em essencial, a ADF . O interesse estratégico da Austrália poderá ser melhor garantido se a Austrália conseguir influenciar o processo das tomadas de decisão em Timor-Leste”.
O Secretário-Geral da FRETILIN, Dr. Mari Alkatiri, acrescentou que a FRETILIN depositou toda a sua vontade em trabalhar fortemente e implementar o Plano Nacional de Desenvolvimento, com prioridades como a educação, saúde, habitação, criação de campos de trabalho, programa de infra-estruturas e desenvolvimento da agricultura para obter um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB ou GDP) de 7% anualmente.
“Dos eventos trágicos ocorridos ao longo de 15 meses, podemos ver que é uma exigência dotar as nossas Forças Armadas e Forças Policiais de profissionalismo, promovendo a sua neutralidade face a partidos políticos, criando uma Força que possa ajudar ao desenvolvimento nacional e que possa integrar missões de paz das Nações Unidas”, garantiu Alkatiri.
De seguida, referiu-se ao debate que se está a iniciar na Austrália para derrubar e parar o plano das Forças 2020, reflectindo a ideia da ADF de que a Austrália deve influenciar as decisões do Governo de Timor-Leste, continuando a manter as suas forças em Timor-Leste. Não podemos aceitar estas situações, isto viola a nossa soberania, uma soberania ganha com a perda de centenas e milhares de vidas.
Neste comunicado, o Dr. Mari Alkatiri acrescenta que o Governo Australiano e os media australianos fizeram interferências políticas na campanha de eleição para derrubar a FRETILIN causando dúvidas na população relativamente à dedicação da FRETILIN em combater a pobreza e reestabelecer a paz no País: “Não concordamos com estas interferências políticas”, concluiu Mari Alkatiri.

2 comentários:

Anónimo disse...

Viva Timor livre e democratico
todos timorenses tem de estar atento e prudencias a responder um enorme desafios que estao sempre cruzar ou interpelar dos nossos sistemas politicos.

Unidade Nasional.

Anónimo disse...

Viva Timor livre e democratico
todos timorenses tem de estar atento e prudencias a responder um enorme desafios que estao sempre cruzar ou interpelar dos nossos sistemas politicos.

Unidade Nasional.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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