sexta-feira, novembro 09, 2007

Camberra sabia a verdade sobre os '5 de Balibó'

DN Online
08.11.07

A filha do ex-chefe da diplomacia australiana em 1975 revelou ontem que o pai teve conhecimento e encobriu o massacre de cinco jornalistas deste país em Balibó, Timor-Leste.

Geraldine Willesee, filha do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros australiano Don Willesee, revelou ao The Australian que o pai soube da morte dos "5 de Balibó", a 18 de Outubro de 1975. "Nos seus últimos dias de agonia, em 2003, o meu pai falou outra vez, de forma amargurada e sem desculpas, do papel da Austrália na invasão de Timor-Leste", escreveu a filha de Willesee, num artigo intitulado "Ferido pela culpa de Balibó".

Num "momento emotivo" de conversa com a filha, Willesee contou-lhe "dois segredos do Governo". O primeiro é que decidiu informar as famílias das vítimas de Balibó, contrariando ordens do Executivo trabalhista. Informado da morte dos jornalistas, tinha ordens para manter segredo até à semana seguinte, mas "não podia suportar a ideia de as famílias passarem todo o fim-de-semana sem saber". Por isso, "discretamente", Willesee transmitiu aquela informação.

"O outro segredo que o meu pai me contou é que os indonésios tinham morto os cinco australianos", escreveu a filha do ex-MNE australiano. A versão oficial, mantida até hoje por Jacarta, é que os jornalistas foram mortos em fogo cruzado.

Geraldine Willesee, ex-jornalista política em Camberra, procurou vários antigos colaboradores do pai quando um inquérito à morte de uma das vítimas de Balibó, Brian Peters, foi aberto por um tribunal australiano.

A investigação confirmou que o Governo e o ministro sabiam a verdade sobre Balibó. Um dos antigos colaboradores de Don Willesee contou à filha: "Sim, o seu pai fez parte da operação de cobertura... Com uma arma apontada à cabeça." Outro ter-lhe-á confirmado que Willesee pensou seriamente em pedir a demissão devido aos acontecimentos de Balibó.

"Outro dos ex-colaboradores confirmou ter visto o infame telegrama dos serviços de informação [australianos] contando a história do assassínio deliberado dos jornalistas pelos indonésios", escreveu Geraldine Willesee no citado artigo naquele diário australiano.

A ex-jornalista refere ainda no seu texto que, "apesar de terem passado mais de 30 anos", não conseguiu ter acesso a todo o arquivo ministerial relativo à passagem do pai pela diplomacia australiana. LUSA e JOHN HARGEST-AP (imagem)

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta é uma página negra na História da Austrália.

Como é possível um país tratar assim os seus próprios filhos, só para encobrir um acto ilegal de outro país?

Quanto ao ex-Ministro Willesee, não o condeno, pois sabemos que muitas vezes os MNE têm que fazer estes papéis ingratos, embora contra a sua vontade e sob chantagens ou ameaças, como neste caso.

Anda por aí muita gente com as mãos sujas, muita mesmo.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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