sexta-feira, dezembro 07, 2007

How best to help our poor neighbours

The Age
Daniel Flitton
December 7, 2007


A roar of applause greeted Kevin Rudd's promise during the election campaign. Most of the Labor faithful in the audience were probably cheering the first part of his statement, getting Australia out of Iraq. This leaves one glaring question still to be answered. What does the new Prime Minister plan to do with those Australian troops, closer to home?

Rudd likely wants Australian forces to play a greater role in bolstering small, fragile countries in Australia's neighbourhood.

Take East Timor or the Solomon Islands, for instance, where Australia already has more than 900 soldiers deployed. Add the threat of further political breakdown in Papua New Guinea or Fiji, and the region looks very shaky indeed — it's often called an "arc of instability", slicing across Australia's north.

But Rudd should take time to do some hard thinking about Australia's approach to the neighbourhood. We need to be open to the possibility that Australia's meddling — well intended, mostly, also occasionally selfserving — can actually do more harm than good.

In the election campaign, Rudd emphasised foreign policy challenges closer to home for two reasons.

First, the region's problems are real and urgent. Australians rightly feel pressure to respond. Many of these countries are poorly led. Entrenched corruption stifles economic growth. HIV/AIDS infections are growing at an alarming rate, especially in PNG, and this will add an even greater burden to already weak governments.

But Rudd's second reason for focusing on Australia's near neighbours was less generous minded. Put simply, the region offered the Labor leader a political fix.

By emphasising a growing crisis on our doorstep, Rudd built a political case for getting combat forces out of Iraq. He avoided the trap Mark Latham stumbled into as Labor leader in 2004 when he promised a quick withdrawal.

Latham's more direct argument, bringing Australian troops home simply because they had no business in the Middle East, left him open to the charge of putting Australia's treasured alliance with the United States at risk. Australians are angry about Iraq, yet they continue to hold the American alliance in high regard.

So, by contrast, Rudd used challenges in Australia's region as cover. He explained to both the Australian people and the White House his view that responsibility starts at home.

Rudd cleverly matched his own political agenda with the priorities he saw for Australia in the world — an aspiring political leader would hardly do otherwise. This helped shut down Iraq as an election issue.

Even so, Rudd should not now feel compelled to simply switch Australia's soldiers from the deserts of Iraq to the sandy beaches of the Pacific.

Rudd has a chance to reassess Australia's past engagement with the neighbourhood, particularly the existing commitments in the Solomon Islands and East Timor. He should draw a line under the previous government's policy and announce a review of these military deployments — a detailed report to examine the goals for each intervention. Such a review should ask the tough questions: what does Australia hope to achieve? How much will this cost? And how long are we willing to stay?

If Rudd merely allows these operations to drift on for months and years, his government will be responsible for whatever problems are bound to arise.

The reality is Australia can only play a significant role to assist the development of these small countries if it can work with genuine local partners.

Placing temporary Australian administrators in key posts or sending in the troops to stop a riot can help. But ultimately, local authorities must take responsibility.

What the region desperately needs is good leaders, people who understand how to navigate local problems but have a wider appreciation of their country's national interest — not the usual obsession with sectional interests, tribal interests or personal interests. Leadership is required in all realms, in politics, the public service, police and business.

But how to develop this? Bringing people to Australia for their education isn't always the answer. Those formative years are often the time people gain an understanding of their own community's problems and develop a passion to make a difference. Better that local schools are given support.

Rudd has appointed two senior politicians to assist his Minister for Foreign Affairs — a sensible move, given the broad scope of issues confronted in the portfolio. Tasmania's Duncan Kerr, as Parliamentary Secretary for Pacific Island Affairs, should be given the task of reviewing Australia's regional priorities.

A report must be open to concluding Australian troops are not part of the solution. Fragile states face enormous challenges. But the answer, for Australia, might seem the hardest of all — don't try to fix every problem.

Because over the long term, trying and failing might be worse.

Daniel Flitton is diplomatic editor.


This story was found at: http://www.theage.com.au/articles/2007/12/06/1196812919666.html

Tradução:

Como melhor ajudar os nossos pobres vizinhos

The Age
Daniel Flitton
Dezembro 7, 2007


Uma salva de aplausos saudou a promessa de Kevin Rudd durante a campanha eleitoral. A maioria dos fiéis do Labor na audiência estavam provavelmente a aplaudir a primeira parte da sua declaração, de tirar a Austrália para fora do Iraque. Isto deixa uma faiscante questão para ser respondida. O que é que o plano do novo Primeiro-Ministro tem sobre as tropas Australianas que estão mais perto de casa?

Provavelmente Rudd quer que as forças Australianas tenham um papel maior a fortificar pequenos e frágeis países na vizinhança da Austrália.

Peguem por exemplo em Timor-Leste ou nas Ilhas Salomão, onde a Austrália já tem mais de 900 soldados destacados. Acrescentem a ameaça de mais ruptura política na Papua Nova Guiné ou nas Fiji, e a região na verdade parece bastante instável — é muitas vezes chamada um "arco de instabilidade", distribuída através do norte da Austrália.

Mas Rudd devia tirar tempo para pensar bastante sobre a abordagem da Austrália à vizinhança. Precisamos de estar abertos à ideia de que a interferência da Austrália — bem intencionada, na maioria, algumas vezes também para se servir a ela própria — pode na verdade fazer mais mal do que bem.

Na campanha eleitoral, Rudd enfatizou desafios da política estrangeira mais perto de casa por duas razões.

Primeira, os problemas da região são reais e urgentes. Os Australianos com razão sentem pressão para responder. Muitos desses países são pobremente liderados. A corrupção entrincheirada impede o crescimento económico. Crescem as infecções com HIV/AIDS numa velocidade alarmante, especialmente na PNG, e isto acarreta ainda mais peso a governos já fracos.

Mas a segunda razão para Rudd se focar nos vizinhos próximos da Austrália tem intenções menos boas. Dito simplesmente, a região ofereceu ao líder do Labor uma saída política.

Ao enfatizar uma crise crescente ao pé da nossa porta, Rudd construiu um caso político para tirar as nossas forças de combate de fora do Iraque. Evitou a armadilha onde escorregou Mark Latham como líder do Labor em 2004 quando prometeu uma retirada rápida.

O argumento mais directo de Latham de trazer para casa as tropas Australianas simplesmente porque não tinham nada que estar no Médio Oriente, deixou-o exposto à acusação de pôr em risco a valiosa aliança da Austrália com os estados Unidos. Os Australianos estão zangados por causa do Iraque, contudo continuam a ter em alta estimas a aliança com os Americanos.

Assim, em contraste, Rudd usou os desafios da Austrália na região como disfarce. Explicou a ambos, ao povo Australiano e à Casa Branca que na sua opinião essa responsabilidade começa em casa.

Rudd inteligentemente combinou a sua própria agenda política com as prioridades para a Austrália no mundo— um líder político inspirado dificilmente podia fazer de outra maneira. Isto ajudou a encerrar o Iraque como questão eleitoral.

Mesmo assim, Rudd não se devia simplesmente sentir-se obrigado a mudar os soldados da Austrália das areias do deserto do Iraque para as areias das praias do Pacífico.

Rudd tem uma oportunidade para re-avaliar os engajamentos do passado da Austrália com a vizinhança, particularmente os compromissos existentes nas Ilhas Salomão e em Timor-Leste. Deve desenhar sob a política do governo anterior e anunciar uma revisão desses destacamentos militares — um relatório detalhado para examinar os objectivos para cada intervenção. Uma tal revisão devia responder às questões difíceis: o que é que a Austrália espera obter? Quanto é que isto custará? E durante quanto tempo queremos ficar?

Se Rudd meramente permite que essas operações se arrastem por meses e anos, o seu governo será responsável por quaisquer problemas que possam aparecer.

A realidade é que a Austrália apenas pode ter um papel significativo para assistir o desenvolvimento desses pequenos países se poder trabalhar com parceiros locais genuínos.

Colocar administradores Australianos temporários em cargos chave ou mandar tropas para parar um motim pode ajudar. Mas no fim, as autoridades locais têm de assumir a responsabilidade.

Do que a região precisa desesperadamente é de bons líderes, gente que saiba como dirigir os problemas locais mas que tenha uma mais alta consideração dos interesses nacionais do seu país — não a obsessão habitual com interesses sectoriais, interesses tribais ou interesses pessoais. É preciso liderança em todas as esferas, política, serviço público, polícia e negócios.

Mas como desenvolver isto? Levar as pessoas para a Austrália para serem educadas nem sempre é a resposta. Esses anos de formação são muitas vezes a altura de as pessoas ganharem um entendimento dos problemas da sua própria comunidade e de desenvolver uma paixão para fazerem a diferença. Melhor do que as escolas locais é dar apoio.

Rudd nomeou dois políticos de topo para assistirem o seu Ministro dos Assuntos Estrangeiros — um gesto sensível, dado o largo espectro de questões confrontadas na pasta. A Duncan Kerr da Tasmânia, como Secretário Parlamentar para os Assuntos das Ilhas do Pacífico deve ser dada a tarefa de rever as prioridades regionais da Austrália.

O relatório deve deixar aberta a conclusão de as tropas Australianas não fazerem parte da solução. Estados frágeis enfrentam desafios enormes. Mas a resposta para a Austrália, deve ser a mais difícil de todas — não tentem resolver todos e cada problema.

Porque a longo prazo, tentar e falhar pode ser pior.

Daniel Flitton é editor diplomático.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Como melhor ajudar os nossos pobres vizinhos
The Age
Daniel Flitton
Dezembro 7, 2007


Uma salva de aplausos saudou a promessa de Kevin Rudd durante a campanha eleitoral. A maioria dos fiéis do Labor na audiência estavam provavelmente a aplaudir a primeira parte da sua declaração, de tirar a Austrália para fora do Iraque. Isto deixa uma faiscante questão para ser respondida. O que é que o plano do novo Primeiro-Ministro tem sobre as tropas Australianas que estão mais perto de casa?

Provavelmente Rudd quer que as forças Australianas tenham um papel maior a fortificar pequenos e frágeis países na vizinhança da Austrália.

Peguem por exemplo em Timor-Leste ou nas Ilhas Salomão, onde a Austrália já tem mais de 900 soldados destacados. Acrescentem a ameaça de mais ruptura política na Papua Nova Guiné ou nas Fiji, e a região na verdade parece bastante instável — é muitas vezes chamada um "arco de instabilidade", distribuída através do norte da Austrália.

Mas Rudd devia tirar tempo para pensar bastante sobre a abordagem da Austrália à vizinhança. Precisamos de estar abertos à ideia de que a interferência da Austrália — bem intencionada, na maioria, algumas vezes também para se servir a ela própria — pode na verdade fazer mais mal do que bem.

Na campanha eleitoral, Rudd enfatizou desafios da política estrangeira mais perto de casa por duas razões.

Primeira, os problemas da região são reais e urgentes. Os Australianos com razão sentem pressão para responder. Muitos desses países são pobremente liderados. A corrupção entrincheirada impede o crescimento económico. Crescem as infecções com HIV/AIDS numa velocidade alarmante, especialmente na PNG, e isto acarreta ainda mais peso a governos já fracos.

Mas a segunda razão para Rudd se focar nos vizinhos próximos da Austrália tem intenções menos boas. Dito simplesmente, a região ofereceu ao líder do Labor uma saída política.

Ao enfatizar uma crise crescente ao pé da nossa porta, Rudd construiu um caso político para tirar as nossas forças de combate de fora do Iraque. Evitou a armadilha onde escorregou Mark Latham como líder do Labor em 2004 quando prometeu uma retirada rápida.

O argumento mais directo de Latham de trazer para casa as tropas Australianas simplesmente porque não tinham nada que estar no Médio Oriente, deixou-o exposto à acusação de pôr em risco a valiosa aliança da Austrália com os estados Unidos. Os Australianos estão zangados por causa do Iraque, contudo continuam a ter em alta estimas a aliança com os Americanos.

Assim, em contraste, Rudd usou os desafios da Austrália na região como disfarce. Explicou a ambos, ao povo Australiano e à Casa Branca que na sua opinião essa responsabilidade começa em casa.

Rudd inteligentemente combinou a sua própria agenda política com as prioridades para a Austrália no mundo— um líder político inspirado dificilmente podia fazer de outra maneira. Isto ajudou a encerrar o Iraque como questão eleitoral.

Mesmo assim, Rudd não se devia simplesmente sentir-se obrigado a mudar os soldados da Austrália das areias do deserto do Iraque para as areias das praias do Pacífico.

Rudd tem uma oportunidade para re-avaliar os engajamentos do passado da Austrália com a vizinhança, particularmente os compromissos existentes nas Ilhas Salomão e em Timor-Leste. Deve desenhar sob a política do governo anterior e anunciar uma revisão desses destacamentos militares — um relatório detalhado para examinar os objectivos para cada intervenção. Uma tal revisão devia responder às questões difíceis: o que é que a Austrália espera obter? Quanto é que isto custará? E durante quanto tempo queremos ficar?

Se Rudd meramente permite que essas operações se arrastem por meses e anos, o seu governo será responsável por quaisquer problemas que possam aparecer.

A realidade é que a Austrália apenas pode ter um papel significativo para assistir o desenvolvimento desses pequenos países se poder trabalhar com parceiros locais genuínos.

Colocar administradores Australianos temporários em cargos chave ou mandar tropas para parar um motim pode ajudar. Mas no fim, as autoridades locais têm de assumir a responsabilidade.

Do que a região precisa desesperadamente é de bons líderes, gente que saiba como dirigir os problemas locais mas que tenha uma mais alta consideração dos interesses nacionais do seu país — não a obsessão habitual com interesses sectoriais, interesses tribais ou interesses pessoais. É preciso liderança em todas as esferas, política, serviço público, polícia e negócios.

Mas como desenvolver isto? Levar as pessoas para a Austrália para serem educadas nem sempre é a resposta. Esses anos de formação são muitas vezes a altura de as pessoas ganharem um entendimento dos problemas da sua própria comunidade e de desenvolver uma paixão para fazerem a diferença. Melhor do que as escolas locais é dar apoio.

Rudd nomeou dois políticos de topo para assistirem o seu Ministro dos Assuntos Estrangeiros — um gesto sensível, dado o largo espectro de questões confrontadas na pasta. A Duncan Kerr da Tasmânia, como Secretário Parlamentar para os Assuntos das Ilhas do Pacífico deve ser dada a tarefa de rever as prioridades regionais da Austrália.

O relatório deve deixar aberta a conclusão de as tropas Australianas não fazerem parte da solução. Estados frágeis enfrentam desafios enormes. Mas a resposta para a Austrália, deve ser a mais difícil de todas — não tentem resolver todos e cada problema.

Porque a longo prazo, tentar e falhar pode ser pior.

Daniel Flitton é editor diplomático.


Esta história foi encontrada em: http://www.theage.com.au/articles/2007/12/06/1196812919666.html

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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