domingo, abril 01, 2007

Timor-Leste: Campanha presidencial continua apesar da violência

(Tradução da Margarida)
Radio Austrália - 28/03/2007 8:36:08 PM

O quinto dia da campanha para a eleição presidencial em Timor-Leste foi manchada por explosões de violência de facções de baixo nível. Também nesse dia o antigo primeiro-ministro Mari Alkitiri queixou-se duma acção de mão pesada por tropas Australianas. Mas os oito candidatos mantiveram as suas agendas.

Apresentador/Entrevistador: Karon Snowdon em Dili

Entrevistado: Fransisco Lu Olo Gutterres, o candidato da Fretilin na eleição presidencial em Timor-Leste; antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri.

SNOWDON: No seu material de campanha, Fransisco "Lu Olo" Guetterres ilumina as suas origens humildes, os seus 24 anos de combatente da resistência contra a ocupação da Indonésia e os seus progressos nas fileiras da Fretilin. O Presidente da Fretilin e Presidente do Parlamento de Timor-Leste promete trazer estabilidade, pôr fim à pobreza e ao analfabetismo e expandir o papel de Timor-Leste na região e no resto do mundo se for eleito em 9 de Abril. Diz que o trabalho mais importante será primeiro restaurar a estabilidade e a aplicação da lei. Não acredita que a assim chamada divisão leste oeste, dita ser a questão central da crise violenta do ano passado em Timor-Leste, seja real.

GUETTERRES: (Tradutor) É uma criação artificial no seio da crise.

SNOWDON: Como foi criada?

GUETTERRES: (Tradutor) Foi através duma mensagem em 23 de Março pelo presidente da República, Xanana Gusmão, que afirmou que Lorosae, que é o leste, é de Manututu para cima e que Loromano é de Manatutu para a fronteira.

SNOWDON: Culpa o Presidente Gusmão pela corrente situação e pelas divisões entre leste e oeste, a violência que resultou disso? Culpa o Presidente Xanana?

GUETTERRES: (Tradutor) A mensagem do presidente não foi a mensagem correcta. O presidente é responsável pela unidade e pela garantia da paz e estabilidade em Timor-Leste e a sua mensagem não foi a correcta.

SNOWDON: Cinco anos depois da independência, Timor-Leste permanece o país mais pobre na Ásia do Sudeste. Há poucos novos empregos, A mortalidade infantil é alta e muitos não têm acesso a água potável. E a crise deixou cerca de 70 mil pessoas ainda a viverem em campos de deslocados. Há uma crença geral que apesar de alguns sucessos, os políticos falharam largamente o povo. Mas a confiança de Lu Olo não está abalada.

GUETTERRES: (Tradutor) Não, isto não afecta o papel da minha campanha. As pessoas compreendem bastante bem a importância do desenvolvimento, a importância de programas do governo para o desenvolvimento. Não é coisa que se resolva muito simplesmente em poucos anos ou em poucos dias. Assim não, isso não afecta a minha campanha de forma nenhuma.

SNOWDON: A campanha eleitoral até agora tem sido pacífica. Mas com somente uma semana para acabar, começaram a emergir fendas, talvez ligadas à formação de um novo partido político que atraiu o apoio não somente de um grupo em ruptura da Fretilin mas que segurou como líder o Presidente Xanana Gusmão e que está a apoiar José Ramos Horta como novo presidente de Timor-Leste.

No dia depois do anúncio o líder desse grupo foi atacado por apoiantes da Fretilin. Noutro incidente, um comício da Fretilin foi provocado por criminosos e a polícia local usou tiros de aviso para to dispersar a multidão. O risco agora é que se sigam retaliações do mesmo tipo.

Antigo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri.

ALKATIRI: Temos tentado fazer o nosso melhor para travar as pessoas da violência desde Junho-Julho do ano passado até agora. E vamos ainda continuar a fazer isto. Obviamente que há provocações e cada dia aparecem novos tipos de provocação a tentar provocar-nos.

SNOWDON: Mari Alkatiri traz consideráveis capacidades de organização à gestão da campanha de Lu Olo. E na frente diplomática, o presidenciável diz ter esperança de manter boas relações com as vizinhas Indonésia e Austrália.

GUTTERES: Há algumas sobreposições nas questões, mas com certeza que vamos trabalhar muito arduamente para ter relações muito próximas com a Austrália e a Indonésia.

E. Timor's Reinado 'no longer a threat'

AAP - Sunday Apr 1 16:22 AEST

East Timor's most wanted man Alfredo Reinado is no longer a threat as the fledgling nation heads to the polls, Australian commander Brigadier Mal Rerden said on Sunday.

East Timor has entered the final week of campaigning ahead of its Easter Monday poll to decided who will replace independence fighter Xanana Gusmao as president.

Thousands attended Palm Sunday mass at Dili's Imaculada da Conceicao Cathedral, where Bishop Alberto Ricardo urged the nation's youth to unite and reject violence.

"Go far from violence, go far from the guilty," the bishop told the packed congregation. "Young people are the hope of the future."

There are eight candidates in the first presidential election since the tiny nation gained independence from Indonesia in 2002.

Rerden described the security situation as calm but potentially volatile, despite political parties complaining of incidents of violence and intimidation.

"There has been the odd incident in the districts, which appear to be small events where some supporters from either side have been a bit too excited around the area of the meetings," Rerden said. "They have been handled by (the UN police) UNPOL and there's been nothing significant that's come out any of those.

"Cooperation between all the candidates in the way they are conducting their campaigns has been very good.

"The people seem to be responding very well to the opportunity to participate in the democratic process. "I think people see the opportunity for what it is, a chance to move forward, and they are taking it very seriously."

Twenty-one people were injured, including two local police officers, when fighting broke out between gangs from rival political parties on Thursday in the Fretlin stronghold of Viqueque, 220km from Dili, the National Election Commission (CNE) said.

The CNE said it had also referred one incidence of political violence in Los Palos, in the country's east, to the prosecutor general's office for investigation.

Presidential candidate Avelino Maria Coehlho da Silva, of the Socialist Party, said some of his supporters had also been threatened in Vemasse, east of Dili, last week.

Meanwhile, Australian troops are continuing their operation to capture Reinado, who escaped a massive raid on his hideout in Same, south of Dili, in which five of his men were killed three weeks ago.

Rerden said the East Timor army deserter - wanted after he stole a haul of automatic weapons a month ago - no longer posed a threat, but conceded that it would be difficult to capture him.

"It will be difficult, we are not denying that challenge - two or three people who want to hide in the mountains will be very difficult to find," he said. "But if he is living that way he is achieving nothing. He no longer has any influence over the political situation and he no longer really has any influence over the security situation. "He is down to living in caves, with two or three men only in his group ... he has no ability to move anywhere, he has to walk."

Despite the massive manhunt, Reinado continues to meet with journalists, telling the Timor Post on Friday he didn't intend to disrupt the election and hoped for a "peaceful, transparent, and democratic" process.

East Timor: Presidential campaign continues despite violence

Radio Australia - 28/03/2007 8:36:08 PM

Day five of East Timor's presidential election campaign has been marred by outbreaks of low level factional violence. The day also saw former prime minister Mari Alkitiri complain of heavy handed action by Australian troops. But the eight candidates have maintained their schedules.

Presenter/Interviewer: Karon Snowdon in Dili

Speakers: Fransisco Lu Olo Gutterres, the Fretilin party's candidate in East Timor's presidential election; former prime minister Mari Alkatiri.

SNOWDON: In his campaign literature, Fransisco "Lu Olo" Guetterres highlights his humble background, his 24 years as a resistance fighter against Indonesia's occupation and his progress through the ranks of Fretilin. The Fretilin President and President of East Timor's parliament promises to bring stability, to end poverty and illiteracy and to expand East Timor's role in the region and the rest of the world if elected on April 9th. He says his most important job would be first to restore stability and the rule of law. He doesn't believe the so-called east west split said to be at the core of East Timor's violent crisis last year is real.

GUETTERRES: (Translator) It's an artificial creation within the crisis.

SNOWDON: How was it created?

GUETTERRES: (Translator) It was through a message on the 23rd March by the president of the republic, Xanana Gusmao, who stated that Lorosae, which is the east, is from Manututu upwards and Loromano is from Manatutu to the border.

SNOWDON: Do you blame President Gusmao for the current situation and its division between east and west, the violence that resulted from that? Do you blame President Xanana?

GUETTERRES: (Translator) The president's message wasn't a correct one. The president is responsible for the unity and the guarantee of peace and stability in Timor Leste and his message wasn't a correct one.

SNOWDON: Five years after independence, East Timor remains the poorest country in South East Asia. There are few jobs, infant mortality is high and safe drinking water unavailable to many. And the crisis has left about 70-thousand still living in refugee camps. There's a general belief that despite some successes, politicians have largely failed the people. But Lu Olo's confidence isn't shaken.

GUETTERRES: (Translator) No, this doesn't affect the role of my campaign. The people understand quite well the importance of development, the importance of the government programs for development. It's not something that is resolved very simply in a few years or a few days. So no, this won't affect my campaign at all.

SNOWDON: The election campaign so far has been peaceful. But with just over a week of campaigning to go, cracks have begun to emerge, perhaps linked to the formation of a new opposition party which has drawn the support of not only a breakaway Fretilin group but has secured President Xanana Gusmao as its leader and is supporting Jose Ramos Horta's as East Timor's new president.

The day after the announcement saw the leader of that group attacked by Fretilin supporters. In another incident, a Fretilin rally was set upon by thugs and local police used warning shots to disperse the crowd. The risk now is that tit for tat retaliations will follow.

Former Prime Minister Mari Alkatiri.

ALKATIRI: We have been trying to do our best to stop people from violence since June-July last year up to now. And we will keep doing it still. Of course, provocation is coming and everyday some new kind of provocation, trying to provoke us.

SNOWDON: Mari Alkatiri brings considerable organising skills to the management of Lu Olo's campaign. And on the diplomatic front, the presidential hopeful says he will maintain good relations with neighbours Indonesia and Australia.

GUTTERES: There are some overlap in the issues, but certainly we're going to work very hard to have very close relationship with Australia and Indonesia.

Timor-Leste: Operação «Slingshot 2» faz 32 detidos em Díli

Diário Digital / Lusa
01-04-2007 12:47:47

A polícia das Nações Unidas e forças australianas detiveram este domingo 32 suspeitos de actividade delinquente, no mesmo dia em que um jovem morreu na sequência de ferimentos provocados por um dardo de metal.

O jovem de 17 anos foi atingido num olho por um dardo de metal, cerca das 13:30 de hoje (04:00 horas em Lisboa), quando seguia de motorizada junto à embaixada da Austrália, no bairro de Fatuhada, no centro da capital, disse fonte da UNPol.

Este incidente ocorreu na sequência de «uma noite complicada» de sábado para domingo, na mesma vizinhança da embaixada australiana, onde as autoridades registaram «vários disparos», que partiram de um indivíduo que seguia de motorizada com outra pessoa que foi atingida por um dardo nas costas, na Avenida dos Direitos Humanos, a principal artéria da capital.

Segundo a fonte policial, o indivíduo «respondeu com dois tiros de pistola Colt.45, aliás respondeu com três, apontando a arma à cabeça do atacante, e só não o matou porque a arma encravou», embora tenha conseguido ferir sem gravidade no pescoço o homem que tinha lançado os dardos.

As pistolas Colt 45 «são apenas utilizadas pelos militares» das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), «porque quando as F-FDTL foram equipadas com espingardas M16, compraram também pistolas Colt.45 para a Polícia Militar».

Numa operação «que já estava prevista antes», designada «Slingshot 2», as forças internacionais fizeram 32 detenções nos bairros de Bebonuk e Betó, junto ao aeroporto, «suspeitos de actividade delinquente», que foram conduzidos ao Centro de Detenção de Díli.

A operação continuou o modelo operacional coordenado da «Slingshot» realizada pela UNPol e pelas ISF a 31 de Janeiro de 2007 no Bairro Pité, em Díli, tendo sido detidos 59 suspeitos, incluindo Jaime Xavier, líder do grupo de artes marciais PSHT, que continua detido e a aguardar o resultado do inquérito.

Nessa operação, realizada com a presença de magistrados que acompanharam as buscas a 12 residências, foi apreendido um grande número de armas artesanais, incluindo 292 dardos na casa do líder do PSHT.

UNMIT – Conferência de Imprensa - 29 Março 2007

(Tradução da Margarida)
Obrigado Barracks
Caicoli, Dili

SRSG Khare: Bom dia, bom dia e mais uma vez obrigado por terem vindo hoje à nossa conferência de imprensa.

Estou contente porque a campanha para ajudar os eleitores a escolher o Presidente, que começou na última Sexta-feira, tenha até agora corrido tão bem sem nenhum relato de violência e de intimidação maior.

Este é um tributo directo para o povo de Timor-Leste que está claramente a mostrar o seu compromisso com um processo pacífico democrático.

É também um tributo para as autoridades de Timor-Leste – assistidas pela comunidade internacional através da ONU – que está a trabalhar para garantir eleições credíveis.

Gostaria de congratular o Vice-SRSG Finn Reske-Nielsen e a sua equipa na Secção de Assistência Eleitoral da UNMIT e também a UNDP que têm apoiado o STAE e a CNE a garantir que as eleições presidenciais em 9 de Abril sejam livres, correctas e que os resultados sejam alargadamente aceitáveis para todos.

A campanha de todos os candidatos obviamente que se focará nas suas visões e objectivos para o desenvolvimento de Timor-Leste. Contudo um objectivo comum deve unir todas as campanhas e esse objectivo é a inclusão.

A importância da inclusão está definida na Alínea 15 do Código de Conduta assinado por todos os candidatos Presidenciais e testemunhado pelos representantes da igreja, sociedade civil, órgãos de soberania e eu próprio em 15 de Março, e que afirma, cito:

“… Uma linguagem que assegure um ambiente pacífico, livre de difamação, não-ameaçador, que não encoraje violências, e sem criticismos pessoais dirigido a pessoas ou a um grupo de pessoas, nomeadamente aos outros candidatos e aos seus apoiantes …”

Quero sublinhar que as eleições devem ter um impacto restaurador e unificador e que não devem em caso algum levar a divisões.

Passo agora ao Vice-SRSG Reske Nielsen que lhes dará mais detalhes e informação sobre como a ONU está a assistir o STAE e a CNE.

Vice-SRSG Reske-Nielsen: Muito obrigado e bom dia a todos.

Como todos sabemos, ao contrário das eleições anteriores, a responsabilidade da condução das eleições Presidencial e Parlamentar em 2007 é das instituições do Estado de Timor-Leste, principalmente o STAE no Ministério da Administração do Estado e da Comissão Nacional Eleitoral, a CNE.

Contudo, como sabem foi dado pelo mandado do Conselho de Segurança da ONU, à ONU, dar assistência ao processo eleitoral em particular ao STAE e à CNE para assegurar que as eleições são na verdade livres e correctas.

Gostaria de aproveitar a oportunidade para os informar da assistência que foi dada nos últimos meses e do tencionamos fazer nos próximos dias na condução das eleições Presidenciais em 9 de Abril.

A abordagem que temos tomado está de acordo com os conceitos de uma missão integrada e isso significa que algumas das responsabilidades para apoiar o processo eleitoral estão ao cuidado da UNMIT e outras por outros membros da equipa da ONU em particular a UNDP e a UNICEF.

Nesta altura temos cerca de 200 a 225 membros do pessoal da ONU a trabalhar nas questões eleitorais – incluindo um número significativo de voluntários da ONU – em adição temos perto de 200 empregados nacionais também a trabalhar nesta área.

Todos estes empregados trabalham em várias funções de aconselhamento dando apoio em particular ao STAE e à CNE.

A ONU está ainda a dar um apoio logístico considerável e esse apoio intensificar-se-á nos próximos dias.

Como sabem, o STAE com a aprovação da CNE estabeleceu 504 assembleias de voto nos 13 distritos de Timor-Leste. Juntamente com o STAE e a CNE a ONU assumiu a avaliação de todas elas e concluímos que 71 das 504 teriam dificuldades de acesso e que 39 não têm acesso por estrada.

Nos próximos 10 dias apoiaremos o governo na entrega dos materiais para a votação em todas essas áreas incluindo as mais difíceis de aceder onde prestaremos o apoio por helicópteros que temos à nossa disposição e estamos também a fazer arranjos para aceder aos difíceis usando carregadores e cavalos.

Como sabem, a segurança será feita pela polícia da ONU e apoiada pela PNTL e teremos mais apoio das Forças Internacionais de Segurança, se solicitado.

Em consulta com as autoridades nacionais e partes a polícia da ONU desenvolveu um plano detalhado de segurança que estamos confiantes garantirão a segurança no dia das eleições de modo a que toda a gente se sinta protegida para ir à assembleia de voto e votar.

Todas esperamos também um grande número de observadores nacionais e internacionais. Esperamos cerca de 1000 observadores nacionais no país e bem mais de 100 observadores internacionais na primeira volta das eleições Presidenciais.

O treino e apoio aos observadores será dado pelo UNDP. A observação eleitoral é extremamente importante, nisso, todos os observadores são independentes e por isso desempenharão um papel valioso em assegurar que as eleições são na verdade livres e correctas e transparentes e que preencherão os padrões nacionais e internacionais adequados.

Deixem-se também mencionar que a ONU através do UNDP tem estado a dar apoio a todos os oito candidatos Presidenciais. Isso tem sido feito através de um centro de recursos para os candidatos que está localizado em Dili e que possibilita a cada candidato produzir várias espécies de materiais de campanha. Isto não está a ser feito numa base de dinheiro mas pela provisão do equivalente de US$10,000 de apoio em géneros.

Antes de concluir deixem-me também mencionar que o recenseamento eleitoral está completo agora e penso que correu muito bem. Não temos ainda os números oficiais mas parece que o número de pessoas que se registaram excedeu as melhores estimativas. Em resultado disto esperamos que um total de cerca de 500,000 Timorenses seja elegível para votar em 9 de Abril e muito obrigada pela vossa atenção.

SRSG Khare: Obrigado Vice-SRSG ae tenho a certeza que com todos estes detalhes todos concordarão porque disse que queria congratular sinceramente o Vice-SRSG Reske-Nielsen e a sua equipa, era totalmente justificado.

Aceitarei algumas perguntas agora.

Pergunta: Gostaria de perguntar acerca de alguns acidentes que tiveram lugar em Baucau, Lospalos e Viqueque, os apoiantes de alguns candidatos estavam a fazer algum barulho lá e a PNTL não estaria a agir contra tais pessoas. Porque deixar as coisas assim lá. Pode dar-nos alguma informação em relação a isso?

SRSG Khare: No geral, todas as eleições, como disse no princípio têm acontecido se incidentes de segurança maiores. Todos os candidatos têm estado a fazer bem a campanha em partes diferentes do país. Houve relatos de alguns incidentes de segurança, que tenho estado a receber de partes diferentes em datas diferentes. Estou contente porque esses incidentes não levaram a nenhum distúrbio maior em nenhum comício eleitoral. Quero assegurar que todos esses incidentes incluindo os incidentes que foram mencionados por si e alguns outros incidentes estão a ver analisados directamente pela polícia e serão tomadas medidas adequadas contra todos os grupos que se envolvam em actividades criminosas. Estou também contente por a CNE estar a observar com cuidado o código de conduta, que foi assinado por todos os candidatos Presidenciais.

Pergunta: Sim senhor, segundo entendi ontem o apoio financeiro oficial do governo para os candidatos de US$7500 por candidato ainda não estava pago. Não acha que isso prejudica a correcção da campanha?

SRSG Khare: Segundo me disseram ontem o apoio financeiro requerido estava a ser disponibilizado aos candidatos e o apoio financeiro requerido para a CNE está a ser processado ou foi processado.
Outra vez quero reiterar o que o Vice-SRSG Reske-Nielsen disse que há apoio adicional que foi disponibilizado num modo totalmente não discriminado a todos os oito candidatos Presidenciais pelo UNDP. Gostaria antes de focar no que a ONU está a fazer para assisti-los em vez de focar no que outros fizeram ou não fizeram ainda.

Pergunta: Só um detalhe. Obteve a informação acerca do pagamento ou teve que perguntar ou foi a missão que lhe deu a informação.

SRSG Khare: Isso não é questão da missão. Isso foi num encontro que o Vice-Primeiro-Ministro dirigiu com toda a comunidade diplomática e ele próprio deu esta informação voluntariamente.

Pergunta: Muito obrigada. Como todos sabemos nos últimos meses a Equipa de Certificação da ONU está preocupada com a lei eleitoral e fizeram algumas recomendações que deviam ser seguidas pelo Parlamento ou pelas instituições a quem compete rever a lei. Isso já foi feito ou desenvolvido?

SRSG Khare: Em 12 de Fevereiro quando houve a discussão no Conselho de Segurança da ONU sobre a UNMIT, mencionei a necessidade de as autoridades de Timor-Leste implementarem as recomendações chave da Equipa de Certificação Eleitoral para haver um processo credível. O Conselho de Segurança adoptou então a resolução 1745 que alargou o mandato desta missão e incluiu também a necessidade de serem implementadas as recomendações chave da Equipa de Certificação Eleitoral.

Algumas das mudanças legislativas pedidas foram incorporadas na lei eleitoral recente mas é preciso fazer-se muito mais. Discutimos a todos os níveis e escrevi pessoalmente ao Presidente Gusmão, ao Presidente do Parlamento Nacional e ao Primeiro-Ministro descrevendo a necessidade de mais mudanças. E peço ao Vice-SRSG Reske-Nielsen para lhes dar mais detalhes da Equipa de Certificação Eleitoral e das suas recomendações.

Vice-SRSG Reske-Nielsen: Obrigado. Na verdade todos viram os cinco relatórios que até agora foram emitidos pela Equipa de Certificação e o que fizemos foi assistir o governo no esboçar de provisões legais relevantes que foram recomendadas pela equipa.
Como mencionou o SRSG houve um pacote suplementa aprovado pelo Parlamento Nacional na semana passada que tomou em consideração todas as recomendações que foram feitas incluindo a provisão para a contagem dos votos se fazer na respectiva assembleia de voto no dia da votação. Preparámos mais outro pacote e esse está sob consideração do governo mas temos também de ser realistas em termos do que pode ser feito no pequeno período e muito perto do fim, dado o facto de toda a gente estar muito ocupado com o processo eleitoral. O que a CNE e o STAE estão a fazer é tentar acomodar as recomendações que foram feitas através duma certa regulação em vez de através de legislação em certos casos.

Os comentários da Equipa de Certificação dizem respeito não somente à legislação mas também a outros aspectos do processo eleitoral. Uma recomendação importante neste aspecto foi assegurar que a CNE tenho pessoal de apoio adequado para desempenhar as suas funções. Estou contente em notar que mais ou menos nas últimas semanas houve um reforço significativo do secretariado da CNE. Há no Quinto Relatório preocupações sobre a situação de segurança em Dili mas acredito que estamos todos confiantes que a situação de segurança continue a melhorar. Nas últimas três semanas vimos uma redução significativa do número de incidentes violentos na cidade. E como mencionei foi desenvolvido um plano muito elaborado para assegurar a segurança de todos os cidadãos incluindo dos que forem votar em 9 de Abril.

Um último comentário sobre a moldura legal, Algumas das recomendações da Equipa de Certificação obviamente só dizem respeito às eleições Parlamentares. Por isso penso que há tempo suficiente para o Parlamento Nacional considerar essas provisões depois das eleições Presidenciais.
Os que não tiverem uma cópia do último relatório da Equipa de Certificação. Allison Cooper terá o prazer de entregar ou se tiverem acesso à internet podem tirá-lo do website da UNMIT, unmit.org.

SRSG Khare. Obrigado. Mais alguma pergunta? Kyodo?

Pergunta: Falou sobre segurança. No passado o hospital era um dos locais muitas vezes com problemas. Se algo acontecer no hospital, será um dos locais de acesso muito difícil..

SRSG Khare: Lembrar-nos-emos disso.

Pergunta: Só quero informar e chamar a sua atenção que há gente com deficiências físicas a viver em Tibar, Klibur Domin, aleijados, e o STAE não enviou ninguém para os registar e estão agora a queixar-se porque têm direito a votar mas não foram recenseados para participar nas eleições.

Vice-SRSG Reske-Nielsen: Obrigado. Não posso falar pelo STAE mas sei que houve assistência para locais específicos onde foram montados centros para as pessoas se poderem registar. É da responsabilidade de cada cidadão que deseja obter o cartão de eleitor ir ao centro de recenseamento registar-se, seguir o processo de recenseamento apropriado e ter o seu cartão emitido. Não é responsabilidade do STAE andar por aí de um local a outro na cidade assegurar isso. Penso que concordaremos em que houve centros de recenseamento suficientes onde as pessoas podiam ir. Anoto ainda que o processo de recenseamento era para novos eleitores, isto é para indivíduos que tiverem 17 anos em 9 de Abril e para os que tinham perdido os seus antigos cartão de eleitor e qualquer eleitor pode usar obviamente o antigo cartão de eleitor. Pode-se usar ou o novo, ou o antigo ou o passaporte nacional.
Foi-me clarificado que a questão em Tibar era também acerca de um grupo de deficientes e levaremos isso à atenção do STAE.

SRSG Khare. Obrigado. Não vejo mais nenhuma pergunta. Desejo a todos uma boa participação numa boa campanha, como tem sido até agora. Acredito sinceramente que o papel de fortes e independentes media é crítico em qualquer democracia. Espero que continuem a exercer esse papel durante este período. Obrigado.

Trunfos de uma candidatura

Público, 01.04.2007

Uma campanha sem incidentes é a principal aposta de Tilman para vencer Manuel Tilman está seguro de que vai ganhar as presidenciais. Diz que o sabe depois de ter percorrido mais de mil quilómetros nas zonas da sua base de apoio. "A minha base é o centro do território e a língua mambai, falada em oito distritos. Se este grupo étnico-linguístico compreender a minha mensagem, tenho a maioria."

O outro trunfo da candidatura de Tilman é a espécie de acordo que estabeleceu com outros dois candidatos. A Francisco Xavier do Amaral, o primeiro Presidente do país, promete nomeá-lo para o Conselho de Estado, onde usufruirá de casa e carro vitalícios. A Fernando La Sama de Araújo, por ser mais novo, diz-lhe que espere, porque ajudá-lo-á depois a chegar à presidência.

Antes de chegar a Timor, há sete anos, viveu em Portugal, desde 1976. Licenciou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Entre 1980 e 1984, foi deputado na Assembleia da República, pela ASDI. Trabalhou depois dez anos em Macau, como advogado.
Em Timor, tornou-se deputado. Foi presidente da comissão de economia e finanças, o que lhe permitiu estar envolvido nas negociações petrolíferas.

"Tenho muita experiência de economia e finanças", explica. "O meu trabalho como advogado permitiu-me dominar o sistema jurídico. Por outro lado, fiz a tropa em Mafra, o que me faz estar por dentro dos problemas militares. Ora é sabido que os problemas económicos, jurídicos e de defesa são os mais graves do país."

Mas Tilman está confiante noutro trunfo: a sua campanha não se envolve em escaramuças. Escolheu criteriosamente as regiões a visitar, evitando zonas de maior conflito potencial. "Até agora, não tivemos incidentes", diz triunfalmente. No fundo, é por isso que acredita que vai ganhar.

O socialismo místico de Manuel Tilman

Público, 01.04.2007,
Por: Paulo Moura, em Díli

O líder do partido KOTA e candidato às eleições presidenciais acredita em símbolos mágicos e na união da ilha de Timor.

Afirma-se socialista, monárquico e místico Manuel Tilman está em frente da bandeira do partido que dirige, o KOTA, a explicar o seu significado. Não é fácil. "O negro representa as trevas, o branco a luz", começa ele, com alguma lógica, enquanto os apoiantes agitam bandeiras no comício-festa. "Há um movimento das trevas para a luz. Depois temos os números 8 e 1. O 8 é mágico, também entre os hindus e os budistas. Na álgebra, deitado, significa o infinito. O 1 significa que acreditamos num só Deus."

Isto é só o início da longa narrativa contida na bandeira. "Aquilo ali no meio é um boomerang. Aqueles símbolos são os inimigos, o vencedor e o vencido, um nas trevas e o outro na luz. O vencedor vai passando do branco para o negro. Mas vencedor e vencido não se eliminam nunca. É uma luta permanente. Depois temos estas bolas, brancas e pretas, que representam os reinos que já estão na luz e os outros que ainda estão lutando por isso. Aqui há esta bola grande que significa a relação do Homem com Deus, através da criação."
Uma bandeira que é um autêntico programa político e cultural, segundo Tilman. Foi ele quem a criou? Não.

"Esta bandeira existe em Timor desde os primeiros povos, seis mil anos antes de Cristo". A mesma bandeira? "Exactamente igual. Existe desde o início, de acordo com as nossas suposições, representando, já então, as nossas dificuldades". Para Tilman, as dificuldades são as mesmas. "Havia duas confederações. A de Lorosomo, com 16 reinos, e a dos Belos, com 36. Cada uma tinha um rei, mas havia um tratado de divisão dos poderes. Lorosomo tinha o poder político e religioso. O deste lado, dos Belos, o poder militar e administrativo. Por isso somos mais irascíveis."

Eram duas atribuições que se completavam, por isso a ilha deveria estar unida. Não apenas a parte leste. "Politicamente estamos separados. O lado ocidental é indonésio, o oriental independente. Mas somos uma só nação. Tenho um projecto de unificação, mas que não é para já. Do outro lado também conhecem e adoptam esta bandeira."

Manuel Tilman não a adoptou. Sempre a teve em casa, conta. "Era propriedade dos meus avós. Sou descendente dos antigos reis de Timor." É portanto monárquico. "Sim. Uma das bandeiras que adoptamos é a da monarquia." E o seu partido é religioso? "Não. É um partido da tradição e da etnologia. Veja agora estes símbolos." Aproxima-se de uma espécie de tronco com três braços enterrado ao lado de uma cruz de madeira. "Isto é um "aitos", adorado desde tempos imemoriais. Simboliza a fertilidade da terra e a existência de um único Deus. Nós tínhamos isto. Os cristãos trouxeram aquilo (a cruz), que quer dizer que o nosso Deus já se tinha revelado noutras partes do mundo. Os dois completam-se. A política mistura-se com a cultura. A identidade cultural do povo é mística. E eu quero recuperar isso."

A festa decorre, com um cantor e um músico a tocar órgão, no palco, ao lado de uma mesa com os notáveis do partido. Cá em baixo, algumas dezenas de pessoas, todas descalças e muito sujas. Sabem o significado do 8 na bandeira? "O 1 quer dizer que só há um Deus", explica um homem desdentado e muito magro. "O 8 não sei." À frente, três homens dançam freneticamente. Um deles veste uma t-shirt com uma grande imagem do Che Guevara.

No espectro político timorense, Tilman é considerado de extrema-direita. Ele nega. "Sou socialista. Não como em Portugal, em que os socialistas são republicanos e laicos, como diz o Mário Soares. Aqui, é preciso adaptar o socialismo à realidade cultural de Timor."

Quatro subsídios
Um socialismo místico? "Sim, podemos chamar-lhe assim. Eu tenho um projecto de subsídios, não há nada de mais socialista do que isso. É o que eu chamo o sistema de quatro subsídios: de nascimento, de casamento, de abono de família e de óbito. Seria retirado do fundo do petróleo uma verba, para o orçamento, numa rubrica do Ministério da Segurança Social. O Presidente e o Parlamento poderiam fazer isso juntos."

Isso seria o segredo para pacificar o país. "Os timorenses são muito pobres. Se as pessoas tivessem 40 dólares por mês para as suas necessidades básicas, não recorreriam à violência. Hoje, a riqueza está mal distribuída. Uns não têm nada e outros têm carro, gasolina paga. Nem em Portugal conseguiam gerir uma situação assim, tão discrepante."

Quem governou Timor-Leste desde a independência não conseguiu resolver os problemas por causa do 25 de Abril em Portugal, acredita Tilman. "Foi a ideologia revolucionária. Não está adaptada à cultura, não resultou. Passou-se o mesmo em Angola e Moçambique." O socialismo místico vai resultar? "Meu caro amigo, com tanto dinheiro e tão pouca população, dá para aplicar qualquer ideologia. Desde que eu tenha o povo sossegado."

Há alguma experiência no mundo, de aplicação deste tipo de socialismo místico? "Não, eu estou a criar uma linha própria. E vou implementá-la. Os nossos antepassados tinham um sistema semelhante. E era muito eficaz."

O socialismo místico de Manuel Tilman

Público, 01.04.2007,
Por: Paulo Moura, em Díli

O líder do partido KOTA e candidato às eleições presidenciais acredita em símbolos mágicos e na união da ilha de Timor.

Afirma-se socialista, monárquico e místico Manuel Tilman está em frente da bandeira do partido que dirige, o KOTA, a explicar o seu significado. Não é fácil. "O negro representa as trevas, o branco a luz", começa ele, com alguma lógica, enquanto os apoiantes agitam bandeiras no comício-festa. "Há um movimento das trevas para a luz. Depois temos os números 8 e 1. O 8 é mágico, também entre os hindus e os budistas. Na álgebra, deitado, significa o infinito. O 1 significa que acreditamos num só Deus."

Isto é só o início da longa narrativa contida na bandeira. "Aquilo ali no meio é um boomerang. Aqueles símbolos são os inimigos, o vencedor e o vencido, um nas trevas e o outro na luz. O vencedor vai passando do branco para o negro. Mas vencedor e vencido não se eliminam nunca. É uma luta permanente. Depois temos estas bolas, brancas e pretas, que representam os reinos que já estão na luz e os outros que ainda estão lutando por isso. Aqui há esta bola grande que significa a relação do Homem com Deus, através da criação."
Uma bandeira que é um autêntico programa político e cultural, segundo Tilman. Foi ele quem a criou? Não.

"Esta bandeira existe em Timor desde os primeiros povos, seis mil anos antes de Cristo". A mesma bandeira? "Exactamente igual. Existe desde o início, de acordo com as nossas suposições, representando, já então, as nossas dificuldades". Para Tilman, as dificuldades são as mesmas. "Havia duas confederações. A de Lorosomo, com 16 reinos, e a dos Belos, com 36. Cada uma tinha um rei, mas havia um tratado de divisão dos poderes. Lorosomo tinha o poder político e religioso. O deste lado, dos Belos, o poder militar e administrativo. Por isso somos mais irascíveis."

Eram duas atribuições que se completavam, por isso a ilha deveria estar unida. Não apenas a parte leste. "Politicamente estamos separados. O lado ocidental é indonésio, o oriental independente. Mas somos uma só nação. Tenho um projecto de unificação, mas que não é para já. Do outro lado também conhecem e adoptam esta bandeira."

Manuel Tilman não a adoptou. Sempre a teve em casa, conta. "Era propriedade dos meus avós. Sou descendente dos antigos reis de Timor." É portanto monárquico. "Sim. Uma das bandeiras que adoptamos é a da monarquia." E o seu partido é religioso? "Não. É um partido da tradição e da etnologia. Veja agora estes símbolos." Aproxima-se de uma espécie de tronco com três braços enterrado ao lado de uma cruz de madeira. "Isto é um "aitos", adorado desde tempos imemoriais. Simboliza a fertilidade da terra e a existência de um único Deus. Nós tínhamos isto. Os cristãos trouxeram aquilo (a cruz), que quer dizer que o nosso Deus já se tinha revelado noutras partes do mundo. Os dois completam-se. A política mistura-se com a cultura. A identidade cultural do povo é mística. E eu quero recuperar isso."

A festa decorre, com um cantor e um músico a tocar órgão, no palco, ao lado de uma mesa com os notáveis do partido. Cá em baixo, algumas dezenas de pessoas, todas descalças e muito sujas. Sabem o significado do 8 na bandeira? "O 1 quer dizer que só há um Deus", explica um homem desdentado e muito magro. "O 8 não sei." À frente, três homens dançam freneticamente. Um deles veste uma t-shirt com uma grande imagem do Che Guevara.

No espectro político timorense, Tilman é considerado de extrema-direita. Ele nega. "Sou socialista. Não como em Portugal, em que os socialistas são republicanos e laicos, como diz o Mário Soares. Aqui, é preciso adaptar o socialismo à realidade cultural de Timor."

Quatro subsídios
Um socialismo místico? "Sim, podemos chamar-lhe assim. Eu tenho um projecto de subsídios, não há nada de mais socialista do que isso. É o que eu chamo o sistema de quatro subsídios: de nascimento, de casamento, de abono de família e de óbito. Seria retirado do fundo do petróleo uma verba, para o orçamento, numa rubrica do Ministério da Segurança Social. O Presidente e o Parlamento poderiam fazer isso juntos."

Isso seria o segredo para pacificar o país. "Os timorenses são muito pobres. Se as pessoas tivessem 40 dólares por mês para as suas necessidades básicas, não recorreriam à violência. Hoje, a riqueza está mal distribuída. Uns não têm nada e outros têm carro, gasolina paga. Nem em Portugal conseguiam gerir uma situação assim, tão discrepante."

Quem governou Timor-Leste desde a independência não conseguiu resolver os problemas por causa do 25 de Abril em Portugal, acredita Tilman. "Foi a ideologia revolucionária. Não está adaptada à cultura, não resultou. Passou-se o mesmo em Angola e Moçambique." O socialismo místico vai resultar? "Meu caro amigo, com tanto dinheiro e tão pouca população, dá para aplicar qualquer ideologia. Desde que eu tenha o povo sossegado."

Há alguma experiência no mundo, de aplicação deste tipo de socialismo místico? "Não, eu estou a criar uma linha própria. E vou implementá-la. Os nossos antepassados tinham um sistema semelhante. E era muito eficaz."

UNMIT - Press Conference - 29 March 2007

Obrigado Barracks
Caicoli, Dili

SRSG Khare: Bom dia, good morning and once more thank you for coming today to our press conference.

I am delighted that the campaign to help voters select their President, which began last Friday, has so far gone off very well without any notable reports of violence and intimidation.

This is a direct tribute to the people of Timor Leste who are clearly manifesting their commitment to a peaceful democratic process.

It is also a tribute to the authorities of Timor Leste - assisted by the international community through the United Nations – who are working to ensure a credible election.

I would like to congratulate the DSRSG Finn Reske-Nielsen and his team within the Electoral Assistance Section of UNMIT and also UNDP who have supported the STAE and the CNE to ensure that the presidential election on April the 9th will be free, fair and whose results would be broadly acceptable to all.

The campaign of all candidates would obviously focus on their vision and goals for the developments of Timor Leste. However a common goal must unite all campaigns and that goal is inclusiveness.

The importance of inclusiveness is defined in Rule 15 of the Code of Conduct signed by all Presidential candidates and witnessed by the representatives of the church, civil society the organ of sovereignty and myself on the 15th of March, which states, and I quote:

“… A language that ensures a peaceful environment, free of defamation, non-threatening, not encouraging violences, and without personal criticism towards persons or a group of people, notably other candidates and their supporters…”

I want to stress that the elections must have a restorative and unifying impact and must not on any account lead to divisiveness.

I would now like to pass over to DSRSG Reske Nielsen who will provide you with more details and information about how the United Nations is assisting STAE and the CNE.

DSRSG Reske-Nielsen: Thank you very much and good morning everybody.

As we all know, unlike the previous elections, the responsibility for conducting the Presidential and Parliamentary election in 2007 rest with the state institutions of Timor Leste, principally STAE in the Ministry of State Administration and the National Electoral Commission, the CNE.

However, as you know the United Nations has been given the mandate by the United Nations Security Council to provide extensive assistance to the electoral process in particular to the STAE and the CNE to ensure that the elections are indeed free and fair.

I would like to take this opportunity to brief or update you on the assistant thace has been provided by the United Nations, been provided for the past several months and we intend to do over the next several days in
the run up to the Presidential elections on the 9th of April.

The approach that we have taking is in accordance with the concept of an integrated mission and that means that some of the responsibilities for supporting the electoral process are being handle by UNMIT and others by other members of the UN team in particular UNDP and UNICEF.

At the present time we have about 200 to 225 international UN staff members working on the electoral issues – including a significant number of UN volunteers – in addition we have close to 200 national staff also working on this area.

All these staff work in various advisory roles providing support in particular to STAE and CNE.

The United Nations is also providing considerable logistical support and that support will intensify in the coming days.

As you know STAE with the approval of CNE has established 504 polling centres across the 13 districts of Timor Leste. Together with STAE and CNE the United Nations has undertaken an assessment of all of these locations and we have concluded that 71 out of the 504 would be difficult to reach and 39 of them cannot be reached by road.

For the next 10 days we will be supporting the government in delivering the voting materials to all of these areas including the hard to reach ones where we will be providing support through four helicopters that we have at our disposal and arrangements are also being made to reach the difficult to reach places by using porters and horses.

Security as you know will be provided by the UN police and supported by PNTL and we will have further support by the International Security Forces as required

In consultation with the national authorities and stakeholders the UN police has developed a thorough security plan that we confident will ensure security on election day so that everybody will feel safe coming to the polling stations to cast their vote.

We are also expecting that there will be a large number of national and international observers. We do expect that there would be about 1000 national observers across the country and we expect well over 100 international observers for the first round of Presidential elections.

Training and support for the observers will be provided by UNDP. The electoral observation is extremely important, in that, all of the observers are independent and would therefore provide a valuable role in ensuring that the elections are indeed free and fair and transparent and that they would meet the appropriate national and international standards.

Let me also mention that United Nations through the UNDP has been providing support to all 8 Presidential candidates. That is being done through a candidates resource center that is located here in Dili that enables each candidate to produce various kinds of campaign materials. This is not being done on a cash basis but by providing the equivalent of US$10,000 of in kind support.

Before concluding my opening remarks let me also mention that the voter registration is now completed and I think it has gone very well. We do not have the official number yet but it seems that the number of people who have register by far exceeds the number that we had estimated before the registration started. As a result of this we expect that a total of about 500,000 Timorese would be eligible to vote on the 9th of April and thank you very much for your attention.

SRSG Khare: Thank you very much DSRSG and I’m sure that with all these
details all of you would agree that when I said in my opening remarks that I sincerely wanted to congratulate DSRSG Reske-Nielsen and his team I was amply justifying in doing that.

We will take a few questions now.

Question: I would like to ask you about some accidents taking place in Baucau, Lospalos and Viqueque, the supporters of some candidates were creating some noises there and PNTL would not take a strong action against such persons. Why just leave it there. Can you give us some information regarding that?

SRSG Khare: On the whole, all elections, as I said in the beginning have been without major security incidents. All candidates have been campaigning well in different parts of the country. There are reports of some security incidents, which I have been receiving from different parts on different dates. I am happy that these incidents have not led to any major disruption of an electoral rally. I will want to assure that all these incidents including the incidents which were mentioned by you and some of other incidents are being looked into directly by the police and appropriate action against all groups who indulge in criminal activities will be dealt. I am also delighted that CNE is carefully observing the respect for the code of conduct, which was signed by all the Presidential candidates.

Question: Yes Sir, I understand that as of yesterday the official financial support from the government to the candidates of US$7500 per candidate was not paid yet. Don’t you consider that this hampers the fairness of the campaign?

SRSG Khare: I was told yesterday that the required financial support which was to be made available to the candidates and the required financial support for the CNE is being released or has been released to them.
Separately I would want to reiterate again what DSRSG Reske-Nielsen said that there is additional support that has been made available in a totally non-discriminate manner to all of the eight Presidential candidates by the UNDP. I think I would rather like to focus on what the UN is doing to assist them rather then to focus on what somebody else has done or not done yet.

Question: Just in detail. Did you get the information about the payment did you have to ask for it or was the mission provided with the information.

SRSG Khare: This is not a question of the mission. This was a meeting which the Deputy Prime Minister was conducting with all the diplomatic community and he himself volunteered this information.

Question: Thank you very much. As we all know that in the past few months the Certification Team of the United Nations is concerned about the electoral law and they came up with some recommendations that should be fulfilled by the Parliament or the institutions that must review the law.
Has it been done already or has it been developed?

SRSG Khare: Way back on 12th of February when there was discussion in the UN Security Council on UNMIT, I mentioned the need for the authorities of Timor-Leste to implement the key recommendations of the Electoral Certification Team to have a credible process. The Security Council then adopted resolution 1745 extending the mandate of this mission and also including the need for key recommendations of the Electoral Certification Team to be implemented.

Some of the required legislative changes have been incorporated in the recent electoral law but much more needs to be done. We have discussed at all levels and I have personally written to President Gusmão, to the President of the National Parliament and to the Prime Minister outlining the need for further changes. And I would request DSRSG Reske-Nielsen to give you more details on the Electoral Certification Team and its recommendations.

DSRSG Reske-Nielsen: Thank you. Indeed you have all seen the five reports that have been issued so far by the Certification Team and what we have done is to assist the government in drafting relevant legal provision that had been recommended by the team.
As the SRSG mentioned there was a supplementary package passed by the National Parliament last week which takes fully into account some of the recommendations that had been made including the provision for the counting of the ballots to take place at the polling station concerned on the day of voting. We have prepared a further package and that is under consideration by the government but we also have to be realistic in terms of what can be done in the very short and the very near term, given the fact that everybody is extremely busy with the electoral process. What the CNE and STAE are doing is trying to accommodate the recommendations that have been made through a certain regulation instead of in some cases through legislation.

The comments of the Certification Team pertain not only to legislation but also to other aspects of the electoral process. An important recommendation in this regard was to ensure that the CNE has available adequate support staff to carry out their functions. I am happy to note that over the past week or so there has been a significant strengthening of the secretariat of the CNE. There are also concerns in the Fifth Report about the security situation in Dili but I believe that we are all confident that the security situation will continue to improve. In act over the past three weeks we have seen a significant decline in a number of violent incidents in the city. And as I mentioned in my opening remarks a very elaborate plan has been developed to ensure the security of all citizens including those who choose to vote on the 9th of April.

One final comment on the legal framework, some of the recommendations of the Certification Team of course pertained only to the Parliamentary elections. Therefore I think there is enough time for the National Parliament to consider those provision after the Presidential elections.
For those of you who do not have a copy of the latest report of the Certification Team Allison Cooper would be happy to provide you with a copy or if you have internet access you can actually get it from the UNMIT website, unmit.org.

SRSG Khare. Thank you. Any other question? Kyodo?

Questions: You have talked about security. In the past the hospital was one of the places often in trouble. If something happens at the hospital, it would be one of the places very hard to access..

SRSG Khare: We will keep that in mind.

Question: I just want to brief and bring to your attention that there are people living in Tibar, Klibur Domin, aleijados [with physical disabilities] and STAE has not send in people to register their names and they are now complaining because they have their rights to vote but have not been register to participate in the elections.

DSRSG Reske-Nielsen: Thank you. I cannot speak for STAE but I do know that there was assistance for specific locations that were set for people to go to in order to register. It was the responsibility of each citizen who wished to obtain a voters card to go to the registration centers, go to the proper registration process and have their cards issued. It is not the responsibility of STAE to go around from one location to the other in the city to ensure this. I think we would agree that there were enough registration centers for people to go to. I should also note that the registration process was for new voters meaning individuals turning 17 by the 9th of April and for those who had lost their old voter registration card and any voter can use of course the old voter registration card. You can either use the new one, the old one or also use your national passport.
It has been clarified to me that the question in Tibar was also about a group of disable individuals and we would bring this to the attention of STAE.

SRSG Khare. Thank you. I don’t see any further questions. I wish all of you good participation in a good campaign, which has been going so far. I sincerely believe that the role of a strong independent media is critical for any democracy. I hope that you will continue to exercise that role during this period. Thank you.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.