terça-feira, maio 08, 2007

Timor-Leste: Condições de segurança garantidas, diz CNE

Diário Digital / Lusa
08-05-2007 11:50:44

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste anunciou hoje estarem garantidas todas as condições de segurança para a realização da segunda volta das eleições presidenciais na quarta-feira, que irá determinar o sucessor de Xanana Gusmão.

Com dois candidatos na corrida - Francisco Guterres «Lu Olo», pela Fretilin, e José Ramos-Horta, como independente -, as eleições presidenciais vão decorrer entre as 07:00 (23:00 de terça-feira em Lisboa) e as 16:00 (08:00 em Lisboa) com cada um dos 524.073 eleitores - mais 1.140 do que na primeira volta - a poderem votar em qualquer ponto do país.

Numa conferência de imprensa hoje em Díli, Maria Angelina Sarmento, porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, explicou que a distribuição de todo o material necessário à realização das eleições foi concluída e estão garantidas as condições de segurança graças à «cooperação» entre as forças internacionais e a polícia timorense.

Apesar de garantida a segurança, a mesma responsável referiu-se a «outros problemas», entretanto resolvidos, como a nomeação de oficiais de votação por questões salariais, bem como outros que viram o seu contrato terminado «mas estão a tentar voltar com a mediação dos comissários da Comissão Nacional de Eleições».

Maria Angelina Sarmento disse também terem sido impressos mais 20% de boletins de voto do que o número total de eleitores, embora tenha sublinhado que tal decisão coube ao Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) «sem o consentimento» da CNE.

A CNE «lamenta» também que no distrito de Manatuto não tenha decorrido a cerimónia oficial de entrega dos boletins de voto, como nos outros doze distritos do país.

«Quando o comissário da CNE responsável por Manatuto chegou ao local previsto, os voluntários do STAE tinham já saído com os boletins em direcção às estações de voto», afirmou Maria Angelina Sarmento.

Além do número de votantes, cada uma das 705 estações de voto vai receber um reforço de 15% do número de boletins ficando ainda uma reserva de cinco por cento em cada sede de distrito para eventuais necessidades de reforço.

O processo de transporte e distribuição distrital de todo o material eleitoral tem sido acompanhado pelas forças internacionais de segurança estacionadas em Timor-Leste, incluindo o sub-agrupamento Bravo da GNR, encarregues de garantir a segurança de todo o processo numa acção concertada com a Polícia Nacional de Timor-Leste.

Uma equipa de cerca de 4.000 pessoas vai trabalhar directamente nos 504 centros de votação com 705 estações de voto e serão apoiados por um total de 224 viaturas para deslocações nos distritos.

Na primeira volta das presidenciais, com um total de oito candidatos, votaram 427.198 pessoas, 81,69 por cento do total dos eleitores.

Timor-Leste/Eleições: Garantidas condições de segurança - porta-voz CNE

Díli, 08 Mai (Lusa) - A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste anunciou hoje estarem garantidas todas as condições de segurança para a realização da segunda volta das eleições presidenciais na quarta-feira, que irá determinar o sucessor de Xanana Gusmão.

Timor: Fretilin Mudança afasta hipótese de criar partido

Diário Digital / Lusa
08-05-2007 10:04:37

O líder da Fretilin Mudança e ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres, afastou hoje a hipótese de criar um novo partido mas pede mudanças na Fretilin e novas políticas para o país.

«Não, neste momento estamos na Fretlin e queremos continuar a ser membros do partido», afirmou ao salientar que a mudança que pretende para o seu partido «é um processo político» sobre o qual é preciso ver a reacção da parte contrária - adversários internos.

José Luís Guterres falava à agência Lusa à margem da cerimónia de cumprimentos de despedida do corpo diplomático a Xanana Gusmão, confirmou encontros recentes entre Mari Alkatiri e membros da facção «Mudança» da Fretilin e explicou que o congresso extraordinário visa «que todas as sensibilidades possam debater ideias e candidatar-se à liderança nacional».

«O processo da mudança é um processo contínuo e mal das organizações políticas que não se adaptem às realidades de hoje», afirmou o chefe da diplomacia timorense.

«Nós tentámos no último congresso, dentro das normas estatutárias, apresentar pontos de vista, apresentar alternativas à actual liderança política», afirmou para sublinhar que nunca lhe foi permitido intervir no congresso que reconduziu Mari Alkatiri como secretário-geral da Fretilin.

Por isso, explicou, pretende um congresso, para «projectar a mudança para a Fretilin e para o país».

Apoiante da candidatura presidencial de José Ramos-Horta, José Luís Guterres recordou que o candidato e actual primeiro-ministro é um dos fundadores da Fretilin que «representou sempre a ala moderada do partido».

«Eu também faço parte dessa ala moderada», assinalou.

O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros no Governo de Timor-Leste acrescentou também que uma eventual derrota de «Lu Olo» nas presidenciais «significa o descrédito da actual liderança» da Fretilin e deixou o alerta aos seus companheiros de partido que «já deviam ter tirado ilações do resultado na primeira volta».

«A Fretilin nas primeiras eleições teve quase 60 por cento dos votos e agora tem 28 por cento», disse ao salientar o partido precisa de «fazer um esforço muito grande» para «analisar a realidade que se vive em Timor e tomar políticas acertadas para essa realidade e não continuar a afirmar-se ou comportar-se como se nada existisse à sua volta».

«O sonho antigo de ser único e exclusivo hoje já não dá», sustentou.

Além de Horta como fundador, José Luís Guterres recordou também Xanana Gusmão como o homem que «reconstituiu toda a Fretilin» durante a luta pela libertação mas que pelas exigências internas da resistência teve de «alargar a base de apoio e sustentação à luta de libertação nacional abrindo as portas a todas as sensibilidades nacionais para darem o seu contributo para a luta».

José Luís Guterres considerou também que Xanana Gusmão preferiria agora ir descansar mas as «políticas de arrogância, exclusão dos meus colegas e a falta de sensibilidade para lidar com a população timorense, falta de políticas para o desenvolvimento rural, fez com que o país estivesse quase destruído, à beira de ser um Estado falhado» levando o ainda Chefe de Estado a manter-se activo na política.

«Por causa de tudo isso é que estamos a dar as mãos com Xanana Gusmão e com todos os líderes dos partidos que existem em Timor-Leste, incluindo no seio da Fretilin, para ver se encontramos uma saída defendendo os interesses nacionais, a soberania e o desenvolvimento rural para que a população viva melhor», afirmou.

O governante deixou também um desafio a quem possa ter dúvidas sobre as dificuldades do povo: «vá às montanhas e veja que a população vive hoje talvez pior do que no tempo da Indonésia com excepção da liberdade que hoje tem em Timor-Leste».

Ramos-Horta promises to look after opponents if he is elected president

Japan Today - Tuesday, May 8, 2007 at 15:54 EDT

Dili — East Timor's Prime Minister Jose Ramos-Horta offered assurances Tuesday that he would look after the welfare of his political opponents if he is elected East Timor's second president during an election runoff Wednesday. Ramos-Horta and Parliament Speaker Francisco Guterres will go into the runoff after the two grabbed the highest votes in the election last month, 22.6% and 28.79% respectively.

"Do not feel that if I am elected, someone is a loser or if Mr Lu Olo is elected, I am a loser," Ramos-Horta told reporters on the sidelines of a farewell reception for President Xanana Gusmao, whose presidential term will end May 20. "Particularly, I appeal to Fretilin members that I am the founder of Fretilin, do not be afraid. If I win, I will look after everybody. I will look after Fretilin and I will be able to look better after Fretilin than Lu Olo can," he added.

Desculpe? Lost in translation?...

Presidenciais "são cruciais" para consolidar democracia - Horta

Díli, 08 Mai (Lusa) - As eleições presidenciais em Timor-Leste "são cruciais" para a consolidação da democracia no país, considerou hoje o primeiro-ministro e candidato à sucessão de Xanana Gusmão, José Ramos-Horta.

"São eleições cruciais para a consolidação da nossa democracia. É mais um passo mas não é o único. Depois das eleições é preciso consolidar as instituições, fazer a paz, construir a paz, resolver a questão dos pobres e os conflitos que existem na nossa sociedade", afirmou.

O candidato, que hoje participou como chefe do Governo na cerimónia de despedida de Xanana Gusmão do corpo diplomático acreditado em Timor-Leste, disse também que se for eleito assumirá a Presidência com "orgulho" e caso seja derrotado ficará "felicíssimo" e irá tirar "algumas semanas de férias".

"Ficarei felicíssimo", disse ao falar de uma eventual derrota.

"Fico liberto, apoio o novo presidente durante alguns dias para ele se inteirar de algumas questões e depois meto algumas semanas de férias", explicou.

No caso de ser eleito já não terá férias e começará "imediatamente" a preparar-se para "assumir a Presidência com todo o orgulho por este povo. Esse grande povo nosso", prometeu.

Ramos-Horta garantiu também que, sendo presidente, tudo fará "para trabalhar com todos os partidos, com a sociedade civil, com o novo parlamento, com o governo que vier e com a comunidade internacional".

Ramos-Horta disse ainda que está em "relax", e que gostou da campanha porque o libertou da "burocracia do Governo" e de ter de ir ao Palácio todos os dias.

"Voltar ao Palácio ontem não foi com grande entusiasmo", garantiu o líder do Governo justificando a sua tranquilidade com o facto de ter dois vice primeiros-ministros que classificou de "excelentes, de total a confiança e que, aliás, faziam quase a maior parte do trabalho desde há cerca de 10 meses atrás".

Ramos-Horta garantiu também que em caso de vitória nas presidenciais irá assumir com "humildade" e "com total determinação" as suas novas responsabilidades "procurando trabalhar com todos os partidos, incluindo a Fretilin".

JCS/PRM-Lusa/Fim

O limitado.

"O presidente de Timor diz que se limitou a fazer oposição ao governo da Fretilin. "
TVI – 2007-05-07 20:34

Impressionante a falta de sentido de Estado de Xanana Gusmão. Admite que a única coisa que vez foi oposição ao partido maioritário...

Timor-Leste: Xanana diz estar farto da presidência

TVI – 2007-05-07 20:34

O presidente de Timor diz que se limitou a fazer oposição ao governo da Fretilin.

Xanana conta os dias que faltam para abandonar o Palácio das Cinzas. Para trás, cinco anos em vão na presidência da República da mais jovem nação no mundo. Xanana diz que sai, farto, e por isso criou um partido que tenta participar no desenvolvimento de Timor.

O partido é o CNRT, agora chamado Congresso Nacional de Reconstrução de Timor. No novo partido o lema é «libertámos a pátria, libertemos o povo», ou, por outras palavras, libertemos Timor da corrupção.

A culpa da crise em Timor-leste é da Fretilin, diz Xanana, que se reconhece impotente para resolver o que quer que seja.

A maior frustração para Xanana é a falta de desenvolvimento económico de Timor-leste, um país onde o nível de vida é tão caro que afugenta qualquer investidor.

Às portas da segunda volta para as presidenciais, não esconde o seu desprezo por Lu-Olo, o candidato da Fretilin. Ao contrário, é com entusiasmo que apoia Ramos Horta, já a pensar num futuro cenário de coabitação: Xanana como primeiro-ministro entender-se-ia às mil maravilhas com Ramos Horta na presidência.

Xanana Gusmão prepara-se para se candidatar à chefia do próximo governo de Timor-leste. as eleições legislativas são a 30 de Junho.

Ex-PM australiano depõe sobre morte de cinco jornalistas em Balibó

Lisboa, 08 Mai (Lusa) - O antigo primeiro-ministro australiano Gough Whitlam depõe hoje como testemunha no tribunal que investiga a morte dos cinco jornalistas estrangeiros que cobriam a invasão militar indonésia de Timor-Leste, em 1975.

Whitlam, actualmente com 90 anos, vai comparecer no tribunal juntamente com o seu então ministro da Defesa, Bill Morrison, e com o, na altura, seu chefe de gabinete, John Menadue.

O primeiro-ministro australiano à data em que as forças militares indonésias invadiram Timor-Leste já afirmou num depoimento escrito que só soube da morte dos cinco jornalistas - dois australianos, dois britânicos e um neo-zelandês - a 21 de Outubro de 1975, cinco dias após o incidente.
Os cinco jornalistas morreram a 16 de Outubro de 1975 em Balibó, oeste de Timor-Leste e já próximo da fronteira com a Indonésia, havendo ainda muitas dúvidas sobre as circunstâncias que rodearam as suas mortes, com versões contraditórias.

Um relatório independente das Nações Unidas, elaborado em 2006, concluiu que, "provavelmente", os cinco jornalistas foram mortos pelos soldados indonésios.

As autoridades de Jacarta, por seu lado, rejeitam as acusações de que os cinco jornalistas - Greg Shackleton, Gary Cunningham e Tony Stewart, do Channel Seven, e de Brian Peters e Malcolm Rennie, do Channel Nine - tenho sido mortos pelas tropas indonésias no fogo cruzado que então se registou na área em que se encontravam.

A 06 de Fevereiro último, em declarações prestadas num tribunal de Sydney, um antigo colaborador timorense do exército indonésio, identificado apenas pelo pseudónimo "Glebe 2", afirmou que um antigo comandante indonésio foi o primeiro a disparar sobre cinco jornalistas.

A testemunha adiantou que o comandante militar indonésio Yunus Yosfiah foi quem efectuou os disparos e garantiu que os cinco profissionais, que se encontravam em Balibó (oeste de Timor-Leste e próximo da fronteira com a Indonésia) não morreram em fogo cruzado como sempre afirmou a Indonésia durante o avanço das suas tropas.

Yunus Yosfiah, que na época da invasão era capitão das forcas especiais indonésias, chegando a ministro da Informação em 1980, rejeitou as acusações que classificou como mentiras.

A Indonésia invadiu a antiga colónia portuguesa em 1975, administrando-a até 1999, ano em que um plebiscito resultou numa votação esmagadora a favor da independência do território.

As forças de Jacarta em retirada e as suas milícias auxiliares destruíram a maior parte das infra-estruturas do território matando milhares de pessoas.
JSD-Lusa/Fim

Dos Leitores

Margarida deixou um novo comentário na sua mensagem "Dos Leitores":

Discurso Proferido Pelo Dr José Ramos-Horta por Ocasião da Apresentação do Relatório Sobre os Primeiros 100 Dias do 2º Governo Constitucional ao Parlamento Nacional, 9/11/06

Sua Excelência o Senhor Presidente do Parlamento Nacional,
Senhores Deputados, Senhoras e Senhores,

1. Faz 100 dias de exercício este 2º Governo Constitucional que surgiu da grave crise política de Maio-Junho. Curto tempo para tarefas intensas: pacificação, tranquilidade e ordem pública, capacidade de o Estado vencer a crise de legitimação, organizar e pôr de pé eleições livres e equitativas. Mas cumpre, antes de mais, ao Governo, e penso que o tem vindo a conseguir, ser leal ao povo e às suas tradições, ser leal às exigências políticas de defesa da democracia, da tolerância, da paz e da felicidade de todos.
Este é um governo que continua a ser o governo da FRETILIN, nascido da maioria parlamentar democrática: sempre o disse desde a primeira hora. E como Primeiro-ministro, cumpre-me honrar os compromissos assumidos pela FRETILIN perante o seu eleitorado e perante o povo timorense.
Quero elogiar aqui a liderança da FRETILIN e os seus membros que no pior dos tempos souberam sempre reagir com seriedade evitando o agravamento da crise: se Timor-Leste não resvalou para uma guerra civil, em parte se deve à liderança da FRETILIN, seus quadros e militantes.
Não posso deixar de fazer uma referência especial a Mari Alkatiri, meu amigo, com quem trabalhei durante mais de 30 anos na luta pela libertação do nosso país e chefe do governo que iniciou a maioria dos projectos que este Governo leva agora a cabo.
(...)
2. Assumi com orgulho servir Timor-Leste como membro do governo e tenho excelentes colaboradores, em especial os meus dois vice-primeiros ministros: são verdadeiros Primeiros-ministros.
Os meus colegas de governo, sem excepção, têm sido dedicados e indispensáveis, sem eles não teria podido realizar as tarefas a que me propus no programa do governo
(...)
http://www.primeministerandcabinet.gov.tp/port/speeches.htm


PS: Sem comentários, pois os dois textos, o que está no blog do Horta e o seu discurso dos 100 dias mostra como ele é capaz de dizer rigorosamente tudo e o seu contrário, mas mostram principalmente como ele morde na mão que o alimentos com todos os dentes e sem qualquer escrúpulo.

CNE tem a máquina eleitoral mais operacional e eficaz

Jornal de Notícias, 08/05/07

Opresidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense acredita que, amanhã, a segunda volta das presidenciais (entre Ramos-Horta e "Lu Olo") decorrerá de forma mais eficaz, reconhecendo que a primeira volta revelou, sobretudo, impreparação dos eleitores e dos técnicos eleitorais.

"Não podemos generalizar alguns problemas e duvidar do processo. Temos é de fazer o máximo esforço para assegurar a credibilidade deste processo no seu todo", afirmou Faustino Cardoso, em entrevista à Lusa.

O responsável afirmou, contudo, que as presidenciais timorenses estão a decorrer de forma "transparente" e a reflectir a "vontade popular".

Faustino Cardoso explicou que alguns técnicos eleitorais "não estavam esclarecidos sobre as suas funções, competências e responsabilidades", razão pela qual a CNE enviou ao Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), que gere todo o processo, "notificações para melhorar a formação do pessoal".

Também o director do STAE reconhece a "fragilidade técnica" das equipas nas assembleias de voto, mas rejeita as acusações de fraude ou manipulação feitas por vários candidatos aquando da primeira volta.

"Não somos políticos, somos técnicos. Não temos capacidade política", afirmou Tomás Cabral, referindo que o STAE "aceita a validação dos resultados pelo Tribunal de Recurso, que é quem diz que não existiu manipulação ou fraude".

"Existiram erros no preenchimento das actas e na aceitação de códigos pela base informática de apuramento distrital. Mas haver manipulação e fraude, onde?", pergunta Tomás Cabral, sobre as queixas de candidatos derrotados na primeira volta.

Entretanto, o presidente da CNE revelou ontem que a Fretilin "não apresentou" qualquer queixa ou prova de que José Ramos-Horta tenha comprado votos na primeira volta das presidenciais.

"Até agora, a CNE não recebeu qualquer carta protesto apresentada pela Fretilin, incluindo também o vídeo" que disseram ter como prova, afirmou Faustino Cardoso.

O secretário-geral adjunto da Fretilin, José Reis, afirmou que o partido possuía provas em depoimentos vídeo que Ramos-Horta tinha comprado votos.

Wiranto admite envolvimento

O antigo chefe das Forças Armadas da Indonésia, general Wiranto, admitiu que "alguns" dos seus homens "podem ter estado envolvidos" nos sangrentos incidentes que se registaram em Timor-Leste antes e depois do referendo de autodeterminação de 1999.

Citado hoje pelo diário "The Jakarta Post", Wiranto, que expôs a sua versão dos acontecimentos de 1999 na Comissão da Verdade e Amizade, negou, nesse sentido, que os militares presentes na ocasião em Timor-Leste tenham cometido "violações graves aos Direitos Humanos".

Pelo contrário, afirmou, a "carnificina" então ocorrida foi provocada pelo "longo conflito interno" no território que foi ocupado pela Indonésia desde 1975."Estas foram as únicas acções dos militares. Mas não foram baseadas em ordens. Isso não foi planeado e foi apenas o comportamento de alguns soldados. É uma responsabilidade individual, uma vez que o Exército indonésio não tomou posição por nenhuma das partes", afirmou Wiranto na Comissão.

Prostituição aumenta em Díli

Público, 08.05.2007

A polícia e o pessoal administrativo das Nações Unidas estão a violar a política de tolerância zero para com os abusos sexuais em Timor--Leste, denunciou ontem o jornal australiano The Age, segundo o qual uma dezena de bordéis teria aberto recentemente em Díli, com veículos da ONU quase todas as noites lá parados à porta. Prostitutas adolescentes juntam--se ao entardecer frente a um hotel da zona marginal e carros das Nações Unidas podem ser vistos a recolhê-las, acrescentou o autor da reportagem.

Ramos-Horta considera que a sua eleição será "o princípio do fim da Fretilin"

Público
08.05.2007, Jorge Heitor

O novo chefe de Estado toma posse no dia 20 de Maio e a 27 principia a campanha para as legislativas, a realizar no fim de Junho e a que concorre uma lista liderada por Xanana Gusmão
A poucas horas da segunda volta das eleições presidenciais timorenses, que amanhã decorrem (abrindo as urnas quando em Lisboa ainda estiver a começar a madrugada), o primeiro-ministro José Ramos-Horta escreveu ontem na sua página da Internet que "o Governo da Fretilin enfrenta o início do fim de uma era de instabilidade e de corrupção". De acordo com este candidato, "meia década de um regime déspota está a desintegrar-se". Mas, consultado pelo PÚBLICO, um dos seus actuais apoiantes, o presidente da União Democrática Timorense (UDT), João Carrascalão, considerou que a eventual vitória de Ramos-Horta "poderá não alterar muito o panorama político timorense, se os diferentes partidos não tiverem uma visão mais profunda".

E muita coisa dependerá, sim, da forma como depois se processarem as legislativas de 30 de Junho, para as quais a campanha principia em 27 de Maio, sete dias depois da tomada de posse do sucessor de Xanana Gusmão.

"Em menos de um ano como primeiro-ministro, Ramos-Horta foi capaz de reactivar o diálogo com a Igreja, o Exército, a polícia e o povo, ao mesmo tempo que se mantinha firme contra um governo hostil da Fretilin" (de que ele era, aliás, formalmente o chefe), diz o texto em inglês que foi colocado no site do próprio, que em 1996 foi um dos galardoados com o Nobel da Paz.

João Carrascalão, um dos candidatos que não conseguiram passar à segunda volta, "não tem dúvidas" de que Ramos-Horta irá vencer amanhã por "margem folgada" o presidente da Fretilin e do Parlamento, Francisco Guterres, "Lu Olo", apesar de este ter sido o mês passado o mais votado, com 27,89 por cento dos votos expressos.

Interferência australiana

A candidatura de "Lu Olo" queixou--se de que, por mais de uma vez, na semana final da campanha, se sentiu intimidada pela proximidade de helicópteros e tanques australianos.
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, escreveu mesmo a esse respeito ao comandante das tropas da Austrália destacadas no país, mas o brigadeiro Mal Rerden investigou o caso e concluiu que o mais próximo que os seus homens haviam estado de um comício, na localidade de Ainaro, fora "cerca de 50 metros".

Existem 1140 novos eleitores, cidadãos que completaram 17 anos desde há um mês, segundo contou à Lusa o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral. E por isso é possível que o total dos votos expressos ultrapasse amanhã os 427.198 de Abril, representativos de 81,69 por cento dos timorenses então inscritos.

Depois, nas legislativas, a grande novidade vai ser a presença de uma lista a apresentar pelo Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), recentemente criado e que tentará que o seu líder, o Presidente cessante Xanana Gusmão, venha a ser primeiro-ministro, de acordo com uma estratégia elaborada com José Ramos-Horta, que em 1989 abandonou as fileiras da Fretilin.

O nosso candidato.


Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Perfis dos candidatos presidenciais, "Lu Olo" e Ra...":

"Do programa de José Ramos-Horta constam várias medidas directamente dirigidas à Igreja católica, supostamente um dos seus apoios eleitorais: desde a inclusão de referências mais explícitas a Deus na Constituição, ou a atribuição de um subsídio anual de dez milhões de dólares a instituições religiosas"

"Do programa de José Ramos-Horta constam várias"... fantasias, para não lhes chamar outra coisa, mas que podem ser levadas a sério pelos ingénuos.

O Presidente não tem poderes para alterar a Constituição nem atribuir subsídios.

Isto é pior do que comprar votos. É comprá-los sem poder pagar...

Dos Leitores

h correia deixou um novo comentário na sua mensagem "The Beginning of the End for Fretilin":

Gostei de ler esta bela peça de prosa na língua de Shakespeare, sem dúvida da autoria de algum "obedient mouthpiece" de Ramos Horta.

O dito autor demonstrou uma fidelidade canina pelo seu dono. Foi um esforço sem dúvida louvável, que merece ser bem recompensado.

No entanto, uma fidelidade assim tão exacerbada é contraproducente, porque há verdades tão evidentes que é ridículo tentar escamoteá-las.

Serve esta introdução para explicar que, como sublinhou o colega anónimo antes de mim, todos sabemos que RH fez parte desse diabólico Governo de Alkatiri, sem que isso lhe causasse qualquer prurido. Pelo contrário, aproveitou-se do facto de ter a confiança de Alkatiri (apesar de não ser da Fretilin, foi escolhido como ministro - e esta, hem?) para lhe desferir uma facada nas costas e assumir o seu lugar.

Outra realidade que não vale a pena esconder é a de que RH só foi 1º Ministro porque quis. Portanto, não vale a pena dizer que RH esteve "against a hostile Fretilin government", porque ninguém o obrigou. Ele, quando aceitou o tacho, sabia perfeitamente qual era a composição do Governo, aliás totalmente cozinhado com Xanana e só com o aval deste. Querem um exemplo? José Luís Guterres, acabadinho de se assumir contra a legítima liderança da Fretilin, no congresso em que começou e acabou a "Fretilin Mudança" ao ver que nem 10% dos votos conseguia reunir para apresentar uma lista alternativa, ficou com a importante pasta dos Negócios Estrangeiros. Isto é que é um Governo hostil da Fretilin?

Se foi assim tão hostil, porque RH não apresentou a demissão?

Já dizia o povo que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. Ora não consta que RH tenha "obedient mouthpieces" coxos, portanto...

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Timor-Leste: candidatos ingoram fim oficial de cam...":

"Ramos Horta [...] afirmou que, ser for eleito, destituirá os ministros do Gabinete suspeitos de entregar arroz e dinheiro"

Não há dúvida de que RH é o verdadeiro sucessor de Xanana: tal como este "destituiu" Alkatiri e dois ministros por serem "suspeitos", RH vai anunciando que se prepara para "destituir" mais alguns ministros... que já foram ministros do seu Governo durante 10 meses, sem que ele tenha "destituido" nenhum deles. Agora é que diz que o fará, porque isso lhe poderá trazer mais votos, mesmo sabendo que um Presidente não tem poderes para "destituir" ministros.

Sobre quais os critérios para considerar um ministro "suspeito" nada disse, nem é preciso. A gente imagina...

Timor-Leste/Eleições: Fretilin aceitará resultado - chefe da ONU



Díli, 07 Mai (Lusa) - O chefe da missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) acredita que "a Fretilin aceitará o resultado" das eleições de 09 de Maio, afirmou hoje à Lusa num encontro informal com a imprensa.

"Estou confiante que a Fretilin aceitará os resultados das eleições", disse Atul Khare, referindo que essa garantia lhe foi transmitida pelo secretário-geral do partido maioritário e ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri.

"Se as eleições forem consideradas livres e justas, se não tiverem violência e intimidação, todos os partidos e pessoas aceitarão as eleições", acrescentou o indiano, representante especial do secretário-geral da ONU.

Sobre as falhas graves apontadas no corpo legislativo e regulamentar destas presidenciais pela Equipa de Certificação Eleitoral, em seis relatórios divulgados desde o final de 2006, Atul Khare afirmou que "hoje mesmo" recebeu uma promessa do presidente em exercício do Parlamento, Jacob Fernandes, de aprovação das alterações sugeridas naqueles documentos.

Atul Khare reconheceu que essas alterações legislativas não virão a tempo da segunda volta das presidenciais, "mas ao menos vêm a tempo das legislativas" previstas para 30 de Junho.
"Tenho muita confiança", afirmou Atul Khare.

"Devemos ver isto como um processo de desenvolvimento. Timor-Leste é um país com menos de cinco anos de independência e que atravessou um processo traumático no ano passado".
"Acredito que as eleições expressam a vontade do povo", sublinhou o chefe da missão internacional. "Espero que estas eleições encerrem a crise de 2006", adiantou Atul Khare.

"Em última análise, as eleições só podem ser úteis se contribuírem para sarar velhas feridas, desenvolver uma democracia verdadeira e levar este povo sair da tensão e conflito para a paz e estabilidade, da opressão para a liberdade e do subdesenvolvimento para o desenvolvimento".

"A democracia não é fácil. É difícil. Mas se a fizerem bem, terão resultados", explicou Atul Khare, que há uma semana se encontrou com os líderes de todos os partidos políticos timorenses.

"Disse isso a toda a gente. Disse-o a Alkatiri, a Xanana, a Ramos-Horta. E digo que a democracia não pode ser atingida ouvindo alguns e calando os outros. A democracia atinge-se ouvindo todos. Não temos que concordar, podemos discordar, mas temos que ouvir", acrescentou Atul Khare.
O chefe da missão da ONU insistiu que "a impunidade não pode prevalecer neste país".

"A justiça é essencial para a reconciliação. Sem justiça não se pode ter um país estável", declarou à Lusa, referindo que as recomendações do relatório final da Comissão Especial Independente de Inquérito para Timor-Leste, sobre a crise política e militar de 2006, "têm que ser implementadas" a nível judicial.

PRM/JCS Lusa/Fim

Timor Leste escolhe seu presidente na quarta-feira

AFP - 7.5.2007 - 10:31

Um mês após o primeiro turno de uma eleição presidencial marcada por controvérsias, os habitantes do Timor Leste voltam às urnas nesta quarta-feira para decidir entre os dois candidatos finalistas.

As opções dos eleitores timorenses são duas personalidades diametralmente opostas: o primeiro-ministro José Ramos-Horta, prêmio Nobel da Paz, e o presidente do Parlamento Francisco "Lu-Olo" Guterres, um ex-guerrilheiro de comportamento mais discreto.

A votação será realizada em clima de incerteza devido às numerosas acusações de manipulação e intimidação que marcaram as históricos eleições do dia 9 de abril.

O jovem, pobre e pequeno país de um milhão de habitantes, situado nos confins do sudeste asiático, está profundamente desestabilizado há quase um ano pela violência crônica que tornou necessária a intervenção de forças estrangeiras, em parte sob o comando das Nações Unidas.
Apesar da falta de pesquisas, analistas afirmam que Ramos-Horta é o favorito.

No primeiro turno das eleições, as primeiras desde a independência do país em 2002, Guterres teve 28% dos votos, contra 22% de Ramos-Horta.

Esse resultado ilustra o esgotamento da Fretilin (Frente Revolucionária do Timor Leste Independente), o maior partido do Timor, que apoia Lu-Olo.

Desde 2001, a formação de inspiração marxista - que domina a assembléia legislativa (tem 55 dos 88 parlamentares) - vem se desgastando no exercício do poder, embora seja ainda muito respeitada por ter sido o maior expoente da luta independentista contra a ocupação indonésia (1975-1999).

Sua capacidade de mobilizar a população, recorrendo inclusive a métodos bastante criticados por seus adversários, decidirá o resultado da votação.

A Fretilin é acusada de fazer chantagem, comparecendo à casa de aldeãos analfabetos e ignorantes de seus direitos cívicos. Também é criticada por ter feito uso do aparato estatal para alterar resultados.

Nos últimos dias, alguns timorenses receberam um saco de arroz em troca de uma promessa de voto e as autoridades têm recebido denúncias de tráfico de cédulas eleitorais.
Mais de quatro mil policiais locais e da ONU e mil militares integrantes de uma força internacional conseguiram, apesar de tudo, garantir que a votação acontecesse sem fraudes e sem incidentes.

Muitos observadores estrangeiros também estão no país. Um membro do comitê eleitoral informou que precauções foram adotadas para evitar a polêmica que se produziu entre os dois turnos.

O carismático presidente Xanana Gusmão, que não concorreu à reeleição mas aspira ao cargo de primeiro-ministro, posição que concentra o verdadeiro poder executivo, fez um apelo à união e pediu aos dois candidatos que "parem de se insultar".

Timor-Leste: Wiranto admite envolvimento de alguns militares na violência 1999



Lisboa, 07 Mai (Lusa) - O antigo chefe das Forças Armadas indonésio, general Wiranto, admitiu que "alguns" dos seus homens "podem ter estado envolvidos" nos sangrentos incidentes que se registaram em Timor-Leste antes e depois do referendo de autodeterminação de 1999.

Citado hoje pelo diário The Jakarta Post, Wiranto, que expôs sábado a sua versão dos acontecimentos de 1999 na Comissão da Verdade e Amizade, negou, nesse sentido, que os militares presentes na ocasião em Timor-Leste tenham cometido "violações graves aos Direitos Humanos".

Pelo contrário, afirmou, a "carnificina" então ocorrida naquela antiga portuguesa foi provocada pelo "longo conflito interno" no território que foi ocupado pela Indonésia desde 1975.
"Estas foram as únicas acções dos militares. Mas não foram baseadas em ordens. Isso não foi planeado e foi apenas o comportamento de alguns soldados. É uma responsabilidade individual, uma vez que o Exército indonésio não tomou partido por nenhuma das partes", afirmou Wiranto na Comissão.

O general na reserva, já condenado por um tribunal de Díli por crimes contra a humanidade, na sequência de um julgamento que decorreu na sua ausência e que concorreu às eleições presidenciais indonésias de 2004, insistiu várias vezes que as tropas de Jacarta tiveram "um trabalho difícil" em Timor-Leste.

Esse "trabalho difícil" deveu-se, sustentou, ao "conflito horizontal" que existia há décadas em Timor-Leste, defendendo ainda que o referendo, ganho pelo "sim à independência", foi "um êxito" e que a violência após a votação só aconteceu porque a parte perdedora só se preocupou com a legitimidade do escrutínio.

Wiranto adiantou que, a 05 de Setembro de 1999, após a derrota do "não", as milícias pró-indonésias lhe disseram que pretendiam destruir e queimar todo o país, sublinhando que só não o fizeram porque ele os impediu.

"Eles disseram-me: «general Wiranto, perdemos e temos de destruir todas as instalações e edifícios construídos pela Indonésia». Mas eu respondi: «Não. Não o façam. A população precisa disso»", afirmou o então chefe das Forças Armadas indonésias.

Wiranto adiantou ter dito ainda às milícias pró-indonésias que seriam "desmanteladas" se tentassem erguer a bandeira indonésia e continuar com os confrontos, uma vez que tal situação era contrária ao desejo da comunidade internacional e das decisões tomadas pelo governo de Jacarta.

"Não houve quaisquer instruções, nenhum plano, nenhum apoio à destruição", sublinhou Wiranto, que negou ter controlo sobre as milícias e mesmo "um controlo efectivo dos subordinados que possam ter estado envolvidos em actos de violência".

"Será que um comandante sabe verdadeiramente o que os seus subordinados directos podem fazer"?, questionou, insistindo em que os incidentes e a violência eram "crimes comuns".

"Eram crimes comuns e não violações graves aos Direitos Humanos, porque não havia qualquer ordem superior ou sequer um plano por trás dos incidentes", justificou, lembrando, porém, que se demitiu do cargo de ministro da Defesa, que também então ocupava, "apenas por ser o responsável moral" pela violência.

Wiranto foi uma das 16 testemunhas ouvidas sábado em Jacarta na terceira sessão de audições da comissão conjunta indonésio- timorense criada para investigar os incidentes que provocaram mais de 1.500 mortos, na sua maioria timorenses pró-independência.

Previsto para depor na sessão, que terminou o terceiro ciclo de testemunhos, estava também o antigo chefe da missão da ONU em Timor-Leste, o britânico Ian Martin, que "declinou o convite" devido a compromissos inerentes às suas actuais funções, pois chefia idêntica missão das Nações Unidas no Nepal.

Os dois primeiros ciclos de audição de testemunhos sobre a violência registada em Timor-Leste em 1999, que provocou mais de 1.500 mortos e milhares de refugiados, decorreram em Janeiro, em Bali, e em Março, na capital indonésia.

O testemunho de Wiranto foi pedido por si próprio quando, no início deste mês, afirmou ao portal de notícias indonésio "detik.com" ter "solicitado para ser ouvido" na comissão.

"Ao longo de todo este tempo tem havido manipulação da informação relacionada com o que (os militares indonésios) fizeram durante o referendo. Essa será uma oportunidade para mim para falar sobre o que verdadeiramente se passou", afirmou então Wiranto.

A Comissão da Verdade e Amizade foi criada pelos presidentes da Indonésia e de Timor-Leste para impulsionar um clima de boas relações entre os dois Estados, que passa pelo apuramento da verdade sobre os acontecimentos de 1999.

A comissão, porém, tem sido alvo de duras críticas de várias organizações de defesa dos Direitos Humanos, sobretudo por tentar promover uma série de medidas de amnistia aos responsáveis pelos actos de violência registados no país em troca de "total cooperação" no apuramento da verdade.
JSD-Lusa/Fim

Credibilidade exige máximo esforço, afirma o presidente CNE

Notícias Lusófonas
8.05.07

O presidente da Comissão Nacional de Eleições timorense defendeu hoje que é preciso o "máximo esforço" para assegurar a "credibilidade" nas presidenciais e atribuiu as deficiências da primeira volta à falta de preparação dos eleitores e oficiais eleitorais.

"Não podemos generalizar alguns problemas e duvidar do processo. Temos é de fazer o máximo esforço para assegurar a credibilidade deste processo no seu todo", afirmou Faustino Cardoso, em entrevista à Agência Lusa.

O responsável afirmou, contudo, que as presidenciais timorenses estão a decorrer de forma "transparente" e a reflectir a "vontade popular". Faustino Cardoso admitiu terem existido "certas deficiências" na primeira volta das presidenciais, a 09 de Abril, que atribuiu à "falta de preparação dos eleitores e dos oficiais eleitorais".

Faustino Cardoso explicou que alguns oficiais eleitorais "não estavam esclarecidos sobre as suas funções, competências e responsabilidades", razão pela qual a comissão enviou ao Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), que gere todo o processo, "notificações para melhorar a formação dos oficiais eleitorais e para distribuir toda a informação necessária aos fiscais dos candidatos".

"Todos, incluindo os partidos e os seus representantes, devem estar esclarecidos do mecanismo do processo de eleição para assim evitar desconfianças que possam surgir entre os fiscais e os oficiais eleitorais", afirmou.

Faustino Cardoso defendeu ainda que, no futuro, os técnicos envolvidos nos processos eleitorais terão de "elevar os seus conhecimentos e capacidades", ao mesmo tempo que as entidades envolvidas "terão de aprender com os erros para que não sejam cometidos a seguir".

à primeira volta das eleições presidenciais em Timor-Leste concorreram oito candidatos e de um universo de 522.933 eleitores, votaram 427.198, ou seja, 81,69 por cento do total.

Francisco Guterres "Lu Olo", candidato da Fretilin, venceu a primeira volta com 112.666 votos contra 88.102 votos conquistados por José Ramos-Horta, o candidato independente e o segundo mais votado entre os oito concorrentes.

A segunda volta está marcada para 09 de Maio e a tomada de posse do novo presidente, que substituirá no cargo Xanana Gusmão, agendada para 20 de Maio.

«Não somos políticos, somos técnicos», diz o director do STAE

Notícias Lusófonas
8.05.07

O responsável pela organização das eleições presidenciais timorenses reconheceu hoje em entrevista à Lusa a "fragilidade técnica" das equipas nas estações de voto mas rejeitou as acusações de fraude ou manipulação feitas por vários candidatos.


"Não somos políticos, somos técnicos. Não temos capacidade política", afirmou Tomás Cabral, director do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), entrevistado pela Lusa na antevéspera da segunda volta das presidenciais timorenses, agendada para 09 de Maio.

O escrutínio de 09 de Abril, que apurou os candidatos Francisco Guterres "Lu Olo" e José Ramos-Horta para a segunda volta, ficou marcado por erros, contradições, atrasos e acusações em torno dos resultados provisórios distritais e nacionais.

"Pela minha parte aceito a validação dos resultados pelo Tribunal de Recurso, que diz que não existe manipulação ou fraude", declarou Tomás Cabral.

"Existiram erros no preenchimento das actas e na aceitação de códigos pela base informática de apuramento distrital. Mas haver manipulação e fraude, onde? Não queriam perder no processo eleitoral", concluiu Tomás Cabral, sobre queixas de candidatos derrotados na primeira volta.

"Existem coisas que podemos corrigir, como por exemplo o preenchimento das actas" em cada estação de voto, explicou o director do STAE à Lusa.

"Em alguns sítios, o total de votantes ou a soma do total de votos por candidato foi preenchido como o código da estação de voto", recordou Tomás Cabral, aludindo ao erro numérico mais grave do escrutínio, com uma circunscrição de apenas 350 eleitores a produzir um registo informático de mais de 300 mil votantes.

"Também no apuramento distrital, a lei diz que a assembleia distrital é composta por representante da Comissão Nacional de Eleições, do STAE e por brigadas e pelo presidente da mesa, mas a competência de trabalho não está clara. Tivemos problemas sérios com isto", admitiu Tomás Cabral.

"Na Austrália, as pessoas nos centros de votação são professores. É mais fácil fazer formação. Mas aqui as pessoas na mesa de voto são rurais, a usar computadores.

Ficam atrapalhadas. É difícil, também por limitação de formação", acrescentou.

O director do STAE adiantou que o escrutínio de 09 de Maio terá duas equipas de apoio aos apuramentos distrital e nacional, criadas no seguimento da avaliação aos problemas da primeira volta das presidenciais.

Três equipas foram constituídas para dar formação aos agentes eleitorais ao nível dos 65 subdistritos em todo o país, afirmou Tomás Cabral.

Questionado sobre o mau relacionamento institucional do STAE com a CNE, Tomás Cabral respondeu que "podemos separar os problemas pessoais dos problemas estruturais".

"Só queria explicar que a CNE e o STAE são órgãos do Estado. Os comissários da CNE e o director do STAE são pessoas individuais. No dia das eleições, o STAE e a CNE trabalham para o Estado. Não é para o governo de Timor- Leste. A haver questões privadas, são privadas", acrescentou Tomás Cabral.

"Conheço bem os meus quinze colegas e tenho uma boa relação com todos eles", membros da CNE, afirmou ainda o director do STAE. "Alguns que falam de má relação têm sentimentos privados mas os problemas privados não podem ser do Estado".

Tomás Cabral frisou que os funcionários do Estado, como são os do STAE e da CNE, deviam compreender que desempenham funções temporárias.

"Se estamos a pensar que ficamos sempre no Estado, tratamos a equipa como nossa propriedade. A organização não é propriedade do avô ou do tio, mas do Estado".

"Somos todos timorenses e temos que trabalhar para o povo timorense", insistiu Tomás Cabral. "Não vamos pedir apoio todos os dias, não vamos pedir esmola todos os dias. A proclamação da independência foi feita pelos timorenses com o apoio internacional, agora os timorenses também têm que trabalhar para si próprios. Não vão tratar assuntos internos em público".

"A roupa tem que se lavar em casa, não na rua", declarou também o director do STAE.

Tomás Cabral declarou-se favorável à transformação da CNE em órgão permanente, entre actos eleitorais, mas remeteu essa discussão para o Parlamento, "órgão de soberania".

O director do STAE respondeu da mesma forma às questões sobre o processo de elaboração, aprovação e eventual alteração das leis eleitorais timorenses, incluindo os artigos da Constituição da República.

Os problemas do escrutínio de 09 de Abril levaram o primeiro-ministro e candidato José Ramos-Horta a defender que as eleições timorenses deviam ser organizadas pela comunidade internacional, uma opinião secundada por algumas das missões de observação eleitoral.

"O STAE está dentro do governo", respondeu Tomás Cabral questionado pela Lusa sobre a capacidade de Timor- Leste organizar eleições credíveis.

"Quem organiza as eleições é o Governo: a ministra Ana Pessoa, ministra da Administração Estatal, e o primeiro-ministro, que está a trabalhar connosco", acrescentou Tomás Cabral.

"Se for verdade que os timorenses não têm capacidade, o governo tem que decidir sobre isso claramente, porque não podemos ficar entre a espada e a parede. Eles podem organizar isto, através da ministra Ana Pessoa", declarou o director do STAE.

"Eu estou a dar orientação à base legal que foi promulgada pelo Presidente da República, depois de discutida em Conselho de Ministros e no Parlamento. O STAE tem que respeitar as leis desta República. Se não, como é?", perguntou ainda Tomás Cabral a propósito do sistema eleitoral timorense.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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