segunda-feira, dezembro 15, 2008

Causas da violência de 2006 estão por resolver, diz enviado de Direitos Humanos

Díli, 15 Dez (Lusa) - As causas da violência de 2006 em Timor-Leste estão por resolver, afirmou à Agência Lusa em Díli um enviado-especial das Nações Unidas no final de uma visita ao país.

“As causas da violência de 2006 não tiveram atenção suficiente”, afirmou Walter Kälin, representante-especial do secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos dos Deslocados Internos.

Walter Kälin realizou uma visita de seis dias a Timor-Leste, durante a qual visitou vários campos de deslocados fora de Díli e manteve encontros com as autoridades timorenses.

Walter Kälin elogiou o sucesso do regresso de deslocados e o encerramento de mais de metade dos campos nos últimos meses mas sublinhou que ainda é cedo para afirmar se esse regresso é consistente e de longo-prazo.

“Muitos dos deslocados (que visitei) disseram que apenas se sentem seguros porque há uma esquadra de polícia nas proximidades e aqueles sem um posto de polícia indicaram este ponto no topo das suas prioridades”, explicou o enviado do secretário-geral da ONU.

“Se estes regressos são apoiados de forma a serem sustentáveis e se haverá soluções para aqueles que não podem regressar às comunidades, serão indicadores importantes sobre se Timor-Leste será capaz de quebrar finalmente o ciclo de violência e deslocação de populações que marcaram a sua história desde 1975”, referiu Walter Kälin.

O enviado-especial do secretário-geral defendeu também que “tem que se enfrentar a impunidade pelos crimes cometidos em 2006”, durante a crise política e militar que causou mais de 30 mortos e deixou mais de cem mil deslocados, sobretudo na capital.

“A impunidade é um assunto abrangente neste país e não apenas em relação a 2006. Há pessoas a mais acima da lei em Timor-Leste”, referiu Walter Kälin à Lusa.

O enviado da ONU constatou também na sua visita que “questões de terra e propriedade por resolver podem ser um novo motivo para violência e deslocação de populações”.

Sobre a estratégia do Governo para os deslocados, Walter Kälin nota que “de certa forma combina duas fases que são distintas noutros países: o apoio à recuperação, de diversas formas incluindo géneros ou dinheiro, e a compensação por danos sofridos”.

“A vantagem desta estratégia é que a reconstrução das casas devia acontecer rapidamente. Ao mesmo tempo,porém, vejo o problema de esta abordagem não cobrir a assistência aos mais vulneráveis, como as mulheres com muitos filhos e sem casa”, notou Walter Kälin.

Comparando com situações noutros países, Walter Kälin referiu que os deslocados da crise de 2006 ficaram sobretudo na capital, em áreas de fácil acesso da assistência e sem problemas de segurança graves como em países onde os deslocados ficam em áreas remotas sujeitos a ataque.

Outra diferença sublinhada por Walter Kälin foi a forma como os deslocados timorenses conseguiram organizar-se e fazer-se ouvir, “para o que contribuiu o facto de serem na maioria apoiantes de um partido, embora haja sempre uma dimensão política nestas situações”.

PRM.
Lusa/fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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