domingo, fevereiro 24, 2008

ALGUMA VEZ VIREMOS A SABÊ-LO?

Blog Timr Lorosae Nação
Domingo, 24 de Fevereiro de 2008

QUEM RESPIROU FUNDO APÓS A MORTE DE REINADO?

António Veríssimo

Estive a reler a entrevista que Alfredo Reinado concedeu a Micael Pereira, do Expresso, em Julho do ano passado, e fiquei ainda mais convencido de que Xanana Gusmão tem sido muito obreiro das lástimas que têm acontecido em Timor-Leste e que acabou por eventualmente deixar convencer-nos ter algo a ver com este atentado a Ramos Horta. O que espanta é não se investigar o que aconteceu até ao fim e inculpar os verdadeiros autores da infindável “crise”, supostamente também Xanana Gusmão.

A ser assim, este homem é um contorcionista de alto gabarito, sinuoso, falso, deslealíssimo aos mais elementares requisitos comportamentais na convivência com os da sua espécie. Há que dizê-lo se disso suspeitamos ou estamos convencidos através de análises no tempo, no espaço, nos factos.

Não ignoro que irei melindrar os que ainda acreditam na nefasta figura; disso não me arrependo mas peço-lhes desculpa pela minha sinceridade. É que também eu apostei no ser humano errado e sabemos que muitos o fizeram, arrepiando agora caminho apesar da desagradável carga imposta pela enorme desilusão.

Alfredo Reinado ao ser instado por Micael Pereira a revelar as verdades que sabia afirmou-lhe que o faria mais tarde e na Justiça, que naquela altura não era tempo para isso, mais tarde…

Fê-lo realmente mais tarde no famoso vídeo em que desmascarou literalmente Xanana Gusmão, e onde afirmou que muito mais haveria para divulgar, porque havia mais. Porque há mais.

Com o maior desplante, o boçal contorcionista que agora é primeiro-ministro, ameaçou tudo e todos – os que pôde – e até os jornalistas, com prisão.

Assim, sumariamente, fora de qualquer quadro legal reconhecido pela sociedade das nações – ONU – denunciando-se como um ditador de meia-tijela, que não queria que se divulgasse o vídeo que supostamente espelha as diatribes que causaram mortes, destruição e instabilidade aos que há dezenas e dezenas de anos tanto sofrem.

Em 11 deste mês mais um negro capítulo, deste drama que é Timor, nos foi revelado.

Logo nos primeiros segundos tivemos a certeza de que a vida do presidente da República, Ramos Horta, fora posta em risco, fora atentada. Horta ficou às portas da morte. Disso ninguém duvidou nem duvida. Com toda a certeza que Horta não teve nada a ver com estas nefastas operações, nem dá para imaginar que seja pessoa para isso. Nunca ninguém o afirmou ou dissimuladamente o deu a atender.

Já o mesmo não se pode dizer sobre Xanana Gusmão. Isto, se relembrarmos aquilo que Alfredo Reinado afaga na entrevista ao jornalista do Expresso, relativamente ao ataque à casa de Taur Matan Ruak, onde a mulher e os filhos do brigadeiro-general passaram um mau bocado.

O que entender daquelas palavras de Reinado? De quem suspeitar? Somando factos, a quem devemos inculpar?

Quem respirou fundo após a morte de Alfredo Reinado e ficou frustrado com a sobrevivência de Ramos Horta?

Alguma vez viremos a sabê-lo?

Ainda no dia 11 deste mês, também o actual primeiro-ministro Xanana Gusmão alegou ter sido vítima de um atentado, cerca de uma hora depois de Ramos Horta. Estou certo que a maioria dos cidadãos do mundo não acreditam que tivesse sido mesmo um atentado. Nem eu.

Descredibilizando Xanana Gusmão estão as incongruências nas narrativas de muitos. Dele próprio, dos da sua escolta, de Salsinha, da sua esposa, do relatório da UNMIT, etc. E está o seu passado, um pouco nebuloso, em determinados aspectos.

Muitos de nós estamos certos de que estas suspeições são legítimas e que terrível será que sejam justas…

Alguma vez viremos a sabê-lo?

Ramos-Horta agradece a Portugal

JN, 24/02/08

O presidente da República de Timor-Leste está "sensibilizado com o povo português" e "preocupado com o povo timorense" e quer "saber tudo" sobre o atentado de que foi vítima, segundo uma declaração enviada à Agência Lusa através de um familiar.

Na sua primeira declaração à Imprensa após o ataque de 11 de Fevereiro, em que foi atingido a tiro, José Ramos-Horta comunicou a intenção de "saber tudo a fundo sobre o que se passou, levando a investigação até ao fim". Ramos-Horta declarou à Lusa, através do seu cunhado João Carrascalão, a partir do Hospital Real de Darwin, Austrália, que está "muito sensibilizado e agradecido com o povo português e muito preocupado com o povo timorense".

O chefe de Estado timorense agradece em especial ao presidente Cavaco Silva, "pela condenação enérgica e imediata dos ataques e pelo apoio manifestado".

José Ramos-Horta disse também estar "de muito bom humor" e ao seu homólogo português manda informar que receberia com agrado em Darwin "alguns pastéis de Belém e um bom vinho do Porto".

O presidente timorense, gravemente ferido no ataque à sua residência em Díli pelo grupo do major Alfredo Reinado, foi submetido a várias intervenções cirúrgicas e esteve mais de uma semana em coma induzido no Hospital Real de Darwin, para onde foi evacuado poucas horas após ter sido atingido.

Durante a visita que fez ontem aos concelhos de Ribeira de Pena e Boticas, no distrito de Vila Real, Cavaco Silva congratulou-se com a recuperação de Ramos-Horta e disse esperar que Timor-Leste consiga julgar, "no respeito pela lei", os responsáveis pela tentativa de "decapitação das instituições democráticas" do país.

ENTREVISTA A ALFREDO REINADO EM JULHO DE 2007 - para o Expresso

Para relembrar no Blog Timor Lorosae Nação.

Ramos-Horta deverá permanecer nos cuidados intensivos mais cinco dias - irmã

Macau, China, 24 Fev (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, deverá permanecer nos cuidados intensivos do hospital de Darwin "mais cinco dias" devendo depois ser transferido para um quarto normal, disse hoje à agência Lusa a sua irmã Romana.

Contactada telefonicamente a partir de Macau, Romana Horta disse que o seu irmão "está melhor" e "já come algumas sopinhas" mas vai permanecer "mais alguns dias nos cuidados intensivos".

"Ele fala bem, mantém uma conversa mas continua muito cansado", disse.

Romana Horta explicou também que o irmão já fez referência, em conversa com a família, que "levou um tiro", mas evita continuar a falar do assunto e os familiares não insistem.

"Só respondemos a questões que ele coloca e não insistimos no tema dos atentados", afirmou.

Após ter sido retirado de coma induzido, Ramos-Horta já recebeu a visita do seu cunhado João Carrascalão e do ministro da Saúde de Timor-Leste, mas a família apelou a outros responsáveis políticos para que, por agora, não se desloquem a Darwin devido ao estado ainda algo debilitado do presidente timorense.

JCS
Lusa/Fim

Só quem não conhece TMR é que pode ficar admirado com o profissionalismo das FFDT

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Operação "Halibur" põe Falintil no antigo papel da...":

Só quem não conhece TMR é que pode ficar admirado com o profissionalismo das FFDTL.

O general Taur Matan Ruak tem só a 4ª classe, mas sabe mais a dormir que muitos "internacionais" acordados e com cursos de academias militares. E tem outra coisa fundamental que falta a alguns: coragem.

Antes de comentar a infeliz comparação das FFDTL às ABRI, há uma ressalva a fazer: onde se lê "TNI" (Tentara Nasional Indonesia) deve ler-se "ABRI" (Angkatan Bersenjata Republik Indonesia), antiga designação das forças armadas indonésias.

Acho este artigo da Lusa muito infeliz, comparando as Falintil às ABRI. Acredito que PRM não tenha agido por mal, mas afirmar isso é não só demonstração de ignorância do que foi o conflito político-militar da ocupação indonésia de Timor-Leste, como (e sobretudo) é uma afronta gravíssima ao povo timorense.

Podia citar mil e uma barbaridades cometidas pelas ABRI em Timor-Leste (e não só), mas não quero recordar momentos dolorosos desse período nem abusar do espaço reduzido que me é generosamente oferecido neste blog. Fico-me só por citar as tristemente célebres operações de "cerco e aniquilamento" das ABRI como exemplo de como é ofensivo comparar esse bando armado às Falintil. Milhares e milhares de homens, mulheres e crianças morreram, servindo de escudo às forças indonésias.

Para além disso, não esqueçamos a doutrina de "dwifungsi", que transformava as ABRI em instrumento de repressão interna contra a oposição política e os vários nacionalismos que ainda hoje existem na Indonésia.

Foi por isso mesmo que TMR não tolerou a insurreição dos "peticionários": as FFDTL são um exército profissional que defende o Estado e as suas leis e instituições; não um bando armado ou uma falange de camisas negras ao serviço de certos interesses políticos.

Também são infelizes as palavras do "assessor de defesa internacional", que chama "antigos rebeldes" às FFDTL. Estes homens são antigos combatentes NACIONALISTAS que libertaram a sua Nação, não "rebeldes".

“A comunidade internacional e a UNMIT em particular sentem-se marginalizados”, diz uma “fonte diplomática”. Marginalizados sentiram-se os timorenses até agora, por uns estrangeiros paternalistas que pensam ser superiores a eles e devem estar convencidos de que são os donos de Timor.

Ainda bem que a UNMIT e a "comunidade internacional" (certamente um eufemismo para Austrália) não gostaram. Isso só confirma que foi a decisão certa. É que em Timor mandam os timorenses e até agora a UNMIT e os "ISF" só mostraram a sua incompetência completa, desrespeitando a Constituição e os tribunais timorenses e levando a cabo uma pseudo-operação desastrosa em Same.

Não esqueçamos o caloroso convívio das “ISF” com Reinado e os seus homens em Maubisse, bem como o tratamento VIP que lhe foi dado em finais de 2007 numa esquadra da UNPOL.

Escandaloso. E queriam estes senhores continuar o faz-de-conta apalhaçado em Timor? Eu fico admirado é com a infinita paciência e poder de encaixe dos timorenses, que conseguiram aguentar todos estes vexames até agora sem pestanejar.

É espantoso como “diplomatas” e outros “internacionais” estão peocupados com o hipotético “potencial explosivo de uma operação que pode abrir as feridas de 2006”, quando ainda há dias o PR ia sendo morto sem que esses senhores “internacionais” fizessem nada para o evitar. E o PR teria certamente morrido se ficasse à espera que a UNPOL ou os "ISF" o fossem socorrer quando se esvaía em sangue, pois esses senhores ficaram parados à distância, sem dúvida assustados com o “potencial explosivo” do caso...

Tenham vergonha na cara, senhores “internacionais”!

Cavaco satisfeito com recuperação de Ramos-Horta, quer responsáveis por atentados julgados

Boticas, Vila Real, 23 Fev (Lusa) - O Presidente da República congratulou-se hoje com a recuperação de Ramos-Horta e disse esperar que Timor-Leste consiga julgar, “no respeito pela lei”, os responsáveis pela tentativa de “decapitação das instituições democráticas” do país.

Aníbal Cavaco Silva, que falava durante a visita que hoje está a fazer aos concelhos de Ribeira de Pena e Boticas, no distrito de Vila Real, respondia às declarações do Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que se encontra internado em Darwin, na Austrália, depois de ter sido baleado num atentado a 11 de Fevereiro.

Nas declarações que fez para a agência Lusa, através de um familiar, Ramos-Horta afirmou-se "sensibilizado com o povo português" e "preocupado com o povo timorense" e disse querer "saber tudo" sobre o atentado de que foi vítima.

Na sua primeira declaração à imprensa após o ataque de 11 de Fevereiro, em que foi atingido a tiro, José Ramos-Horta comunicou a intenção de "saber tudo a fundo sobre o que se passou, levando a investigação até ao fim".

José Ramos-Horta declarou à Lusa, através do seu cunhado João Carrascalão, a partir do Hospital Real de Darwin, Austrália, que está "muito sensibilizado e agradecido com o povo português e muito preocupado com o povo timorense".

O chefe de Estado timorense agradece, em especial, ao Presidente Cavaco Silva, "pela condenação enérgica e imediata dos ataques e pelo apoio manifestado".

Em Boticas, Cavaco Silva manifestou-se contente com as palavras de Ramos-Horta: “Estou muito satisfeito por ele estar a recuperar e estar a recuperar bem. Isso é o mais importante”, afirmou.

“O que eu mais desejo é que o presidente Ramos Horta regresse rapidamente para junto do seu povo”, acrescentou.

Nas declarações que fez, Cavaco Silva considerou que a política de diálogo de Ramos-Horta não resultou e disse esperar que os responsáveis pelos atentados sejam julgados.

“Tivemos ali um ataque sério às instituições democráticas de Timor. Espero bem que as autoridades timorenses consigam agora julgar, como deve ser e no respeito pela lei, aqueles que tentaram assassinar, segundo a informação disponível, quer o Presidente, quer o primeiro-ministro”, afirmou, apontando que os atentados foram perpetrados “numa altura que o presidente da assembleia nacional de Timor estava ausente em Lisboa”.

“Como que parecia uma certa decapitação das instituições democráticas”, disse.

Cavaco Silva disse, também, que Ramos-Horta é um homem que acreditou no diálogo, mas constata-se que este não resultou.

“[Ramos-Horta] foi um homem que sempre acreditou no diálogo”, disse Cavaco Silva, lembrando uma “longa conversa” que tiveram em Lisboa, em que o agora Presidente timorense mostrou convicção de que os problemas fossem resolvidos pelo diálogo

“Ele apostava, acima de tudo, no diálogo na persuasão, mas afinal não resultou”, constatou Cavaco Silva.

Nas declarações que enviou através do seu cunhado, Ramos-Horta afirma-se de “muito bom humor” e manda informar o seu homólogo português que receberia com agrado em Darwin "alguns pastéis de Belém e um bom vinho do Porto".

Em Boticas, Cavaco Silva registou o pedido e prometeu rapidez.

“Gostaria de lhe fazer chegar rapidamente [pastéis de Belém e vinho do Porto]”, disse o chefe de Estado português.

“Talvez quando for uma próxima missão da GNR se possam enviar”, acrescentou, notando, porém, com humor, que dado a viagem ser longa, os pastéis de nata deverão chegar já frios.

PRM/PLI/RSF.
Lusa/Fim

Ramos-Horta agradece a Portugal e quer "saber tudo" sobre atentados

** Pedro Rosa Mendes, Agência Lusa **

Díli, 23 Fev (Lusa) - O Presidente da República de Timor-Leste está "sensibilizado com o povo português" e "preocupado com o povo timorense" e quer "saber tudo" sobre o atentado de que foi vítima, segundo uma declaração enviada à Agência Lusa através de um familiar.

Na sua primeira declaração à imprensa após o ataque de 11 de Fevereiro, em que foi atingido a tiro, José Ramos-Horta comunicou a intenção de "saber tudo a fundo sobre o que se passou, levando a investigação até ao fim".

José Ramos-Horta declarou à Lusa, através do seu cunhado João Carrascalão, a partir do Hospital Real de Darwin, Austrália, que está "muito sensibilizado e agradecido com o povo português e muito preocupado com o povo timorense".

O chefe de Estado timorense agradece em especial ao Presidente Cavaco Silva, "pela condenação enérgica e imediata dos ataques e pelo apoio manifestado".

José Ramos-Horta disse também estar "de muito bom humor" e ao seu homólogo português manda informar que receberia com agrado em Darwin "alguns pastéis de Belém e um bom vinho do Porto".

O Presidente timorense, gravemente ferido no ataque à sua residência em Díli pelo grupo do major Alfredo Reinado, foi submetido a várias intervenções cirúrgicas e esteve mais de uma semana em coma induzido no Hospital Real de Darwin, para onde foi evacuado poucas horas após ter sido atingido.

Hoje, segundo João Carrascalão, José Ramos-Horta "já comeu alimentos sólidos, comida normal, pela sua própria mão e está a recuperar muito depressa".

A investigação aos ataques contra José Ramos-Horta e Xanana Gusmão está em curso através da Procuradoria-geral da República, do Departamento de Investigações Nacionais da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste e de uma comissão de inquérito interna com elementos das Forças Armadas e da secretaria de Estado da Defesa.

Lusa/fim

Operação "Halibur" põe Falintil no antigo papel das Forças Armadas indonésicas

** Pedro Rosa Mendes, da Agência Lusa **

Díli, 23 Fev (Lusa) - A operação de captura do grupo do ex-tenente Gastão Salsinha, denominada "Halibur", "é uma típica acção de contra-insurreição", feita por ex-guerrilheiros que agora estão numa força convencional, notam fontes militares timorenses e internacionais ouvidas pela Agência Lusa.

"O esquema operacional apresentado pelo brigadeiro-general Taur Matan Ruak é uma clássica operação de contra-insurreição, feita segundo a melhor cartilha", adiantou um oficial estrangeiro à Lusa.

O chefe do Estado-Maior-General das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), à semelhança dos outros oficiais de topo do Exército timorense, encontra-se agora no papel operacional que durante 24 anos de ocupação coube às TNI, as Forças Armadas indonésias.

"Vai ser interessante seguir a troca de papéis. Resta saber se antigos rebeldes são bons a perseguir rebeldes, usando o que conhecem do terreno e das tácticas", comentou um assessor de defesa internacional.

A operação "Halibur" de captura do grupo que atacou o Presidente da República e o primeiro-ministro no dia 11 de Fevereiro, em Díli, é uma perseguição liderada por antigos comandantes da guerrilha como o próprio Ruak, o tenente-coronel Filomeno Paixão, o tenente-coronel Falur Rate Laek ou o coronel Lere.

Para perseguir o grupo liderado pelo ex-tenente Gastão Salsinha, o Governo decidiu aprovar a formação de um Comando Conjunto (CC) entre as F-FDTL e a PNTL, com o tenente-coronel Filomeno Paixão a 1º comandante e o inspector de polícia Mateus Fernandes a número dois.

É a primeira vez que o Estado timorense autoriza uma operação sob controlo timorense e a primeira vez desde a crise de 2006 que F-FDTL e PNTL estão envolvidas numa operação conjunta.

A decisão de formar um CC timorense "não agradou especialmente às Nações Unidas", afirmou à Lusa um alto responsável da Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT).

"A comunidade internacional e a UNMIT em particular sentem-se marginalizados nas acções decididas pelo Governo para reagir aos ataques de 11 de Fevereiro. A operação 'Halibur' foi conhecida pela UNMIT dia 18, segunda-feira, já como um facto consumado", segundo uma fonte diplomática em Díli.

Especial preocupação, veiculada à Lusa por diplomatas, dirigentes políticos e assessores de segurança, é o potencial explosivo de uma operação "que pode abrir as feridas de 2006 que ainda não fecharam de todo".

No centro da crise política e militar de 2006 estiveram as F-FDTL, identificadas como próximas dos timorenses originários dos distritos orientais ("lorosae") e a PNTL, vistas como mais próximas da população originária dos distritos ocidentais ("loromonu"), como era o caso do major fugitivo Alfredo Reinado e da maioria dos chamados “peticionários” (desertores) das Forças Armadas.

"É de notar a inteligência do comando das F-FDTL: à frente da operação 'Halibur' estão dois oficiais originários dos distritos 'loromonu'", comentou um oficial timorense à margem da parada de apresentação das forças, sexta-feira, em Díli.

O esquema que concretiza as diferentes decisões do Conselho de Ministros sobre a captura dos atacantes de 11 de Fevereiro centra-se no Comando Conjunto (CC) entre as forças de segurança timorenses.

O CC reúne em permanência num centro de conferências em Díli, cujo acesso é alvo de fortes medidas de segurança e onde militares timorenses reúnem com oficiais de polícia timorenses.

Durante a vigência do estado de sítio, que hoje inicia um período suplementar de 30 dias, a PNTL está sob o comando das F-FDTL, conforme resolução do Conselho de Ministros.

Numa instância separada, e estanque ao CC da operação "Halibur", militares estrangeiros das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) e oficiais da Polícia das Nações Unidas (UNPol) reúnem e decidem sobre as suas próprias operações, de que pouco se sabe para além de que "continuam, claro", como afirmou à Lusa o brigadeiro James Baker, comandante do contingente australiano e neozelandês em Timor-Leste.

A coordenação entre forças timorenses e internacionais é feita verticalmente através de um grupo onde estão representados as F-FDTL, a PNTL, as ISF e a UNPol. Este grupo permanente reporta directamente ao primeiro-ministro e ministro da Defesa e Segurança, Xanana Gusmão.

Na prática, este esquema operacional e institucional cria uma pausa no Mecanismo Trilateral, criado quando José Ramos-Horta era ainda primeiro-ministro para coordenar as forças de segurança entre UNMIT, Austrália e Timor-Leste.

O Mecanismo Trilateral reunia quinzenalmente. A Lusa não conseguiu apurar qual o papel deste grupo coordenador durante a vigência da operação "Halibur".

Lusa/fim

Governo aceita estrutura e regras da operação "Halibur" para captura de grupo rebelde

Díli, 23 Fev (Lusa) - O Governo de Timor-Leste expressou hoje o seu acordo com a estrutura e as regras de empenhamento da operação de captura ao grupo do ex-tenente Gastão Salsinha.

O Conselho de Ministros, reunido pela quarta vez no espaço de uma semana, "decidiu aprovar uma Resolução do Governo expressando o seu acordo com a estrutura operacional do comando conjunto e as regras de empenhamento para as forças operacionais", segundo um comunicado oficial.

O Governo timorense deu, desse modo, a sua concordância com as decisões do comando conjunto da operação "Halibur" ("reunir" ou "juntar" em tétum), que reúne as Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e da Polícia Nacional (PNTL).

A decisão surge um dia depois de ter sido aprovado e proclamado o regime de estado de sítio por mais 30 dias, a partir de hoje, com recolher obrigatório entre as 22:00 e as 06:00.

Na mesma resolução, o Conselho de Ministros "enaltece o Comando Conjunto (CC) pela forma célere e equilibrada" com que decidiu os detalhes operacionais e manifesta "inteira confiança" no CC e nas Forças de Defesa e Segurança.

O CC foi constituído pelo chefe-do-Estado-Maior-general das Forças Armadas, no seguimento do Conselho de Ministros extraordinário de 17 de Fevereiro.

O Governo analisou os documentos remetidos pelo CC e considera que "espelham uma estrutura equilibrada entre as duas instituições, no âmbito de uma intervenção integrada para fazer face a uma situação muito delicada e grave para o Estado, os órgãos de soberania e a paz social da população", refere o comunicado hoje divulgado.

No Conselho de Ministros de hoje, o Governo decidiu também rever o decreto aprovado na reunião de 20 de Fevereiro, que cria o Estabelecimento Prisional Militar, "destinado à reclusão dos militares de qualquer das componentes das forças armadas ao momento da prática dos factos", diz o comunicado oficial.

PRM
Lusa/fim

Pergunta Manatutu:

Manatutu deixou um novo comentário na sua mensagem "Vingança contra Xanana motivou ataque a Ramos-Hort...":

Esta declaração prova que não houve nenhum ataque planeado contra Xanana enquanto no caso de Ramos-Horta tudo aponta ao contrário.

Analisada a hora em que o grupo de Reinado se dirigiu para a residência do Presidente, o facto de terem "aprisionado" o guarda na entrada, a procura do Presidente, fúria com que estavam tentar abrir as portas, etc.. indica que o Reinado não tinha nenhum plano de matar Ramos-Horta, muito menos Xanana, nem do golpe do estado. Talvez quisesse apenas perguntar Horta se era verdade aquilo que lhe disseram. Indica que se dirigiu naquela hora para apanhar Hora antes de ir para o trabalho.

A questão que está por detrás, é a seguinte: será que alguém contou ao Reinado algo sobre Horta que o iria enfurecer, com que o conseguíram atrair para a armadilha atempadamente preparada?

A questão seguinte é: será que alguém do grupo de Reinado o traiu?

Ou então alguém já estava no local à espera que o coelhinho caia na armadilha para matar duma vez só dois coelhos ao mesmo tempo. Os dois tornaram-se mais que inconvenientes para certas pessoas, sem as nomear. Nesta fase já não deve haver ninguém desinstruído.

Afinal, tudo tem que parecer "natural", mas que parecesse como se as pessoas estão a ver um filme. Tal como estão dar a crer agora.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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