segunda-feira, março 31, 2008

Enfim uma investigação?...

“Alfredo Reinado não terá morrido com os tiros desta rajada – que lhe fez três perfurações num olho e deixou um estilhaço no ombro. Segundo a autópsia já realizada, a causa da morte foi uma bala isolada que o atingiu no pescoço, disparada à queima-roupa e o trespassou de um lado ao outro.”

Sol - 29.03.2008


O que suspeitámos desde o início. Alfredo Reinado foi executado, provavelmente de costas, com as mãos na cabeça em sinal de rendição.

E até que enfim, que aparece uma investigação jornalística em Timor-Leste sobre os acontecimentos de Março.

Estranhamente, não dos jornalistas residentes?...

PR interino: Reinado "tentou golpe de estado"

Díli, 31 Mar (Lusa) - As investigações aos ataques de 11 de Fevereiro revelaram, "em geral, que foi uma tentativa de golpe de estado", afirmou hoje o Presidente da República interino de Timor-Leste.

Fernando "La Sama" de Araújo disse também que os disparos sobre o Presidente José Ramos Horta, feitos por um elemento do grupo do major Alfredo Reinado, não foram um acontecimento imprevisto.

"Alfredo Reinado foi até lá, entrou no recinto do Presidente, tirou as armas dos guardas que estavam lá. Foi uma acção planeada. Não é uma coisa que espontaneamente apareceu naquela manhã", declarou o chefe de Estado interino.

"Todas as partes envolvidas têm que ser investigadas", afirmou Fernando "La Sama" de Araújo, entrevistado hoje em Díli pela agência Lusa e a Rádio Renascença.

"Se o procurador-geral da República conseguir evidências fortes, a posição do Estado é levar tudo a tribunal, para enfrentarem processo de julgamento", explicou.

O chefe de Estado interino avisou também que "a partir de amanhã" (terça-feira), qualquer tentativa de apoio a Gastão Salsinha e aos seus homens será considerado pelas autoridades como um crime, como aliás está previsto no Código Penal.

"As investigações estão a correr bem e em conformidade com o princípio que o Estado declarou, sobre pretender uma investigação profunda aos acontecimentos", afirmou Fernando "La Sama" de Araújo.

"Esperamos a rendição de Gastão Salsinha porque ele é o segundo homem do atentado. O primeiro é Alfredo Reinado", que morreu no ataque à residência de José Ramos-Horta.

Fernando "La Sama" de Araújo teve hoje um encontro com o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, chefe do Estado-Maior-general das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).

O Presidente interino recebeu também os comandantes da Polícia Nacional, das Forças de Estabilização Internacionais (ISF, sob comando australiano) e da Polícia das Nações Unidas.

"É quase certo que Gastão Salsinha está na área de Ermera", adiantou o Presidente interino, referindo que o grupo do ex-tenente se movimenta nas áreas de Ermera e Bobonaro.

O comando da operação conjunta "Halibur" de captura de Gastão Salsinha "continua a tentar convencê-lo a render-se".

O Presidente interino adiantou que as forças envolvidas na operação "ainda não têm ordens para disparar" e explicou que pretende que o fugitivo "seja apanhado vivo para contar tudo o que sabe e tudo o que planeou com o ex-major Alfredo".

O grupo de Salsinha tem "cerca de 15 armas e cerca de vinte elementos", pelas informações disponíveis, disse o Presidente interino.

PRM
Lusa/Fim

Fretilin insiste em eleições antecipadas em 2009

Serviço também disponível em áudio em www.lusa.pt

Díli, 30 Mar (Lusa) - A Fretilin mantém a exigência de eleições legislativas antecipadas em Timor-Leste em 2009, afirmou hoje o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.

"É uma exigência nossa que não vamos deixar de fazer", declarou Mari Alkatiri após um encontro com o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação português, João Gomes Cravinho.

"A melhor forma de chegar a essas eleições antecipadas é através de um acordo para que se possa transmitir para o eleitorado e o povo em geral uma mensagem clara de democracia", acrescentou Mari Alkatiri aos jornalistas.

A concretização desse acordo político, explicou o líder da Fretilin, permitirá "não usar outros meios, do chamado poder popular".

"Se não, é um ciclo vicioso. Quem vier a governar, sempre estará à espera de poder enfrentar manifestações de toda a ordem", explicou o ex-primeiro-ministro timorense, que se demitiu em Junho de 2006 na sequência de uma grave crise política e militar.

"Queremos pôr fim a este ciclo de violência e tudo o que nós fizermos será na base da busca de consensos e de entendimento, mas sempre na base de tudo o que é legal e legítimo", declarou Mari Alkatiri.

"O mais importante é defender a integridade do Estado, que queremos que seja um estado de direito. Pautamos a nossa acção por isso, não obstante manter a posição clara que este governo não tem legitimidade para governar", acrescentou.

A Fretilin, que venceu as eleições legislativas de 30 de Junho de 2007 sem maioria absoluta, lidera a oposição no Parlamento à aliança de quatro partidos que sustenta o IV Governo Constitucional, chefiado por Xanana Gusmão.

Segundo Mari Alkatiri, as eleições antecipadas deviam acontecer em 2009.

"Antes também não queríamos. Vamos dar um pouco mais de tempo a este governo para se enterrar completamente", declarou o secretário-geral da Fretilin.

Portugal "naturalmente apoiaria as eleições antecipadas se esta for a solução encontrada aqui em Timor-Leste pela maioria dos timorenses", respondeu Mari Alkatiri quando questionado sobre a posição portuguesa.

Mari Alkatiri sublinhou que a Fretilin espera a concretização de um acordo político que inclua o maior partido timorense na gestão do país.

O acordo estava a ser discutido antes dos ataques de 11 de Fevereiro contra o Presidente da República e o primeiro-ministro.

"O Presidente está determinado (a avançar com o acordo) e nós também. Se houver bom-senso do outro lado, é esse o caminho mais consensual", adiantou Mari Alkatiri.

"A crise não são os peticionários, não é o falecido (major) Alfredo Reinado, (nem Gastão) Salsinha, nem os deslocados. A crise é crise política que vem do topo".

"Ou se consegue ultrapassar esta diferença que vem do topo, com convenções que surgem de consensos, ou a crise não acaba", declarou o secretário-geral da Fretilin.

Mari Alkatiri acusou o Governo de "fazer tábua-rasa" de uma resolução do Parlamento para a criação de uma comissão internacional de inquérito.

"Espero que a investigação se aprofunde. Se eu fosse governo, e tendo consciência tranquila, seria o primeiro a defender uma investigação internacional, como fiz aliás em 2006", disse Mari Alkatiri.

"Xanana Gusmão devia fazer o mesmo, devia ser ele a defender a comissão internacional. Não é um problema de acreditar ou não na actual investigação, mas ninguém é bom juiz em causa própria", frisou o líder da Fretilin.

"A justiça é a ponte mais segura para se chegar a uma verdade global", afirmou também Mari Alkatiri sobre a forma como as autoridades têm lidado com os suspeitos do 11 de Fevereiro.

"Não podemos exigir mais resultados e estou satisfeito pela parte positiva da operação 'Halibur', de não ter havido mais mortes, nem mais tiros".

"O que não estou de acordo é que as pessoas quando se rendem vão fazer reuniões com o primeiro-ministro antes de serem apresentados à justiça", ressalvou o ex-primeiro-ministro.

"Nós somos pela captura do Gastão Salsinha vivo", declarou Mari Alkatiri, que considerou o antigo líder dos peticionários uma peça essencial no esclarecimento dos ataques de 11 de Fevereiro.

No encontro que teve com João Gomes Cravinho, Mari Alkatiri diz ter falado "da má governação, para não dizer a desgovernação, do estado de sítio, que não se justifica (e é) um caminho aberto para a ditadura".

O ex-primeiro-ministro timorense falou também "de coisas positivas" com o governante português, dando o exemplo da"postura de Estado que a Fretilin tem mostrado".

PRM
Lusa/fim

UNMIT – MEDIA MONITORING - Monday, 31 March 2008

"UNMIT assumes no responsibility for the accuracy of the articles or for the accuracy of their translations. The selection of the articles and their content do not indicate support or endorsement by UNMIT express or implied whatsoever. UNMIT shall not be responsible for any consequence resulting from the publication of, or from the reliance on, such articles and translations."

National Media Reports

TVTL News Coverage

TVTL Interview with Ramos-Horta:

Q: What was your condition after you were discharged from the Private Hospital in Darwin.

A: I am not so bad. I am still wounded and my wounds are trying to heal. I have two big wound- one wound is very close to my back and it is very difficult to cover, but the doctor is always assessing this. I also feel pain in my arteries because of the bullet.

Q: After you were discharged and moved to this department, how are doctors treating you?

A: Every day, one doctor comes to visit me here, and our former doctor Rui Maria de Araujo is always with me. If I have any problems, he calls the principal surgeon in the hospital. And every week, I go to see the doctor in the hospital. Up till now I have not had any problems, so I have been staying in this department for a week. I have started walking, doing exercises and at least sleeping well.

Q: How are you feeling today? Are you ok?

A: I am still tried, in pain, and I think the wounds that came from shooting are still heavy for me. I think this is going to take a few weeks before I will be fully recuperated.

Q: What kind of activities have you done during your stay in this department?

A: I am not doing many activities, mainly resting, sleeping and watching TV through the CNN or ABC channels. Unfortunately this department does not have TVTL, but I receive information from Timor Leste and I have confidence in the Acting President and Prime Minster that they are handling the situation well. So I don’t have many concerns.

Q: Through this activities, you have indicated that you are confident you will return to Timor Leste to carry out your activities as the President of the Republic.

A: I receive a great vote of confidence from the people: I am aware that 70 percent elected me. More then 20% did not vote for me. At least I received a visit from the Fretilin MPs Geberal Fransico, Eng. Estanislau Da Silva, so I know that Fretilin are on my side to support me as the President. All political parties and all the people of Timor Leste have confidence in me to be President. I am ready to once again undertake this role once I have fully recovered.

Q: Can you please explain a little about the chronology of events on February 11, because Timorese people are still confused as to what happened?

A: Some people are aware that I do my exercised every morning. In that morning, I woke up about 5am in the morning, for about 45 minutes I did light exercises in my room because it was still dark. At 6am, I went to Cristo Rei. I was accompanied by 2 F-FDTL members. I was not accompanied by the civil security corps because I myself told them that there was no need for them to accompany me for exercising. I was walking very fast, and sometimes bicycled to Cristo Rei. I completed my exercises sometimes during 50 minutes. At the time, I arrived at Caz Bar where we heard gun shots. After walking for another 20 minutes, we again more shots. By this time we were aware that the shots were coming from my residence.

After walking about 50 metres, we met one representative from ANZ Bank from Autralia- he was also cycling and doing exercises. He told me that the ISF were having an exercise near my residence. He asked whether I was informed about it or not, but I replied to him that I had never received any information that what the ISF were doing near my house.

I became angry because if the ISF were doing exercises near my house without my knowledge, it is a bit mistake. I then continued to walk to my house. Close to my house I saw one of F-FDTL car that had fallen into a hole, so I become suspicious that something might have occurred, because I did not see ISF or any other people.

I intended to go home because I was concerned about my family, including the IDPs living there, and some street children that were staying at my house. Suddenly, one F-FDTL member said, “President, please be careful because someone is hiding there. At the moment I saw a man, that was from Alfredo’s group, in uniform and with a big gun. There was only one man around at the main gate. He then pulled his gun and pointed at me. I then turned my back and tried to run away but he then shot me. After that I fell to the ground- I reckon he ran straight away because he did not shoot at me again.

Q: How did the members of the F-FDTL who were with you react to this?

A: They ran quickly to reach me and helped me and I heard that they were yelling and swearing at the representative of the ANZ Bank, because they though he was the person who brought the President here. I told them not to retaliate at him because he did not know anything about the incident. He thought that the ISF was were there performing exercises. I was really worried about the civilians who living in my house, I then called for an Ambulance but it arrived after half an hour. I was bleeding and there was no ambulance, no UNPOL, and no ISF.

Q: Did anyone call you from your residence before the ANZ person informed you when you were still on the beach?

A: I did not receive any calls from anyone at my residence. I myself called Brigadier-General Taur Matan Ruak and informed him that there was shooting at my place. After I was wounded, I also phoned my Chief of Cabinet and told him that I was wounded. At that moment, I myself asked the members of the F-FDTL to take my phone out from my pocket. I then called my Chief of Cabinet to inform UNPOL an ISF that I was wounded.

RTL News Coverage
No RTL news.

Print Coverage

Ramos-Horta accuses UN of being slow to catch armed group: The President of the Republic, Jose Ramos-Horta, has accused the UN of acting too slowly to go after the armed group that fled after attacking him at his residence on 11 February 2008. “The Australian Forces only take action according to commands issued by the UN,” said Mr. Ramos Horta. (STL/Saturday).

75,000 veterans receive pensions: In the absence of any obstacles, the Government will begin in July 2008 to pay a pension to 75,000 veterans. This commitment by the Government was approved by the Council of Ministers last week. (STL)

Motael IDP are hesitant to return home if illegal guns are not collected: The IDPs from the Motael Church camp have voiced their doubts over returning to their suburbs, claiming that the Government has focused all its attention on capturing members of the rebel group and has forgotten about the illegal guns distributed in 2006. (STL)

51 Donors ready to support the Government: The Prime Minister, accompanied by the Minister of Finance, Ms. Emilia Pires, said that 51 donor countries have given positive signs that they will collaborate together to resolve the six priority areas identified by the Government in the National Priority Programme. “Most of the donors attending the meeting have expressed their wish to support Timor-Leste,” said Minister Pires.(TP)

Rudd defends the actions of Australian troops: Australian Prime Minister Kevin Rudd has defended the actions of Australian soldiers following the attack against President Ramos-Horta. Mr Rudd made these comments in response to the recent criticisms made by the President against the ISF for their late action in responding to the attacks made by the rebel on 11 February. (TP)

Xanana : Joint Operation Command will discuss deadline for Salsinha: The Prime Minister has said that the Government will call the Joint Operation Commander soon to discuss the deadline for the surrender of Gastao Salsinha and his group. (TP)

Donors criticise government programme: On the second day of the Timor-Leste Development Partners Meeting (28/03), donors criticised the AMP Government programme, arguing that the programs presented by Government are too ambitious. “Some donor countries have criticised the Government Programme presented during the discussion as being far too ambitious. They doubt that there can be full implementation of all these programs,” said the Minister of Foreign Affairs. (DN)

Atul Khare Congratulates AMP Government: The United Nations Special Representative of the Secretary General, Mr. Atul Khare, congratulated the AMP Government for their successful meeting with the development partners. “I encourage Donors to continue their support to Timor-Leste. I also wish the Government to continue to develop its initiatives and programmes in order to help create positive change in the lives of the East Timorese people,” said Mr. Atul Khare. (DN)

Tradução:

UNMIT – MONITORIZAÇÃO DOS MEDIA - Segunda-feira, 31 Março 2008

"A UNMIT não assume qualquer responsabilidade pela correcção dos artigos ou pela correcção das traduções. A selecção dos artigos e do seus conteúdo não indicam apoio ou endosso pela UNMIT seja de forma expressa ou implícita. A UNMIT não será responsável por qualquer consequência resultante da publicação, ou da confiança em tais artigos e traduções."

Relatos dos Media Nacionais

TVTL Cobertura de Notícias

TVTL Entrevista com Ramos-Horta:

Q: Qual é o seu estado depois de ter tido alta do Private Hospital em Darwin.

A: Não estou tão mal. Ainda estou ferido e as minhas estão em vias de sarar. Tenho duas grandes feridas – uma ferida muito perto das costas e que é muito difícil de tapar, mas o médico anda sempre a analisá-la. Tenho também dores nas artérias por causa da bala.

Q: Depois de ter tido alta e de se mudar para este departamento, como é que os médicos o tratam?

A: Todos os dias vem cá um médico ver-me, e o nosso antigo médico Rui Maria de Araújo está sempre comigo. Se eu tenho algum problema, ele liga ao cirurgião chefe do hospital. E todas as semanas, vou ver o médico no hospital. Até agora, não tive nenhum problema, e tenho estado há uma semana neste departamento. Comecei a andar, a fazer exercícios e durmo bem.

Q: Como é que se sente hoje? Está ok?

A: Ainda estou cansado, com dores e penso que as feridas ainda me pesam. Penso que vai demorar algumas semanas antes de me sentir totalmente recuperado.

Q: Que tipo de actividades tem tido durante a sua estadia neste departamento?

A: Não tenho feito muita coisa, tenho principalmente descansado, dormido e observado a TV nos canais da CNN ou ABC. Infelizmente este departamento não tem a TVTL, mas recebo informações de Timor-Leste e tenho confiança no Presidente interino e no Primeiro-Ministro que estão a gerir bem a situação. Assim não tenho muitas preocupações.

Q: Através destas actividades, tem indicado que está confiante que vai voltar para Timor-Leste para desempenhar as suas actividades de Presidente da República.

A: Recebi um grande voto de confiança do povo: sei que 70 por cento me elegeu. Mais de 20% não votou em mim. Pelo menos recebi a visita dos deputados da Fretilin Geberal Fransico, Eng. Estanislau Da Silva, assim sei que a Fretilin está do meu lado e me apoia como Presidente. Todos os partidos políticos e todo o povo de Timor-Leste têm confiança em mim para ser Presidente. Estou pronto para mais uma vez retomar o cargo logo que esteja totalmente recuperado.

Q: Pode explicar um pouco acerca da cronologia dos eventos em 11 de Fevereiro, porque o povo Timorense ainda está confuso com o que aconteceu?

A: Algumas pessoas conhecem que faço os meus exercícios todas as manhãs. Nessa manhã, acordei cerca das 5 am da manhã, durante cerca de 45 minutos fiz exercícios ligeiros no meu quarto porque ainda estava escuro. Às 6 am, fui até ao Cristo Rei. Ia acompanhado por dois membros das F-FDTL .Não ía acompanhado pelos guarda-costas civis porque eu próprio lhes disse que não havia necessidade deles me acompanharem nos meus exercícios. Costumo andar muito depressa e às vezes vou de bicicleta até ao. Às vezes completava os meus exercícios em 50 minutos. Na altura, cheguei ao Caz Bar quando ouvi disparos de armas. Depois de andar mais outros 20 minutos, ouvimos outra vez mais tiros. Por esta altura sabíamos que os tiros vinham da minha residência.

Depois de andar cerca de 50 metros, encontrámos um representante do Banco ANZ da Austrália-ele estava também a andar de bicicleta e a fazer exercícios. Ele disse-me que a ISF estava a fazer um exercício perto da minha residência. Perguntou-me se eu esta informado disso ou não, mas respondi-lhe que nunca recebi nenhuma informação acerca do que a ISF estava a fazer perto da minha casa.

Eu fiquei zangado porque se a ISF estava a fazer exercícios perto da minha casa sem o meu conhecimento, isso é um erro. Continuei então a caminhar para a minha casa. Perto da minha casa vi um dos carros das F-FDTL que tinha caído num buraco, por isso fiquei desconfiado que alguma coisa pudesse ter ocorrido, porque não vi a ISF ou qualquer outra pessoa.

Tinha a intenção de ir para casa porque estava preocupado com a minha família, incluindo os deslocados que estão lá a viver, e algumas crianças da rua que ficavam na minha casa. De repente diz-me um membro da F-FDTL, “Presidente, por favor, tenha cuidado porque está alguém escondido ali. Nesse momento vi um homem, que era do grupo do Alfredo, em uniforme e com uma grande arma. Havia apenas um homem à volta do portão da frente. Ele então pegou na arma e apontou-a a mim. Eu virei as costas e tentei correr para longe mas ele depois atingiu-me. Depois disso caí no chão – Lembro-me que ele correu imediatamente para longe porque não tornou a disparar contra mim outra vez.

Q: Como é que reagiram a isso os membros das F-FDTL que estavam consigo?

A: Eles correram rapidamente para me alcançarem e me ajudarem e ouvi-os a gritar e a praguejar contra o representante do Banco ANZ, porque eles pensaram que ele fora a pessoa que trouxera o Presidente até aqui. Disse-lhes para não retaliarem contra ele porque ele não sabia de nada acerca do incidente. Ele pensava que a ISF estava lá a fazer esses exercícios. Eu estava realmente preocupado com os civis que estavam a viver na minha casa, Depois chamei uma Ambulância mas só chegou passado meia hora. Eu estava a sangrar e não havia nem ambulância, nem UNPOL, e nem ISF.

Q: Alguém lhe ligou da sua residência antes da pessoa do ANZ a informá-lo quando estava ainda na praia?

A: Não recebi nenhuma chamada de ninguém da minha residência. Eu próprio liguei ao Brigadeiro-General Taur Matan Ruak e o informei que havia disparos na minha casa. Depois de ter sido ferido, telefonei também à Chefe do meu Gabinete disse-lhe que estava ferido. Nesse momento, eu próprio pedi aos membros das F-FDTL para tirarem o meu telemóvel da minha algibeira. Depois liguei à Chefe do meu Gabinete para ela informar a UNPOL e a ISF que eu estava ferido.

RTL Não houve Cobertura de Notícias.

Cobertura Impressa

Ramos-Horta acusa ONU de ter demorado a perseguir o grupo armado: O Presidente da República, José Ramos-Horta, acusou a ONU de ter actuado demasiadamente devagar a perseguir o grupo armado que fugiu depois de o atacar na sua residência em 11 de Fevereiro de 2008. “As Forças Australianas só actuam de acordo com os comandos emitidos pela ONU,” disse o Sr. Ramos Horta. (STL/Sábado).

75,000 veteranos recebem pensões: Na ausência de quaisquer obstáculos, o Governo começará em Julho de 2008 a pagar pensões a 75,000 veteranos. Este compromisso do Governo foi aprovado pelo Conselho de Ministros na semana passada. (STL)

Deslocados de Motael estão hesitantes em voltarem para casa se não forem recolhidas as armas ilegais: Os deslocados do campo da Igreja de Motael expressaram as suas dúvidas sobre voltarem para os seus subúrbios, afirmando que o Governo focou todas as suas atenções na captura dos membros do grupo amotinado e que se tem esquecido das armas ilegais distribuídas em 2006. (STL)

51 Dadores prontos a apoiar o Governo: O Primeiro-Ministro, acompanhado pela Ministra das Finanças, Srª Emília Pires, disse que 51 países dadores deram sinais positivos que vão colaborar juntos para resolver as seis áreas prioritárias identificadas pelo Governo no Programa de Prioridade Nacional. “A maioria dos dadores que atendem o encontro expressaram a vontade de apoiar Timor-Leste,” disse a Ministra Pires.(TP)

Rudd defende as acções das tropas Australianas: O Primeiro-Ministro Australiano Kevin Rudd defendeu as acções dos soldados Australianos depois do ataque contra o Presidente Ramos-Horta. O Sr Rudd fez estes comentários em resposta às críticas recentes feitas pelo Presidente contra a ISF pela sua demora em responder aos ataques dos amotinados em 11 de Fevereiro. (TP)

Xanana : Comando da Operação Conjunta discutirá prazo limite para Salsinha: O Primeiro-Ministro disse que o Governo chamará em breve o Comandante da Operação Conjunta para discutir a data limite para a rendição de Gastão Salsinha e do seu grupo. (TP)

Dadores criticam programa do governo: No segundo dia do Encontro dos Parceiros para o Desenvolvimento de Timor-Leste (28/03), os dadores criticaram o programa do governo da AMP, argumentando que os programas apresentados pelo Governo eram demasiadamente ambiciosos. “Alguns países dadores criticaram o Programa do Governo apresentado durante a discussão como sendo demasiado ambicioso. Duvidam que possa ter implementação total para todos esses programas,” disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros. (DN)

Atul Khare congratula o Governo da AMP: O Representante Especial do Secretário-Geral da ONU, Sr. Atul Khare, congratulou o Governo da AMP pelo sucesso do encontro com os parceiros de desenvolvimento. “Encorajo os Dadores a continuarem com o seu apoio a Timor-Leste. Desejo também que o Governo continue a desenvolver iniciativas e parcerias de modo a ajudar a criar mudanças positivas nas vidas do povo Timorense ,” disse o Sr. Atul Khare. (DN)

"UNMIT Weekly" No. 35/ "UNMIT Seminal" No. 35

The English language version of the "UNMIT Weekly" No. 35 is now available on-line. Featured stories this week:
• PNTL anniversary celebrated with release of textbook
• Families from Has Laran Canossian IDP camp return home
• PNTL anniversary celebration

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Tradução:

Timor instado a ser duro com os criminosos

Lindsay Murdoch, Darwin- Março 31, 2008
The Age

Organizações Não Governamentais pediram ao Governo Timorense para pôr fim a um ciclo de impunidade para os perpetradores de violência, incluindo os que cometem crimes políticos.

A ONG Forum de Timor-Leste, que representa 170 organizações em Dili, urgiu aos países que mandam ajuda para o país para exigirem responsabilização pelos crimes passados, incluindo os que foram cometidos durante os 25 anos da ocupação Indonésia.

A maioria dos crimes cometidos desde o levantamento violento em 2006 mantém-se por resolver e "nem uma única das pessoas condenadas está numa instalação prisional legalmente reconhecida", disse o forum numa declaração feita numa conferência de dadores estrangeiros realizada no Ministério dos Estrangeiros de Timor-Leste.

O Primeiro-Ministro Xanana Gusmão disse na conferência que 600 soldados cujas acções desencadearam a violência de 2006 não iam enfrentar prossecução. Disse que o Estado não estava "isento de responsabilidade" por ter falhado reconhecer as aspirações dos homens.

Aos soldados que estão a viver juntos num acampamento em Dili, será oferecido ou dinheiro ou o regresso às forças armadas, disse o Sr Gusmão.

Os soldados foram liderados por Gastão Salsinha, o antigo tenente das forças armadas que liderou o ataque no mês passado ao Sr Gusmão e está ainda em fuga nas montanhas centrais de Timor-Leste. Pelo menos a oito dos seus homens que se renderam desde os ataques foram dadas as boas vindas por líderes em Dili, incluindo o Sr Gusmão, e não foram ainda presos.

A ONG Forum disse na sua declaração que "muita gente observa que aqueles que cometem crimes políticos vão em liberdade mesmo apesar de comissões independentes terem recomendado que fossem processados".

The Age relatou o mês passado que o Presidente de Timor-Leste José Ramos Horta tinha prometido pressionar por uma amnistia para o líder Alfredo Reinado antes de ter sido morto quando liderava um ataque à casa do Presidente.

A ONG Forum criticou também a decisão do Governo de prolongar até 22 de Abril um estado de sítio, que inclui recolher obrigatório e limita o direito de reunião e manifestação.

Entretanto, a comissão que investiga a violência que irrompeu durante o referendo à independência de Timor-Leste em 1999 está pronta a entregar as suas conclusões depois de vários atrasos causados por desacordos entre os comissários.

A Comissão da Verdade e Amizade Indonésia-Timor-Leste não tem poderes para processar e pode recomendar amnistias para os que testemunharam perante ela. Tem sido boicotada pelas Nações Unidas, que diz que os culpados por violações de direitos humanos devem enfrentar a justiça.

Timor urged to get tough on offenders

Lindsay Murdoch, Darwin- March 31, 2008
The Age

NON-GOVERNMENT organisations have called on the East Timorese Government to end a cycle of impunity for the perpetrators of violence, including those committing political crimes.

The East Timor NGO Forum, which represents 170 organisations in Dili, urged countries that send aid to the country to push for accountability for past crimes, including those committed during the 25 years of Indonesia's occupation.

Most offences committed since the violent upheaval in 2006 remain unsolved and "not one convicted person is in a legally recognised prison facility", the forum said in a statement delivered at a foreign donor's conference held at East Timor's Foreign Ministry.

Prime Minister Xanana Gusmao told the conference that 600 soldiers whose actions prompted the 2006 violence would not face prosecution. He said the state was "not exempt from responsibility" for failing to acknowledge the men's aspirations.

The soldiers, who are living together in a Dili camp, would be offered money or return to the army, Mr Gusmao said.

The soldiers were led by Gastao Salsinha, the former army lieutenant who led last month's attack on Mr Gusmao and is still on the run in East Timor's central mountains. At least eight of his men who have surrendered since the attacks have been welcomed by leaders in Dili, including Mr Gusmao, and have still not been jailed.

The NGO Forum said in its statement that "many people observe that those who commit political crimes go free even though they were recommended for prosecution by independent commissions".

The Age reported last month that East Timor's President Jose Ramos Horta had promised to push for an amnesty for rebel leader Alfredo Reinado before he was killed while leading an attack on the President's home.

The NGO Forum also criticised the Government's decision to extend until April 22 a state of siege, which includes curfews and limits on assembly.

Meanwhile, the commission investigating violence that erupted during East Timor's independence vote in 1999 is ready to submit its findings after several delays caused by disagreements among commissioners.

The Indonesia-East Timor Commission of Truth and Friendship has no prosecution powers and can recommend amnesties for those who testified before it. It has been boycotted by the United Nations, which says those guilty of human rights violence should face justice.

Tradução:

Timor instado a ser duro com os criminosos

Lindsay Murdoch, Darwin- Março 31, 2008
The Age

Organizações Não Governamentais pediram ao Governo Timorense para pôr fim a um ciclo de impunidade para os perpetradores de violência, incluindo os que cometem crimes políticos.

A ONG Forum de Timor-Leste, que representa 170 organizações em Dili, urgiu aos países que mandam ajuda para o país para exigirem responsabilização pelos crimes passados, incluindo os que foram cometidos durante os 25 anos da ocupação Indonésia.

A maioria dos crimes cometidos desde o levantamento violento em 2006 mantém-se por resolver e "nem uma única das pessoas condenadas está numa instalação prisional legalmente reconhecida", disse o forum numa declaração feita numa conferência de dadores estrangeiros realizada no Ministério dos Estrangeiros de Timor-Leste.

O Primeiro-Ministro Xanana Gusmão disse na conferência que 600 soldados cujas acções desencadearam a violência de 2006 não iam enfrentar prossecução. Disse que o Estado não estava "isento de responsabilidade" por ter falhado reconhecer as aspirações dos homens.

Aos soldados que estão a viver juntos num acampamento em Dili, será oferecido ou dinheiro ou o regresso às forças armadas, disse o Sr Gusmão.

Os soldados foram liderados por Gastão Salsinha, o antigo tenente das forças armadas que liderou o ataque no mês passado ao Sr Gusmão e está ainda em fuga nas montanhas centrais de Timor-Leste. Pelo menos a oito dos seus homens que se renderam desde os ataques foram dadas as boas vindas por líderes em Dili, incluindo o Sr Gusmão, e não foram ainda presos.

A ONG Forum disse na sua declaração que "muita gente observa que aqueles que cometem crimes políticos vão em liberdade mesmo apesar de comissões independentes terem recomendado que fossem processados".

The Age relatou o mês passado que o Presidente de Timor-Leste José Ramos Horta tinha prometido pressionar por uma amnistia para o líder Alfredo Reinado antes de ter sido morto quando liderava um ataque à casa do Presidente.

A ONG Forum criticou também a decisão do Governo de prolongar até 22 de Abril um estado de sítio, que inclui recolher obrigatório e limita o direito de reunião e manifestação.

Entretanto, a comissão que investiga a violência que irrompeu durante o referendo à independência de Timor-Leste em 1999 está pronta a entregar as suas conclusões depois de vários atrasos causados por desacordos entre os comissários.

A Comissão da Verdade e Amizade Indonésia-Timor-Leste não tem poderes para processar e pode recomendar amnistias para os que testemunharam perante ela. Tem sido boicotada pelas Nações Unidas, que diz que os culpados por violações de direitos humanos devem enfrentar a justiça.

At UN, Rudd Downplays Timor Shoot-Out Flap, Internal Investigation May Never Be Released

Matthew Russell Lee – 29 March 2008
Inner City Press at the UN: News Analysis

UNITED NATIONS, March 29 -- Days after Timor L'este president Jose Ramos-Horta criticized both UN Police and Australian troops for inaction while he was shot and almost killed, Australian prime minister Kevin Rudd emerged Saturday from a meeting with UN Secretary-General Ban Ki-moon and, in summarizing the topics discussed, did not mention East Timor.

He listed Darfur, Afghanistan, climate change and Australia's bid for a Security Council seat in 2013. Inner City Press asked for his response to Ramos-Horta's statements, including that "Australian troops only act upon requests from the United Nations." Rudd responded, not on the chain of command question, but that "the UN has underway its own internal investigation of the security arrangements concerning him at the time."


But will that UN investigation ever be made public? Inner City Press on Friday asked Ban Ki-moon's spokesperson, and drew a prepared "if-asked" response, then an evasion on whether the report will be made public.

Inner City Press: President [Ramos-] Horta of East Timor, now that he’s recuperating in Australia, has again raised this issue that he believes that the UN police didn’t come to his aid and obstructed those who tried to help him. He said it on Australian television. So the UN at the time said it was looking into it. What has the UN concluded about its actions on the day of the attack?

Spokesperson: Let me first say that we don't respond to statements made by leaders of Timor-Leste, whom we respect greatly. The comments attributed to President Ramos-Horta are taken seriously and would be investigated in the context of an internal review exercise of dealing with the incident. However, we would state also that trilateral coordination forum that brings together ISF, UN and Timor-Leste, under the leadership of Timor-Leste, is the mechanism that coordinates responses in such cases. An immediate meeting of that triangular coordination forum was held under the chairmanship of the Prime Minister within a few hours of the attacks, and appropriate decisions were taken and implemented at that time. That’s all I can say, really, at this point.

Inner City Press: I just have one follow up to that. By saying it’s an internal review, does that mean that whenever the conclusions are reached they will be announced publicly?

Spokesperson: It’s going to be an internal review within UNMIT.

Inner City Press: Right, but then there’ll be an external result, they’ll say, here’s what we found, we found that we did the right thing or we found we didn’t?

Spokesperson: I don’t know at this point, I cannot tell you at this point. It was to be done in coordination with the Timor-Leste Government, of course.

Tradução:

Na ONU, Rudd desvaloriza golpe com tiros em Timor, investigação interna pode nunca ser revelada

Matthew Russell Lee – 29 Março 2008
Inner City Press (Imprensa de dentro da cidade da ONU): Análise de Notícias

NAÇÕES UNIDAS, Março 29 – Dias depois do presidente de Timor-Leste José Ramos-Horta ter criticado ambas, a Polícia da ONU e as tropas Australianas pela inacção quando ele foi baleado e quase morto, o primeiro-ministro Australiano Kevin Rudd emergiu no Sábado de um encontro com o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon e, ao resumir os tópicos discutidos, não mencionou Timor-Leste.

Ele listou Darfur, Afeganistão, alterações climáticas e a candidatura da Austrália a um lugar no Conselho de Segurança em 2013. Inner City Press pediu uma resposta à declaração de Ramos-Horta's, incluindo que as "tropas Australianas apenas actuam a pedido das Nações Unidas." Rudd respondeu, não à questão da cadeia do comando, mas que "a ONU tem em curso a sua própria investigação interna aos arranjos de segurança sobre ele naquela altura."


Mas alguma vez virá a público essa investigação da ONU? Inner City Press na Sexta-feira perguntou isso ao porta-voz de Ban Ki-moon, que se saiu com uma resposta preparada "se for pedida", portanto uma evasão sobre se o relatório será revelado publicamente.

Inner City Press: O Presidente [Ramos-] Horta de Timor-Leste, agora que está em recuperação na Austrália, tornou a levantar esta questão que acredita que a polícia da ONU não veio em sua ajuda e que obstruiu os que tentaram ajudá-lo. Ele disse isto na televisão Australiana. Então nessa altura a ONU disse que estava a analisar isso. O que é que a ONU concluiu acerca das suas acções no dia do ataque?

Porta-voz: Deixem-me primeiro dizer que não respondemos a declarações feitas por líderes de Timor-Leste, a quem muito respeitamos. Os comentários atribuídos ao Presidente Ramos-Horta são tomados com seriedade e serão investigados no contexto dum exercício de revisão interno de lidar com o incidente. Contudo, afirmamos também que o forum trilateral de coordenação que junta ISF, ONU e Timor-Leste, sob a liderança de Timor-Leste, é o mecanismo que coordena a respostas em tais casos. Realizou-se um encontro imediato do forum trilateral de coordenação sob a liderança do Primeiro-Ministro, poucas horas depois dos ataques, e nessa altura, foram tomadas e implementadas decisões adequadas. Sobre este ponto, é tudo o que posso dizer, realmente.

Inner City Press: Apenas tenho uma dúvida a esclarecer sobre isso. Ao dizer que é uma revisão interna, isso quer dizer que seja qual for a conclusão a que se chegue ela será anunciada publicamente?

Porta-voz: Isso vai ser uma revisão interna dentro da UNMIT.

Inner City Press: Certo, mas então haverá um resultado externo, eles dirão, aqui está o que concluímos, concluímos que agimos de maneira certa ou concluímos que não agimos de maneira certa?

Porta-voz: Não conheço nesta altura, não posso dizer-lhe nesta altura. Obviamente, isso tem de ser feito em coordenação com o Governo de Timor-Leste.

Investigação do Sol aos incidentes de 11 de Fevereito põe hipótese de dupla traição

Transcrição por não estar on-line:

Atentado posto em causa

Felícia Cabrita, em Díli
Sol, 29 de Março de 2008

Um militar da segurança pessoal de Horta é a peça-chave

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que foi alvo de um atentado em Fevereiro, no palácio presidencial em Díli, terá sido atraiçoado por um militar do seu corpo de segurança.

Este militar, de nome Albino Assis, será a peça-chave quer do atentado contra Ramos-Horta, quer da morte à queima-roupa do major rebelde Alfredo Reinado.

Albino Assis integrava as F-FDTL (Falintil - Forças de Segurança de Timor-Leste), a pequena força de segurança pessoal do Presidente Ramos-Horta. Ao mesmo tempo, porém, mantinha contactos frequentes com o grupo rebelde do major Reinado – tudo indicando que este tinha homens infiltrados na segurança do palácio.

Aliás, o nome de Albino Assis constava de uma lista que Reinado trazia no bolso quando foi alvejado. Mas não só: o major tinha também consigo uns croquis do palácio, feito por alguém que conhecia bem por dentro as instalações da casa oficial de Ramos-Horta.

Reinado terá morrido entre as 6h15 e as 6h20, momento em que deixou de fazer contactos com os elementos do grupo do major Salsinha, que se encontrava em Dare – zona próxima ao local onde, uma hora depois, o primeiro-ministro Xanana Gusmão foi alvo de forte tiroteio.

Foi também Assis quem, às 7h27 do dia do atentado, comunicou ao grupo de Salsinha o que se passara no palácio presidencial: os atentados que vitimara Alfredo Reinado e que colocaram Horta às portas da morte.

O alerta da entrada de Reinado no palácio foi dado por um jovem que vive no campo de deslocados ali existente – e contíguo à caserna onde dormia Assis, com um outro militar da segurança de Horta, Francisco Marçal. Este acabaria por ser o autor da rajada de metralhadora que atingiria Reinado.

Só que Marçal, que disse ter feito um único disparo de metralhadora, não contou a verdadeira versão.

Morto à queima-roupa

Alfredo Reinado não terá morrido com os tiros desta rajada – que lhe fez três perfurações num olho e deixou um estilhaço no ombro. Segundo a autópsia já realizada, a causa da morte foi uma bala isolada que o atingiu no pescoço, disparada à queima-roupa e o trespassou de um lado ao outro.

Existem fundadas dúvidas sobre a veracidade das teses até agora defendidas para aquilo que teria acontecido: que Reinado e os seus homens foram a Díli com o objectivo de matar Ramos-Horte e Xanana.

De facto, está em cima da mesa a possibilidade de, além de Horta, também Reinado ter sido vítima de traição (atraído a um falso encontro com o Presidente). O certo é que Horta e Reinado mantinham negociações para que o grupo rebelde se entregasse, tendo o último encontro entre ambos ocorrido em Maubisse, a 80 quilómetros de Dili, apenas quatro semanas antes do atentado.

Outro elemento importante poderá ser uma mensagem existente no telemóvel de Reinado enviada por uma mulher que esteve com ele nas montanhas, na noite da véspera de tudo acontecer.

Nessa enigmática mensagem, enviada às 23 horas de 10 de Fevereiro, a mulher dizia: “Tenha cuidado mor (amor). Não é preciso ires a este seminário (expressão usada pelos timorenses para se referirem a 'encontro') se não te sentires bem. Não esqueças de seguir o ritual daquilo que acreditamos. Amo-te sempre”.

Horta não conhece

Ao contrário do que tem sido dito, Ramos-Horta não reconheceu o homem que o alvejou. O Presidente timorense viu-o - “Sei que é alto, magro e que tinha um lenço verde atado na cabeça”, disse ao Sol – mas não o conhecia.

Segundo Horta, o agressor vestia uma farda semelhante à que os homens de Reinado envergavam no encontro de Maubisse.

O Presidente de Timor-Leste confidenciou ainda ao Sol que não esperava de todo o que sucedeu, tendo em conta a existência de negociações. “Não estava nada à espera disto”, disse Ramos-Horta.

O Sol publicará em próxima edição toda a história dos acontecimentos em Díli, com documentação sobre o que verdadeiramente se passou, assim como uma entrevista com o Presidente timorense, a primeira concedida por este à imprensa internacional depois do atentado.

Dos leitores

Margarida deixou um novo comentário na sua mensagem "DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO-MINISTRO KAY...":

Diz Xanana:

“Neste sentido, ainda durante este período conturbado, Timor-Leste realizou com sucesso, se bem que contando com o apoio internacional, eleições presidenciais, logo seguidas de legislativas e, tendo em conta os seus resultados, abriu-se um novo ciclo na vida política do País.
Os timorenses elegeram os seus representantes ao Parlamento Nacional, consagrando uma maioria parlamentar, maioria esta que recebeu um mandato claro para formar um Governo estável.”

Falso. O PR Horta limitou-se a tomar uma infeliz decisão de convidar para PM o líder dum partido que PERDEU as eleições.

Alkatiri quer eleições antecipadas

Rádio Renascença
30-03-2008 14:48

Mari Alkatiri, líder do principal partido da oposição de Timor-Leste, critica o Governo liderado por Xanana Gusmão e deixa dúvidas sobre as investigações aos atentados de 11 de Fevereiro.
A Fretilin continua a exigir eleições antecipadas em 2009 para acabar com o que diz ser um Governo sem capacidade nem legitimidade.

Mari Alkatiri, entrevistado pela enviada especial da Renascença a Timor, diz que antes daquela data não quer um escrutínio, pois prefere “dar mais tempo a este Governo para se enterrar”.
Alkatiri diz querer “pôr fim a este ciclo de violência” e que tudo quanto fizer “será para conseguir consensos e entendimentos”.

Na sua opinião, o maior problema do país não são os deslocados, mas a crise governativa, uma crise que, admite, poderá estar na base dos atentados.

Contudo, essa conclusão só poderá ser tirada após uma investigação profunda ao sucedido, o que, acusa, não parece ser do interesse do executivo.

“Até agora, o Governo faz tábua rasa a uma resolução que pede a criação de uma comissão internacional de investigação, não sei porquê. Se Xanana acha que tem a consciência tranquila devia saber defendê-la, como eu fiz em 2006”, afirma.

Quanto aos autores dos ataques, Alkatiri considera que devem ser capturados com vida, para serem presentes à justiça.

MG

Som: A jornalista Anabela Góis com Mari Alkatiri

Reunião Plenária de Segunda-Feira, 31 de Março de 2008

Parlamento Nacional
Secretariado

Gabinete de Relações Públicas
Agenda no.808/II

A Sessão Plenária de hoje foi presidida pela do Parlamento Nacional Interino Sr. Vicente da Silva Guterres coadjuvado pela Secretária da Mesa Sra. Maria Terezinha Viegas, Vice-Secretária, Sra. Maria da Costa Exposto e Vice-Secretária, Sra. Teresa Maria de Carvalho.


As informações do Período de Antes da Ordem do Dia foram as seguintes:

Informação aos Senhores Deputados do relatório da Procuradoria Geral da República sobre o incidente de atentado de 11 de Fevereiro de 2008;
Informação e distribuição de Execução Orçamental relativo ao Período Transitório de 1 de Julho a 31 de Dezembro de 2007 da República Democrática de Timor-Leste;


No Período da Ordem Do Dia foram abordados os assuntos seguintes:

Apresentação dos relatórios de visita da Comissão de Saúde, Educação e Cultura aos Distritos de Aileu e Ermera.
Discussão sobre a autorização ao Senhor Deputado Paulo Fátima Martins como testemunha no Tribunal Distrital de Dili. Foi realizada a votação para se prestar suas testemunhas por escritas com 33 votos a favor, 0 contra e 4 abstenções.

Doadores apostam em três áreas-chave

Rádio Renascença
29-03-2008 15:23


Os países doadores para Timor-Leste, reunidos em Díli, querem apostar em projectos de realojamento, criação de emprego e de saúde.

A conferência de doadores para 2008 terminou este sábado na capital timorense e foi a primeira desde que Xanana Gusmão é chefe de Governo.

O encontro serviu também para as autoridades timorenses apresentarem os projectos em que está a ser gasta a ajuda internacional, sendo o realojamento um deles.

José Luís Guterres, vice-primeiro-ministro, diz que o Governo de Timor precisa de mais dinheiro e adianta que já recebeu duas respostas positivas no que toca a construir casas para os refugiados.

Timor-Leste precisa de 2000 habitações e tem verbas para apenas 500. O objectivo é, ainda assim, acabar com os campos de refugiados no país no prazo máximo de um ano.

Para este ano, são necessários 221 milhões de euros no orçamento total de Timor. Portugal, Austrália, Irlanda, Noruega e União Europeia estão entre os maiores doadores. Entre 1999 e 2007, o nosso país contribuiu com 470 milhões de euros.

MG/Anabela Góis

João Gomes Cravinho no país para reforçar cooperação

Rádio Renascença
30-03-2008 10:35

O secretário de Estado português da Cooperação está em Timor-Leste, onde pretende reforçar a cooperação entre os dois países. Antes, passou pela Austrália para falar com o Presidente timorense, Ramos Horta.

Objectivos políticos e de cooperação levaram o secretário de Estado João Gomes Cravinho a Timor-Leste, onde pretende “retomar as conversas” do Verão passado.

O governante português tem encontros marcados com os ministros da Justiça, das Finanças e da Educação, e quer também falar “com o representante do Secretário-Geral da ONU” no território e o Banco Mundial.Antes de chegar a Díli, capital timorense, João Gomes Cravinho passou por Darwin, na Austrália, onde esteve reunido com um Ramos Horta de olhos virados para o futuro e empenhado na estabilidade do país.

“Está preocupado em manter a dinâmica que estava a ter, com conversas com as várias forças partidárias para estabelecer um consenso em relação às várias questões do país e pretende retomar as rédeas desse processo o mais rapidamente possível”, afirmou o secretário de Estado sobre o chefe do Estado timorense.

João Gomes Cravinho está em Timor também para demonstrar a solidariedade do Governo português depois dos atentados de 11 de Fevereiro, que vitimaram o Presidente e o Primeiro-ministro do país, e foi com esse objectivo que esteve com José Ramos Horta.

Questionado sobre alegadas crispações entre as autoridades timorenses e a comunidade internacional, Gomes Cravinho desvalorizou, dizendo que se trata de “meras flutuações”.

MG/Anabela Góis

Ajudar Salsinha "é crime", avisa PR interino

Díli, 31 Mar (Lusa) - A cumplicidade com o ex-tenente Gastão Salsinha "é um crime" e, a partir de terça-feira, as pessoas que ajudarem o fugitivo serão perseguidas pela Justiça, anunciou hoje o Presidente da República interino de Timor-Leste.

Fernando "La Sama" de Araújo, entrevistado hoje em Díli pela agência Lusa e pela Rádio Renascença, avisou que as autoridades timorenses decidiram avisar a população de que a ajuda a Gastão Salsinha "é criminal".

"Tentar esconder ou dar apoio a Salsinha ou a alguém do seu grupo é um acto criminal", a que as autoridades estão dispostas a responder com acusações formais de cumplicidade com o ex-militar, explicou o chefe de Estado interino.

"Em qualquer parte do mundo, quem apoia um rebelde ou um criminoso é também considerado criminoso. Está previsto no Código Penal" timorense, explicou Fernando "La Sama" de Araújo, que consultou o procurador-geral da República sobre mais esta forma de "apertar o cerco".

Trata-se de mais uma forma de pressão sobre o grupo de fugitivos implicados nos ataques de 11 de Fevereiro contra o Presidente José Ramos Horta e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

Continua, nos distritos ocidentais de Ermera e Bobonaro, a operação "Halibur" de captura de Gastão Salsinha, mas "ainda não foi dada ordem de disparar", declarou o Presidente interino na entrevista.

Gastão Salsinha, líder dos peticionários das Forças Armadas em 2006, lidera o antigo grupo do major Alfredo Reinado, que morreu no ataque à residência do Presidente José Ramos-Horta.

"Salsinha é o segundo autor" do 11 de Fevereiro.

"Reinado era o primeiro. Salsinha é o segundo homem neste atentado", afirmou Fernando "La Sama" de Araújo.

"Esperemos que ele seja capturado ou que se renda em breve e que o processo de investigação seja mais rápido", acrescentou o chefe de Estado interino.

PRM
Lusa/Fim

D. Ximenes responde a Ramos Horta

Rádio Renascença
30-03-2008 23:15

D. Ximenes Belo diz que, se as forças australianas estão em Timor-Leste, foi, também, por vontade dos mais altos responsáveis políticos da nação.

“Devo dizer que se as forças australianas estão no terreno também foi por consentimento de Ramos Horta e do Governo. Agora o que vamos fazer para que se evitem, no futuro, mais erros?”, pergunta.

É assim que reage o Nobel da Paz D. Ximenes Belo às recentes declarações do Presidente da República timorense, à Renascença, em que acusou as forças australianas de não terem sido eficazes na sua segurança aquando do atentado de que foi vítima.

Já em relação ao futuro, o antigo Bispo de Dili pede que haja tranquilidade para governar Timor-Leste.

“O Governo está a tentar acalmar a situação, pôr ordem, e agora espera-se que a população, sobretudo os jovens, contribuam para a estabilidade e tranquilidade das pessoas”, acrescenta.

D. Ximenes Belo fez estas declarações à margem da sagração episcopal do novo Bispo Auxiliar de Lisboa D. Joaquim Mendes.

CC

"Flutuações políticas não são preocupantes" - Gomes Cravinho

Díli, 30 Mar (Lusa) - As "flutuações políticas" entre a comunidade internacional e as autoridades de Timor-Leste "não são preocupantes", afirmou hoje o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português.

João Gomes Cravinho, à chegada a Díli para uma visita oficial de dois dias, considerou "normais" aquilo a que chamou de "flutuações no diálogo político, não mais que isso".

O governante português respondia a uma questão sobre a crispação entre as autoridades timorenses e a Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) e alguns sinais de fadiga dos parceiros e instituições internacionais.

O mal-estar, evidenciado sobretudo no sector de segurança e discutido em diferentes instâncias em Díli nas últimas semanas, acentuou-se com as acusações feitas à UNMIT e às Forças de Estabilização Internacionais (ISF, lideradas pela Austrália) em torno da resposta ao ataque contra o Presidente da República, a 11 de Fevereiro.

João Gomes Cravinho desvalorizou esses sinais, considerando, à sua chegada a Díli, que "não há nada que seja preocupante".

"Essas flutuações políticas também acontecem do lado dos doadores", acrescentou João Gomes Cravinho, recordando a importância dos memorandos assinados esta semana por Portugal com a Espanha e a Austrália para coordenar programas de desenvolvimento em Timor-Leste.

O governante português sublinhou que o encontro com os parceiros de desenvolvimento de Timor-Leste, que terminou sábado em Díli, "teve bastante sucesso".

O Governo timorense apresentou aos doadores um apelo no valor de 33,5 milhões de dólares (21,2 milhões de euros), a que apenas a Austrália deu de imediato uma resposta positiva.

João Gomes Cravinho chegou a Díli proveniente de Darwin, Austrália, onde o Presidente timorense continua a convalescer dos graves ferimentos sofridos a 11 de Fevereiro.

A visita de João Gomes Cravinho ao chefe de Estado timorense "foi muito boa" e permitiu constatar a rápida recuperação de José Ramos-Horta.

"O Presidente já se levanta e anda a pé. Ontem disse-me que tinha feito uma caminhada de meia hora. Tem algumas dores e está combalido mas recupera rapidamente", afirmou hoje João Gomes Cravinho.

"Ele está a olhar para o futuro e não para o passado e tem ideias muito claras sobre, por exemplo, como fazer a reintegração dos peticionários (das Forças Armadas) na sociedade", acrescentou João Gomes Cravinho.

"O Presidente Ramos-Horta está preocupado em manter a dinâmica entre as forças partidárias timorenses. O atentado teve também o resultado de concentrar as forças na estabilidade" do país, acrescentou João Gomes Cravinho.

"Não falámos de eleições antecipadas nem seria correcto fazê-lo", afirmou João Gomes Cravinho, explicando que Timor-Leste tem um Presidente interino, Fernando "La Sama" de Araújo.

O cenário das eleições antecipadas foi, no entanto, discutido no encontro entre João Gomes Cravinho e o líder da oposição, Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin.

"É uma exigência nossa que não vamos deixar de fazer", declarou Mari Alkatiri após o encontro.

"A melhor forma de chegar a essas eleições antecipadas é através de um acordo para que se possa transmitir para o eleitorado e o povo em geral uma mensagem clara de democracia", acrescentou Mari Alkatiri aos jornalistas.

Sobre a reunião, João Gomes Cravinho disse apenas que se tratou de "ouvir as interpretações quanto ao processo político".

"É reconfortante de ver que a nível dos principais representantes das maiores forças políticas timorenses há um consenso de tentar não permitir que os atentados interfiram com a construção do Estado", declarou João Gomes Cravinho.

"Por se tratar de um Estado jovem, essa construção exige participação de todos e consenso", explicou.

O consenso, segundo o governante português, "existe hoje muito mais do que noutras alturas do passado".

"Apreciamos a forma como o maior partido da oposição se tem associado aos trabalhos, sobretudo ao trabalho desencadeado pelo Presidente José Ramos-Horta antes do atentado" de 11 de Fevereiro.

"Portugal vê bem qualquer hipótese que esteja dentro da normalidade constitucional e democrática, seja eleições antecipadas ou a continuação da actual legislatura", respondeu João Gomes Cravinho quando questionado sobre a posição portuguesa.

João Gomes Cravinho definiu, sobre o assunto, a posição de Portugal como de "equanimidade".

"Não temos preferência por uma postura ou outra. A única preferência é pela normalidade constitucional, que não está em causa neste momento", concluiu João Gomes Cravinho.

PRM
Lusa/fim

Espanha apresentou projecto de intervenção rural em Liquiçá

Díli, 30 Mar (Lusa) - A Cooperação Espanhola apresentou hoje um projecto de desenvolvimento rural da faixa litoral de Liquiçá (oeste), no valor de quatro milhões de euros ao longo de três anos.

"O projecto é complementar da intervenção da cooperação portuguesa no distrito de Ermera e segue o mesmo modelo de apoio a várias culturas, reabilitação de estradas rurais e do escoamento da produção", afirmou à agência Lusa o director da Cooperação Espanhola em Timor-Leste, Francisco Lopez.

O projecto "foi entregue ao governo timorense e, se for aprovado, pode arrancar ainda durante este ano", acrescentou o responsável da Cooperação Espanhola em Díli.

A proposta espanhola de desenvolvimento de uma zona no litoral de Liquiçá, a oeste da capital, foi apresentada por Francisco Lopez e pelo chefe da cooperação agrícola portuguesa em Timor-Leste, Miguel Nogueira, durante uma visita aos distritos de Liquiçá e Bobonaro.

A exposição de Francisco Lopez e Miguel Nogueira, que participou em detalhe na elaboração da proposta espanhola, decorreu no local conhecido como Pedra Negra, na margem esquerda da Ribeira de Lóis, na estrada que liga Díli à fronteira com o Timor indonésio.

"O projecto bilateral espanhol permite estender ao distrito de Liquiçá o conceito de 'cluster' dos programas da Cooperação Portuguesa já em curso no distrito de Ermera", explicou Miguel Nogueira à Lusa.

Se for aprovada, a proposta espanhola criará uma zona de intervenção rural em continuidade entre as montanhas de Ermera e o litoral dos distritos de Bobonaro e Liquiçá.

A primeira vertente do projecto bilateral espanhol, segundo Francisco Lopez, é a abertura e manutenção de estradas secundárias e rurais.

Outra dimensão é o apoio a culturas nas zonas de altitude, incluindo café, cravinho e espécies florestais, nos moldes do que está a ser feito pela Cooperação Portuguesa em vários distritos.

Uma terceira vertente é o fomento da cultura de coqueiros e cajueiros e de espécies florestais de elevado valor económico, como o sândalo, o pau-rosa, o mogno e a teca, dando continuidade no litoral de Liquiçá a uma intervenção idêntica no litoral de Bobonaro, entre a fronteira de Batugadé e Lóis.

A última área de intervenção, e aquela que vai absorver a maior fatia de fundos, é o desenvolvimento da Várzea de Lóis, uma área de grande fertilidade mas muito pouco explorada, com cerca de oito a dez mil hectares de terrenos.

A integração do projecto espanhol na estratégia portuguesa de um "cluster" de desenvolvimento regional poderá criar um pólo de atracção de população fora de Díli, na zona agrícola de acesso mais fácil à capital, salientaram os dois responsáveis ouvidos pela Lusa.

A coordenação do projecto da Cooperação Espanhola com os programas da Cooperação Portuguesa segue o Código de Conduta aprovado pelos países da União Europeia para optimizar a ajuda ao desenvolvimento prestada pelos Estados membros.

A Cooperação Espanhola está presente em Timor-Leste desde 2001, sobretudo através do apoio a organizações não-governamentais.

A Espanha apoia também com 5,2 milhões de euros um programa de igualdade de género gerido pela UNIFEM.

O projecto de desenvolvimento rural de Liquiçá é, no entanto, o primeiro projecto bilateral proposto pela Cooperação Espanhola, um novo parceiro de Timor-Leste após a assinatura de um convénio entre os dois países em Novembro de 2007.

A visita a Liquiçá e Bobonaro permitiu também dar a conhecer projectos apoiados pela União Europeia e a Alemanha.

Acompanharam a visita responsáveis do ministério da Agricultura e Pescas timorense, do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), da UE, do GTZ (Alemanha) e de vários outros parceiros de desenvolvimento de Timor-Leste.


PRM
Lusa/fim

Ramos-Horta: Nenhum governo vizinho esteve envolvido no atentado de 11 de Fevereiro

O presidente de Timor diz sentir-se desejado pelo povo
Ramos-Horta dia que nenhum governo vizinho esteve envolvido no atentado de 11 de Fevereiro

Entrevista ao PÚBLICO

29.03.2008 - 19h22 Adelino Gomes

O presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, pensa regressar em finais de Abril a Díli e diz que se concluir que não tem condições para continuar, renunciará. Acha que há dinheiro estrangeiro, por detrás de tudo. Mas não aceita a ideia de que a Austrália ou a Indonésia estejam envolvidas na conspiração. Entrevista ao PÚBLICO, por correio electrónico, a partir de Darwin, onde convalesce.

Com os dados de que já dispõe, pode caracterizar o que se passou [em 11 de Fevereiro, no assalto à residência de Horta, por um comando liderado pelo ex-major Alfredo Reinado]: uma tentativa de golpe de Estado?

Não, não foi uma tentativa de golpe pois as F-FDTL [Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste] são-me muito leais, assim como a PNTL [Polícia Nacional]. Ninguém no país conseguiria ter a adesão das duas forças contra a minha pessoa. E golpe para quê? Quanto a mim, quando sentisse que já não sou desejado pelo povo, muito serenamente e com alívio apresentaria a minha resignação.

Um atentado contra o presidente e o primeiro-ministro?

Foi um acto de loucura por parte do Sr. Alfredo Reinado e do Sr. Gastão Salsinha. Conheci os dois ao longo de ano e meio que lidei com eles, tentando compreendê-los, ouvindo-os, porque nem sempre a razão está toda num lado.

Mas ao lidar com eles eu tinha que ter sempre em conta as sensibilidades nas F-FDTL e, portanto, não daria algum passo sem consultar, conversar, com o Brig.-Gen. Taur Matan Ruak, assim como com o então PR Xanana Gusmão. O Sr. Reinado era uma pessoa extremamente instável, facilmente influenciado, hoje diz uma coisa, amanhã já diz outra. Tinha um ego enorme, gostava muito de publicidade que mais inflaccionava a sua vaidade.

Uma tentativa de Reinado para o fazer refém?

Julgo que sim. E se seu resistisse seria abatido.

Uma tentativa de Reinado para chegar à fala consigo e que correu mal?

Não. Ele não vinha para falar comigo. Sempre que ele queria falar comigo ou eu quisesse falar com ele, marcávamos encontro fora de Díli, em Gleno, Aileu, Maubisse, etc. Não se vem falar com alguém logo desarmando os guardas, pontapeando as portas da casa, etc. Foi isto que levou um elemento das F-FDTL a disparar. Invadir a casa do Chefe de Estado, tirar as armas aos guardas, em qualquer lado do mundo teria resposta adequada. Foi o que aconteceu.

Outra situação? Qual? Porquê?

As informações apontam para o álcool, droga, a sua enorme irritação com o PM (primeiro-ministro) Xanana Gusmão por avançar rapidamente com a resolução do caso dos peticionários e pensando que afinal eu estava em sintonia com o PM para o isolar dos peticionários. Influenciado por uma tarada (em todos os sentidos) de nome Angie Pires com a qual ele estava amantizado, decidiu agir contra a minha pessoa.

Pensa que houve envolvimento de interesses ou personalidades estrangeiras nessa acção?

Acredito que sim, com dinheiro; nenhum governo vizinho ou embaixada em TL [Timor-Leste] está envolvido. Havia sim elementos privados em TL e fora que lhe davam dinheiro, fardamento, telefones, transporte, etc. As investigações continuam e aguardamos o resultado.

Já criticou a facilidade com que o grupo armado entrou em Díli, se deslocou até à sua residência e posteriormente até à residência do PM, se envolveu em tiroteio e abandonou a capital. Na situação concreta, quem devia ter interceptado o grupo? O comando australiano e a UNMIT deram-lhe já alguma explicação convincente para esse falhanço?

Nenhuma das duas instituições me deu ainda explicações. Sabem que falharam. Não as quero criticar mas é preciso que eles revejam todo o sistema. Façam mea culpa pois falharam redondamente. Apesar de que a UNPOL e as ISF tinham directivas do Estado timorense para evitar qualquer operação de força para fazer executar o mandato de captura, tinham também directivas para fazerem sentir a pressão, não perdê-lo de vista, etc.

À luz destes acontecimentos, o que teria feito de diferente na crise dos ex-peticionários e em particular no caso Reinado, se pudesse voltar atrás?

Faria exactamente o mesmo, pois não havia outra opção que não fosse o diálogo se queríamos evitar mais sangue (lembro que em Março de 2007 as forças australianas fizeram um cerco ao Sr. Reinado e seus elementos e houve um embate que resultou em mortos). Eu, enquanto Chefe de Estado, prefiro sempre uma resolução pacífica, leve o tempo que levar.

Já confirmou que Gastão Salsinha lhe escreveu dizendo que só se entregaria a si. Que resposta lhe deu?

Deposito total confiança no Presidente interino Fernando La Sama Araújo que desde a primeira hora, em parceria com o PM, está a gerir a situação com muita prudência e serenidade. Endossei para os dois a carta do Sr. Salsinha. Mas já respondi publicamente dizendo ao Sr. Salsinha que deve entregar-se com as armas às autoridades. Não há mais diálogo. Ele deve enfrentar a justiça e que faça diálogo com o PGR e os juízes.

Mesmo que recupere fisicamente considera que vai estar em condições psicológicas para retomar as funções de chefe do Estado num país que tem vivido em crises cíclicas internas desde a independência?

Regresso brevemente. Se eu concluir que não tenho condições para continuar, darei conta disso ao Parlamento e ao Povo. Mas farei tudo para continuar a servir o povo e merecer a sua confiança. Quando fui baleado e na eminência de morrer a minha única preocupação era o que iria acontecer a este povo inocente, bom. Ia ser vítima de uma onda de violência?
Felizmente, graças a Deus, sobrevivi. Alguma nota positiva a registar: as instituições do Estado continuaram a funcionar; não houve pânico; não houve violência.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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