terça-feira, abril 15, 2008

Intervalo

Voltamos dia 18 de Abril.

Exército Português, uma "força" discreta no Comando Conjunto

Pedro Rosa Mendes, da Agência Lusa, em Díli

Díli, 14 Abr (Lusa) - No teatro de operações, alguns oficiais podem valer menos ou mais do que a sua patente. Na captura de Gastão Salsinha, em Timor-Leste, dois tenentes-coronéis portugueses fazem trabalho de general.

O Exército português tem uma presença discreta mas decisiva no comando conjunto da operação "Halibur" de captura do grupo responsável pelos ataques de 11 de Fevereiro, contra o chefe de Estado, José Ramos-Horta, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

O papel estratégico dos oficiais portugueses na "Halibur" é o corolário do trabalho de oito anos da Cooperação Militar portuguesa na formação das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).

"É reconhecido que três oficiais, sem apoio praticamente nenhum, conseguem desenvolver mais trabalho e obter mais relevância e reconhecimento das estruturas timorenses do que outras organizações com dezenas de cooperantes e com meios financeiros incomparáveis", afirmou à agência Lusa o tenente-coronel António Martins.

São apenas três os oficiais que asseguram as actividades de formação das F-FDTL, o chamado Projecto número 3, que, em oito anos, já envolveu 34 oficiais e 30 sargentos em quatro processos de recrutamento.

O tenente-coronel António Martins assegura sozinho o Projecto número 1, como assessor pessoal do brigadeiro-general Taur Matan Ruak, chefe do Estado-Maior General das F-FDTL, e coordenador do grupo de assessores militares das Forças Armadas timorenses.

"O segredo é não ter medo de decidir nada e responder a tudo o que nos é pedido pela estrutura de comando", afirmou à Lusa o tenente-coronel Mário Álvares sobre a contribuição do Exército português no comando conjunto.

Taur Matan Ruak, em entrevista à Lusa, salientou o papel da Cooperação Militar e dos conselheiros portugueses nas F-FDTL.

"Têm sido fantásticos desde que se criou o comando conjunto", em 17 de Fevereiro, com a declaração do estado de sítio, explicou o brigadeiro-general.

Taur Matan Ruak acrescentou que "a equipa fantástica" do comando conta também com oficiais da Austrália e da Nova Zelândia, convidados pelo CEMGFA.

"São todos fantásticos mas há maior contacto com os portugueses por causa da língua", reconheceu.

Taur Matan Ruak lembrou que um esforço importante da Cooperação Militar portuguesa tem sido feito na Componente Naval das F-FDTL, com a oferta - e a reparação em 2006/2007 - de duas lanchas e o treino das tripulações.

Sobre as tarefas diárias na "Halibur", António Martins e Mário Álvares sublinharam a importância da "formação generalista" do Exército português, acrescida, no caso de ambos, do curso de Estado-Maior (dois anos) no antigo Instituto de Altos Estudos Militares.

"No comando conjunto fazemos praticamente de tudo", salientam os dois oficiais.

Aos dois tenentes-coronéis foi pedido, por exemplo, que definissem as regras de empenhamento da "Halibur" e que desenhassem os contornos da lei de estado de sítio, "que depois os assessores jurídicos aperfeiçoaram".

"Alguma estratégia" e "planos de preparação de reuniões" saem também da secretária dos dois oficiais portugueses.

Os tenentes-coronéis realizam ainda visitas ao terreno e são consultados "numa base informal" sobre as operações do comando conjunto.

"Hoje, apesar da crise política e social vivida em Timor-Leste, grande parte do trabalho está voltado para a realização do curso de progressão de carreira (promoção de capitão a major)", segundo o tenente-coronel Martins.

A partir de Maio, está planeado um curso para promoção de tenentes e capitães e de soldados a cabos. Ainda este ano, as assessorias portuguesas terão "um forte empenhamento" na formação de base e especialização de 600 novos militares, a recrutar em duas incorporações.

Em colaboração com a embaixada de Portugal, a Cooperação Militar assegura também cursos de Língua Portuguesa, com a consolidação de uma escola de Português no Centro de Instrução Nicolau Lobato, em Metinaro, a leste de Díli.

"O Português é uma língua difícil mas, quer queiramos quer não, temos que a aprender porque é uma língua oficial de Timor", afirmou à Lusa o capitão Isaías Xímenes, 28 anos, pertencente a uma geração de timorenses que cresceram no ensino oficial indonésio.

"O Onglês é mais simples, mas com o Português espero poder completar a formação em Portugal, com mais um curso", explicou o jovem oficial do curso de majores.

O capitão Alberto Santos, 46 anos, é da geração que teve mais contacto com a Língua Portuguesa, durante a resistência à ocupação, de que ele fez parte desde os 13 anos de idade.

O capitão Santos já esteve em Portugal, num curso de seis meses em Mafra. Foi aprovado, além de ter aprendido a falar em gíria.

"As coisas eram novas para nós, depois da instrução básica aqui. Tivemos que 'martelar' muito", contou o oficial timorense sobre a sua experiência com o Exército português.

O quotidiano do comando conjunto faz-se também de oficiais das F-FDTL que integraram, antes de 1975, o Exército português, caso, por exemplo, do major Ular.

O "espírito", resume o tenente-coronel Martins, continua a ser o mesmo, em Lisboa ou em Díli: "Todos os dias garantir o cumprimento da missão".

Lusa/fim

Daily Media Review - 14 April 2008

UNMIT
(Extracts from national media and international news reports - UNMIT does not vouch for the accuracy of these reports.)

PM Xanana opens workshop on promoting a culture of democracy – Televisão Timor-Leste

Prime Minister Xanana Gusmão opened a workshop on promoting a culture of democratic governance on Friday (11/4) at the Headquarters of the United Nations Integrated Mission in Timor-Leste (UNMIT) in Obrigado Barracks-Caicoli, Dili.

In his speech, PM Xanana explained that the workshop was a first important step in the dialogue to understand the critical areas which could be working together to strengthen democratic governance in Timor-Leste.

"The dialogue is held between the representatives of the State and civil societies, between State institutions, NGOs, political parties, social communication organs, private sector UN agencies and other development institutions.

They are the first and last beneficiaries of the results of the workshop. … We need to do something to promote the culture of democratic governance," PM Xanana said.

The central issues addressed at the workshop included ensuring a separation of power between the different branches of government; developing an independent judiciary; and incorporating respect for human rights and fundamental freedoms into the formation and growth of state institutions.

The workshop commenced with a plenary discussion led by the Prime Minister and followed by Interim President Fernando do Araujo, President of the Court of Appeal Claudio Ximenes and the Special Representative of the Secretary-General (SRSG) for Timor-Leste, Atul Khare.

The workshop, hosted by the Government of Timor-Leste and the United Nations, involved more than 200 participants. (TVTL)

President Horta to return on Thursday – Radio Timor-Leste


President José Ramos-Horta will return home to Dili and resume his presidential duties on Thursday, two months after having medical treatment in Darwin, Australia.
Ramos-Horta was shot in the attempt assassination on February 11th in his residence in Metiaut, Dili. President Horta will address the nation on his return on Thursday 17 April at the airport in Comoro, Dili. (RTL)

Government to buy warships – Suara Timor Lorosae

The State Secretary for Defence, Julio Thomas Pinto, said the Government has decided to buy warships for the F-FDTL Navy to control illegal fishing activities in the coastal area of Timor-Leste.
"The Government through the department of Defence has signed a Memorandum of Understanding (MOU) with a Chinese company, Poly Technology, to start ship construction for F-FDTL," said Mr. Pinto after signing the MOU on Saturday (12/4) in the Government Palace, Dili.

Mr. Pinto also said that the construction will be started next month and will finish in the following year.
"Once the MOU is implemented, 30 F-FDTL members will receive training from Chinese shipping companies in China," added Mr. Pinto. (STL)

Lasama: Ramos-Horta as a mother hen – Suara Timor Lorosae

In responding to the public controversy over whether President José Ramos-Horta will resign, Acting President Fernando Lasama de Araujo said that Mr. Ramos-Horta will not quit his position as President of the country as people still need him to lead the country.
"Horta as a mother hen will not leave her chicks," said Acting PR Lasama at the opening ceremony of a joint workshop on Friday (11/4) at UNMIT's Headquarters in Obrigado Barracks-Caicoli, Dili.

Acting PR Lasama also said that for his part in the National Parliament as a representative of the people, he would continue to support Mr. Ramos-Horta in leading the country. (STL)

Klemm: The 'State of Siege and State of Emergency' are the right ways to solve the problems – Diario Nacional

The American Ambassador to Timor-Leste, Hans Klemm, said that the Government of Timor-Leste has shown a great patience during the implementation of the 'State of Siege' and 'State of Emergency'.

"I hope that through the 'State of Siege' and 'State of Emergency', Salsinha and his men will surrender themselves peacefully to justice so that their problems will be sorted out as quickly as possible," Ambassador Klemm said.

Government will buy two Warships for the F-FDTL – Diario Nacional

The Timor-Leste government has signed an agreement with the Chinese's Poly Technique Company to produce two warships for East Timor's Defense Force (F-FDTL). The Government recently allocated $28 million to buy the two ships. The warships will be used to control the marine resources.

Minister Zacarias: security for President Ramos-Horta is very important – Diario Nacional

The Minister of Foreign Affairs, Zacarias Albano da Costa, said that the good security for President Ramos-Horta in order to avoid a repetition of the attacks on 11 February. The President will arrive in Dili on 17 April and there is an appeal to all the people to welcome him at the Airport on that day. (DN)

Deadline for Rogerio Lobato to resume his sentence – Timor Post

In Dili Court Judge Ivo Rosa has set a 10 day as deadline for former Interior Minister Rogerio Lobato to resume his sentence. "I would like to ask the Timorese Ambassador in Malaysia to determine whether he has recovered sufficiently to resume his sentence in Timor-Leste", Judge Rosa said.

Difficult terrain is main challenge facing the Apprehension Operation forces in the hunt for rebels – Timor Post

Difficult terrain in Timor-Leste is the main challenge facing the Apprehension Operation forces as they hunt down Salsinha and his men. Road conditions are making it difficult for the Apprehension Operation forces to continue their search for the rebels. (TP)

Alkatiri presents three lawsuits to the Prosecutor-General – Timor Post

Former Prime Minister, Mari Alkatiri, has presented three lawsuits to the Prosecutor General for processing. The legal actions stem from public accusations that he was involved in providing financial support to Alfredo Reinado to attack President Ramos-Horta and Prime Minister Xanana Gusmão on 11 February 11.

"I am here in court today to file these lawsuits against the people who defamed and accused me because I am out of patience now", said Alkatiri. (TP)

UNMIT MEDIA MONITORING
www.unmit.org

Investigation delay risks more instability, says FRETILIN

FRENTE REVOLUCIONÁRIA DO TIMOR-LESTE INDEPENDENTE

FRETILIN

Media release
13 April 2008

Timor-Leste's de facto government is deliberately delaying the establishment of an independent international investigation into the February 11 incidents in which President Jose Ramos Horta was shot and seriously wounded, FRETILIN said today.

FRETILIN's General Secretary, Dr Mari Alkatiri, said an international commission of investigation as demanded by parliament on March 3 was needed to uncover the truth about the attacks.

Dr Alkatiri was commenting on local media reports (11 April, Timor Post) that the US government had, through its ambassador Hans Klemm, offered to provide the de facto government with "assistance to ensure an in depth investigation so the whole public can know the truth."

Dr Alkatiri said: "This expression of goodwill and support from one of our best friends should be taken up immediately as part of the process of restoring stability in this country through an absolutely independent and transparent investigative process by international legal and other experts."

President Ramos-Horta sustained multiple gunshot wounds in an assault
on his residence on February 11, which saw army mutineer Alfredo
Reinado killed.

Timor-Leste's parliament, by a vote of 33 to 17, called on the de facto government to negotiate with United Nations representatives to establish "an international investigation commission, that will search and evaluate new findings and identify those involved in the incident of 11 February 2008."

Dr Alkatiri said today: "The de facto government has done nothing to implement the resolution of parliament.

"Its inaction ignores the wishes of the people who want to know the truth behind the attack against Timor-Leste's state institutions.

"Any further delay in seeking the truth risks arousing further instability in our nation and erodes the goodwill of the international community towards Timor Leste."

For more information please contact:

Jose Teixeira (+670) 728 7080

Tradução:
Atraso na investigação cria risco de mais instabilidade, diz a FRETILIN
FRENTE REVOLUCIONÁRIA DO TIMOR-LESTE INDEPENDENTE

FRETILIN

Comunicado aos Media
13 Abril 2008

O governo de facto de Timor-Leste está deliberadamente a atrasar o estabelecimento duma investigação independente internacional aos incidentes de 11 de Fevereiro nos quais o Presidente José Ramos Horta foi baleado e ferido com gravidade, disse hoje a FRETILIN.

O Secretário-Geral da FRETILIN, Dr Mari Alkatiri, que que uma comissão de investigação internacional conforme pedido pelo parlamento em 3 de Março era necessária para descobrir a verdade acerca dos ataques.

O Dr Alkatiri estava a comentar relatos nos media locais (11 Abril, Timor Post) que o governo dos USA, através do seu embaixador Hans Klemm, tinha oferecido dar ao governo de facto "assistência para garantir uma investigação em profundidade para que toda a gente pudesse conhecer a verdade."

Disse o Dr Alkatiri: "Esta expressão de boa-vontade e ajuda de um dos nossos melhores amigos deve ser imediatamente aceite como parte do processo de restaurar estabilidade neste país através dum processo investigativo absolutamente independente e transparente por peritos internacionais legais e outros."

O Presidente Ramos-Horta sofreu múltiplos ferimentos por bala num assalto na sua residência em 11 de Fevereiro, onde morreu o amotinados das forças armadas Alfredo Reinado.

O parlamento de Timor-Leste por 33 contra 17, pediu ao governo de facto para negociar com os representantes das Nações Unidas para estabelecer "uma comissão de investigação internacional, que procurará e avaliará novas conclusões e para identificar os envolvidos no incidente de 11 de Fevereiro 2008."

O Dr Alkatiri disse hoje: "o governo de facto nada fez para implementar a resolução do parlamento.

"A sua inacção ignora os desejos do povo que quer saber a verdade por detrás do ataque contra as instituições do Estado de Timor-Leste.

"Mais qualquer atraso na procura da verdade risca criar mais instabilidade na nossa nação e corroer a bos vontade da comunidade internacional para com Timor Leste."

Para mais informações por favor contacte:

José Teixeira (+670) 728 7080

Ramos Horta não teme pela sua segurança quando regressar 5ª feira a Díli

Sídney, Austrália, 13 Abr (Lusa) - O presidente de Timor-Leste, José Ramos Horta, assegurou hoje que não teme pela sua segurança quando voltar quinta-feira ao país, mais de dois meses após o atentado que quase lhe custou a vida.







Ramos Horta, numa declaração feita na cidade australiana de Darwin, referiu que já se encontra quase plenamente recuperado dos ferimentos e que retomará as suas tarefas de chefe de Estado logo a partir do momento em que ponha de novo os pés em Timor-Leste.

"Deus e os timorenses estão do meu lado", disse o presidente para justificar a sorte que teve quando um projéctil passou a apenas dois milímetros da sua coluna vertebral, mas sem a danificar.

O Nobel da Paz abandonou em 19 de Março o hospital onde esteve internado desde o atentado que sofreu em 11 de Fevereiro.

Ramos Horta foi atingido com três balas, duas nas costas e uma no estômago, tendo recebido assistência de urgência em Díli antes de ser transferido para Darwin, onde foi sujeito a várias operações e de onde saiu há três semanas da unidade de cuidados intensivos.

O líder de Timor-Leste foi atacado diante da sua casa por soldados amotinados leais ao comandante Alfredo Reinado, que morreu no tiroteio, enquanto que o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmao, saiu ileso no mesmo dia de outro ataque contra o seu veículo.

Reinado liderou em meados de 2006 protestos de 599 militares expulsos do exército por insubordinação, que desencadearam uma vaga de violência em que morreram 37 pessoas e cerca de 100 mil tiveram de abandonar as suas casas.

A crise determinou o envio para o país de forças de paz estrangeiras sob comando da Austrália e das Nações Unidas e levou à demissão do então primeiro-ministro, Mari Alkatiri.

JMS.

Lusa/Fim


Indonésios implicados em Timor

Expresso
Sábado, 12 de Abril de 2008

Investigação Expresso

Presidente Ramos-Horta confirma envolvimento da ala dura de Jacarta com os rebeldes que quase o mataram a 11 de Fevereiro

Micael Pereira

O Presidente timorense Ramos-Horta admitiu ao Expresso que houve apoios de militares e empresários indonésios ao grupo de rebeldes do major Alfredo Reinado, que levou a cabo um duplo atentado contra o chefe de Estado e o primeiro-ministro Xanana Gusmão, a 11 de Fevereiro.

De acordo com Ramos-Horta, trata-se de “militares que tiveram ligações com Timor mas que agiram individualmente, e não enquanto instituição das forças armadas. Os indícios são muito fortes. O Estado timorense tem óptimas relações com o Estado indonésio, ao mais alto nível, e sei que haverá total colaboração por parte das autoridades indonésias para investigar e punir as pessoas privadas ou militares que tenham estado envolvidos no apoio a Reinado”.

Um dos homens de mão dos generais indonésios do regime de Suharto - o timorense Hércules Rosário Marçal - poderá estar implicado no atentado, segundo o Expresso apurou. Juntamente com outros factos, entretanto investigados, é possível estabelecer uma ligação entre a ala mais dura do regime de Jacarta e Reinado.

Em entrevista ao Expresso, Hércules, conhecido em Jacarta como o ‘rei dos gangsters’, negou qualquer contacto pessoal ou telefónico com o major rebelde, mas os registos das chamadas feitas por Reinado para o seu telemóvel pessoal provam o contrário. O major recebeu o número de Hércules através de um SMS enviado pelo tenente Gastão Salsinha (sucessor de Reinado) a 7 de Janeiro e manteve uma conversa com o ‘rei dos gangsters’ a 19 de Janeiro, dois dias antes de Hércules fazer uma visita a Díli, acompanhado por empresários indonésios, para reuniões oficiais com as mais altas figuras do Estado. Segundo o próprio Hércules, os encontros decorreram com o primeiro-ministro Xanana Gusmão, o procurador-geral da República e o presidente do Parlamento.

Reinado e Hércules voltariam a falar por duas vezes no dia 2 de Fevereiro, uma semana antes dos atentados. E, pela análise dos registos telefónicos, há uma relação directa entre as chamadas do major para Hércules nesse dia e as chamadas para um número indonésio misterioso - feitas logo antes e logo após as conversas com o ‘rei dos gangsters’. Actualmente inactivo, foi para esse número que Reinado ligou às 21h44 do dia 10 de Fevereiro, naquele que foi o seu último telefonema na véspera dos atentados - e na sequência dos quais morreria.

Durante a adolescência, Hércules e Reinado tinham sido tarefeiros do Exército indonésio. Hércules tornou-se famoso em Jacarta, nos anos 90, pela forma como o seu gangue prosperou e pelo modo como se estabeleceu a soldo dos generais da ala dura de Suharto, sendo encarregue de intimidar dissidentes do regime e activistas timorenses.

Segundo o jornal australiano ‘The Age’, o criminoso timorense chegou a viver em casa do general Zacky Anwar Makarim, que viria a ser indiciado em 2003 pela ONU, por ser alegadamente um dos orquestradores da campanha de terror lançada pela Indonésia em Timor durante 1999 e de que resultaram 1500 mortos. Outro dos generais associados a Hércules é Prabowo Subianto, genro de Suharto.

Mas o elo do grupo de Reinado à Indonésia não se esgota em Hércules. Incluiu apoio material e militar de origens diversas, de acordo com mensagens SMS, a que o Expresso teve acesso, trocadas entre o major e números de telefone indonésios. Uma das mensagens escrita em bahasa, recebida no mesmo dia em que lhe foi enviado o número de Hércules, revelava o seguinte: “O nosso irmão já está em Atambua e seguirá para Kupang. Se quiseres de verdade alugar o carro é favor cuidar dos documentos”. O próprio autor do SMS, António Lopes, de Atambua (em Timor Ocidental), negando ao Expresso que o tenha escrito, acrescentou que sempre ia ajudando, sobretudo com garrafas de uísque, “de que Alfredo gostava muito”.

Já as fardas novas com que Reinado vestiu dezenas de homens numa parada militar, em Novembro de 2007, em Ermera, bem como os coletes à prova de bala e os aparelhos de rádio, que equipavam o grupo de rebeldes, vieram todos de Jacarta, diz Leandro Isaac, ex-deputado, que esteve refugiado nas montanhas com o major, em 2007.

Uma fonte oficial do Governo timorense, que não quer ser citada por questões diplomáticas, diz que “há uma série de figuras vingativas da Kopassus (as forças especiais indonésias) que estão interessadas em instigar a instabilidade em Timor e houve, pelo menos, conluio das autoridades fronteiriças e policiais indonésias até agora”, aludindo à forma como Reinado conseguiu ir facilmente até Jacarta em 2007, dois meses depois de um confronto armado com as forças australianas e de o Governo de Díli ter pedido ao Governo vizinho para fechar totalmente as fronteiras. “Mas não só o deixaram passar como lhe arranjaram documentação com uma identidade falsa”, diz a mesma fonte. O major Reinado passeou-se livremente pela capital indonésia e apareceu a 21 de Maio no estúdio da estação de televisão Metro de farda e com um guarda-costas armado. Ironicamente, para um programa que viria a ter outro convidado: Hércules.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.