segunda-feira, setembro 29, 2008

O aldrabão do costume...

"Falta agora a maturidade e consciência moral das pessoas de respeitarem os órgãos de soberania competentes. Na PGR não podemos interferir e exigimos o mesmo dos outros órgãos", afirmou Longuinhos Monteiro.

Mas Longuinhos Monteiro nunca se pronunciou sobre as interferências do Presidente da República no processo de Alfredo Reinado, que mandou "cancelar" os mandados de captura emitidos pelo Tribunal.

"Acusar é fácil, justificar é difícil", diz PGR Longuinhos Monteiro

Dili, 29 Set (Lusa) - O Procurador-geral da República de Timor-Leste, Longuinhos Monteiro, declarou hoje em Díli à Agência Lusa que "acusar é fácil mas justificar é difícil", acusando a classe política de "falta de maturidade".

Longuinhos Monteiro foi entrevistado pela Lusa horas antes da primeira inquirição de um elemento do Estado-Maior das Forças Armadas sobre a transferência de armas em 2006.

"Fazer justiça não é tão fácil como acusar as pessoas publicamente. Acusar é fácil, justificar é difícil", afirmou Longuinhos Monteiro à Lusa.

"O nosso trabalho é justificar. Mas não para satisfazer ninguém. Trabalhamos segundo a lei", explicou.

O Procurador-geral timorense reagiu às críticas e ameaças de que tem sido alvo, considerando que a PGR "está entre a espada e a parede".

"A verdade é a verdade e tem de ser esclarecida", afirmou Longuinhos Monteiro.

A inquirição do coronel Lere Anan Timor, um dos comandantes das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) envolvido no processo da transferência de armas em 2006, estava prevista para as 14:30 (06:30 em Lisboa).

Foram também notificados no mesmo processo o coronel Falur Rate Laek e o major Mau Buti.

Em paralelo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Presidente da República o levantamento da imunidade do chefe do Estado-Maior-general das F-FDTL, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, e do ex-ministro da Defesa, Roque Rodrigues.

"O pedido foi feito há quatro meses e até agora não tivemos nenhuma notícia", afirmou Longuinhos Monteiro.

Taur Matan Ruak e Roque Rodrigues gozam de imunidade por serem membros do Conselho Superior de Segurança e Defesa Nacional (CSSDN).

"Não se pode dizer por enquanto se Taur Matan Ruak vai a tribunal ou não", explicou Longuinhos Monteiro na entrevista à Lusa.

"Só agora iniciámos este processo, que foi aberto porque estes são citados no relatório da Comissão Especial Independente de Inquérito para Timor-Leste" aos acontecimentos de 2006, acrescentou Longuinhos Monteiro.

"A população tem que perceber que não se pega nas pessoas para as colocar directamente no tribunal. Há um processo e nós trabalhamos segundo a lei", afirmou o Procurador-geral da República.

"Chegou a altura de chamar os nomes citados pela CEII para prestarem algumas informações, para depois podermos decidir e fazer um despacho no processo" da transferência de armas, explicou ainda Longuinhos Monteiro.

"Somos criticados por fazer e por não fazer. As pessoas não sabem qual é a justiça que está a ser aplicada em Timor-Leste", acusou o Procurador-geral.

Questionado sobre se a classe política não entende o papel da PGR, Longuinhos Monteiro respondeu que tem "outra impressão".

"Compreendem, claro. Foram políticos durante seis anos (desde a independência), com a Constituição na mão", comentou.

"Falta agora a maturidade e consciência moral das pessoas de respeitarem os órgãos de soberania competentes. Na PGR não podemos interferir e exigimos o mesmo dos outros órgãos", afirmou Longuinhos Monteiro.

Sete dos processos resultantes da CEII já conheceram decisão em tribunal, segundo o procurador-geral.

"Alguns foram arquivados por não termos indícios", incluindo o processo contra o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri. Outros terminaram com condenações, como o do ex-ministro do Interior, Rogério Lobato.

Três processos sobre a crise de 2006 estão em investigação, adiantou Longuinhos Monteiro.

PRM

MARCHA DA PAZ É UMA AMEAÇA AO GOVERNO?

Eu creio que não, bem pelo contrário, é um acto livre que acontece em qualquer parte do mundo. O governo não deve ter medo e fazer propagandas falsas para impedir a realização desta demonstração, se bem que isto aconteça, então, posso dizer que o governo tem mesmo problemas com o seu próprio povo, assim é bem provável que se questione a capacidade governativa deste governo.

Como um adepto da democracia, manifesto o meu total apoio a Fretilin por esta iniciativa, é uma acção legítima que me parece essencial no esforço da consolidação da nossa democracia.

Muitos analistas timorenses parecem estar muito preocupados, até questionaram; o que está na origem desta marcha? Não há guerra no país! Bom, as vezes é necessário recuar para trás e ir buscar o passado. Eu sempre disse que não concordo com a forma como o governo AMP chegou ao poder. A crise 2006 aconteceu, não foi por acaso, eu acho que os governantes que estão no poder sabem muito bem o que estava realmente por detrás de tudo isto. Mas não se preocupem, a Fretilin não vai e nunca irá usar a violência para concretizar os seus objectivos políticos, bem pelo contrário, a Fretilin quer ser um elemento activo que contribua para consolidar a nossa democracia como um estado de direito.

O povo tem o direito de questionar a politica deste governo, ninguém o pode impedir. O país passou por muitas coisas, o povo precisa de ser informado e esclarecido, não podemos deixar passar o que está mal para que depois cometemos outros erros. Não é assim que se governa, o povo é a coluna dorsal do país. O país pertence ao povo, o governo é formado porque quer servir o seu povo, por isso, como um adepto da democracia, vejo esta iniciativa como uma acção legítima, e nada posso dizer, a não ser apoiar a iniciativa.

Por: António Guterres

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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